Rejeitado facilmente através do combate da milenar escola religiosa do lado Ocidental da Terra com os argumentos de que “seria coisa do Demônio”, “que mediunidade levava à loucura”, o Espiritismo rompeu a barreira do preconceito e intolerância, floresceu no Brasil e, após 160 anos, embora reconhecido pela sua atuação social, prossegue ignorado em sua essência, aquela capaz de desenvolver a fé raciocinada, levando a criatura humana de forma consciente na direção de sua própria iluminação espiritual. Tal quadro pode ser deduzido na leitura da REVISTA ESPIRITA, na qual Allan Kardec publica na edição de março de 1863 o artigo abaixo destacando inclusive a péssima qualidade doutrinária das obras literárias produzidas em nome de ‘revelações espirituais’, de onde destacamos alguns importantes argumentos: -“ Do mesmo modo que ninguém pode impedir a queda daquilo que, pelos decretos divinos – homens, povos ou coisas – deve cair, ninguém pode deter a marcha daquilo que tem de avançar. Em relação ao Espiritismo, esta verdade ressalta dos fatos realizados e, muito mais ainda, de outro ponto capital. Se o Espiritismo fosse uma simples teoria, um sistema, poderia ser combatido por outro sistema; mas repousa sobre uma lei da Natureza, tão bem quanto o movimento da Terra. A existência dos Espíritos é inerente à espécie humana; não se pode impedir que existam, como não se lhes pode impedir a manifestação, do mesmo modo que não se impede o homem de marchar. Para isso não necessitam de nenhuma permissão e se riem de toda proibição, pois não se deve perder de vista que, além das manifestações mediúnicas propriamente ditas, há manifestações naturais e espontâneas, que se produziram em todos os tempos e que se produzem diariamente num grande número de pessoas que jamais ouviu falar de Espíritos. Quem, pois, poderia opor-se ao desenvolvimento de uma lei da Natureza? Sendo obra de Deus, insurgir-se contra ela é revoltar-se contra Deus. Todavia, se nada pode deter a marcha geral, há circunstâncias que podem provocar entraves parciais, como uma pequena barragem pode retardar o curso de um rio, sem o impedir de correr. Deste número são as atitudes irrefletidas de certos adeptos, mais zelosos que prudentes, que não calculam bem o alcance de seus atos ou de suas palavras, produzindo, por isso mesmo, uma impressão desfavorável sobre as pessoas ainda não iniciadas na doutrina. (...) Nunca seria demais recomendar aos espíritas que refletissem maduramente antes de agir. Em tais casos manda a prudência não confiar em sua opinião pessoal. (...) Crer em sua própria infalibilidade, recusar o conselho da maioria e persistir num caminho que se demonstra mau e comprometedor, não é a atitude de um verdadeiro espírita. Seria dar prova de orgulho, se não de obsessão. Entre as inabilidades é preciso colocar em primeira linha as publicações intempestivas ou excêntricas, por serem os fatos de maior repercussão. Nenhum espírita ignora que os Espíritos estão longe de possuir a soberana ciência; muitos dentre eles sabem menos que certos homens e, como certos homens também, têm a pretensão de tudo saber. Sobre todas as coisas têm sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Ora, ainda como os homens, em geral os que têm idéias mais falsas são os mais obstinados. Esses pseudo-sábios falam de tudo, constroem sistemas, criam utopias ou ditam as coisas mais excêntricas, sentindo-se felizes quando encontram intérpretes complacentes e crédulos que lhes aceitam as elucubrações de olhos fechados. Esse tipo de publicação tem grave inconveniente, pois o médium, iludido e muitas vezes seduzido por um nome apócrifo, tem-na como coisa séria, de que se apodera a crítica prontamente para denegrir o Espiritismo, ao passo que, com menos presunção, bastaria que se tivesse aconselhado com os colegas para ser esclarecido. É muito raro, neste caso, que o médium não ceda às injunções de um Espírito que, ainda como certos homens, quer ser publicado a qualquer preço. Com mais experiência ele saberia que os Espíritos verdadeiramente superiores aconselham, mas não impõem nem adulam jamais, e que toda prescrição imperiosa é um sinal suspeito.
M.Balbino pergunta como que o Espiritismo vê essa questão do genoma humano. Será que são os genes que determinam todas as características físicas e psicológicas do Espírito que vai reencarnar?
Genoma humano é o conjunto de genes da espécie. Os genes contêm informações que passam de uma para outra geração, de pais para filhos, de geração em geração, são considerados o código da vida. Numa visão puramente materialista, seria a base de todas as características que o novo ser, concebido no ventre materno, vai ter em sua vida. Genética é a disciplina científica que estuda os genes e, portanto, a hereditariedade. Trata-se de uma ciência relativamente recente, mas que se desenvolveu extraordinariamente nos últimos anos. Os geneticistas, de um modo geral, querem reduzir tudo à genética: as características morfológicas, psicológicas, inclusive as doenças.
Contudo, a ciência, até o momento, só tem visto o mundo pelo seu lado material e pelo seu aspecto imediato. Por isso, ela ainda não pode atinar para os fatores de ordem espiritual, que atuam sobre o fenômeno da transmissão genética. Para o Espiritismo, o mundo não se reduz à matéria: há, em tudo, inclusive na matéria, um lado espiritual, invisível, além de nossa percepção. Evidentemente, os genes têm um papel fundamental na vida do Espírito, enquanto encarnado. Mas eles não agem por si mesmos e não são selecionados ao acaso, dos genes do pai e da mãe, como querem os geneticistas. O Espírito reencarnante tem uma influência decisiva na formação do genoma.
André Luiz, no livro “Missionários da Luz”, pela mediunidade de Chico Xavier, ao tratar da reencarnação de Segismundo, descreve como a carga magnética do Espírito determina a seleção genética que vai forma seu genoma. O autor espiritual mostra a importância da hereditariedade no fenômeno da reprodução, e considera que, quanto mais elevado o Espírito, menor é a influência genética no momento de sua encarnação. As espécies inferiores, como os vegetais e os animais, são totalmente dependentes do patrimônio genético, que herdam de seus ascendentes. No ser humano, não; aí entra o fator evolutivo, que vai gerenciar a formação do genoma.
No livro “Biologia da Crença”, o Dr. Bruce H. Lipton, pesquisador em genética, defende a tese de que os genes não têm poder absoluto na vida de uma pessoa e que, desde sua concepção, a reunião desses genes depende de forças exteriores que, para ele, é o Espírito, o que faz do ser humano um ser especial sobre a face do planeta. È a membrana e não o núcleo da célula, onde se encontram os genes, que acaba direcionando o rumo que o individuo vai tomar. A educação é também uma força poderosa, que pode limitar a ação da hereditariedade no ser humano, segundo Lipton.
Em Doutrina Espírita, aprendemos que o Espírito é agente de seu próprio destino, ao longo de sua caminhada evolutiva. Ele é como um barqueiro, que dirige o seu barco em águas turbulentas. Seu objetivo é vencer o ímpeto da correnteza e conseguir atingir seu objetivo. Comparemos a correnteza com a carga genética e o Espírito como o remador, e vamos perceber a importância de nossa vontade, de nosso esforço, de nossa determinação e coragem, para vencer os obstáculos que a vida nos impõe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário