(POSTAGEM PARA 29-12-2021)
Implicitamente explicado nas respostas às questões 200 a 202 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, ampliadas pelos comentários expressos por Allan Kardec no artigo com que abre o número de janeiro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA sob o surpreendente título AS MULHERES TEM ALMA ?, o assunto sempre gera acaloradas discussões. Praticamente um século depois, na interessante obra do Espírito André Luiz SEXO E DESTINO (feb, 1963), explicitamente uma publicação espírita acrescenta mais elementos. Cinco anos antes, o mesmo Espírito sugeria o surgimento das diferenças essenciais na individualidade em expansão noutro trabalho EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb, 1958) e, anos depois, em 1971, o também Espírito Emmanuel, tornaria ao tema em VIDA E SEXO (feb, 1971). O curioso é, além das considerações do personagem principal da narrativa em torno do grupo de criaturas interligadas nos arrastamentos do sexo na cidade do Rio de Janeiro no início da década de 60 do século XX, um prognóstico foi feito, o qual começaria a se confirmar já no início deste Milênio com as mudanças em códigos da legislação de vários países. Acompanhemos o relato de André: -“Tendo Neves formulado consulta sobre os homossexuais, Félix demonstrou que inúmeros Espíritos reencarnam em condições inversivas, seja no domínio de lides expiatórias ou em obediência a tarefas específicas, que exigem duras disciplinas por parte daqueles que as solicitam ou que as aceitam. Referiu ainda que homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, como são suscetíveis de retomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação, aditando que a alma reencarna, nessa ou naquela circunstância, para melhorar e aperfeiçoar-se e nunca sob a destinação do mal, o que nos constrange a reconhecer que os delitos, sejam quais sejam, em quaisquer posições, correm por nossa conta. À vista disso, destacou que nos foros da Justiça Divina, em todos os distritos da Espiritualidade Superior, as personalidades humanas tachadas por anormais são consideradas tão carecentes de proteção quanto as outras que desfrutam a existência garantida pelas regalias da normalidade, segundo a opinião dos homens, observando-se que as faltas cometidas pelas pessoas de psiquismo julgado anormal são examinadas no mesmo critério aplicado às culpas de pessoas tidas por normais, notando-se, ainda, que, em muitos casos, os desatinos das pessoas supostas normais são consideravelmente agravados, por menos justificáveis perante acomodações e primazias que usufruem, no clima estável da maioria. E à ligeira pergunta que arrisquei sobre preceitos e preconceitos vigentes na Terra, no que tange ao assunto, Félix ponderou, respeitoso, que os homens não podem efetivamente alterar, de chofre, as leis morais em que se regem, sob pena de precipitar a Humanidade na dissolução, entendendo-se que os Espíritos ainda ignorantes ou animalizados, por enquanto em maioria no seio de todas as nações terrestres, estão invariavelmente decididos a usurpar liberalidades prematuras para converter os valores sublimes do amor em criminalidade e devassidão. Acrescentou, no entanto, que no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças assacadas, há séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente para viver, sob o Sol que a Bondade Divina acendeu em benefício de todos”.
Mais uma pergunta do Benedito Pereira de Araújo: “ É verdade que os Espíritos desencarnados podem manipular nossa vida?”
Na verdade, Benedito, todos nós, seres humanos, vivemos mergulhados num mar de influências. Ninguém está sozinho, ninguém age absolutamente sozinho. Na família recebemos influência de pais e irmãos, do mesmo modo que nossas idéias e sugestões influenciam a vida deles. Nossas decisões dependem de muita gente e não somente de nós. Recebemos influência de nossos círculos de amizade, da comunidade onde vivemos - isso sem falar do alto grau de influência que recebemos dos meios de comunicação, principalmente da televisão, que hoje penetra com facilidade em todas as casas, mudando a vida das pessoas.
Desse modo, quem pode dizer que só age pela sua própria cabeça, que está livre da influência e mesmo do controle da sociedade? Ninguém. O mundo social é uma rede de comunicações e de publicidade, de idéias que se manifestam por todos os cantos, e dentro dessa imensa e intrincada rede todos recebemos sugestões a todo momento, ao mesmo tempo que todos temos a oportunidade de influenciar. Entretanto, nós não percebemos a maioria das influência que recebemos; elas nos atingem, mudam nossa vida e nós nem nos damos conta disso.
É porque a maioria das influências, que recebemos, ocorrem em nível subliminar – ou seja, de modo inconsciente. Nem sempre estamos atentos ao anúncio, que a televisão mostra, mas quase sempre somos afetados por ele, pois a maioria dos estímulos que vem de fora – principalmente pela audição, pela visão e pelos demais sentidos – chegam ao nosso cérebro, sem que saibamos disso. Se isso acontece nas relações entre os encarnados, com mais forte razão em relação aos desencarnados, que são os Espíritos com os quais temos alguma afinidade.
Os Espíritos estão em nossa vida, assim como estamos na vida deles, principalmente se forem familiares ou espíritos afins. E sua influência é tão delicada, tão sutil que, quase sempre, não sabemos que ela está ocorrendo. É claro que cada um de nós está aberto a determinados tipos de influência: uma pessoa honesta dificilmente seria assediada por um Espírito que instiga a desonestidade. Cada qual com seu igual, porque o semelhante atrai o semelhante. De fato, os Espíritos influenciam em nossa vida de forma natural e contínua, assim como, entre nós encarnados, nos influenciamos uns sobre os outros.
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