O calendário histórico do Brasil registra o dia 13 de maio como a data da assinatura da Lei que libertou os escravos. No lado Ocidental da Terra, por sinal, foi a última das Nações a fazê-lo (1888) ao lado de Cuba (1886). O monitoramento das atividades humanas em torno do trabalho, contudo, revela que ela ainda existe em várias partes do Planeta, demonstrando o nível de evolução precário dos habitantes da Terra. Existe de várias formas explorando a mão de obra desde crianças até adultos, homens e mulheres. Prostituição infantil, feminina, tráfico de drogas, confecção de roupas e calçados, produtos manufaturados comercializados, em todos os Países, independentemente do seu grau de desenvolvimento econômico. Dados de 2014 estimam que 36 milhões de seres humanos são explorados em sua força de trabalho, mantidos em cativeiro contra sua vontade sem que tais indivíduos tenham condição de se libertar a não ser ocasionalmente através de fugas espetaculares. Calcula-se que o Brasil foi de longe o que mais recebeu escravos trazidos da África: mais de 5 milhões embora pouco mais de 4 milhões tenham chegado vivos durante os três séculos em que a prática perdurou. Quando do surgimento do Espiritismo (1857), a prática ainda resolvia os problemas da mão de obra nas regiões mais desenvolvidas do Planeta, fazendo com que o tema bastante incômodo para os detentores do poder econômico. Nas quatro perguntas (829 a 832) formuladas por Allan Kardec aos Espíritos que o assessoraram na organização d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS oferecem elementos para várias reflexões sobre o problema, infelizmente, ainda não resolvido Confirmemos: 1- Haverá homens que estejam, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens? É contrária à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força. Desaparece com o progresso, como gradativamente desaparecerão todos os abusos. É contrária à Natureza a lei humana que consagra a escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e moralmente. 2- Quando a escravidão faz parte dos costumes de um povo, são censuráveis os que dela aproveitam, embora só o façam conformando-se com um uso que lhes parece natural? O mal é sempre o mal e não há sofisma que faça se torne boa uma ação má. A responsabilidade, porém, do mal é relativa aos meios de que o homem disponha para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado de violação da lei da Natureza. Mas, aí, como em tudo, a culpabilidade é relativa. Tendo-se a escravidão introduzida nos costumes de certos povos, possível se tornou que, de boa-fé, o homem se aproveitasse dela como de uma coisa que lhe parecia natural. Entretanto, desde que, mais desenvolvida e, sobretudo, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, sua razão lhe mostrou que o escravo era um seu igual perante Deus, nenhuma desculpa mais ele tem. 3- A desigualdade natural das aptidões não coloca certas raças humanas sob a dependência das raças mais inteligentes? Sim, mas para que estas as elevem, não para embrutecê-las ainda mais pela escravização. Durante longo tempo, os homens consideram certas raças humanas como animais de trabalho, munidos de braços e mãos, e se julgaram com o direito de vender os dessas raças como bestas de carga. Consideram-se de sangue mais puro os que assim procedem. Insensatos! Nada veem senão a matéria. Mais ou menos puro não é o sangue, porém o Espírito. 4- Há, no entanto, homens que tratam seus escravos com humanidade; que não deixam lhes falte nada e acreditam que a liberdade os exporia a maiores privações. Que dizeis disso? Digo que esses compreendem melhor os seus interesses. Igual cuidado, dispensam aos seus bois e cavalos, para que obtenham bom preço no mercado. Não são tão culpados como os que maltratam os escravos, mas, nem por isso deixam de dispor deles como de uma mercadoria, privando os do direito de se pertencerem a si mesmos.
Por que no centro espírita não se canta, como nas igrejas? A música não faz bem à alma? (Adriana)
A música, com absoluta certeza, faz bem à alma, mas ela tem seu lugar próprio quando se trata de manter atitudes de respeito ou veneração. Os espíritas costumam utilizar a música cantada, individualmente ou em coro, sobretudo nas festas, comemorações e atividades recreativas. Na hora da prece, eles utilizam um fundo musical orquestrado com uma música adequada à meditação. Não, porém, na oração, pois um dos objetivos da doutrina é não utilizar rituais, para que as pessoas não se prendam a eles e fiquem totalmente dependente deles.
A forma mais adequada de orar é o recolhimento íntimo através da concentração do pensamento. É o que fez Jesus: no evangelho, aprendemos com Jesus o modo simples e prático de orar – sem adornos, sem rituais, sem qualquer outro apetrecho. Prece é pensamento. Consulte os evangelhos e veja como Jesus orava e como ele ensinava a orar. No entanto, ele criticou os fariseus, que oravam em voz alta em praça pública, vestindo longas túnicas e fazendo barulho para chamar a atenção.
Jesus, contudo, ao ensinar a oração, fez a seguinte recomendação: “Quando quiseres orar, entra no teu quarto e, fechada a porta, ore a vosso Pai em silêncio e ele, que sabe o que se passa em silêncio, te recompensará”. Do modo como ele destacouou a prece, toda e qualquer pessoa pode orar em qualquer lugar ou a qualquer momento, sem precisar de nada – a não ser de seu pensamento e de sua vontade. Nem mesmo a palavra falada é indispensável na prece. Se você puder orar em pensamento, tanto melhor. Ninguém precisa saber.
O Espiritismo entende que a forma mais simples e fácil de se comunicar com Deus é a prece, quando é sentida e não quando é apenas pronunciada. A prece não precisa ser ruidosa, não precisa ser longa e tampouco precisa de ornamento ou ritual. No entanto, uma música suave e baixa pode favorecer a concentração, pois todos nós somos muito sensíveis à musica, mas devemos usá-la de acordo com as circunstâncias e com o meio onde nos encontramos. O razão pela qual a doutrina não aconselha o ritual na adoração, portanto, é porque, geralmente, as pessoas acabam se apegando somente ao ritual, fazendo dele um fim e não um meio – e com isso desviam totalmente o sentido da oração.
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