Na época não existiam equipamentos sofisticados como os exames de imagem disponíveis hoje para pesquisas sobre variados ângulos e aspectos. Tampouco laboratórios preocupados com as atividades de ordem mental, as quais seriam objeto de investigações mais aprofundadas no final daquele século, o Dezenove. Declinava em sua credibilidade apenas a Frenologia, uma teoria desenvolvida em 1800, pelo médico alemão Franz Hoseph Gall que afirmava ser capaz, através dela, de determinar o caráter, características da personalidade e grau de criminalidade pela forma da cabeça dos seres humanos. Classificada como pseudociência, mereceria mais tarde o crédito por contribuir com a ciência médica com as ideias de que o cérebro possui áreas específicas relacionadas com determinadas funções, sendo órgão da mente, sendo elevada ao “status” de protociência. Atento ao interesse que a dita teoria despertava na França do seu tempo, Allan Kardec escreveu vários artigos sobre ela, publicados na REVISTA ESPÍRITA. Chama a atenção contudo, sua opinião sobre a origem da memória humana expressa em texto preservado no livro OBRAS PÓSTUMAS, publicado uma década após sua morte em março de 1869, a partir de iniciativa de sua esposa Sra Amelie Boudet e seu editor, resgatando escritos e estudos na maioria não conhecidos publicamente. Explica Allan Kardec que no “início de sua caminhada evolutiva limitado em suas ideias e aspirações, tendo circunscrito seus horizontes, o homem precisa gravar todas as coisas e identifica-las, a fim de guardar delas apreciável lembrança e basear seus estudos nos dados que haja reunido. Pelo sentido da visão foi que lhe vieram as primeiras noções do conhecimento. Foi a imagem de um objeto que lhe ensinou a existência desse objeto. Quando conheceu muitos objetos, tirou deduções das impressões diferentes que eles lhe produziam no íntimo do Ser, fixou na inteligência a quintessência deles por meio do fenômeno da memória. Ora, que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos capitais. De alguns fatos o individuo imediatamente se recorda; para recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum. A memória é como um livro! Aquele em que lemos algumas passagens facilmente nô-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas tem que ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura”. O pai da Psicanálise Sigmund Freud ainda era um adolescente quando tal cogitação foi escrita, provavelmente não a conheceu, contudo sua Teoria do Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente guarda estrita relação com ela, na medida em que coloca o Inconsciente como elemento decisivo no comportamento humano. Se considerasse o Espírito em suas elucubrações perceberia que, através das múltiplas experiências na condição humana, este vai acumulando neste Inconsciente, dados, informações, imagens que interagem no sentido de promover a Evolução Espiritual. Se acrescêssemos a isso, as pesquisas do russo Ivan Pavlov sobre o reflexo condicionado, o resultado seria extraordinário. Hoje, sabe-se que esse Inconsciente constitui-se num “poderoso banco de dados capaz de processar cerca de 20 milhões de estímulos ambientais por segundo contra 40 estímulos interpretados pela mente consciente no mesmo segundo”. A informação é referência no excelente livro BIOLOGIA DA CRENÇA (butterfly, 2007) do biólogo norte americano Bruce Lipton que acrescenta que “a mente subconsciente, um dos processadores de informações mais poderosos de que se tem notícia até hoje, observa o mundo ao seu redor e a consciência interna do corpo, interpreta os estímulos do ambiente e entra imediatamente num processo de comportamento previamente adquirido”. Diz o Dr Lipton que esse “subconsciente é nosso “piloto automático, enquanto que a mente consciente, o controle manual.
Por que não devemos fazer sessões espíritas em casa? Que mal há nisso?
É uma questão de bom senso. Todo médium é um instrumento de Espíritos (instrumento, no sentido de que o Espírito se utiliza dele para se comunicar). Logo, os médiuns, de uma maneira geral, atraem Espíritos que desejam falar ou escrever por seu intermédio. Se ele não educar sua mediunidade e não levar sua vida com critério e sensatez, acaba sendo alvo de Espíritos mal intencionados, que querem se comunicar em qualquer lugar e em qualquer momento.
É por isso que todo médium – para aprender a ser um bom médium - precisa conhecer o Espiritismo. O Espiritismo se preocupa em educar o médium, para que ele aprenda a exercer sua faculdade de uma forma mais consciente, segura, tranqüila e mais de acordo com a verdade. Lugar de médium trabalhar é no centro espírita, onde ele está mais protegido, não só por causa da presença de médiuns mais experientes, mas também porque o ambiente mental do centro é sempre preparado para isso.
Quando o grupo mediúnico se dedica, de fato, a uma atividade de socorro espiritual, o centro se transforma num pronto-socorro, onde os Espíritos em dificuldades são atendidos. O centro é, portanto, um lugar onde se realizam atividades específicas de mediunidade, acolhendo os desencarnados que se encontram em dificuldades. Promover sessão mediúnica no lar é atrair para lá Espíritos necessitados que podem, até mesmo, comprometer o ambiente, trazendo perturbação.
A nossa casa não é ambiente adequado para esse tipo de atividade, por causa dos problemas, dos desentendimentos e inquietações do dia-a-dia, deixando o clima espiritual comprometido. O centro, por outro lado, é dedicado especificamente para esse tipo de atividade. Fazendo uma rude comparação, seria como atender um paciente em casa, onde não há estrutura suficiente para isso, ao invés de encaminhá-lo para um hospital especializado.
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