A edição de março de 1862 da REVISTA ESPÍRITA reproduz uma comunicação transmitida por um Espirito não identificado através de um médium chamado Barão de Kock recebida na cidade de Haia, na Holanda em torno do tema REENCARNAÇÃO. Em nota complementar, Allan Kardec observa que não teve a honra de conhecer o médium, a publicando por concordar com todos os princípios do Espiritismo., não sendo produto de nenhuma influência pessoal. Pelo fato de ser bastante extensa destacamos alguns argumentos importantes destacados pelo Espírito comunicante: A doutrina da reencarnação é uma verdade que não pode ser contestada; desde que o homem só quer pensar no amor, na sabedoria e na justiça de Deus, não pode admitir nenhuma outra doutrina. É verdade que nos livros sagrados só se encontram estas palavras: “Depois da morte, o homem será recompensado segundo suas obras”. Mas não se presta suficiente atenção a uma infinidade de citações, que vos dizem ser absolutamente inadmissível que o homem atual seja punido pelas faltas e pelos crimes dos que viveram antes de Cristo. (...) Se se quiser examinar a questão sem preconceito, refletir sobre a existência do homem nas diferentes condições da sociedade e coordenar essa existência com o amor, a sabedoria e a justiça de Deus, toda a dúvida concernente ao dogma da reencarnação deve logo desaparecer. Efetivamente, como conciliar esta justiça e esse amor com uma existência única, onde todos nascem em posições tão diferentes? Onde um é rico e poderoso, enquanto o outro é pobre e miserável? Em que um goza de saúde, ao passo que o outro é afligido de males de toda a sorte? Aqui se encontram a alegria e a vivacidade; mais longe, tristeza e dor; em uns a inteligência é mais desenvolvida; em outros, apenas se eleva acima dos brutos. Pode-se crer que um Deus todo amor tenha feito nascer criaturas condenadas por toda a vida ao idiotismo e à demência? Que tenha permitido que crianças na primavera da vida fossem arrebatadas à ternura dos pais? Ouso mesmo perguntar se se poderia atribuir a Deus o amor, a sabedoria e a justiça à vista desses povos mergulhados na ignorância e na barbárie, comparados às nações civilizadas, onde imperam as leis, a ordem, onde se cultivam as artes e as ciências? Não basta dizer: “Em sua sabedoria, Deus assim regulou todas as coisas.” Não; a sabedoria de Deus, que antes de tudo é amor, deve tornar-se clara para o entendimento humano. O dogma da reencarnação tudo esclarece. (...) A vida humana é a escola da perfeição espiritual e uma série de provas. É por isso que o Espírito deve conhecer todas as condições da sociedade e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina. O poder e a riqueza, assim a pobreza e a humildade, são provas; dores, idiotismo, demência, etc., são punições pelo mal cometido numa existência anterior. Do mesmo modo que pelo livre-arbítrio o indivíduo se encontra em condições de realizar as provas a que está submetido, também pode falir.
Gostaria que me dissessem como que uma pessoa, que diz seguir Cristo, vira a cara para um parente, só porque esse parente tem outra religião e não quer aceitar a sua? Religião não é coisa de Deus? Não deveria unir as pessoas E NÃO separá-las?
Não temos nenhuma dúvida quanto a isso, prezada ouvinte. Ainda mais se tratando de seguir Jesus... Ora, se alguém não reconhece como irmão um seu parente ou familiar, só porque ele tem outra crença, no mínimo, não está sendo coerente com aquilo que sua própria religião ensina ou deveria ensinar. Jesus, que era judeu desde o nascimento, não desprezou e nem amaldiçoou nenhuma forma de crer, nem mesmo a dos fariseus ou dos samaritanos. Ele combateu, sim, as más atitudes, o mau comportamento, mas não por causa da religião, mas pelo fato de essas pessoas não seguirem os preceitos morais da religião.
Jesus, ao contrário, ensinou a linguagem universal do amor, do amor que não conhece fronteiras, que é capaz de ver a todos como seus irmãos, filhos de Deus. Desse modo, qualquer religioso, que diz seguir Jesus, tem a obrigação moral de seguir os preceitos que ele ensinou, conforme lemos no Sermão da Montanha. Dentro da concepção do Cristo, conforme está bem claro nos evangelhos, nem mesmo os inimigos - que são aqueles que nos querem mal - podem ficar livre do nosso amor, quanto mais aqueles com quem convivemos, no dia-a-dia, e que pertencem o ao circulo mais intimo de nossas relações.
A verdadeira religião é a que está no coração de cada criatura – e não apenas nos seus lábios, conforme disse Jesus – e ela consiste na vivência do amor incondicional, do amor fraterno, que não conhece barreiras, porque Deus é amor. Na parábola do samaritano – nem o sacerdote e nem o levita, que eram fervorosos adoradores – agiram com amor em relação ao desconhecido, que se encontrava ferido na estrada. Só o samaritano, tido como um herege, foi capaz de externar esse amor ao seu semelhante, sem perguntar quem ele era ou que religião tinha. Jesus considerou essa atitude do samaritano como única e verdadeira religião, e não aquela que só existe por fora, na hora do culto, mas não está no interior das pessoas no dia-a-dia.
Portanto, nós todos, inclusive os espíritas, devemos ter muito cuidado para não termos da religião senão o rótulo. Como Jesus ensinou, vale mais um ato de amor de um homem sem religião do que todos os atos de arrogância e preconceito daqueles que se dizem religiosos, mas estão contaminados pelo orgulho e pela presunção de que são donos exclusivos da verdade. Quanto a nós, que já sabemos disso, cabe-nos a humildade de compreender os que ainda não atingiram esse nível de compreensão da vida e saber entender que, um dia, eles chegarão lá.
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