Professor de Filosofia, italiano, Ernesto Bozzano está intimamente associado à pesquisa dos fenômenos inabituais na espécie humana, invariavelmente, associados por isso mesmo ao misticismo. Nessa área organizou cerca de 52 livros, alguns dos quais póstumos, de conteúdo extremamente interessante demonstrando que entre o final do século 19 e o fim da primeira metade do século 20, muitos pesquisadores igualmente se interessavam pelo assunto. O Espiritismo conforme apresentado por Allan Kardec não parece ter sido sua principal preocupação, tendo se influenciado mais intensamente pela Metapsíquica do fisiologista francês Charles Richet. Seu nome, curiosamente ainda é lembrado porque espíritas brasileiros procuraram traduzir alguns dos principais títulos por ele assinados. Num deles, PENSAMENTO E VONTADE (feb),encontramos importante contribuição a respeito de assunto tratado por Allan Kardec em artigo reproduzido n’ OBRAS POSTUMAS sob o título FOTOGRAFIA DO PENSAMENTO. No trabalho de Bozzano, ele satisfaz a dúvida dos que ouvem falar das FORMAS PENSAMENTO. Destacamos alguns pontos para reflexão:- “Já os magnetizadores da primeira metade do século passado haviam notado que os sonâmbulos não só percebiam o pensamento das pessoas com quem se punham em relação, sob a forma de imagens geralmente localizadas no cérebro,, com também, eventualmente, fora dele, e mais ou menos imersos na aura da pessoa que, na ocasião, tinha na mente o pensamento correspondente à imagem. (...). Os teósofos, que têm sempre muitas observações a respeito das formas do pensamento, afirmam, apoiados em declarações de seus videntes - entre eles Annie Besant e Charles Leadbeater - que as ditas formas do pensamento não se restringem às imagens de pessoas e coisas, mas atingem as concepções abstratas, as aspirações do sentimento, os desejos passionais, que revestem formas características e estranhamente simbólicas . A este respeito, importa acentuar que as descrições teosóficas desse simbolismo do pensamento estão em surpreendente concordância com as dos clarividentes sensitivos. Vamos aqui resumir o trecho de um livro (THOUGHT-FORMES) de Annie Besant e Leadbeater, para compará-lo depois a uma outra passagem tomada às declarações de um sensitivo clarividente. Eis o que a respeito diz esses autores: Todo pensamento cria uma série de vibrações na substância do corpo mental, correspondentes à natureza do mesmo pensamento, e que ai combinam em maravilhoso jogo de cores, tal como se dá com as gotículas de água desprendidas de uma cascata, quando atravessadas pelo raio solar, apenas com a diferença de maior vivacidade e delicadeza de tona. O corpo mental, graças ao impulso do pensamento, exterioriza uma fração de si mesmo, que toma forma correspondente à intensidade vibratória, tal como o pó de licopódio que, colocado sobre um disco sonante, dispõe-se em figuras geométricas, sempre uniformes em relação com as notas musicais emitidas. Ora, este estado vibratório da fração exteriorizada do corpo mental, tem a propriedade de atrair ai, no meio etéreo, substância sublimada análoga à sua. Assim é que se produz uma forma pensamento, que é, de certo modo, uma entidade animada de intensa atividade, a gravitar em torno do pensamento gerador... Se este pensamento implica uma aspiração pessoal de quem o formulou - tal como se dá com a maioria dos pensamentos - volteia, então, ao derredor do seu criador, pronto sempre a reagir benéfica ou maleficamente, cada vez que o sinta em condições passivas. Estranhamente simbólicas as formas do pensamento, algumas delas representam graficamente os sentimentos que as originaram. A usura, a ambição, a avidez, produzem formas retorcidas, como que dispostas a apreender o cobiçado objeto. O pensamento, preocupado com a resolução de um problema, produz filamentos espirais. Os sentimentos endereçados a outrem, sejam de ódio ou de afeição, originam formas-pensamentos semelhantes aos projéteis. A cólera, por exemplo, assemelha-se ao ziguezague do raio, o medo provoca jactos de substância pardacenta, quais salpicos de lama.
Se a reencarnação serve para o Espírito evoluir, como é que muitos Espíritos nascem em famílias desorganizadas e acabam abandonados. rebeldes e violentos?
A reencarnação, de fato, serve para dar um impulso na evolução do Espírito. Entretanto, por pior que seja o ambiente em que renasce, sempre alguma coisa ele terá de aprender, mesmo que aquele ambiente ainda não seja o ideal para aprender tudo quanto precisa. Assim, a condição em que o Espírito reencarna depende tanto de suas possibilidades, quanto das necessidades que ele criou para si mesmo. De fato, a rebeldia, que o individuo manifesta, geralmente na juventude, decorre em parte das tendências que traz do passado e em parte da falta de condições para sua educação.
A reencarnação para os Espíritos refratários funciona como uma escola difícil ou como um tratamento mais ou menos penoso, conforme as condições de cada um. Ninguém gosta de uma vida rigorosa, ainda que ela seja útil. Entretanto, há Espíritos que, pelas suas necessidades de aprendizado, por serem rebeldes e endurecidos, precisam passar por experiências mais ou menos difíceis, a fim de poderem despertar para determinados valores. Mas há outros que já podem usufruir de condições melhores por já terem superado essa etapa de maior rigor.
Nada é inútil ou desperdiçado na natureza. A reencarnação é uma lei natural; portanto, inserida nos fenômenos gerais da natureza, que tem por meta a evolução. Mesmo quando as condições do ambiente são desfavoráveis, o Espírito, por mais rebelde, não deixa de aprender alguma coisa. Contudo, o nosso planeta ainda está longe de oferecer condições ideais de vida para todos os que aqui reencarnam. Mesmo assim, quando as condições são muito adversas, os Espíritos rebeldes reencarnam mais para enfrentarem dificuldades do que para terem seus problemas resolvidos.
Quando a Terra estiver mais preparada para cuidar das necessidades e direitos humanos, quando imperarem entre nós mais justiça social e sentimento de solidariedade, então teremos, certamente, melhores condições de atender aos Espíritos que aqui renascem. Enquanto isso, estamos lutando para alcançar uma etapa de maior desenvolvimento moral e social, que possa contribuir tanto para a evolução individual como para a evolução coletiva da humanidade.
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