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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

DISSIPANDO MISTÉRIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Se a racionalidade da Verdade encontra tanta dificuldade para ser assimilada pelo pensamento analógico do indivíduo, o tempo para ser absorvido pelo coletivo é muito maior. A história está repleta de exemplos, até porque, por vezes, é necessário o coletivo para alcançar o individual. Assim tem sido no campo da ciência em suas diferentes especializações desde que a “muralha” imposta pela religião veio abaixo mais objetivamente com as proposições de Copérnico confirmadas por Galileu. Com Freud, Jung, Einstein e muitos outros nos vislumbres de suas Teorias não foi diferente. Décadas se passaram até que o meio dito científico reconhecesse sua validade e começassem a aproveitar e desenvolver os temas por eles tratados. Com o Espiritismo ocorre o mesmo. Perseguido, ironizado, desacreditado ao tempo de Allan Kardec pelo meio acadêmico, vai se confirmando a muitos representantes deste sua validade e utilidade. O coletivo, nesse caso, vai paralelamente despertando consciência da letargia em que muitos preferem viver. A didática adotada pelo educador francês em escritos com que compôs o acervo de seus livros e publicações continua válida nos tempos que correm. Na REVISTA ESPÍRITA de março de 1865, encontramos algumas amostras. Vejamos alguns pontos: 1- O ESPIRITISMO DEMONSTRA O VERDADEIRO DESTINO DO HOMEM - Tomando-se por base a natureza deste último e os atributos divinos, chega-se a uma conclusão. O homem compõe-se de corpo e Espírito: o Espírito é o ser principal, racional, inteligente; o corpo é o invólucro material que reveste o Espírito temporariamente, para preenchimento de sua missão na Terra e execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, destrói-se e o Espírito sobrevive à sua destruição. Privado do Espírito, o corpo é apenas matéria inerte, qual instrumento privado da mola que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo: a vida, a inteligência. Em deixando o corpo, torna ao Mundo Espiritual, de onde havia saído para reencarnar. 2 - Existem, portanto, dois mundos: o corporal, composto de Espíritos encarnados; e o espiritual, formado dos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido mesmo à materialidade do seu envoltório, estão ligados à Terra ou a qualquer Globo; o Mundo Espiritual ostenta-se por toda parte, em redor de nós como no Espaço, sem limite algum designado. Em razão mesmo da natureza fluídica do seu envoltório, os seres que o compõem, em lugar de se locomoverem penosamente sobre o solo, transpõem as distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos laços que os retinham cativos. 3- O FIM DO MISTÉRIO DA CRIAÇÃO - Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas dotados de aptidão para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude do seu livre-arbítrio. Pelo progresso adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções e, conseguintemente, novos gozos desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles veem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem ver, sentir, ouvir ou compreender. A felicidade está na razão direta do progresso realizado, de sorte que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente por não possuir o mesmo adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual, em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal como um cego e um vidente que se dão as mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima impressão. Sendo a felicidade dos Espíritos inerente às suas qualidades, haurem-na eles em toda parte em que se encontram, seja à superfície da Terra, no meio dos encarnados, ou no Espaço. 4- FUNÇÃO DA REENCARNAÇÃO - A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.


Uma leitora do clube do livro, discretamente, questiona a proliferação de tantos romances espíritas, hoje publicados pelas diversas editoras do país. Ela diz que a qualidade das obras caiu muito em relação aos primeiros romances psicografados, sobretudo os de Emmanuel e André Luiz. Ela quer saber se devemos confiar em todas essas obras, que vêm aparecendo agora.


Não temos dúvida de que a proliferação de obras espíritas, sobretudo as psicografadas, deve ter um papel importante na disseminação dos postulados do Espiritismo em nosso país. Hoje, o que se lê de Espiritismo no Brasil é algo que sequer se imaginava alguns anos atrás. É bem verdade que a qualidade desses livros caiu muito, mas devido à avalanche de obras que vem sendo editadas. Contudo, em meio a tantos livros, com certeza, você vai encontrar aqueles que não são tão fiéis às bases e às diretrizes da Doutrina Espírita. Nem por isso, devemos invalidar o período de grande produção literária espírita que estamos passando. Temos de aprender a separar o joio do trigo. Não foi isso que Jesus ensinou?


Entretanto, os espíritas – ou seja, as pessoas que conhecem mais a fundo a doutrina, como você – têm por obrigação sempre criticar o conteúdo dessas obras, sempre que elas ferirem um princípio doutrinário básico, para que possamos ter mais opções quando formos indicar alguma leitura. No passado, décadas atrás, a mediunidade psicográfica, que se dedicava às obras dessa natureza, estava concentrada em pouquíssimos médiuns – como Chico Xavier, Yvonne Pereira, Divaldo Franco e mais alguns outros, e não era estimulada. Hoje, neste período pós-Chico Xavier, estamos numa nova fase, o leque se abriu e temos médiuns psicográficos por todos os lados. É claro que a quantidade acaba redundando no prejuízo da qualidade.


Na grande maioria das vezes, não dá para comparar um romance de Emmanuel ou uma obra de André Luiz com as obras que estão sendo produzidas hoje. Primeiro, porque esses espíritos, tanto quanto o médium de que se valeram, estavam muito bem integrados no espírito da doutrina e nos postulados espíritas codificados por Allan Kardec; depois, porque será muito difícil aparecer um médium da qualidade moral e espiritual do Chico e na capacidade laborativa de Divaldo. Isso, porém, não quer dizer que os atuais médiuns não tenham valor. Pelo contrário; é claro que todos têm o seu valor, mas seu papel é outro.


Acreditamos mesmos que estamos numa fase de popularização das idéias espíritas, que devem atingir todos os segmentos da população. Conhecemos várias pessoas, que vieram ao Espiritismo através dessas obras. O importante e fundamental é que elas reproduzam os princípios básicos da doutrina, como a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a lei de evolução e os conceitos morais que a doutrina busca nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, respondendo às grandes questões da humanidade: “o que somos, de onde viemos, porque estamos neste mundo e para onde vamos”.


No mais, o que podemos dizer é que esses inúmeros romances espíritas, hoje editados, devem servir de estimulo ou de passagem para leituras mais consistentes, que cuidem das bases filosóficas da Doutrina; que os leitores sejam levados a despertar suas consciências para leituras mais profundas, como as produzidas por Allan Kardec, por Chico Xavier e por Divaldo Franco. Finalmente, queremos dizer que estamos abertos a todo comentário que os ouvintes quiserem fazer nesse sentido, em relação a qualquer das obras publicadas.




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