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segunda-feira, 21 de março de 2022

TODOS SÃO APTOS A SER MÉDIUM?; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 No número de fevereiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec responde: - Há médiuns escreventes; médiuns videntes; médiuns audientes; médiuns intuitivos; isto é, médiuns que escrevem – os mais numerosos e os mais úteis; médiuns que veem os Espíritos; que os ouvem e conversam com eles como com os vivos – estes são raros; outros recebem em seu cérebro o pensamento do Espírito evocado e o transmitem pela palavra. Raramente um médium possui todas essas faculdades ao mesmo tempo. Existem ainda médiuns de outro gênero, cuja simples presença num lugar qualquer permite a manifestação dos Espíritos, quer por meio de golpes vibrados, quer pelo movimento dos corpos, tal como o deslocamento de uma mesinha de três pés, o levantamento de uma cadeira, de uma mesa ou de qualquer outro objeto. Foi por esse meio que os Espíritos começaram a manifestar-se e a revelar a sua existência. Ouviste falar das mesas girantes e da dança das mesas; como eu, também riste delas. E daí? Foram os primeiros meios de que os Espíritos se serviram para chamar a atenção; assim foi reconhecida a sua presença, depois do que, com o auxílio da observação e do estudo, chegou-se a descobrir no homem faculdades até então ignoradas, por intermédio das quais ele pode entrar em comunicação. Não é maravilhoso tudo isto?. Agora, para nos pormos em relação com os Espíritos, ou, pelo menos, para ver se estamos aptos a fazê-lo pela escrita, toma-se de uma folha de papel e de um lápis em boas condições, posicionando-se para escrever. É sempre bom começar por dirigir uma prece a Deus; em seguida evoca-se um Espírito, isto é, pede-se que tenha a bondade de vir comunicar-se conosco e de nos fazer escrever; por fim espera-se, sempre na mesma posição. Há pessoas que têm a faculdade mediúnica de tal forma desenvolvida que já começam a escrever logo de início; outras, ao contrário, só veem essa faculdade desenvolver-se com o tempo e a perseverança. Neste último caso, repete-se a sessão todos os dias, para o que basta um quarto de hora; é inútil gastar mais tempo; mas, tanto quanto possível, deve-se repeti-la diariamente, sendo a perseverança uma das primeiras condições de sucesso. Também é necessário fazer sua prece e sua evocação com fervor; mesmo repeti-la durante o exercício; ter vontade firme, um grande desejo de ser bem-sucedido e, sobretudo, nada de distração. Uma vez obtida a escrita, essas últimas precauções tornam-se inúteis. Quando se está para escrever, sente-se em geral um ligeiro estremecimento na mão, às vezes precedido de uma leve dormência na mão e no braço e, até mesmo, de discreta dor nos músculos do braço e da mão; são sinais precursores e, quase sempre, indicativos de que o momento do sucesso está próximo. Algumas vezes é imediato; outras, porém, se faz esperar ainda um ou vários dias, mas nunca tarda em demasia. Apenas para chegar nesse ponto é preciso mais ou menos tempo, que pode variar de um instante a seis meses; mas, repito, basta um quarto de hora de exercício por dia. Quanto aos Espíritos que podem ser evocados para tais tipos de exercícios preparatórios, é preferível dirigir-se ao nosso Espírito familiar, que sempre está próximo e jamais nos deixa, ao passo que os outros podem estar ali apenas momentaneamente, ou não se encontrarem no instante em que os evocamos, ou, ainda, estarem impossibilitados, por uma causa qualquer, de atender ao nosso apelo, como por vezes acontece. O Espírito familiar é simplesmente o Espírito de um mortal, que viveu como nós, mas que é muito mais adiantado que nós e, consequentemente, nos é infinitamente superior em bondade e em inteligência; que realiza uma missão meritória para si, proveitosa para nós, desse modo nos acompanhando neste mundo e no outro, até ser chamado a uma nova encarnação, ou até que nós mesmos, chegados a um certo grau de superioridade, sejamos chamados a realizar, na outra vida, missão semelhante junto a um mortal menos evoluído do que nós.



Um ouvinte questiona o seguinte: “Mesmo casado, eu me sinto atraído por outra mulher. Não se trata de uma simples paixão, mas acredito que seja um amor verdadeiro. Não fui atrás dessa pessoa e, na verdade, não posso e não quero. Tenho esposa e filhos, mas vivo nessa angústia, de estar com uma e amar a outra. Também adianto que não é uma simples atração sexual, é algo mais profundo. Como o Espiritismo vê uma caso como este?”


Se existe uma doutrina que não impõe nem proíbe nada a alguém, essa doutrina é o Espiritismo. Ninguém manda no sentimento de alguém; entretanto, num caso como o seu, o Espiritismo nos deixa claro, pelo menos, três pontos: 1º) Todos somos responsáveis pelos atos que praticamos; se fizermos alguém sofrer injustamente por nossa causa, mais cedo ou mais tarde, teremos de reparar por essa injustiça; 2º) nada acontece por acaso; tudo que acontece em nossa vida tem uma razão de ser; 3º) para termos paz conosco mesmo, precisamos atentar para o que a consciência nos pede.


Com certeza, pelo fato de ainda estarmos num mundo de provas e expiações, não teremos nesta vida a felicidade completa. Encontraremos muitos obstáculos pelo caminho e todos eles, certamente, têm algo a nos ensinar; até mesmo o de lidar com os nossos sentimentos. Alguns desses obstáculos conseguiremos transpor; outros superaremos em parte, e, finalmente, outros não serão resolvidos na presente existência. Não há dúvida de que cada pessoa tem por obrigação procurar o seu bem-estar, mas, desde que, essa busca não prejudique os outros.


Desse modo, se formos agir com todo o ímpeto, de que somos capazes, para buscar a própria felicidade, é possível que, na ânsia de ser feliz, tenhamos de passar por cima de alguém, de causar algum mal a uma ou mais pessoas. Neste caso, estaremos vendo exclusivamente o nosso próprio bem; usando, segundo Jesus, a justiça dos fariseus, destituída de amor e de misericórdia. Essa justiça, certamente, não nos dará o Reino dos Céus. E o Reino dos Céus é este: que possamos viver em paz com a própria consciência e, ao partir desta vida, sentir que somos merecedores de uma proteção maior.


Na vida, podemos seguir em frente, sem olhar dos lados, mas podemos também nos preocupar com aqueles que nos acompanham, para não deixá-los para trás. A escolha é nossa. Jesus nos ensinou o amor, que combate o ódio, a solidariedade que combate o egoísmo; a humildade que combate o orgulho, como caminho para a efetiva conquista do reino interior. E isso implica em que, se tivermos realmente um compromisso com o Amor, podemos abrir mão até mesmo de um direito ou privilégio.


Você tem a liberdade de decidir por si próprio e a responsabilidade de responder por seus compromissos. É possível, ainda, que esteja enganado em relação ao seu sentimento. É possível que isso não passe de uma passageira inquietação, uma vez que a paixão nos fascina e obstrui a razão, envolvendo-nos num clima de total entrega, justamente quando a situação se torna perigosa. Leia livros de mensagens elevadas. Busque na prece sua proteção, converse com pessoa de sua confiança e de moralidade íntegra. Quanto mais você se calar sobre seu problema, mais fácil de ser conduzido a uma decisão impensada.


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