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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

JUSTIFICADA RIDICULARIZAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Má fé, precipitação, desconhecimento, falta de discernimento são explicações que se encontram para a grande quantidade de obras de conteúdo duvidoso assinado por Espíritos que através de vários médiuns se identificam ou revelam com nomes respeitáveis da história da Humanidade. Ao tempo do surgimento do Espiritismo não era diferente como se percebe lendo as páginas da REVISTA ESPÍRITA. No numero de junho de 1865, por exemplo, Allan Kardec apresenta sua opinião sobre matéria publicada no periódico italiano CHARIVARI, edição de 20 de maio de 1865. Nela a reprodução de carta mediúnica de ninguém menos que Dante Alighieri cujo sexto centenário de nascimento se comemorava naquela ano, a um certo sr Thiers nos seguintes termos: “Senhor e caro confrade, “Eu não podia ficar indiferente às festividades que iam celebrar em minha honra e, tendo minha sombra pedido e obtido licença de oito dias, venho assistir à inauguração do monumento que me é consagrado. É, pois, de Florença que vos dirijo esta carta, ainda sob a emoção que me causou a cerimônia que acabo de testemunhar. Se tomo esta liberdade, senhor e caro confrade, é porque julgo estar em condição de vos fornecer informações que vos serão de alguma utilidade. “Não obstante morto há cinco séculos, não deixei de continuar a seguir com a mesma atenção e o mesmo patriotismo a marcha dos acontecimentos que interessam ao futuro da Itália. Sabeis tão bem quanto eu de quantas vicissitudes tenho sido testemunha; também podeis fazer uma ideia de quantas dores meu coração foi assoberbado...” Seguem-se longas reflexões sobre os negócios da Itália e as opiniões do Sr. Thiers. Não as reproduzimos pelo duplo motivo de que são estranhas ao nosso assunto e porque a política está fora dos planos deste jornal. A carta termina assim:) “Se, pois, como me afirmaram, em breve deveis empreender viagem à Itália, tende a bondade de passar por Florença e vir conversar alguns instantes com minha estátua. Ela terá coisas muito interessantes a vos dizer. “Com esta esperança, senhor e caro confrade, rogo aceiteis a certeza de..., etc.” Dante Alighieri. Analisando o assunto, Allan Kardec comenta: -A julgar pelos artigos que o CHARIVARI publicou mais de uma vez sobre o assunto, duvidamos muito que o Sr. Pierre Véron seja simpático à ideia espírita. Assim, não se deve ver nessa carta mais que um simples produto da imaginação apropriado à circunstância, a menos que o Espírito Dante tenha vindo ditá-la à revelia do autor. Ela é muito espirituosa para que ele não a desaprove, mas só deve ser apreciada em seu conjunto, porque perde muito se for fracionada. Era um pensamento engenhoso fazer intervir, mesmo ficticiamente, o Espírito Dante nessa ocasião. Salvo alguns pequenos detalhes, um espírita não teria falado de outro modo. Para nós não é duvidoso que Dante, a menos que tenha reencarnado, pudesse ter assistido a essa imponente manifestação, atraído pela poderosa evocação de todo um povo irmanado num mesmo pensamento. Se, naquele momento, o véu que oculta o mundo espiritual aos olhos dos encarnados pudesse ser levantado, que imenso cortejo de grandes homens teria sido visto planando no espaço e misturado à multidão para aplaudir a regeneração da Itália! Que belo assunto para um pintor ou um poeta inspirado pela fé espírita! Allan Kardec



Clodovil, numa entrevista que deu à televisão, disse que não acreditava na morte,que todos nós somos luz e que vivemos na eternidade. Foi uma declaração de crença na imortalidade. Será que, por causa de sua crença e pelo fato de ter sido uma pessoa que nunca teve medo de dizer o que pensava, Clodovil garantiu bom lugar no mundo espiritual? (Eva)


Não podemos dizer que “sim”, nem podemos dizer que “não”, Eva, pelo simples fato de a pessoa declarar a sua crença na imortalidade,. Você deve convir conosco que a condição do Espírito, nesta ou na outra vida, depende de vários fatores conjugados. É claro que a informação, que a pessoa tem, ajuda. Uma pessoa bem informada – ou seja, com mais conhecimentos - sempre tem certas vantagens sobre aquelas que não tem essas informações. Desse modo, quem já tem um determinado conhecimento do mundo espiritual, entra no mundo espiritual com certa vantagem nesse aspecto. Mas, sua verdade condição, não depende só disso.


Aliás, nesse sentido Jesus formulou um princípio que poderíamos chamar de “princípio da justiça e da proporcionalidade”, quando ele disse, “a quem foi dado muito será pedido”. Preste atenção nisso: “a quem muito foi dado muito será pedido”. É lei da natureza. Significa, em linhas gerais, a pessoa que mais tem, dela mais se espera. Portanto, mais ela deve dar. Quem mais sabe, mais responsabilidade tem. A ignorância, muitas vezes, leva o homem a cometer enganos, simplesmente porque ele não sabia o que estava fazendo. Contudo, quem tem conhecimento, com certeza, será mais exigido, pois, mais tem para dar.


O que conta, na lei da vida, são as condições morais de cada um de nós – ou seja, o grau de comprometimento que temos com o bem – com o nosso bem e com o bem de todos. O bem é sempre o maior valor da vida, e a nossa paz interior, a nossa tranqüilidade íntima, vai depender principalmente desse sentimento dentro de nós. Mas, não falamos apenas do bem teórico, mas do bem que pomos em prática todos os dias. Pois, é fácil dizer verdades ( como estamos dizendo aqui); difícil mesmo é aplicá-las na vida. Além disso, Eva, não temos condições de julgar quem quer que seja, somente pelo que já ouvimos falar dessa pessoa. Muitas vezes, o lado bom dessa pessoa pode ser tão discreto, tão velado, que escapa ao nosso conhecimento.

domingo, 30 de janeiro de 2022

A SÉRIE NOSSO LAR E ANDRÉ LUIZ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Chico Xavier já tinha 25 anos, começara suas atividades com a mediunidade oito anos antes, quando conheceu o responsável pela Fazenda Modelo, mantida pelo Ministério da Agricultura na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. O encontro foi motivado pela morte do pai do Dr Romulo Joviano, figura importante no campo da educação pública no Estado mineiro, chamado Arthur Joviano. Da conversa inicial para a inclusão do jovem de família numerosa e reconhecidamente muito pobre no quadro de servidores da importante campo experimental dirigido pelo competente engenheiro agrônomo foram poucos meses. Desse ponto para o estabelecimento das noites de quarta feira para a realização de uma reunião em torno dos ensinos do Evangelho com a presença do médium, do Dr Romulo e sua esposa, com eventuais convidados foi pouco tempo. Muitas coisas interessantes ocorreram nessas oportunidades, grande parte possível deduzir após o resgate do arquivo carinhosamente preservado pela filha do casal até a aproximação do primeiro centenário de nascimento de Chico, ocorrido em 2010. Da revisão resultaram alguns livros de grande importância para os que pesquisam as conexões da vida do incomparável médium e a evolução do pensamento espírita no século XX. Num deles, o Dr Arthur Joviano, quando do lançamento d’ OS MENSAGEIROS, a segunda obra da série NOSSO LAR, faz em mensagem psicografada na reunião de 26 de janeiro de 1944, revelador comentário: -“É um mundo novo, creia, para a responsabilidade individual. Esse esforço foi muito estudado antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal, sem filiação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes observações de caráter universalista. E, felizmente, atinge-se, presentemente, o objetivo. (...). Talvez o trabalho de André Luiz não encontre uma compreensão generalizada no momento, mas, podem acreditar, que para a educação espiritual do indivíduo encarnado esse esforço apresenta ilações muito graves pela exatidão dos conceitos a que chegou o mensageiro, aproveitando todas as possibilidades de simplificação ao seu alcance”. Dois anos depois, numa da carta enviada ao Dr Antonio Wantuil de Freitas então presidente da Federação Espírita Brasileira com quem mantinha correspondência regularmente, acrescenta mais alguns dados importantes em relação ao autor da famosa série: -“Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer-nos páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes de NOSSO LAR”. Acrescentaria mais à frente: -“Dentro de algum tempo, familiarizei-me com esse novo amigo. Participava de nossas preces, perdia tempo comigo, conversando. Contava-me histórias interessantes e, muitas vezes, relacionou recordações do Segundo Império, o que me faz acreditar tenha sido ele, André Luiz, também personalidade da época referida. Achava estranho o cuidado dele, o interesse e a estima; entretanto, decorrido algum tempo, disse-me Emmanuel que estava o companheiro treinando para se desincumbir de tarefa projetada e, de fato, em 1943, iniciava o trabalho com NOSSO LAR”. 


Eu pretendo formular duas questões. Primeira - a Igreja tem declarado com insistência que é contra o uso de camisinhas como meio para evitar a AIDS. Qual a posição dos espíritas sobre isso? Segunda) - Faleceu o deputado Clodovil Hernandes, que se destacou mais como estilista e como apresentador de televisão. Clodovil, como tantos outros, foi vítima de muito preconceito por causa de sua condição de homossexual. Gostaria, também, de saber o que os espíritas pensam dos homossexuais. ( ANONIMO)


Respondendo à primeira questão. A Igreja condena a camisinha, porque condena o sexo fora do casamento. Por isso, as autoridades religiosas acham que defender o uso da camisinha ou estimular esse uso é estimular a prática que ela condena. Embora não concordemos com o sexo irresponsável, para nós, condenar a camisinha, é uma forma muito simplista de educar o homem. O problema sexual é tão antigo quanto a humanidade e o sexo é o maior tabu, que jamais se conheceu. A idéia do pecado, na cultura judaico-cristã, estava ligada ao sexo ou, mais precisamente, à mulher. Nesses séculos de civilização, esse tabu só criou vítimas, principalmente mulheres. E o sexo, de tal forma, foi abafado, condenado e vilipendiado, que o problema eclodiu de uma só vez nas últimas décadas do século XX.


Jesus, por incrível que pareça – 2 mil anos atrás - soube encarar essa questão com

serenidade e sem proferir qualquer condenação. Pelo contrário. Foi ele que se colocou ao lado da mulher adúltera, aquela que estava para ser apedrejada pela multidão de religiosos e moralistas. Foi ele que elogiou a meretriz, aquela que lavou seus pés, e que, questionado pelos fanáticos fariseus, e para espanto deles, disse que ela chegaria primeiro ao reino dos céus. Até hoje, no entanto, temos dificuldade de lidar com esse problema: todos nós ainda alimentamos o tabu do sexo. Chico Xavier, no Pinga Fogo de 1971, disse que o fenômeno da explosão sexual, que estamos vivendo, é conseqüência irreversível da grande repressão, que vigorou por milênios em nossa civilização.


Não podemos prosseguir cometendo os mesmos erros do passado. Precisamos compreender que não é com proibições ou ameaças que vamos educar as novas gerações. Estamos no momento do diálogo – ou seja, da conquista do novo homem pela sinceridade e pela argumentação lógica. Fora disso, as ameaças do inferno ou dos castigos de Deus não surtem mais efeito. E, no caso específico da AIDS, é ingenuidade condenar a camisinha, achando que, com isso, estamos conseguindo fazer com que os jovens deixem de praticar o sexo. Ainda que muitos deles não estejam procedendo de forma sensata, devemos ajudá-los a não cometer um erro maior, pondo em risco sua vida, de seus parceiros e da sociedade. Nosso papel, como o de Jesus, é de orientá-los, mas, também, o de protegê-los contra si mesmos.


A outra pergunta do nosso ouvinte é com relação ao homossexualismo. Ele lembra do recente desencarne do estilista e deputado Clodovil Hernandes, que sempre se referia ao preconceito que sofria. Na verdade, o problema é o mesmo da questão anterior: o tabu sexual. Infelizmente, não tivemos nenhum caso de homossexualidade no evangelho para saber como Jesus se posicionaria a respeito. Não sabemos se, de fato, isso não aconteceu, ou se os evangelistas – por excesso de escrúpulos ou, mesmo, por preconceito, quem sabe? – deixaram de fazer algum registro a respeito. Entretanto, não é difícil presumir como Jesus encararia a condição do homossexual.


O que você acha? Veja que Jesus, com seu pensamento inovador, fez questão de desafiar os preconceitos dominantes na época, como, por exemplo: o preconceito contra as mulheres em geral ( e até mesmo a mulher adúltera e a prostituta), o preconceito contra o samaritano ( neste caso, o preconceito religioso, desencadeado pelos judeus), o preconceito contra o pobre, o preconceito contra o rico ( quando visitava os publicanos), e assim por diante. Isso não quer dizer, absolutamente, que Jesus era conivente com os erros ( que ele próprio apontava), mas, sim, que estava solidário com as pessoas marginalizadas, ignorantes, exploradas, mesmo aquelas que cometiam erros.


A problemática sexual, até hoje, é uma das mais difíceis de se entender e a sociedade, de um modo geral, continua tão hipócrita quanto no tempo de Jesus. Mas, o Espiritismo, por ter uma visão mais ampla da vida, considera que casos de trans-sexualismo e os de inter-sexualismo, fazem parte da experiência de muitos espíritos, cujas causas estão no seu passado reencarnatório. Se você ler o livro AS FORÇAS SEXUAIS DA ALMA, autoria do Dr. Jorge Andréa – médico psiquiatra espírita – vai perceber o porquê dessas situações. Na maior parte das vezes, a conduta “gay” não pode se configurar numa mera opção do individuo, mas na condição espiritual em que ele se encontra.


De qualquer forma, o ser humano deve ser respeitado como ser humano e a lei deve estabelecer limites para a nossa conduta, a bem do interesse social. Porém, ainda há muita confusão a respeito do que é ser homossexual, que a maioria da população desconhece, mas, o Espiritismo não admite nenhum tipo de preconceito, embora o preconceito, na maior parte das vezes, esteja arraigado em cada um de nós. Os próprios espíritas, por serem uma minoria, que apresenta uma filosofia de vida diferente do comum das religiões, sofrem constante preconceito. No passado, 30 ou 40 anos atrás, esse preconceito era muito mais ostensivo – e não só com relação aos espíritas, mas a toda minoria e, aos homossexuais também. Atualmente, com o avanço moral da legislação, cada vez se aproximando mais do ideal da IGUALDADE, da LIBERDADE e da FRATERNIDADE, passamos a ter um pouco mais de abertura.


Leia AS FORÇAS SEXUAIS DA ALMA, de Jorge Andréa, uma obra que abarca com muito critério e responsabilidade a questão sexual humana. Nela você vai encontrar os fundamentos da teoria espírita sobre o sexo e tudo que se relaciona com a questão, sob o ponto de vista espiritual. Com essa nova visão, aprendemos a equacionar nossa forma de encarar o comportamento sexual do homem moderno.


sábado, 29 de janeiro de 2022

DOENÇAS MENTAIS E O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Aceleradamente a ciência vai acessando informações extremamente úteis para o entendimento dos outrora inexplicáveis problemas humanos. Até a Organização Mundial de Saúde na Classificação Internacional de Saúde, item F.44.3 do CID 10, de 2016, já considera a possibilidade dos transtornos mentais serem causados por perturbações espirituais. Analisando um caso de obsessão coletiva no número de maio de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos uteis para quem quer refletir sobre a fascinante influência espiritual intencional. Diz ele: -“Está demonstrado pela experiência que os Espíritos mal-intencionados não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se servem como se fosse o seu; que provocam atos ridículos, gritos, movimentos desordenados que apresentam todas as aparências da loucura ou da monomania. Encontrar-se-á sua explicação n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, no capítulo da obsessão. Com efeito, é bem uma espécie de loucura, uma vez que se pode dar este nome a todo estado anormal, em que o Espírito não age livremente. Deste ponto de vista, é uma verdadeira loucura acidental. Faz-se, pois, necessário distinguir a loucura patológica da loucura obsessiva. A primeira resulta de uma desordem nos órgãos da manifestação do pensamento. Notemos que, nesse estado de coisas, não é o Espírito que é louco; ele conserva a plenitude de suas faculdades, como o demonstra a observação; apenas estando desorganizado o instrumento de que se serve para manifestar-se, o pensamento, ou, melhor dizendo, a expressão do pensamento é incoerente. Na loucura obsessiva não há lesão orgânica; é o próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho, que o domina e subjuga. No primeiro caso, deve-se tentar curar o órgão enfermo; no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede importuno, a fim de lhe restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito frequentes e muitas vezes tomados como loucura o que não passa de obsessão, para a qual deveriam empregar meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico e, sobretudo, pelo contato com os verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma verdadeira loucura onde esta não existia. Abrindo novos horizontes a todas as ciências, o Espiritismo vem, também, elucidar a questão tão obscura das doenças mentais, ao atribuir-lhes uma causa que, até hoje, não havia sido levada em consideração – causa real, evidente, provada pela experiência e cuja verdade mais tarde será reconhecida. Mas como fazer que tal causa seja admitida por aqueles que estão sempre dispostos a enviar ao hospício quem quer que tenha a franqueza de crer que temos uma alma e que esta desempenha um papel nas funções vitais, sobrevive ao corpo e pode atuar sobre os vivos? Graças a Deus, e para o bem da Humanidade, as ideias espíritas fazem mais progresso entre os médicos do que se podia esperar e tudo faz prever que, num futuro não muito remoto, a Medicina saia finalmente da rotina materialista. Estando provados alguns casos isolados de obsessão física ou de subjugação, fácil é compreender que, semelhante a uma nuvem de gafanhotos, um bando de Espíritos perturbadores pode lançar-se sobre certo número de indivíduos, deles se apoderar e produzir uma espécie de epidemia moral. A ignorância, a vulnerabilidade das percepções, a ausência de cultura intelectual naturalmente lhes facultam maior influência. É por isso que eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as pessoas inteligentes e instruídas nem sempre estejam isentas. Estudai o Espiritismo e compreendereis a razão”.


Uma ouvinte que, alguns dias atrás, visitou a Rádio Universitária, e disse que é ouvinte de MOMENTO ESPÍRITA, deixou aqui a seguinte questão: “Gosto de ouvir o programa espírita e me simpatizo muito com a doutrina. Mas a minha dúvida é esta: a Bíblia não condena o Espiritismo?”


No Brasil, um país de tradição e maioria católica, e onde o protestantismo tem crescido muito através dos evangélicos pentecostais, a Bíblia é vista como a maior autoridade em matéria de religião. Entretanto, para essa maioria a Bíblia é um livro que se adquire nas livrarias ou nas igrejas, e onde está escrita a palavra de Deus. Poucos se dão conta de que a Bíblia não é única, pois existem várias versões e traduções diferentes da Bíblia. Dependendo de quem traduz e para que interesse está servindo, podemos encontrar uma variedade imensa de interpretações, alterações, supressões e adição de palavras novas. Isso, sem contar, naturalmente, que a verdade sobre os manuscritos da Bíblia se perde na poeira do tempo.


A Doutrina Espírita não vê a Bíblia simplesmente como um livro religioso, que deva ser aceito ao pé da letra como verdade única e incontestável. Nada deve ser aceito passivamente. Jesus questionou muitas verdades das escrituras sagradas dos judeus. Tudo merece análise e estudo para ser compreendido, principalmente os textos da antiguidade, quando a visão de mundo e a concepção de vida eram bem diferentes dos de hoje. Todavia, o Espiritismo tem na Bíblia um valioso documento, que merece ser estudado ( até nas suas diversas interpretações e alterações que vem sofrendo através dos tempos), mas, indiscutivelmente, o que mais lhe interessa na Bíblia são os princípios morais, que nascem em Moisés e se consolidam em Jesus, num espaço de muitos séculos de evolução do pensamento religioso do povo hebreu.


Os líderes religiosos, que se ocupam em atacar a doutrina espírita, costumam apontar o Deuteronômio-18, o quinto livro da Bíblia, como Deus condenando o Espiritismo. Mas, na verdade, não é bem assim. Uma coisa é você ler um texto hoje, em língua portuguesa, com uma tradução dirigida para um sentido que lhe querem dar. Outra coisa é comparar várias traduções dos mais variados tradutores e considerar o significado de uma medida tomada há 4 mil anos, num determinado povo e numa determinada situação. Infelizmente, para denegrir o Espiritismo, algumas traduções bíblicas colocam palavras como “espiritismo”, “mediunidade” e “médiuns” lá no Deuteronômio, 4 mil anos atrás, quando, na verdade, tais palavras não podiam existir naquela época. Elas foram criadas por Kardec há pouco mais de 160 anos.


O que existia na época de Moisés era a consulta aos espíritos ( e a qualquer tipo de Espírito), porque isso sempre existiu e em todos os povos do mundo. Mas não tinha nada a ver com Espiritismo, que é uma doutrina nova, de princípios filosóficos e morais.. Eram, simplesmente, práticas – cheias de crendices e supersticões – de que se valiam certas pessoas para ganhar dinheiro e explorar a boa fé do povo, promovendo adivinhações, revelações do futuro, práticas ocultas para beneficiar ou prejudicar alguém - coisas que o Espiritismo, como doutrina, também condena. O Espiritismo, como bem disse Kardec, não pode compactuar com o charlatanismo, nem com as expressões distorcidas de mediunismo que existem por aí, e que, muitas vezes, além de não serem úteis, acabam causando prejuízo aos menos esclarecidos.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

DISSIPANDO MISTÉRIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Se a racionalidade da Verdade encontra tanta dificuldade para ser assimilada pelo pensamento analógico do indivíduo, o tempo para ser absorvido pelo coletivo é muito maior. A história está repleta de exemplos, até porque, por vezes, é necessário o coletivo para alcançar o individual. Assim tem sido no campo da ciência em suas diferentes especializações desde que a “muralha” imposta pela religião veio abaixo mais objetivamente com as proposições de Copérnico confirmadas por Galileu. Com Freud, Jung, Einstein e muitos outros nos vislumbres de suas Teorias não foi diferente. Décadas se passaram até que o meio dito científico reconhecesse sua validade e começassem a aproveitar e desenvolver os temas por eles tratados. Com o Espiritismo ocorre o mesmo. Perseguido, ironizado, desacreditado ao tempo de Allan Kardec pelo meio acadêmico, vai se confirmando a muitos representantes deste sua validade e utilidade. O coletivo, nesse caso, vai paralelamente despertando consciência da letargia em que muitos preferem viver. A didática adotada pelo educador francês em escritos com que compôs o acervo de seus livros e publicações continua válida nos tempos que correm. Na REVISTA ESPÍRITA de março de 1865, encontramos algumas amostras. Vejamos alguns pontos: 1- O ESPIRITISMO DEMONSTRA O VERDADEIRO DESTINO DO HOMEM - Tomando-se por base a natureza deste último e os atributos divinos, chega-se a uma conclusão. O homem compõe-se de corpo e Espírito: o Espírito é o ser principal, racional, inteligente; o corpo é o invólucro material que reveste o Espírito temporariamente, para preenchimento de sua missão na Terra e execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, destrói-se e o Espírito sobrevive à sua destruição. Privado do Espírito, o corpo é apenas matéria inerte, qual instrumento privado da mola que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo: a vida, a inteligência. Em deixando o corpo, torna ao Mundo Espiritual, de onde havia saído para reencarnar. 2 - Existem, portanto, dois mundos: o corporal, composto de Espíritos encarnados; e o espiritual, formado dos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido mesmo à materialidade do seu envoltório, estão ligados à Terra ou a qualquer Globo; o Mundo Espiritual ostenta-se por toda parte, em redor de nós como no Espaço, sem limite algum designado. Em razão mesmo da natureza fluídica do seu envoltório, os seres que o compõem, em lugar de se locomoverem penosamente sobre o solo, transpõem as distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos laços que os retinham cativos. 3- O FIM DO MISTÉRIO DA CRIAÇÃO - Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas dotados de aptidão para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude do seu livre-arbítrio. Pelo progresso adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções e, conseguintemente, novos gozos desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles veem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem ver, sentir, ouvir ou compreender. A felicidade está na razão direta do progresso realizado, de sorte que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente por não possuir o mesmo adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual, em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal como um cego e um vidente que se dão as mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima impressão. Sendo a felicidade dos Espíritos inerente às suas qualidades, haurem-na eles em toda parte em que se encontram, seja à superfície da Terra, no meio dos encarnados, ou no Espaço. 4- FUNÇÃO DA REENCARNAÇÃO - A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.


Uma leitora do clube do livro, discretamente, questiona a proliferação de tantos romances espíritas, hoje publicados pelas diversas editoras do país. Ela diz que a qualidade das obras caiu muito em relação aos primeiros romances psicografados, sobretudo os de Emmanuel e André Luiz. Ela quer saber se devemos confiar em todas essas obras, que vêm aparecendo agora.


Não temos dúvida de que a proliferação de obras espíritas, sobretudo as psicografadas, deve ter um papel importante na disseminação dos postulados do Espiritismo em nosso país. Hoje, o que se lê de Espiritismo no Brasil é algo que sequer se imaginava alguns anos atrás. É bem verdade que a qualidade desses livros caiu muito, mas devido à avalanche de obras que vem sendo editadas. Contudo, em meio a tantos livros, com certeza, você vai encontrar aqueles que não são tão fiéis às bases e às diretrizes da Doutrina Espírita. Nem por isso, devemos invalidar o período de grande produção literária espírita que estamos passando. Temos de aprender a separar o joio do trigo. Não foi isso que Jesus ensinou?


Entretanto, os espíritas – ou seja, as pessoas que conhecem mais a fundo a doutrina, como você – têm por obrigação sempre criticar o conteúdo dessas obras, sempre que elas ferirem um princípio doutrinário básico, para que possamos ter mais opções quando formos indicar alguma leitura. No passado, décadas atrás, a mediunidade psicográfica, que se dedicava às obras dessa natureza, estava concentrada em pouquíssimos médiuns – como Chico Xavier, Yvonne Pereira, Divaldo Franco e mais alguns outros, e não era estimulada. Hoje, neste período pós-Chico Xavier, estamos numa nova fase, o leque se abriu e temos médiuns psicográficos por todos os lados. É claro que a quantidade acaba redundando no prejuízo da qualidade.


Na grande maioria das vezes, não dá para comparar um romance de Emmanuel ou uma obra de André Luiz com as obras que estão sendo produzidas hoje. Primeiro, porque esses espíritos, tanto quanto o médium de que se valeram, estavam muito bem integrados no espírito da doutrina e nos postulados espíritas codificados por Allan Kardec; depois, porque será muito difícil aparecer um médium da qualidade moral e espiritual do Chico e na capacidade laborativa de Divaldo. Isso, porém, não quer dizer que os atuais médiuns não tenham valor. Pelo contrário; é claro que todos têm o seu valor, mas seu papel é outro.


Acreditamos mesmos que estamos numa fase de popularização das idéias espíritas, que devem atingir todos os segmentos da população. Conhecemos várias pessoas, que vieram ao Espiritismo através dessas obras. O importante e fundamental é que elas reproduzam os princípios básicos da doutrina, como a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a lei de evolução e os conceitos morais que a doutrina busca nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, respondendo às grandes questões da humanidade: “o que somos, de onde viemos, porque estamos neste mundo e para onde vamos”.


No mais, o que podemos dizer é que esses inúmeros romances espíritas, hoje editados, devem servir de estimulo ou de passagem para leituras mais consistentes, que cuidem das bases filosóficas da Doutrina; que os leitores sejam levados a despertar suas consciências para leituras mais profundas, como as produzidas por Allan Kardec, por Chico Xavier e por Divaldo Franco. Finalmente, queremos dizer que estamos abertos a todo comentário que os ouvintes quiserem fazer nesse sentido, em relação a qualquer das obras publicadas.




quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A JUSTIÇA PERFEITA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Os 33 artigos do Código Penal da Vida Futura apresentados no capítulo 7 do livro O CÉU E O INFERNO dão uma ideia dos mecanismos da Justiça Divina Segundo o Espiritismo. A vasta literatura produzida através de milhares de médiuns notadamente no Brasil exemplificam baseados em casos reais como nossa vida está inexoravelmente presa aos efeitos de nossas ações intencionalmente praticadas na relação da Individualidade consigo mesma, com a família e com a sociedade. Nos estudos levados a efeito pelo Espírito Emmanuel e transmitidos à nossa Dimensão pela psicografia de Chico Xavier em 1965 no livro JUSTIÇA DIVINA (feb, 1965) para comemorar o primeiro centenário da obra de Allan Kardec, recolhemos inúmeros elementos para refletir sobre o assunto. Um dos capítulos intitulado DESLIGAMENTO DO MAL, o Instrutor oferece revelações que atendem ao interesse daqueles que se perguntam como ficam os que infringiram os dispositivos do Código citado há pouco. Considerando o princípio segundo o qual “ninguém foge de si mesmo”, percebemos ser a única forma de oferecer a Ser em evolução a oportunidade de se redimir perante os delitos arquivados na sua indelével memória. Escreve Emmanuel: Antes da reencarnação, no balanço das responsabilidades que lhe competem, a mente, acordada perante a Lei, não se vê apenas defrontada pelos resultados das próprias culpas. Reconhece, também, o imperativo de libertar-se dos compromissos assumidos com os sindicatos das trevas. Para isso partilha estudos e planos referentes à estrutura do novo corpo físico que lhe servirá por degrau decisivo no reajuste, e coopera, quanto possível, para que seja ele talhado à feição de câmara corretiva, na qual se regenere e, ao mesmo tempo, se isole das sugestões infelizes, capazes de lhe arruinarem os bons propósitos. 1- Patronos da guerra e da desordem, que esbulhavam a confiança do povo, escolhem o próprio encarceramento da idiotia, em que se façam despercebidos pelos antigos comparsas das orgias de sangue e loucura, por eles mesmos transformados em lobos inteligentes; 2- Tribunos ardilosos da opressão e caluniadores empeçonhados pela malícia pedem o martírio silencioso dos surdos-mudos, em que se desliguem, pouco a pouco, dos especuladores do crime, a cujo magnetismo degradante se rendiam, inconscientes; 3- Cantores e bailarinos de prol, imanizados a organizações corrompidas, suplicam empeços na garganta ou pernas cambaias, a fim de não mais caírem sob o fascínio dos empreiteiros da delinquência; 4- Espiões que teceram intrigas de morte e artistas que envileceram as energias do amor, imploram olhos cegos e estreiteza de raciocínio, receosos de voltar ao convívio dos malfeitores que um dia elegeram por associados e irmãos de luta mais íntima; 5- Criaturas insensatas, que não vacilavam em fazer a infelicidade dos outros, solicitam nervos paralíticos ou troncos mutilados, que os afastem dos quadrilheiros da sombra, com os quais cultivavam rebeldia e ingratidão;6- Homens e mulheres, que se brutalizaram no vício, rogam a frustração genésica e, ainda, o suplício da epiderme deformada ou purulenta, que provoquem repugnância e consequente desinteresse dos vampiros, em cujos fluidos aviltados e vômitos repelentes se compraziam nos prazeres inferiores. Se alguma enfermidade irreversível te assinala a veste física, não percas a paciência e aguarda o futuro. E se trazes alguém contigo, portando essa ou aquela inibição, ajuda esse alguém a aceitar semelhante dificuldade, como sendo a luz de uma bênção. Para todos nós, que temos errado infinitamente, no caminho longo dos séculos, chega sempre um minuto em que suspiramos, ansiosos, pela mudança de vida, fatigados de nossas próprias obsessões.





Tem gente que não tem nenhuma humildade e fica o tempo todo falando dela mesma. Será que isso ajuda a pessoa a elevar sua auto-estima? (Suely)


Certa vez, quando aguardava o início de uma festa, Jesus percebeu que as pessoas, que chegavam, iam logo ocupando os primeiros lugares. Ele aproveitou a ocasião e disse aos discípulos que colocar-se na frente nunca era uma boa opção. Os discípulos quiseram saber por quê. Então, ele explicou que, se ali chegassem convidados mais considerados pelos donos da festa, os que chegaram primeiro teriam de deixar os lugares da frente para esses últimos, e seriam obrigados a se sentarem lá atrás, situação que, com certeza, os humilharia.


Se, no entanto, eles tivessem ocupado os últimos lugares, poderiam, mais tarde, serem convidados a ocupar os primeiros, o que lhes seria motivo de alegria. Foi nessa ocasião que Jesus concluiu: “os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”. Observação sábia de Jesus, que aproveitou a oportunidade para ensinar que a humildade é uma atitude positiva em qualquer ocasião, pois aquele que se exalta corre mais risco de ser humilhado, e aquele que se humilha sempre tem mais possibilidade de ser exaltado.


Para que a gente cresça no conceito dos outros e também no próprio conceito, Suely, não é preciso falar muito de si mesmo, não é preciso colocar-se sempre em evidência. Basta agir bem, basta agir com sabedoria, tendo atitudes positivas diante da vida e dos outros. As pessoas, que falam muito de si mesmas, que vivem exaltando qualidades e virtudes próprias, acabam se tornando antipáticas e maçantes, afastam os outros de seu convívio e dificilmente conseguem fazer amigos. Desse modo, “falar de si” o tempo todo é a pior solução para se promover, para se fazer querido ou admirado.


Quem fala muito de si, geralmente, age muito pouco e, por isso, usa dessa forma de compensação para chamar atenção; mas usa erradamente. Na verdade, pessoas assim necessitam de auto-afirmação, pois elas acreditam que, falando de si mesmas, serão mais aceitas, mais estimadas, mais admiradas. Ledo engano. Na verdade, elas são carecedoras de auto-estima e não sabem como proceder para se amarem de verdade. Talvez, falte quem as oriente para que aprendam, de fato, a conviver bem, consigo mesmas e com os outros.











quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

COMO É POSSÍVEL PREVER O FUTURO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Abrindo o número de maio de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec na habitual linha de racionalidade com que sempre trata os assuntos sobre os quais fala, analisa a questão da previsibilidade do futuro. Formula a Teoria da Presciência. Na sua abordagem, entre outras coisas, explica: -“Como o homem tem de concorrer para o progresso geral, como certos acontecimentos devem resultar da sua cooperação, pode acontecer que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do véu; mas, sempre com fim útil, nunca para satisfação da vã curiosidade. Tal missão pode, pois, ser conferida, não a todos os Espíritos, porquanto muitos há que do futuro não conhecem mais do que os homens, porém a alguns Espíritos bastante adiantados para desempenhá-la. Ora, é de notar-se que as revelações dessa espécie são sempre feitas espontaneamente e jamais, ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta. Pode também semelhante missão ser confiada a certos homens, desta maneira: Aquele a quem é dado o encargo de revelar uma coisa oculta recebe, à sua revelia e por inspiração dos Espíritos que a conhecem, a revelação dela e a transmite maquinalmente, sem se aperceber do que faz. É sabido, ao demais, que, assim durante o sono, como em estado de vigília, nos êxtases da dupla vista, a alma se desprende e adquire, em grau mais ou menos alto, as faculdades do Espírito livre. Se for um Espírito adiantado, se, sobretudo, houver recebido, como os profetas, uma missão especial para esse efeito, gozará, nos momentos de emancipação da alma, da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso, e verá, como presente, os sucessos desse período. Pode então revelá-los no mesmo instante, ou conservar lembrança deles ao despertar. Se os sucessos hajam de permanecer secretos, ele os esquecerá, ou apenas guardará uma vaga intuição do que lhe foi revelado, bastante para o guiar instintivamente. É assim que em certas ocasiões essa faculdade se desenvolve providencialmente, na iminência de perigos, nas grandes calamidades, nas revoluções, e é assim também que a maioria das seitas perseguidas adquire numerosos videntes. É ainda por isso que se veem os grandes capitães avançar resolutamente contra o inimigo, certos da vitória; que homens de gênio, por exemplo, Cristóvão Colombo, caminham para uma meta, anunciando previamente, por assim dizer, o instante em que a alcançarão. É que eles viram essa meta, que, para seus Espíritos, deixou de ser o desconhecido. Todos os fenômenos cuja causa era ignorada foram tidos à conta de maravilhosos. Uma vez conhecida a lei segundo a qual eles se realizam, eles entraram na ordem das coisas naturais. Nada, pois, tem de sobrenatural o dom da predição, mais do que uma imensidade de outros fenômenos. Ele se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do Mundo Visível com o Mundo Invisível, que o Espiritismo veio dar a conhecer. (...) A teoria da presciência talvez não resolva de modo absoluto todos os casos que se possam apresentar de revelação do futuro, mas não se pode deixar de convir em que lhe estabelece o princípio fundamental. Se não explica tudo, é pela dificuldade, para o homem, de colocar-se nesse ponto de vista extraterrestre; por sua própria inferioridade, seu pensamento, incessantemente arrastado para o atalho da vida material, muitas vezes é impotente para se destacar do solo. A esse respeito, certos homens são como filhotes de aves, cujas asas, demasiado fracas, não lhes permitem elevar-se no ar, ou como aqueles cuja vista é muito curta para ver ao longe, ou, enfim, como aqueles a quem falta um sentido para certas percepções. Entretanto, com alguns esforços e o hábito da reflexão, lá chegaram: os espíritas, mais facilmente que os outros, podem identificar-se com a Vida Espiritual, que compreendem.


Gostaria de saber o que faz uma pessoa chegar à conclusão de que Deus não existe. (Nelson)


Interessante esta para uma reflexão mais cuidadosa. Entretanto,não podemos esquecer que devemos respeitar todas as opiniões sinceras, da mesma forma que fazemos questão de que a nossa opinião também seja respeitada. Mas - aqui entre nós - consideramos que a visão ateísta e materialista da vida é profundamente prejudicial ao homem, embora não podemos deixar de reconhecer que o fanatismo religioso é tão ou mais prejudicial que o ateísmo, pelo mal que ele veio causando à humanidade ao longo dos séculos.


Há quem diga que o ateísmo é produto do orgulho do homem, pois, à medida em que o homem vai descobrindo novas verdades sobre o mundo, ele vai se convencendo de que pode explicar tudo, sem necessidade da idéia de Deus. Aliás, quem disse isso foi um astrônomo francês, Laplace, há cerca de dois séculos, quando apresentou a Napoleão uma explicação sobre o movimento dos astros. Laplace quis dizer que não precisava apelar para Deus para explicar as leis que regem os movimentos dos planetas.


No passado remoto, a explicação dos fenômenos naturais terminava ao se atribuir a Deus aquilo que o homem não conseguia explicar. Um exemplo típico, disso que estamos falando, é o “arco-íris” que, segundo a Bíblia, foi a forma como Deus selou pacto que fez com o homem. No passado da humanidade, o “arco-íris”, pela sua beleza e singularidade, era visto como uma manifestação divina, assim como os cometas, os meteoros, a chuva, o sol, a lua, as enchentes, a seca, as doenças e todos os fenômenos da natureza. Com o tempo, a ciência foi estudando cada um desses fenômenos, dando-lhes uma explicação natural, e Deus foi sendo descartado, pouco a pouco.


A Doutrina Espírita, no entanto, considera que, por mais que o homem consiga explicar os fenômenos naturais ( e isto ele está conseguindo fazer, cada vez com mais perfeição), ele não tem como explicar a origem das leis que regem esses fenômenos, ou seja, por que essas leis existem e de onde elas vieram – ou seja, o que lhes deu causa e porquê. É justamente na origem das leis que vamos encontrar a ação de uma “inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. E dizem os Espíritos: “Deus governa o mundo através de suas leis”. Daí a frase de Jesus, referindo-se à Lei de Causa e Efeito: “não cai uma folha de uma árvore, sem que Deus o saiba”.


Mas, o maior inimigo da religião, caro ouvinte – por incrível possas parecer - são os próprios religiosos, que ainda não souberam trazê-la ao pensamento racional. Na maior parte das vezes, os dogmas religiosos ( considerados intocáveis, indiscutíveis), além de não apresentarem uma explicação lógica e convincente da verdade, ainda são os mesmos, desde a antiguidade, enquanto que a ciência se renova dia-a-dia. Além do mais, os absurdos e as barbáries cometidos em nome de Deus, ao longo da História, que fizeram centenas de milhares de vítimas, só vieram depor contra a religião e, dificilmente, são reconhecidos, contrariando tanto o aspecto da ciência, como os princípios de ética e moralidade.


Muitos são ateus, porque estão inconformados e revoltados com os próprios atos da religião. Acreditamos que muitos dos cientistas, hoje, que se voltam contra a idéia de Deus e que pregam abertamente o ateísmo, são reencarnações daqueles mesmos que, ao longo dos séculos, foram vítimas da intolerância e da perseguição religiosa.


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A INFLUÊNCIA ESPIRITAL - UM FENÔMENO MUITO NATURAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Vivemos em meio a ela, afirma o Espiritismo. É a influência espiritual alimentada pela população constituída pelos que vivem nas Dimensões que circundam a realidade em que vivemos. Os que, como nós, transitam do Mundo Invisível para o Visível. ‘Garimpando’ a extraordinária obra construída por Allan Kardec, destacamos alguns conteúdos para meditarmos: 1 - O MUNDO ESPIRITUAL É TAL QUAL O MATERIAL? É a réplica ou o reflexo do Mundo corpóreo, com suas paixões, vícios ou virtudes, mais virtudes do que nossa natureza material dificilmente permite compreendermos. Tal é esse mundo oculto, que povoa os espaços, que nos cerca, no meio do qual vivemos sem o suspeitar, como vivemos entre miríades do Mundo Microscópico. (RE; 2/1860) 2 - COMO TER-SE A CERTEZA DA EXISTÊNCIA DA VIDA ALÉM DA VIDA OU DO PLANO ESPIRITUAL? O Espiritismo vem provar, demonstrando que se a alma não tem mais o envoltório material, compacto, ponderável, tem um fluídico, imponderável, mas que não deixa de ser uma espécie de matéria; que esse envoltório, invisível no estado normal, pode, em dadas circunstâncias e por uma espécie de modificação molecular, tornar-se visível, como o vapor pela condensação. Como se vê, há aí um fenômeno muito natural, cuja chave dá o Espiritismo, pela lei que rege as relações entre o Mundo Visível e o Invisível. (RE; 5/1864) 3 - ENTÃO OS QUE MORREM NÃO SE DESLIGAM DA REALIDADE QUE ABANDONARAM? Os Espíritos que nos cercam não são passivos; formam uma população essencialmente inquieta, que pensa e age sem cessar, que nos influencia, queiramos ou não, que nos excita e nos dissuade, que nos impulsiona para o Bem como para o mal, o que não nos tira o livre arbítrio mais que os bons ou maus conselhos que recebemos de nossos semelhantes. (RE ; 1/1859) 4 - ISSO ORIGINARIA AS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS? Nossa alma que, afinal de contas, não é mais que um Espírito encarnado, não passa mesmo de um Espírito. Se se revestiu momentaneamente de um envoltório material, suas relações com o mundo incorpóreo, - menos fáceis do que quando no estado de liberdade -, nem por isto são interrompidas de modo absoluto; o pensamento é o laço que nos une aos Espíritos, e pelo pensamento nós atraímos os que simpatizam com as nossas ideias e inclinações. Representemos, pois, a massa de Espíritos que nos envolvem como a multidão que encontramos no mundo; onde quer que formos encontramos homens atraídos pelos mesmos gostos e pelos mesmos desejos; às reuniões que tem objetivo sério vão homens sérios; às que são frívolas, vão os frívolos. Por toda parte encontram-se Espíritos atraídos pelo pensamento dominante. Se lançarmos um olhar sobre o estado moral da Humanidade em geral, compreenderemos sem dificuldade que nessa multidão oculta os Espíritos elevados não devem constituir a maioria. É uma consequência do estado de inferioridade do nosso Globo. (RE; 1/1859) 5 - OS ESPÍRITOS ENTÃO TOMAM PARTE ATIVA EM NOSSAS VIDAS?Muito comumente os Espíritos são vistos assim pelos videntes: os veem ir, vir, entrar, sair, circular em meio aos vivos, dando a impressão – pelo menos os Espíritos comuns – de tomar parte ativa no que se passa em seu redor e interessar-se conforme o assunto, escutando o que se diz. Por vezes, vê-se que se aproximam das pessoas, soprando-lhes ideias, influenciando-as, consolando-as. (RE,4/1861)

Se uma pessoa, que morreu, foi traída por um amigo em quem confiava, ela vai descobrir isso depois da morte? E, nesse caso, ela vai ser um obsessor desse amigo traidor? (Anônimo)


Isso é possível acontecer. Mas não se esqueça de que cada caso tem suas próprias peculiaridades, pois depende das condições espirituais das pessoas envolvidas. Se essa pessoa, que foi traída, é um Espírito seguro, tranqüilo, esclarecido, por exemplo, ela pode não sentir sede de vingança, pode até perdoar o amigo, querer compreendê-lo e quer ajudá-lo, por entender que é mais prejudicado quem trai do que quem é traído; as conseqüências da traição são sempre mais drásticas para o agente da traição do que para a vítima.


Mas, se o traído for uma pessoa rancorosa, ele vai sofrer muito com isso; e, com certeza, ao tomar ciência do fato, não vai querer compreender e, se puder, poderá partir para a vingança. De qualquer forma, quem trai sempre tem mais a perder – talvez não, agora – mas depois. Quando o traidor é perdoado, a tendência é que o sentimento de culpa surja mais cedo contra ele mesmo, e ai ele vai ter de prestar contas à sua própria consciência: veja, por exemplo, o caso de Judas Iscariotes. Mas quando a pessoa traída se revolta e parte para a vingança, o sentimento de culpa demora mais para se manifestar, pois a investida do ex-amigo (agora, inimigo) vai ofuscar a culpa momentaneamente e, no lugar dela, fará surgir o medo.


Todavia, muitos casos de traição só se resolvem mesmo com a reencarnação, pois a lei da vida é o Amor. A reencarnação concorre sempre para que os adversários se aproximem e se entendam de alguma forma. A reencarnação colocará adversários, por exemplo, na mesma família, no mesmo grupo de relações, fazendo com que velhas afeições se aflorem, criando dependências afetivas e estabelecendo novos vínculos. Logo, não há pressa na Lei de Deus, pois tudo caminha em direção aos seus sábios desígnios. A pressa em resolver definitivamente os problemas é sempre nossa, pois, quando erramos, somos nós que passamos a sofrer.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

A ARTE E O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Dramaturgo, poeta e romancista francês, Alfred Musset morreu um mês depois da publicação d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, e, portanto do surgimento do ESPIRITISMO. Tendo-se manifestado espontaneamente na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 23 de novembro de 1860, Allan Kardec buscou sua opinião sobre se haveria um dia a arte espírita. A extensa resposta constante na edição de dezembro de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, entre outras coisas, disse o intelectual: “Fazeis uma pergunta respondida por si mesma. O verme é verme, torna-se bicho da seda, depois borboleta. Que há de mais etéreo, de mais gracioso do que uma borboleta? Pois bem! a arte pagã é o verme; a arte cristã é o casulo; a arte espírita será a borboleta.” Quanto mais se aprofunda o sentido dessa graciosa comparação, mais se lhe admira a exatidão. À primeira vista poder-se-ia supor que o Espírito tivesse a intenção de rebaixar a arte cristã, colocando a arte espírita no coroamento do edifício; mas não há nada disso, e basta meditar nessa imagem poética para assimilar-lhe a precisão. De fato, o Espiritismo se apoia essencialmente no Cristianismo; de modo algum vem substitui-lo: completa-o e o reveste com uma túnica brilhante. Nos primórdios do Cristianismo encontram-se os germes do Espiritismo; se eles se repelissem mutuamente, um renegaria o seu filho, e o outro, o seu pai. Comparando o primeiro ao casulo e o segundo à borboleta, o Espírito indica perfeitamente o laço de parentesco que os une. Há mais: A própria imagem descreve o caráter da arte que um inspirou e que o outro inspirará. A arte cristã teve de inspirar-se nas terríveis provações dos mártires e revestir a severidade de sua origem materna. Representada pela borboleta, a arte espírita inspirar-se-á nas vaporosas e esplêndidas paisagens da existência futura que se desvenda; deleitará a alma que a arte cristã havia tomado de admiração e de temor; será o canto de alegria após a batalha. O Espiritismo encontra-se inteiramente na teogonia pagã, e a mitologia não passa de um quadro da vida espírita poetizada pela alegoria. (...) A arte necessariamente teve de inspirar-se nessa fonte tão fecunda para a imaginação; mas para elevar-se até o sublime do sentimento, faltava-lhe o sentimento por excelência: a caridade cristã. Não conhecendo os homens senão a vida material, a arte procurou, antes de tudo a perfeição da forma. A beleza corporal, então, era a primeira de todas as qualidades: a arte apegou-se a reproduzi-la, a idealizá-la; mas só ao Cristianismo estava reservada a tarefa de fazer ressaltar a beleza da alma sobre a beleza da forma; assim, a arte cristã, tomando a forma na arte pagã, adicionou-lhe a expressão de um sentimento novo, desconhecido dos Antigos. Mas, como dissemos, a arte cristã ressentiu-se da austeridade de sua origem e inspirou-se nos sofrimentos dos primeiros adeptos; as perseguições impeliram os homens a uma vida de isolamento e de reclusão, e a ideia do inferno à vida ascética. Eis por que a pintura e a escultura são inspiradas, em três quartos dos casos, pelo quadro das torturas físicas e morais; a arquitetura se reveste de um caráter grandioso e sublime, embora sombrio; a música é grave e monótona como uma sentença de morte; a eloquência é mais dogmática do que comovente; a própria beatitude é marcada pelo tédio, pela ociosidade e pela satisfação toda pessoal; aliás, encontra-se tão longe de nós, colocada tão alto, que nos parece quase inacessível; daí por que nos toca pouco, quando a vemos reproduzida na tela ou no mármore. O Espiritismo nos mostra o futuro sob uma luz mais ao nosso alcance; a felicidade está mais perto de nós, ao nosso lado, nos próprios seres que nos cercam, com os quais podemos entrar em comunicação; a morada dos eleitos não é mais isolada: há solidariedade incessante entre o Céu e a Terra.



Odete Reganhan, presidente do Grupo Espírita “Maria de Nazaré, na cidade de Lupércio-SP, solicita-nos um posicionamento sobre o caso do aborto realizado, tempos atrás, numa menina de 9 anos, em Pernambuco. Segundo as notícias, a garota foi estuprada, possivelmente pelo padrasto. O caso ganhou repercussão mundial, quando uma autoridade religiosa, em Pernambuco, excomungou a equipe médica, responsável pelo aborto,uma vez que o aborto é condenado pela Igreja.


Se você perguntar: o Espiritismo é a favor ou é contra o aborto? Nós vamos responder: O Espiritismo é contra o aborto. Aí você pergunta novamente: Em todos os casos? Não, não em todos os casos. A Doutrina Espírita sempre se coloca a favor da vida, principalmente porque sabe que a vida é sempre uma oportunidade a mais para o Espírito, que precisa evoluir. Interromper uma gravidez, portanto, é tirar essa oportunidade – muitas vezes, uma necessidade gritante para o Espírito reencarnante.


No entanto, se abrirmos O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 359, vamos ler: “No caso em que a vida da mãe estivesse em perigo com o nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?” A resposta é clara: “É preferível sacrificar o ser que não existe ao ser que existe”. Desse modo, mais uma vez, a doutrina fica do lado do bom senso. O Espiritismo, que sempre fala em nome da razão, não poderia decidir de forma radical todos os casos, pois, assim fazendo, estaria contrariando seus próprios princípios.


O caso da menina pernambucana enquadra-se numa exceção à regra, portanto. Os médicos se pronunciaram, dizendo que a garota – de apenas 9 anos de idade, estrutura franzina e não mais que 1 metro e 33 centímetros de altura – tem o sistema reprodutivo imaturo e, além de ter sofrido violência sexual ( causando-lhe profundo trauma psicológico), pelo fato de não estar preparada para a reprodução, sua vida correria sério risco. Além disso, mesmo que se tentasse prosperar a gravidez, apenas para salvar as crianças, a medicina acha pouco provável que os bebês sobrevivessem.


O bom senso é sempre útil em qualquer situação, mas principalmente nos casos que fogem à regra. Não é preciso ser nenhum cientista ou sábio para chegar a tal conclusão, considerando mesmo que nós, seres humanos, não somos infalíveis em nada e, portanto, sempre estamos sujeitos ao erro. Contudo, o que devemos nos cobrar é o esforço máximo para errar menos ou causar menos danos com os nossos erros. No caso em questão, tudo leva a crer – como o próprio presidente da República pronunciou – que a justiça humana e a medicina, conjuntamente, fizeram optaram pela melhor solução.


domingo, 23 de janeiro de 2022

SUBMUNDO DO MUNDO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Meio que por acaso segundo a avaliação da nossa Ciência da realidade em que viemos, contudo, intencionalmente pelo que se pode deduzir estudando as ações do Mundo Espiritual sobre o nosso, o pintor e produtor de cinema sueco Friederich Jürgenson ao conferir a gravação da fita magnética com que pretendia registrar na natureza o canto de alguns pássaros, descobriu que na mesma até então virgem havia uma mensagem transmitida por uma voz conhecida: a de sua mãe morta tempos antes. Iniciava-se então um processo de intercâmbio interdimensional revelado por ele minuciosamente no livro TELEFONE PARA O ALÉM, publicado em 1967, reportando-se às experiências acontecidas desde 1959. A obra - hoje raríssima - desencadeou, a princípio na Europa um movimento que envolveria de técnicos em eletrônica até empresas especializadas em gravação de som interessadas em reproduzir o feito do sueco, confirmando que o fenômeno descrito por ele não era fruto da imaginação de um artista. Inclusive o Vaticano, que mantinha estudos liderados por um Cardeal chamado Cardinale, sob o olhar atento do Papa Paulo V. Mas, a obra do sueco morto em 1987, preservou elementos extremamente interessantes que se aproximam de obras como as dos Espíritos André Luiz e Maria João de Deus através do médium Chico Xavier cuja existência provavelmente não eram do conhecimento de Jürgenson. Alguns deles no capítulo 20, onde, entre outras coisas, conta: -“Nos últimos meses recebia frequentemente dos meus amigos do Além, mensagens sobre as condições predominantes em certas regiões do Mundo Espiritual. Recebia essas mensagens gradativamente, de acordo com a minha evolução e compreensão. Primeiro fizeram-me uma descrição detalhada do Além, com um quadro bastante claro de um determinado plano de existência, ao qual meus amigos demonstravam especial dedicação. Esse local — se quisermos adotar esta palavra — denominava-se subúrbio e abrangia uma série de “distritos” ou planos de existência (estados de consciência). Depois me foi descrito o Plano inferior, que abriga os representantes de pavorosas deformações do espírito humano. Tais deformações podiam assinalar-se como consequência direta da crueldade em geral, cuja força cega criou, dentro da plasticidade de fácil configuração da matéria das esferas sutis, regiões ocas, que os meus amigos chamavam cavernas. As ondas negativas de pensamento e emoções — sobretudo o pavor, a inveja e o ódio — mediante a força do desejo e da imaginação, formam, facilmente, com a matéria astral, elementos que correspondem exatamente ao caráter desses impulsos emocionais. O estado da coisa em si, ou seja, a formação do ambiente, parece processar-se de modo quase automático, independentemente portanto da vontade individual. Para o interior dessas covas negras do plano astral, costuma resvalar automaticamente os condenados à morte e criminosos de todo tipo. Informaram-me ainda os meus amigos que, mediante a propagação das ondas de rádio, sobreveio uma mudança significativa para os habitantes daquelas regiões inferiores, pois essas ondas, por sua própria natureza, atuam de forma estimulante sobre os encarcerados nessas lúgubres cavernas. Podendo as ondas de rádio, devido à sua natureza mecânica e impessoal, produzir unicamente um reavivamento casual e passageiro, um certo grupo (meus amigos) resolveu irradiar uma onda especial de propagação conseguindo, dessa maneira, estabelecer um contato melhor com os isolados. Dentro dessa grande ação libertadora, destinou-se um papel especial ao “Despertar dos Mortos”. Pode parecer fantástico, mas, ao que tudo indica, a maioria dos mortos das regiões do astral inferior encontram-se num estado de sono profundo, principalmente aqueles que tiveram morte violenta. Considerando bem, o “despertamento” equivale a uma intervenção psíquica, por meio da qual os adormecidos devem ser arrancados do jugo dos seus pesadelos e obsessões. Esse sonho astral, que é uma espécie de estado de tolhimento, é intensamente vivido pelos “adormecidos” como imaginação plástica fluídica, portanto como realidade objetiva.



Vocês falam que devemos valorizar o que é espiritual e desprezar o que é material. Mas isso não é possível. Somos seres materiais antes de tudo: se formos desprezar a matéria, nem podemos existir, porque nosso corpo é matéria. (Márcio B.)


O Espiritismo nunca disse que devemos desprezar a matéria. Ao contrário, tudo o que existe é obra de Deus e tudo caminha para o cumprimento de seus superiores desígnios. O que o Espiritismo afirma ( na verdade, reiterando aquilo que Jesus já falou) é que não devemos inverter os valores. Sem o corpo, o Espírito não poderia reencarnar e, portanto, não poderia evoluir. Assim, devemos respeitar o corpo e tudo que é material para o nosso próprio bem. O que não é recomendável é viver exclusivamente em função do corpo ( ou seja das necessidades imediatas), sem levar em consideração que a finalidade maior é o Espírito.


Tudo que existe no mundo é sagrado, porque tudo veio de Deus. Sagrado, no sentido de indispensável, imprescindível à vida e á inteligência. Cabe ao homem descobrir a finalidade de cada coisa, saber direcionar seus esforços para desenvolver as suas qualidades mais elevadas. A concepção de que a vida é uma só, que devemos aproveitá-la o mais depressa possível, tem feito com que muita gente adote o materialismo como norma de vida, vivendo só para as coisas imediatas e se esquecendo de cultivar os valores permanentes do Espírito. No entanto, a espiritualidade humana pede muito mais, colocando-nos na condição de seres inteligentes e divinos, a caminho da perfeição.


Sem os bens terrestres não poderíamos evoluir. As conquistas humanas – quer no campo da religião, da filosofia, da ciência e das artes – estão mostrando o quando é importante saibamos valorizar os bens materiais, para que eles sirvam às necessidades do homem e o promovam a uma condição de alegria e paz.. Contudo, quem não leva em consideração o Espírito, acaba se voltando inteiramente à necessidade de ‘ter’, mais do que à necessidade de ‘ser. Daí desenvolverem-se o egoísmo e o orgulho, fontes dos piores males da sociedade.


O fato de a moral (inclusive a moral religiosa) combater o egoísmo, o orgulho, a inveja, a avareza, a ganância e outros males da humanidade, não quer dizer que seja contra a matéria, mas apenas que devemos aproveitá-la sempre em prol de nosso crescimento intelectual, moral e social. O paraíso a que Jesus se referiu começa aqui mesmo, na Terra, a partir do momento em que passamos a entender que a maior riqueza do homem não está nos seus bens ou no seu dinheiro, mas na capacidade de conviver bem com seu próximo, de trabalhar e de aspirar a uma condição espiritual cada vez mais elevada para a humanidade.