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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O ESPIRITISMO É OU NÃO UMA RELIGIÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Má fé, ignorância, intolerância são alguns dos aspectos relacionados à resposta ouvidas das pessoas comuns sobre a pergunta: -“O Espiritismo é ou não uma religião? No número de dezembro de 1868, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos para reflexões a respeito. Argumenta ele: -“O verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. (...). Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia. Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade. A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário. O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência




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Eu gostaria de saber por que a gente tem tanta dificuldade de fazer coisas boas – de praticar a caridade, por exemplo - mas se for para fazer o mal, parece que existe uma atração e aí não temos tanta dificuldade assim. (Juliana)


É uma questão evolutiva, Juliana. No estágio de desenvolvimento espiritual, em que nos encontramos aqui na Terra, é mais fácil fazer o mal do que fazer o bem. Para fazer o mal, disseram os Espíritos a Kardec, basta não fazer nada: a omissão em si, ou seja, deixar de fazer o bem, já é um mal. Por exemplo, não ajudar alguém que precisa de apoio ou colaboração, porque fazer o bem sempre vai exigir dedicação e esforço.


Para entender melhor essa questão, podemos nos valer de uma ilustração muito interessante feita pelo Espírito Valérium, no livro “Bem-aventurados os Simples”. Nesse livro, psicografado pelo médium Waldo Vieira, Valérium compara o homem encarnado a um homem no leito de um rio. É mais fácil ele se deixar levar pela correnteza do rio do que lutar contra ela, ou seja, é melhor nadar a favor da corrente do que contra a corrente.


Para nadar a favor da correnteza, basta deixar o corpo ser levado pela água. Quando assim agimos – ou seja, quando deixamos a vida nos levar, procurando sempre o lado mais fácil, para não ter muito trabalho e tirar o máximo proveito das situações – não encontramos muita dificuldade para viver. Estamos sempre a favor da corrente, agindo por conveniência, dizendo “sim” quando os outros dizem “sim”, dizendo “não” quando os outros dizem “não”. Só não calculamos em que momento o rio termina numa cachoeira e podemos despencar de grande altura...


No entanto, quando decidimos nadar contra a correnteza para alcançar uma condição melhor – quer dizer, quando somos capazes de decidir sempre pelo lado bom da vida, fazendo o bem e evitando o mal – vamos ter de pensar mais, vamos ter de trabalhar mais, vamos ter de enfrentar obstáculos maiores. Em compensação, não nos deixaremos levar pela maioria acomodada e, com certeza, nos livraremos de uma terrível e surpreendente queda d´água que está no curso do rio.


Assim é a vida, Juliana. Jesus não se importou em nadar contra a correnteza, ou seja, contra as conveniências do mundo. Ele mesmo disse, “meu reino não é deste mundo” – isto é, eu não me deixo levar pelas aparentes vantagens que os valores materiais me dão ( poder, riqueza, regalias); ao contrário, valorizo o amor, o respeito humano, a fraternidade, a solidariedade e tudo quanto nos ajuda a crescer espiritualmente e encontrar a verdadeira felicidade.


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