-“Não existe dor maior do que a perda de um filho”, afirmou certa vez o médium Chico Xavier que de forma intensiva conviveu com milhares de pessoas que subitamente se viram privadas do convívio de seus entes queridos causada pela morte natural e predominantemente acidente desde os anos 70 do século passado. Milhares de mensagens psicografadas durante esses anos, contudo, mostraram que o que retornou ao Plano Espiritual - de onde saímos todos um dia para a experiência da reencarnação -, também tem dificuldades de aceitar a dura realidade. Tanto maior quanto for a fixação do que ficou nos detalhes da partida e na inconformação, visto que através do sem fio do pensamento as ligações persistem fazendo com que as imagens mentalizadas incidam sobre aquele que precisa de paz a fim de se restabelecer e reintegrar à realidade espiritual. A original visão oferecida pelo Espiritismo sobre o tema morrer pode ajudar nesse traumático momento? Allan Kardec, na REVISTA ESPÍRITA, número de novembro de 1865 pondera o seguinte: - “Enquanto em presença da morte o incrédulo só vê o nada, ou pergunta o que vai ser de si, o espírita sabe que, se morrer, apenas será despojado de um invólucro material, sujeito aos sofrimentos e às vicissitudes da vida, mas será sempre ele, com um corpo etéreo, inacessível à dor; que gozará de percepções novas e de maiores faculdades; que vai encontrar aqueles a quem amou e que o esperam no limiar da verdadeira vida, da vida imperecível. Quanto aos bens materiais, sabe que deles não mais necessitará, e que os prazeres que proporcionam serão substituídos por outros mais puros e mais invejáveis, que não deixam em seu rasto nem amarguras nem pesares. Assim, abandona-os sem dificuldade e com alegria, lamentando os que, ficando na Terra, ainda irão precisar deles. (...) Quem quer que tenha lido e meditado nossa obra O CÉU E O INFERNO segundo o Espiritismo e, sobretudo, o capítulo sobre o temor da morte, compreenderá a força moral que os espíritas haurem em sua crença, diante do flagelo que dizima as populações. (...) Consideram como um dever velar pela saúde do corpo, porque a saúde é necessária para a realização dos deveres sociais. Se buscam prolongar a vida corporal, não é por apego à Terra, mas para ter mais tempo para progredir, melhorar-se, depurar-se, despojar-se do velho homem e adquirir mais soma de méritos para a Vida Espiritual. Mas, se a despeito de todos os cuidados, devem sucumbir, tomam o seu partido sem queixa, sabendo que todo progresso traz os seus frutos, que nada do que se adquire em moralidade e em inteligência fica perdido, e que se não desmereceram aos olhos de Deus, serão sempre melhores no outro mundo do que neste, ainda mesmo que ali não ocupem o primeiro lugar. Apenas dizem: Vamos um pouco mais cedo aonde iríamos um pouco mais tarde. Crê-se que com tais pensamentos não se esteja nas melhores condições de tranquilidade de espírito recomendada pela Ciência? Para o incrédulo ou para o que duvida, a morte tem todos os seus terrores, porque perde tudo e nada espera. (...) O médico espírita diz ao que vê a morte à sua frente: “Meu amigo, vou empregar todos os recursos da Ciência para vos restabelecer a saúde e vos conservar o maior tempo possível; espero que sejamos bem-sucedidos. Mas a vida do homem está nas mãos de Deus, que nos chama quando terminado nosso tempo de prova na Terra; se a hora de vossa libertação tiver chegado, rejubilai-vos, como o prisioneiro que vai sair da prisão. A morte nos desembaraça do corpo que nos faz sofrer e nos restitui à verdadeira vida, vida isenta de perturbações e misérias. Se deveis partir, não penseis que estejais perdido para os vossos parentes e amigos que ficaram. Não, não estareis menos no meio deles; vê-los-eis e os ouvireis melhor do que podeis fazê-lo neste momento. Vós os aconselhareis, os dirigireis, os inspirareis para o bem.
Assistindo a novela, que está passando na televisão, me ocorreu perguntar se todas as pessoas têm sua alma gêmea – quer dizer, se para cada mulher existe um homem com quem ela deve se unir e se, para cada homem, existe uma mulher. Por que, então, esse reencontro não é mais fácil, já que um tem que viver para o outro? (Ednéia)
Um Espírito pode se encontrar com um outro até por várias encarnações, quando eles têm algo em comum, principalmente se tiverem um compromisso ou uma tarefa por uma causa qualquer. Isso não quer dizer que um pertença definitivamente ao outro. É o que disseram os Espíritos a Kardec, questão 298 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.: não existem as chamadas “metades eternas”. Elas fazem parte de uma lenda chinesa, segundo a qual as almas só se completam quando se encontram para viverem eternamente juntos. O Espiritismo não compreende assim, Ednéia.
Dois Espíritos afins – com idéias e ideais comuns – podem se encontrar e estabelecer entre eles uma profunda relação de simpatia, o que pode determinar que se reencontrem em várias encarnações. Mas os Espíritos, à medida que evoluem, seus sentimentos também evoluem e, como tal, esses sentimentos não podem, permanecer restrito a uma pessoa ou mesmo a um grupo de pessoas. O amor, que começa entre dois, logo se espalhará pela humanidade toda. O amor de Jesus era assim. Por isso ele disse que sua mãe e seus irmãos eram todos os que faziam a vontade do Pai, ou seja: aqueles que compartilhavam de seu ideal.
No estágio evolutivo em que nos encontramos, ainda estamos exercitando o amor em sentido muito restrito: o amor a dois. Não aprendemos a amar a nós mesmos, quanto mais o outro. Mas, estamos nessa fase de procurar aquele a quem amamos de verdade – ou seja, aquela pessoa por quem queremos ser capazes de fazer o maior sacrifício para vê-la feliz. Isso seria o amor na sua expressão máxima, vista de nosso plano. Como o Espírito renasce muitas vezes, a sua tendência é ampliar seu universo de contatos, estendendo seu sentimento a número cada vez maior de pessoas.
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