Não é preciso estudos muito avançados para concluir que a Humanidade terrena atravessa uma grande crise, derivada da degradação dos valores nos comportamentos sociais da maioria de seus representantes. As estruturas religiosas de maneira geral não conseguem responder aos grandes questionamentos dos indivíduos desorientados e desalentados ante tantas contradições, notícias de violência, corrupção, crueldade e sofrimentos morais e físicos como a fome, as doenças de difícil diagnóstico, falta de oportunidades iguais de tratamento, índices crescentes de suicídio, desemprego, guerras ideológicas alimentadas por interesses econômicos dissimulados nas crenças obsoletas e tirânicas. Dogmas vazios de Espiritualidade iludem massas de ignorantes em todos os quadrantes do Planeta. Necessário algo novo, fundamentado na substância dos exemplos reais que infundam alento aos sedentos e famintos de entendimento. Necessário revitalizar, talvez, muitas das ideias que inspiraram o surgimento das escolas que disputam avidamente a preferência dos habitantes do Planeta, nem tão preocupadas assim com sua iniciação no conhecimento que liberta. Nesse sentido, o Espiritismo pode auxiliar, até porque como disse o Orientador Espiritual Emmanuel através de Chico Xavier, “não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da Verdade que a sua Doutrina representa, mas, sim, trabalhar por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da Verdade Imortalista”. Tem-se, contudo, a sensação de um avanço discreto na divulgação de suas ideias, predominantemente no Brasil, onde segundo o mesmo Espirito disse “do último quartel do século 19 para cá, de 15 a 20 milhões de Espíritos da cultura francesa, principalmente simpatizantes da obra de Allan Kardec, se reencarnaram no Brasil para dar corpo às ideias da Doutrina Espírita e fixarem os valores da reencarnação”.. Para Gabriel Delanne, Espírito ouvido há cinco décadas em entrevista por André Luiz, no dia 20 de agosto de 1965, a divulgação do Espiritismo “terá de efetuar-se de pessoa a pessoa, de consciência a consciência, visto que a Verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro já que um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós”. Nesse sentido, qualquer um que já enxergue veracidade na visão do pioneiro do Espiritismo, pode colaborar desde agora. A visão da sobrevivência após a morte, da mediunidade, da reencarnação, da influência espiritual, da obsessão, dos fluidos, precisa ser repassadas mesmo que ecoando no aparente vazio, pois, as sementes não germinadas encontrarão um dia as condições propícias para brotar. Válido buscar na nascente da fonte, as informações que reflitam a sabedoria dos Mestres que a repassaram para nossa Dimensão. E, elas sem encontram nos livros produzidos por Allan Kardec e na sua REVISTA ESPÍRITA, nos números por ele editados. Aos que pensam que ser esse processo moroso demais para a Humanidade, o iluminado pensador espírita diz que “uma obra prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição de gênio. Como acreditar que o esclarecimento e o aprimoramento do Espírito imortal se faça tão só por afirmações labiais de alguns dias?”. No que tange aos princípios espíritas, pondera que “suas atividades contam pouco mais de um século e um século é período demasiado curto em assuntos do Espírito”.
Um jovem ouvinte faz a seguinte colocação: “Eu gostaria de saber por que a gente briga em família, mas quando alguém de fora fala mal da nossa família, a gente defende?”
Geralmente, é porque nos sentimos donos do espaço onde convivemos. No fundo, consideramos que as pessoas, que participam de nosso núcleo familiar, nos pertencem e, por isso, ainda que nos desentendamos com elas, não permitimos que os outros invadam o nosso reduto. Nós nos sentimos no direito de censurá-las, mas não reconhecemos tal direito para os de fora.
Ademais, existem – além dos laços de sangue – os laços espirituais, os compromissos do passado que, de alguma forma, nos ligam aos nossos familiares, e não tanto aos que se acham distantes. Embora não percebamos e ainda que estejamos sempre em conflito, guardamos inconscientemente com as pessoas de nosso círculo familiar uma ligação maior do que supomos, mesmo que não convivamos em harmonia.
Mas, ainda, podemos considerar que as brigas domésticas nem sempre revelam ódioe entre seus membros. Muitas vezes, sem querer justificá-las, elas fazem parte de um processo de adaptação uns aos outros, para poderem melhor se compreender. Precisamos estar atentos a isso, para aproveitar melhor as experiências dentro de casa. Devemos analisar nossa conduta do dia-a-dia, aprender a perder e, principalmente, a pedir desculpas, quando achamos que ultrapassamos limites, que ferimos suscetibilidade ou deixamos nossos familiares tristes.
Não resta dúvida de que o âmbito familiar é o terreno mais sagrado que existe no mundo. É por eles que entramos neste mundo e é nele que temos o compromisso de criar e fortalecer laços afetivos para o bem de todos – inclusive para o nosso próprio bem. Podemos errar – por vezes, ultrapassar o limite do respeito e da cordialidade – mas não devemos esquecer que, apesar das limitações de todos, precisamos aprender a ter para com os nossos entes queridos a maior consideração. Leia, n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, o capítulo “Honrar Pai e Mãe”