O interesse crescente pelas chamadas curas mediúnicas sugere uma revisão ou mesmo os conhecimentos oferecidos pelo Espiritismo sobre o assunto. Aspectos, por exemplo, como o limite da ação dos fluidos, a variedade da qualidade dos mesmos, sua atuação como agente terapêutico. No número de novembro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui matéria comentando a questão. Escreve ele: -“Há uma diferença radical entre os médiuns curadores e os que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes não diferem em nada dos médiuns escreventes ordinários, a não ser pela especialidade das comunicações. Os primeiros curam só pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, às vezes instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está todo inteiro no fluido depurado a que servem de condutores. A teoria deste fenômeno foi suficientemente explicada para provar que entra na ordem das leis naturais, e que nada tem de miraculoso. É o produto de uma aptidão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas; não é um talento que se possa adquirir; não se faz um médium curador como se faz um médico. A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade não tem lugar senão com o concurso dos Espíritos; donde se segue que se os Espíritos não querem, ou não querem mais se servir dele, é como um instrumento sem músico, e nada obtém. Pode, pois, perder instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de dela fazer uma profissão. Outro ponto a considerar, é que sendo esta faculdade fundada em leis naturais, tem limites traçados por essas mesmas leis. Compreende-se que a ação fluídica possa dar sensibilidade a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque, então, o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria verdadeiro milagre. Assim, a vista poderá ser restituída a um cego por amaurose, oftalmia, belida ou catarata, mas não aos que tiverem os olhos furados. Há, pois, doenças incuráveis por natureza, e seria ilusão crer que a mediunidade curadora fosse livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. Além disso, é preciso levar em conta a variedade de nuanças apresentada por esta faculdade, que está longe de ser uniforme em todos que a possuem. Ela se apresenta sob aspectos muito diversos. Em razão do grau de desenvolvimento do poder, a ação é mais ou menos rápida, extensa ou circunscrita. Em dadas circunstâncias, tal médium triunfa sobre determinadas doenças em certas pessoas, mas falha por completo em casos aparentemente idênticos. Parece mesmo que nalguns a faculdade curadora se estende aos animais. Neste fenômeno se opera uma verdadeira reação química, análoga à produzida pelos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia segundo as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Ora, em razão do temperamento e da constituição deste último, o fluido está impregnado de elementos diversos, que lhe dão propriedades especiais. Pode ser, para nos servirmos de comparações materiais, mais ou menos carregado de eletricidade animal, de princípios ácidos ou alcalinos, ferruginosos, sulfurosos, dissolventes, adstringentes, cáusticos, etc. Daí resulta uma ação diferente, conforme a natureza da desordem orgânica; esta ação pode, pois, ser enérgica, muito poderosa em certos casos e nula em outros. É assim que os médiuns curadores podem ter especialidades: este curará as dores ou endireitará um membro, mas não dará a vista a um cego, e reciprocamente. Só a experiência pode dar a conhecer a especialidade e a extensão da aptidão; mas, em princípio, pode-se dizer que não há médiuns curadores universais, em virtude de não haver homens perfeitos na Terra, e cujo poder seja ilimitado”.
Fernando Carvalho, nos envia por e-mail a seguinte mensagem: “EU TENHO 40 ANOS E NUNCA COMI CARNE DESDE QUE NASCI, POREM NÃO SEI A CAUSA, MAS SEI QUE NÃO É PROBLEMA MEDICO, TENHO UMA VIDA OTIMA E ATÉ O MOMENTO NÃO ME FAZ FALTA A CARNE, MAS ESTA DUVIDA EM NÃO COMER ME INTRIGA E GOSTARIA DE SABER SE É ALGUM FATO RELACIONADO AO ESPIRITISMO.”
Não podemos lhe dizer o porquê de você não comer carne, Fernando. Não sabemos se, na sua família, isso ocorre somente com você. Se for e se não tiver havido nenhum problema na infância, relacionado com o consumo de carne, é possível que essa tendência venha de seu passado espiritual e de uma opção sua. De qualquer forma, o vegetarianismo, se bem conduzido, pode ser uma fonte de saúde física e espiritual, além de contribuir para o desenvolvimento de uma vida mais humana, de respeito aos animais, à natureza e à própria humanidade.
A Doutrina Espírita não prega nem estimula o vegetarianismo, mas suas diretrizes filosóficas e morais nos indicam o caminho do equilíbrio em tudo, particularmente no que diz respeito á alimentação. Sabemos – como disseram os Espíritos a Kardec – que a carne nutre a carne, mas com a evolução moral e intelectual do Espírito, a tendência será de sermos cada vez mais moderados no comer, principalmente a carne. A própria medicina, hoje, está alertando contra o abuso da carne, entendendo que nele reside a causa de diversos problemas orgânicos. No Espiritismo, acrescentaríamos, “ e espirituais também”.
No entanto, Fernando, não podemos ignorar que, hoje, também há recomendações médicas, no sentido de nos alertar que a dieta vegetariana pode causar algumas carências nutrientes no organismo. Um exemplo é carência da vitamina b12, a cobalamina, encontrada em produtos de origem animal, como carne, leite e derivados, e ovos, de modo que os vegetarianos devem estar atentos quanto a isso e usar suplementação vitamínica adequada, para suprir tais necessidades e evitar futuros problemas. Outra carência é o ômega 3, responsável pelo equilíbrio do colesterol em nosso corpo, mas que pode ser encontrado em vegetais, como a linhaça.
O consumo de carne no mundo virou uma obsessão, de tal sorte que, hoje, a industria frigorífica é uma das mais desenvolvidas, e os rebanhos se multiplicam facilmente em todo o mundo. Além dos graves problemas de saúde, ligados também aos processos químicos de industrialização da carne, há o problema ecológico, decorrente do desmatamento para a expansão das pastagens, da emissão de gases poluentes pelos rebanhos e outros mais. Trata-se de uma questão que, a cada dia, está suscitando mais preocupação dos especialistas e que, acreditamos, em breve, deverá ser discutida com seriedade para tomada de decisões em nível internacional.
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