Chico Xavier estava certo quando disse que depois de sua morte física, muitos afirmariam ter recebido mensagens atribuídas a ele. Hoje até simpatia para emagrecer “recomendada” por ele existe. Manifestações sobre posicionamentos políticos também, etc. Circulam textos com profecias dele ou de Espíritos com quem trabalhou, presumivelmente por ele psicografados. Ao longo de sua longa caminhada na existência terminada há quase catorze anos situações semelhantes aconteciam. Em 1949, por exemplo, foi publicada uma obra assinada por André Luiz, a qual motivou uma explicação dada em carta enviada em 15 de dezembro daquele ano ao então presidente da Federação Espírita Brasileira que o questionava sobre o assunto. Escreveu Chico: -“O livro a que te referes, recebido em Juiz de Fora, não foI prefaciado por meu intermédio. Já vi um exemplar desse trabalho e tendo perguntado a André Luiz sobre o assunto, ele apenas me disse que conhece várias entidades com o mesmo nome usado por ele. Como vês, acredito que há elementos perturbadores no caso, de vez que me atribuem, embora só verbalmente, participação direta no prefácio, quando não conheço nem mesmo a médium que recebeu o trabalho, nem o Grupo em que foi recebido. Um estudo da trajetória de Chico nos 92 anos de vida, demonstrará a quem o fizer que ele não se aventurava no terreno das profecias. O mesmo em relação ao autor da série NOSSO LAR e centenas de mensagens. Sobretudo em questões polemicas. No excelente livro-documentário TESTEMUNHOS DE CHICO XAVIER (feb,1985) em criteriosa pesquisa conduzida por Suely Caldas Schubert, encontramos depoimentos de Chico que não ensejam nenhuma duvida sobre o papel de André Luiz no trabalho de desenvolvimento dos conteúdos em torno do Espiritismo no Brasil. Vejamos as revelações do médium mineiro: 12-10-1946 - Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em um nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer-nos páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar”. Mais adiante: “Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “MISSIONÁRIOS DA LUZ”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinicio, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo REENCARNAÇÃO, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho”. Em 2006, o livro SEMENTEIRA DE LUZ (fonte viva) com fragmentos de mensagens do Espírito Arthur Joviano psicografadas por Chico nas reuniões de quarta feira na casa da família de Romulo Joviano, patrão do médium na Fazenda Modelo, outros dados que denotam o perfil de André Luiz. Tecendo comentários sobre OS MENSAGEIROS que seria lançado em breve, diz: -“Ainda sobre o novo livro de André Luiz, as teses são as mais complexas, os assuntos mais palpitantes. É um mundo novo, creia, para a responsabilidade individual. Esse esforço foi muito estudado antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal, sem filiação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes observações de caráter universalista. E, felizmente, atinge-se presentemente, o objetivo”. Como se vê mensagens proféticas atribuídas ao André Luiz que trabalhou com Chico, devem ser de algum dos outros André Luiz citados na carta reproduzida em parte linhas atrás.
Uma ouvinte enviou um texto, que está correndo via internet, sobre a chamada Revelação de Fátima, uma previsão de acontecimentos catastróficos e assustadores, que assolariam a humanidade nesta época em que estamos vivendo – como guerras, terremotos, enchentes, etc – que dizimariam cerca de 2/3 da população. Seria um verdadeiro castigo de Deus para a humanidade desobediente aos seus mandamentos. Ela quer saber o que pensamos a respeito.
A Doutrina Espírita, desde Kardec, tem uma posição bem clara sobre esses anúncios de catástrofes universais. Mas, uma visão racional, que nada tem a ver com castigo ou ira de Deus, mas com as transformações por que passa o nosso planeta. Não queremos, por outro lado, questionar a aparição de Fátima, mas não é do feitio do Espiritismo o anúncio de calamidades que venham a causar medo ou pânico na população.
A Bíblia, que retrata muito bem a visão derrotista do homem antigo sobre o futuro, tem profecias e anúncios de catástrofes e castigos divinos, como, em geral, todos os livros sagrados da antiguidade. No passado, muito mais que hoje, a religião utilizava essas profecias para amedrontar o homem e submetê-lo mais à autoridade religiosa. Até mesmo, no Novo Testamento, encontramos uma descrição, atribuída a Jesus, sobre o fim do mundo, e o Apocalipse – de autoria de João – não passa de uma previsão catastrófica do futuro da humanidade.
Não é preciso ser profeta ou adivinho para entender, hoje, porque acontecem terremotos, tsunamis, vulcões, secas, enchentes, furacões. O nosso planeta já teve transformações muito mais violentas do que as de hoje, durante o longo período de sua formação. Quem lê A GÊNESE de Allan Kardec, encontra ali um resumo das eras geológicas e dos profundos abalos na estrutura da Terra que, com o passar dos milênios, acabam se acomodando, dando ensejo a que ao aparecimento da vida e, mais tarde, do próprio homem.
Portanto, esses fenômenos de proporções ameaçadoras sempre existiram. Até mesmo o degelo dos pólos, o aumento do volume dos oceanos, as bruscas mudanças climáticas ( independente da ação nefasta do homem sobre a natureza) estão lá na Gênese – não como castigo divino – mas como modificações naturais do planeta, perfeitamente dentro da leis da natureza. A diferença entre o passado e o presente, é que a presença humana na Terra é muito recente e o homem só conheceu os períodos mais amenos, como este pelo qual estamos passando.
No entanto, são milhares de vítimas que sucumbem a um terremoto ou tsunami, mas essa realidade, que observamos, se deve a dois fatores. Primeiro, a população do globo aumentou muito nos últimos séculos e se concentra em especial em algumas regiões mais sujeitas aos abalos físicos. E, em segundo lugar, hoje temos a televisão e ficamos sabendo de tudo quanto acontece no mundo, no mesmo instante. No tempo de Jesus, por exemplo, o cidadão da Palestina não tinha a mínima noção do que poderia estar acontecendo na Ásia; aliás, ele nem sabia que a Ásia existia.
É claro que há uma relação de causa e efeito e que, hoje, não sofremos por acaso, porque somos ainda muito falhos e precisamos despertar para um mundo novo. Mas em compensação podemos dispor de recursos de proteção, segurança e conforto, com o que o homem da antiguidade jamais poderia imaginar. Somos beneficiados em quase tudo pela força da inteligência e pela oportunidade que Deus nos concede. Falta-nos o despertar da consciência para construir uma sociedade baseada em princípios de respeito humano e fraternidade. É nisso que temos de pensar: em nossa responsabilidade uns diante dos outros, visando a um futuro melhor. O que deverá acabar é o mundo moral, ainda muito comprometido com a maldade, mas para ressurgir um mundo novo, em que a prática do bem esteja no cotidiano de cada um de nós.
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