Revelam os Espíritos que auxiliaram Allan Kardec na elaboração da proposta do Espiritismo que conhecimento do períspirito ou corpo espiritual revolucionará os conhecimentos já alcançados sobre o corpo físico, seu funcionamento e disfunções. No sentido de refletirmos a importância desse conquista do universo de informações acessados até agora pela ciências que se ocupam da saúde humana, destacamos um breve trecho de matéria contida na REVISTA ESPÍRITA, edição de dezembro de 1982. Escreveu Allan Kardec: -Os Espíritos são revestidos de um envoltório vaporoso, formando para eles um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome de perispírito, e cujos elementos são colhidos do fluido universal ou cósmico, princípio de todas as coisas. Quando o Espírito se une a um corpo, aí vive com seu perispírito, que serve de ligação entre o Espírito propriamente dito e a matéria corporal; é o intermediário das sensações percebidas pelo Espírito. Mas o perispírito não está confinado no corpo, como numa caixa; por sua natureza fluídica, ele irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera, como o vapor que dele se desprende. O perispírito é impregnado de qualidades, isto é, do pensamento do Espírito, e irradia tais qualidades em torno do corpo. Aqui um outro parêntese para responder imediatamente a uma objeção oposta por alguns à teoria dada pelo Espiritismo do estado da alma. Acusam-no de materializar a alma, ao passo que, conforme a religião, a alma é puramente imaterial. Como a maior parte das outras, esta objeção provém de um estudo incompleto e superficial. O Espiritismo jamais definiu a natureza da alma, que escapa às nossas investigações; não diz que o perispírito constitui a alma: a palavra perispírito diz positivamente o contrário, pois especifica um envoltório em torno do Espírito. Que diz a respeito O LIVRO DOS ESPÍRITOS? “Há no homem três coisas: a alma, ou Espírito, princípio inteligente; o corpo, envoltório material; o perispírito, envoltório fluídico semimaterial, servindo de laço entre o Espírito e o corpo.” Do fato de a alma conservar, com a morte do corpo, o seu envoltório fluídico, não significa que tal envoltório e o Espírito sejam uma só e mesma coisa, do mesmo modo que o corpo não se confunde com a roupa nem a alma com o corpo. A Doutrina Espírita nada tira à imaterialidade da alma, apenas lhe dá dois invólucros, em vez de um, na vida corpórea, e só um depois da morte do corpo, o que é, não uma hipótese, mas o resultado da observação; Por sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se assim nos podemos exprimir, como agente direto do Espírito, o perispírito é posto em ação e projeta raios pela vontade do Espírito. Por esses raios ele serve à transmissão do pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo pensamento do Espírito. Sendo o perispírito o laço que une o Espírito ao corpo, é por seu intermédio que o Espírito transmite aos órgãos, não a vida vegetativa, mas os movimentos que exprimem a sua vontade; é, também, por seu intermédio que as sensações do corpo são transmitidas ao Espírito. Destruído o corpo sólido pela morte, o Espírito não age mais e não percebe senão pelo seu corpo fluídico, ou perispírito, razão por que age mais facilmente e percebe melhor, já que o corpo é um entrave. Tudo isto é ainda resultado da observação. Suponhamos agora duas pessoas próximas, cada qual envolvida – que nos permitam o neologismo – por sua atmosfera perispiritual. Esses dois fluidos põem-se em contato e se interpenetram; se forem de natureza antipática, repelem-se e os dois indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar ao se aproximarem um do outro, sem disso se darem conta; se, ao contrário, forem movidos por sentimentos de benevolência, terão um pensamento benevolente, que atrai. Tal a causa pela qual duas pessoas se compreendem e se adivinham sem se falarem.
Gostaria de entender a questão da fé. Conheço pessoas religiosas, que mostram que tem muita fé, e outras, que não têm nem religião. Parece que a fé é uma aptidão, que algumas pessoas já nascem com ela e outras não. Neste caso, que culpa tem a pessoa de não ter fé? A culpa não seria delas, mas de Deus. ( Alexandre)
Kardec faz uma ampla abordagem sobre a fé, no capítulo do EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, “A fé transporta montanhas”. Leia este capítulo. Primeiramente, ele trata da fé como uma condição inerente ao espírito humano: todo homem tem fé. Fé, aqui, no sentido amplo de acreditar, de confiar em alguém ou em alguma coisa. A fé faz parte de nossa vida emocional e ela se impõe pelas circunstâncias da vida, como – por exemplo – a criança que tem fé na mãe, que dela sempre cuida com muito carinho; a fé que a criança vai aprendendo a ter nas próprias pernas e que se consolida, quando ela já aprendeu a andar.
Logo, todos nascemos com essa disposição, que vai se desenvolvendo, à medida que vivemos as mais diversas experiências. Mas, a fé em Deus que, geralmente, nos é ensinada pelos pais em casa, também se desenvolve, e de conformidade com nossas experiências de vida. Enquanto a criança não desenvolveu o pensamento crítico, ela vive quase que exclusivamente daquilo que acredita; isto é, de sua fé simples e natural. Mas, quando ela começa a pensar e descobrir que pode descobrir a própria verdade e até contestar as verdades dos outros, aí, então, começa a haver um confronto entre a fé e a razão.
As bases da fé religiosa, portanto, aprendemos em casa, mas o rumo que ela vai tomar no futuro depende da capacidade de pensar e questionar a própria fé. Assim, há pessoas que, ao questionarem a fé, tornam-se materialistas, desacreditam de tudo que a religião lhe ensinou. Em outras, porém, o questionamento as ajuda a fortalecer a fé que já possuem, e que vai se assentando sobre uma base racional: esta é a fé que o Espiritismo proclama, a fé que tem por base a razão, ou seja, a compreensão daquilo em que se acredita. Logo, o desenvolvimento da fé depende de uma busca, que a pessoa faz, para entender mais profundamente o sentido da vida. É um mérito seu.
Como concebemos a reencarnação, e sabemos que a criança de hoje foi o homem de ontem, acreditamos que as pessoas nascem com mais ou menos disposição para cultivar a fé em Deus, dependendo das experiências de vidas passadas. Aquelas que, no passado, foram prejudicadas e até perseguidas pela religião, geralmente renascem com uma resistência à fé religiosa, como é natural que aconteça; e aquelas, para quem a religião foi boa e salutar, são mais propensas a nascer dispostas a ter mais uma experiência religiosa.
Cada um, no entanto, constrói o próprio caminho, e a fé se torna mais um desafio que pode superar com interesse e dedicação, sabendo que a fé se constitui num ponto de sustentação de sua vida íntima, principalmente para pode enfrentar, com certa serenidade, os problemas mais intricados da vida. Para desenvolver a fé, devemos procurar as religiões e, entre elas, aquela que mais atende às nossas necessidades e aspirações, sob a ótica da razão.
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