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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

POSTURA DE UM PESQUISADOR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Consulta sobre qual o critério utilizado pelo pesquisador Allan Kardec para desenvolver o trabalho que referencia a base do Espiritismo conduz naturalmente às seguintes informações: -“Comecei os meus estudos sérios de Espiritismo, menos, ainda, por meio de revelações, do que de observações. Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental; nunca elaborei teorias preconcebidas; observava cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências; dos efeitos procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma explicação, senão quando resolvia todas as dificuldades da questão. Foi assim procedi sempre em meus trabalhos anteriores, desde a idade de 15 a 16 anos. Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas ideias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspeção e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir. Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi que os Espíritos, nada mais sendo do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia ao grau, que haviam alcançado, de adiantamento, e que a opinião deles só tinha o valor de uma opinião pessoal. Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de crer na infalibilidade dos Espíritos e me impediu de formular teorias prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles. O simples fato da comunicação com os Espíritos, dissessem eles o que dissessem, provava a existência do mundo invisível ambiente. Já era um ponto essencial, um imenso campo aberto às nossas explorações, a chave de inúmeros fenômenos até então inexplicados. O segundo ponto, não menos importante, era que aquela comunicação permitia se conhecessem o estado desse mundo, seus costumes, se assim nos podemos exprimir. Vi logo que cada Espírito, em virtude da sua posição pessoal e de seus conhecimentos, me desvendava uma face daquele mundo, do mesmo modo que se chega a conhecer o estado de um País, interrogando habitantes seus de todas as classes, não podendo um só, individualmente, informar-nos de tudo. Compete ao observador formar o conjunto, por meio dos documentos colhidos de diferentes lados, colecionados, coordenados e comparados uns com outros. Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como houvera feito com homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores predestinados. Tais as disposições com que empreendi meus estudos e neles prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui. (...) Levava para cada sessão uma série de questões preparadas e metodicamente dispostas. Eram sempre respondidas com precisão, profundeza e lógica. A partir de então, as sessões assumiram caráter muito diverso. Estava concluído, em grande parte, o meu trabalho e tinha as proporções de um livro. Eu, porém, fazia questão de submetê-lo ao exame de outros Espíritos, com o auxílio de diferentes médiuns. Lembrei-me de fazer dele objeto de estudo nas reuniões do Sr. Roustan. Ao cabo de algumas sessões, disseram os Espíritos que preferiam revê-lo na intimidade e marcaram para tal efeito certos dias nos quais eu trabalharia em particular com a Srta. Japhet, a fim de fazê-lo com mais calma e também de evitar as indiscrições e os comentários prematuros do público. Não me contentei, entretanto, com essa verificação; os Espíritos assim mo haviam recomendado. Tendo-me as circunstâncias posto em relação com outros médiuns, sempre que se apresentava ocasião eu a aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho. Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, entregue à publicidade em 18 de abril de 1857.



O Benedito Pereira de Araújo pergunta: “ No plano espiritual existe sexo, ou seja, um Espírito pode fazer sexo com outro Espírito?”


Não é uma resposta simples, Benedito; portanto, preste bem atenção. A função sexual, como meio de reprodução da espécie humana, só existe em nosso plano físico. Ou seja, é aqui – como homem e mulher, como macho e fêmea – que podemos unir nossos gametas, através da relação sexual, para produzir outro corpo, por um longo processo chamado gestação. A função sexual, portanto, é a responsável pelas novas concepções de vida, pelos novos nascimentos, pelas novas reencarnações, garantindo, assim, a preservação e a continuidade da espécie humana sobre a Terra.


Segundo explicações do Espírito André Luiz, todos nós, seres encarnados e desencarnados, temos um corpo etéreo ( que podemos chamar de corpo espiritual) e ao qual o Espiritismo deu o nome de perispírito. No entanto, há diferenças entre o perispírito do encarnado e o perispírito do desencarnado, eles não são exatamente iguais, e uma dessas diferenças se verifica, justamente, no sistema genésico ou de reprodução sexual. O encarnado pode reproduzir outro encarnado; mas o desencarnado não pode reproduzir outro desencarnado.


Como e quando ocorre essa diferenciação. No momento do desencarne. Com a morte física, o perispírito passa a se desprender do corpo e, nesse momento, segundo observações diretas de André Luiz, ocorre um fenômeno, que ele chama de histólise, porque se parece muito com uma desagregação molecular. Durante esse fenômeno, o perispírito sofre um certo retrocesso evolutivo e perde algumas de suas funções – uma delas é a função ligada à reprodução sexual. Em seguida, ocorre o que André Luiz chama de histogênese, que é a imediata recomposição do perispírito, mas agora assumindo outra forma para passar a atuar no plano espiritual.


Desse modo, quando o perispírito adentra o mundo espiritual, deixando de depender do corpo, ele já não pode mais contribuir para a reprodução, embora ainda preserve as características exteriores de homem ou de mulher, de macho ou de fêmea, que teve na Terra durante a última encarnação. O sede do sexo, porém, não está nos órgãos sexuais, mas na mente do individuo. Sendo assim, mesmo desencarnado, ele tende a preservar seus hábitos e a ter suas necessidades, inclusive a sexual, que compete a ele educar, naturalmente.


Entretanto, se um determinado individuo foi muito dependente do sexo, praticou o sexo de uma maneira abusiva e até pervertida, naturalmente, quando desencarna, ele conserva na mente esse tipo de viciação e tende a buscar seus prazeres da mesma forma que fazia quando encarnado. Contudo, ele não vai conseguir utilizar seus implementos sexuais no plano espiritual com relação a outros Espíritos desencarnados que, como ele, perderam essa função quando desencarnaram.


Então, o que geralmente faz? Aproxima-se de encarnados, que tenham essa mesma tendência, para satisfazer-se mentalmente com eles dos prazeres que buscam. Trata-se de um fenômeno de simbiose – ou seja, de ajuda mútua - a que a Dra. Marlene Nobre se refere no seu livro A OBSESSÃO E SUAS MÁSCARAS, onde ela descreve muito bem esse tipo de relação do encarnado com o desencarnado, através de um processo puramente mental. Nós, os encarnados, não estamos sozinhos – nem nas boas ações que praticamos (quando chamamos para nós bons Espíritos), nem em nossas fraquezas e viciações ( quando atraímos Espíritos de mesma tendência).

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