Confirmado pelas estatísticas como sendo dois dos mais graves problemas de saúde publica da atualidade, a depressão e o suicídio encontram um forte parceiro comprometendo a saúde espiritual das criaturas humanas: a obsessão. Mal revelado pelo espiritismo, ante a vulnerabilidade mento/emocional das pessoas, responde inclusive pela intensidade dos dois problemas citados no início deste comentário, monitorados pela OMS – Organização Mundial da Saúde. Possibilidade ignorada pela importante instituição pode ser melhor entendido nos argumentos lógicos da proposta até certo ponto combatida e desdenhada pelos que representam ciência da nossa dimensão. Mas como se instala a perturbação espiritual? Allan kardec com a racionalidade de sempre, em artigo com que abre a edição de dezembro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, afirma que “ o primeiro ponto que importa nos compenetremos, é da natureza dos espíritos, do ponto de vista moral. Não sendo os espíritos senão as almas dos homens, e não sendo bons todos os homens, não é racional admitir-se que o espírito de um homem perverso se transforme subitamente; caso contrário não haveria necessidade de castigo na vida futura. A experiência vem confirmar a teoria ou, melhor dizendo, esta teoria é fruto da experiência. De fato, as relações com o Mundo Invisível nos mostram, ao lado de espíritos sublimes em sabedoria e conhecimento, outros ignóbeis, ainda com todos os vícios e paixões da humanidade. Depois da morte, a alma de um homem de bem será um espírito bom. Do mesmo modo, encarnando-se, um espírito bom será um homem de bem. Pela mesma razão, ao morrer, um homem perverso dará um espírito perverso ao mundo invisível; e um espírito mau, ao se encarnar, não pode transformar-se num homem virtuoso, pelo menos enquanto o espírito não se houver depurado ou experimentado o desejo de melhorar-se. Porque, uma vez entrado na via do progresso, pouco a pouco se despoja de seus maus instintos; eleva-se gradualmente na hierarquia dos espíritos, até atingir a perfeição, acessível a todos, porquanto não pode deus ter criado seres eternamente votados ao mal e à infelicidade. Assim, os mundos visível e invisível se interpenetram e se alternam incessantemente, se assim nos podemos exprimir, e se alimentam mutuamente; ou, melhor dizendo, na realidade esses dois mundos não constituem senão um só, em dois estados diferentes”. Na mesma matéria, Allan Kardec apresenta o segundo ponto da influência perturbadora como sendo “o modo recíproco de ação dos Espíritos encarnados e desencarnados. Sabemos que os Espíritos são revestidos de um envoltório vaporoso, formando para eles um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome de perispírito, e cujos elementos são colhidos do fluido universal ou cósmico, princípio de todas as coisas. Quando o Espírito se une a um corpo, aí vive com seu perispírito, que serve de ligação entre o Espírito propriamente dito e a matéria corporal; é o intermediário das sensações percebidas pelo Espírito. Mas o perispírito não está confinado no corpo, como numa caixa; por sua natureza fluídica, ele irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera, como o vapor que dele se desprende. Mas o vapor liberado de um corpo enfermiço é igualmente insalubre, acre e nauseabundo, o que infecta o ar dos lugares onde se reúnem muitas pessoas doentes. Assim como esse vapor é impregnado das qualidades do corpo, o perispírito é impregnado de qualidades, isto é, do pensamento do Espírito, e irradia tais qualidades em torno do corpo. Por sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se assim nos podemos exprimir, como agente direto do Espírito, o perispírito é posto em ação e projeta raios pela vontade do Espírito. Por esses raios ele serve à transmissão do pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo pensamento do Espírito.
A questão da Maristela é a seguinte: “se não podemos curar a obsessão, o que devemos fazer para, pelo menos, atenuá-la?”
A obsessão, segundo a definição de Kardec, é a ação que um Espírito mal intencionado exerce sobre uma pessoa, com o intuito de prejudicá-la. Quase sempre, diz o codificador, trata-se de um Espírito inimigo, que se volta contra o encarnado, pois, esse encarnado, em outra ocasião, pode tê-lo prejudicado. Na verdade, não devemos taxar o obsessor, simplesmente, como se sele fosse um Espírito maligno. Ele ou ela, quase sempre, é um Espírito como nós. A sua condição de perseguidor apenas diz que se trata de um Espírito movido pelo ódio, sedento de vingança ou coisa parecida. Se não tomarmos cuidado com os nossos sentimentos, qualquer um de nós pode ser um obsessor, ainda em vida.
O problema da obsessão não é apenas o obsessor, mas também o obsedado, porque se trata, na maioria das vezes, de uma relação entre um e outro; relação pode ter sido danosa, nesta ou em outra existência. Mas, o obsedado pode sempre reagir à ação do perseguidor, se ele procurar se melhorar espiritualmente. Pois, sendo a obsessão uma questão de sintonia mental, se a vítima muda, melhorando seus pensamentos e principalmente seus atos, o obsessor acaba perdendo o contato. Os desencarnados se ligam a nós pela qualidade do pensamento e, quase sempre, conseguem seu intento, porque acham uma brecha para penetrar, assim como um vírus ou uma bactéria só atua quando organismo está sem defesa.
Por isso, Maristela, quando Allan Kardec perguntou aos mentores espirituais o que fazer para se livrar da obsessão, conforme podemos ler em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, eles responderam que, “fazendo o bem”, nos aproximamos de Deus e criamos nossa própria defesa, colocando-nos à distância dos Espíritos que insistem em nos prejudicar. A par de tais informações, chegamos à conclusão de que o processo obsessivo depende mais do encarnado do que do desencarnado, mesmo porque é bem mais fácil orientar o encarnado – a quem vemos e que está ao nosso alcance – do que o desencarnado, que nem sequer conhecemos.
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