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quinta-feira, 31 de março de 2022

FALANDO DE REENCARNAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A edição de março de 1862 da REVISTA ESPÍRITA reproduz uma comunicação transmitida por um Espirito não identificado através de um médium chamado Barão de Kock recebida na cidade de Haia, na Holanda em torno do tema REENCARNAÇÃO. Em nota complementar, Allan Kardec observa que não teve a honra de conhecer o médium, a publicando por concordar com todos os princípios do Espiritismo., não sendo produto de nenhuma influência pessoal. Pelo fato de ser bastante extensa selecionamos alguns argumentos importantes destacados pelo Espírito comunicante: A doutrina da reencarnação é uma verdade que não pode ser contestada; desde que o homem só quer pensar no amor, na sabedoria e na justiça de Deus, não pode admitir nenhuma outra doutrina. É verdade que nos livros sagrados só se encontram estas palavras: “Depois da morte, o homem será recompensado segundo suas obras”. Mas não se presta suficiente atenção a uma infinidade de citações, que vos dizem ser absolutamente inadmissível que o homem atual seja punido pelas faltas e pelos crimes dos que viveram antes de Cristo. (...) Se se quiser examinar a questão sem preconceito, refletir sobre a existência do homem nas diferentes condições da sociedade e coordenar essa existência com o amor, a sabedoria e a justiça de Deus, toda a dúvida concernente ao dogma da reencarnação deve logo desaparecer. Efetivamente, como conciliar esta justiça e esse amor com uma existência única, onde todos nascem em posições tão diferentes? Onde um é rico e poderoso, enquanto o outro é pobre e miserável? Em que um goza de saúde, ao passo que o outro é afligido de males de toda a sorte? Aqui se encontram a alegria e a vivacidade; mais longe, tristeza e dor; em uns a inteligência é mais desenvolvida; em outros, apenas se eleva acima dos brutos. Pode-se crer que um Deus todo amor tenha feito nascer criaturas condenadas por toda a vida ao idiotismo e à demência? Que tenha permitido que crianças na primavera da vida fossem arrebatadas à ternura dos pais? Ouso mesmo perguntar se se poderia atribuir a Deus o amor, a sabedoria e a justiça à vista desses povos mergulhados na ignorância e na barbárie, comparados às nações civilizadas, onde imperam as leis, a ordem, onde se cultivam as artes e as ciências? Não basta dizer: “Em sua sabedoria, Deus assim regulou todas as coisas.” Não; a sabedoria de Deus, que antes de tudo é amor, deve tornar-se clara para o entendimento humano. O dogma da reencarnação tudo esclarece. (...) A vida humana é a escola da perfeição espiritual e uma série de provas. É por isso que o Espírito deve conhecer todas as condições da sociedade e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina. O poder e a riqueza, assim a pobreza e a humildade, são provas; dores, idiotismo, demência, etc., são punições pelo mal cometido numa existência anterior. Do mesmo modo que pelo livre-arbítrio o indivíduo se encontra em condições de realizar as provas a que está submetido, também pode falir.




Uma jovem, durante um Congresso em Marília, nos fez a seguinte colocação: o mundo progrediu muito nos últimos anos, mas a vida hoje é muito agitada, perigosa. Eu pergunto: as pessoas não eram mais felizes antes, quando não havia tanto progresso, mas a vida era tranquila, sem tanto estresse e violência? Como é que dizem, no meio espírita, que o mundo está progredindo moralmente e que vai passar para um estágio de regeneração?


Este questionamento, prezada jovem, existe desde o tempo de Kardec. Aliás, é uma das questões de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a de número 784 . Leia essa questão. De fato, não podemos ignorar que vivemos uma grande agitação no mundo, talvez uma insegurança social, e devemos atribuí-la, sim, a pelo menos dois fatores: as rápidas mudanças que estão ocorrendo por conta dos novos conhecimentos e, também, ao nosso despreparo em acompanhá-las e saber encará-las.


As pessoas, que pregam que o mundo era melhor antes, na verdade, estão pregando a volta ao mundo primitivo, porque, em todas as épocas e não só agora, o homem comum sempre achou que o passado foi melhor que o presente. Ora, se formos considerar essa afirmativa em todas as épocas como verdade, de que o passado foi melhor, então, vamos remontar ao tempo do homem da caverna, milhões de anos antes – ou, pelo menos, ao tempo que antecedeu o surgimento das cidades, quando vivíamos em contato direto com a natureza, assim como os índios.


Em OBRAS PÓSTUMAS, Kardec comenta que, em geral, as pessoas acham que o passado foi melhor, porque o passado já passou, não é mais problema para elas: a verdade é que o problema está no presente, e elas têm medo de enfrentá-lo. Se não houvesse progresso, nós estaríamos vivendo nas selvas como os animais e, no entanto, sabemos que a vida do homem primitivo era cercada de perigos de todos os lados, desde as doenças, que não podiam combater, até ao ataque de animais e a violência e a crueldade que eram constantes.


Nos tempos primitivos morriam mais crianças do que sobreviviam e a duração média de vida não chegava a um quarto do que é hoje, por causa das péssimas condições de vida. Embora, o homem fosse bem menos inteligente do que hoje, a vida era incerta, a ponto de as pessoas não saberem se sobreviveriam a cada dia que iniciasse. É difícil conceber que, vivendo assim, elas podiam ser mais felizes. Temos de considerar, ainda, que o passado da humanidade, conforme os relatos históricos, foi tomado por disputas, guerras de conquista, escravização do homem, inexistência de leis ou de qualquer instrumento que pudesse proteger os mais fracos.


À medida que avançamos em conhecimento, também vamos avançando em moral, embora o avanço moral seja bem mais lento. Mas não dá para comparar o passado de ignorância e crueldade que já vivemos – como, por exemplo – o período da Idade Média – e os tempos atuais, onde já podemos entender que a injustiça e a violência, a corrupção e o preconceito, devem ser banidos da Terra. Além do mais, o conforto que a vida moderna nos proporciona não tem comparação do que era antes e, com certeza, tudo tende a melhorar.


As crises atuais, que não são poucas, são próprias de uma época de profundas mudanças, onde nos sentimos incomodados, porque nem esse preço queremos pagar. É como uma reforma na casa, estando a família dentro da casa. É claro que isso vai incomodar muito, mas, por mais que demore, dia chegará em a casa está pronta e, então, todos perceberão que o sofrimento compensou.

Na verdade, estamos desafiando os últimos vestígios de violência do passado e, enfrentar o mal, é estar preparado para lidar com ele frente a frente, exigindo que cada um de nós seja um soldado do bem, que esteja semeando amor por onde passe. Só a prática do bem, a expressão do amor por excelência, através de ações individuais e coletivas, conforme ensinou Jesus, nos guindará a uma condição espiritual cada vez melhor. E isso já está acontecendo.






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