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domingo, 6 de março de 2022

ALLAN KARDEC MÉDIUM? EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quatro anos após ter publicado O LIVRO DOS ESPÍRITOS - a primeira das obras que organizaria sobre o Espiritismo - , o professor Denizard Hippolyte Léon Rivail oculto no pseudônimo Allan Kardec já enriquecera seu currículo com um histórico impressionante: Lançara O QUE É O ESPIRITISMO (1859), a versão ampliada d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1861); 47 números da REVISTA ESPÍRITA (publicada desde janeiro de 1858); INSTRUÇÕES PRÁTICAS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS (1858); O LIVRO DOS MÉDIUNS (1861). Paralelamente às lutas pela sobrevivência, iniciara também as atividades da Sociedade Espírita de Paris. A intensidade, qualidade e densidade desses trabalhos fez surgir entre seus seguidores a seguinte dúvida: produzira tanto por ser médium? Para esclarecer a dúvida, aproveitou palestra proferida em 14 de outubro de 1861 quando visitou a cidade de Bordeaux, cuja integra está reproduzida na edição de novembro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA. Esquivando-se das manifestações que lhe faziam seguidores da importante cidade francesa dizendo nela ver “uma homenagem prestada à Doutrina e aos Espíritos bons que no-la ensinam, muito mais que a ele pessoalmente, que não passava de um instrumento nas mãos da Providência, acrescentando que ‘é tudo quanto me cabe e, assim, jamais me considerei seu criador: a honra pertence inteiramente aos Espíritos”, colocaria um ponto final nas especulações sobre a questão dizendo: - “Nos trabalhos que tenho feito para alcançar o objetivo a que me propunha, sem dúvida fui ajudado pelos Espíritos, como eles próprios já me disseram várias vezes, mas sem o menor sinal exterior de mediunidade. Assim, não sou médium, no sentido vulgar da palavra, e hoje compreendo que é uma felicidade que assim o seja. Por uma mediunidade efetiva, eu só teria escrito sob uma mesma influência; teria sido levado a não aceitar como verdade senão o que me tivesse sido dado, e talvez injustamente, ao passo que, na minha posição, convinha que eu desfrutasse de uma liberdade absoluta para captar o bom, onde quer que se encontrasse e de onde viesse. Foi possível, assim, fazer uma seleção dos diversos ensinamentos, sem prevenção e com total imparcialidade. Vi muito, estudei muito e observei bastante, mas sempre com o olhar impassível; nada ambiciono, senão ver a experiência que adquiri posta em proveito dos outros. É por eles que me sinto feliz, por poder evitar os escolhos inseparáveis de todo noviciado. Se trabalhei muito e se trabalho todos os dias, estou largamente recompensado pela marcha tão rápida da Doutrina, cujos progressos ultrapassam tudo quanto seria permitido esperar, pelos resultados morais que ela produz. (...) Ele (o Espiritismo) tira da sua natureza, de sua própria essência, uma força irresistível. Qual, então, o segredo dessa força? No Espiritismo não há mistérios; tudo se faz às claras; podemos revelá-lo sem temor, altivamente. Embora já o tenha dito, talvez não seja fora de propósito repeti-lo aqui, a fim de que se saiba que se entregamos aos adversários o segredo de nossas forças é porque também lhes conhecemos o lado fraco. A força do Espiritismo tem duas causas preponderantes: a primeira é tornar felizes os que o conhecem, o compreendem e o praticam. Ora, como há pessoas infelizes, ele recruta um exército inumerável entre os que sofrem. Querem lhe tirar esse elemento de propagação? Que tornem os homens de tal modo felizes, moral e materialmente, que nada mais tenham a desejar, nem neste, nem no outro mundo. Não pedimos mais, desde que o objetivo seja atingido. A segunda é que o Espiritismo não se assenta na cabeça de nenhum homem, sujeitando-se, assim, a ser derrubado; não tem um foco único, que possa ser extinto; seu foco está em toda parte, porque em toda parte há médiuns que podem comunicar-se com os Espíritos; não há família que não os possua em seu seio e que não realizem estas palavras do Cristo: Vossos filhos e filhas profetizarão, e terão visões; porque, enfim, o Espiritismo é uma ideia e não há barreiras impenetráveis à ideia, nem bastante altas que estas não possam transpor...



Já li vários livros sobre reencarnação e acredito nisso – diz a nossa Maria Elizabeth. Tive um sobrinho que morreu num acidente de moto. Dois meses depois, minha filha ficou grávida, quando não poderia engravidar. Meu neto, que tem hoje 1 ano e 8 meses, é idêntico ao meu sobrinho e demonstra muito interesse por moto. Será que há possibilidade desse neto e o sobrinho falecido ser o mesmo Espírito? (Maria Elizabeth)


Elizabeth, se os dados que você nos passou estão corretos, o seu neto não pode ser seu sobrinho. Vamos dizer por quê. Se o seu sobrinho desencarnou no acidente e, apenas dois meses após a desencarnação, sua filha ficou grávida, não houve tempo para que seu sobrinho sequer engatilhasse uma nova encarnação. Deve ser outro Espírito, possivelmente familiar. Uma reencarnação sempre pressupõe que o Espírito reencarnante esteja presente desde o momento da concepção, que se segue à união entre o espermatozóide do pai e o óvulo da mãe. Nesse caso, o tempo mínimo para que ele volte a reencarnar deve ser de, pelo menos, 9 meses.


Nove meses é tempo razoável entre a concepção e o nascimento, que chamamos de gestação. Logo, o Espírito, que reencarna mais rapidamente, demora 9 meses no mínimo para nascer de novo. Se você consultar O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 344, vai ler o seguinte: “ Em que momento a alma se une ao corpo?Resposta: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para aquele corpo, a ele se liga por um laço fluídico que vai se apertando cada vez mais até que a criança nasça”. Entretanto, André Luiz, na obra MISSIONÁRIOS DA LUZ, ainda vai mais longe.


Quando André Luiz descreve a reencarnação de Segismundo nessa obra, ele mostra que, geralmente, há um intervalo, mais ou menos longo, entre a desencarnação e o início da próxima encarnação, de modo que o Espírito já é preparado antes mesmo da concepção. Em muitos casos, como no que ele narra, o Espírito, meses antes da concepção, já se fazia presente na residência do casal que seriam seus pais, para se familiarizar com eles, principalmente com a mãe. Neste caso, narrado por André Luiz, porém, tratou-se de uma reencarnação programada no mundo espiritual. Em geral, as encarnações, que ocorrem no seio de uma família estruturada, bem constituída, são programadas, havendo tempo para a preparação.


Por outro lado, as encarnações imediatas – ou seja aquelas que ocorrem pouco tempo depois da desencarnação do Espírito – acontecem mais em situações de emergência – por necessidade imperiosa do reencarnante – não havendo tempo para uma preparação mais elaborada. Isso acontece, talvez, no caso da gravidez indesejada ou situações em que a mulher não queria engravidar, muito comum nas aventuras em que se colocam as jovens, hoje em dia. Quanto ao fato de sua filha não esperar gravidez e, no entanto, ficar grávida, são situações que acontecem, mesmo depois de uma intervenção cirúrgica para impedir nova concepção. Mas, seguramente, não tem nada a ver com a possível reencarnação de seu sobrinho.


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