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quarta-feira, 11 de maio de 2022

FATALIDADE - O QUE DIZ O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Estarão os acontecimentos mais marcantes de nossa vida realmente marcados para acontecer? Quase um ano após o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, no número de março de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui a matéria A FATALIDADE E OS PRESENTIMENTOS, nascida da dúvida levantada por um correspondente sobre experiência pessoal na qual escapara de morrer mais de uma vez testemunhando, entretanto, desfecho trágico para quatro das pessoas – entre os quais dois religiosos -, que com ele viajavam, enquanto ele e outros três sobreviveram. Revelando ter escapado seis ou sete vezes da morte propôs algumas questões, respondidas por São Luiz, um dos orientadores do trabalho da Codificação Espírita: 1- Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando dele escapa, é outro Espírito que o afasta? – Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; elegendo-a, estabelece-se uma espécie de destino que não pode mais conjurar, uma vez que a ele está submetido; falo das provas físicas. Conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, o Espírito é sempre senhor de suportar ou de repelir a prova; vendo-o fraquejar, um Espírito bom pode vir em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar sua vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe ou exagerando um perigo físico, pode abalá-lo e apavorá-lo, mas nem por isso a vontade do Espírito encarnado fica menos livre de qualquer entrave. 2. Quando um homem está na iminência de perecer por acidente, parece-me que o livre-arbítrio nada vale. Pergunto, pois, se é um Espírito mau que provoca esse acidente; se, de alguma sorte, é o seu agente; e, caso se livre do perigo, se um Espírito bom veio em seu auxílio? – Os Espíritos bons e maus não podem sugerir senão pensamentos bons ou maus, conforme sua natureza. O acidente está assinalado no destino do homem. Quando tua vida é posta em perigo, é uma advertência que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e de te tornares melhor. Quando escapas a esse perigo, ainda sob a influência do perigo que correste, pensas mais ou menos vivamente, segundo a ação mais ou menos forte dos Espíritos bons , em te tornares melhor. Sobrevindo o Espírito mau – e digo mau, subentendendo o mal que nele ainda persiste – pensas que igualmente escaparás a outros perigos, e deixas, de novo, tuas paixões se desencadearem. 3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio? – Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. (...). 4. Compreendemos perfeitamente essa doutrina, mas isso não nos explica se certos Espíritos exercem uma ação direta sobre a causa material do acidente (...)? – Quando um homem passa sobre uma ponte que deve cair, não é um Espírito que o leva a passar ali, é o instinto de seu destino que o conduz a ela. 5. Quem fez a ponte desmoronar? – As circunstâncias naturais. A matéria tem em si as causas da destruição. No presente caso, tendo o Espírito necessidade de recorrer a um elemento estranho à sua natureza para movimentar forças materiais, recorrerá de preferência à intuição espiritual. (...) O Espírito, digamos, insinuará ao homem que passe por essa ponte, em vez de passar por outro local. Tendes, aliás, uma prova material do que digo: seja qual for o acidente, ocorre sempre naturalmente, isto é, por causas que se ligam às outras e o produzem insensivelmente. 6. Tomemos um outro caso, em que a destruição da matéria não seja a causa do acidente. Um homem mal-intencionado atira em mim, a bala passa de raspão, mas não me atinge. Poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projétil? – Não.. Podem os Espíritos advertir-nos diretamente de um perigo? Eis um fato que parece confirmá-lo: Uma mulher saiu de casa e seguia pelo bulevar. Uma voz íntima lhe diz: Vai embora; retorna para tua casa. Ela hesita. A mesma voz faz-se ouvir várias vezes; então ela volta; mas, pensando melhor, diz a si mesma: O que vou fazer em minha casa? Acabo de sair de lá; sem dúvida é efeito da minha imaginação. Então, continua o seu caminho. Alguns passos mais adiante, uma viga que tiravam de uma casa atinge-lhe a cabeça e a derruba, inconsciente. Que voz era aquela? 7 -Não era um pressentimento do que ia acontecer a essa mulher? – A voz do instinto; nenhum pressentimento, aliás, apresenta tais caracteres: são sempre vagos. 8. Que entendeis por voz do instinto? Resp. – Entendo que, antes de encarnar-se, o Espírito tem conhecimento de todas as fases de sua existência; quando estas fases têm um caráter fundamental, conserva ele uma espécie de impressão em seu foro íntimo e tal impressão, despertando quando o momento se aproxima, torna-se pressentimento.


O que podemos dizer para uma pessoa, que não acredita no Espiritismo, e ainda faz caçoada, quando a gente fala que é espírita? (Cynthia)


Há muitos anos atrás, Cynthia, Silvio Santos trouxe ao seu programa na TV o médium Chico Xavier. Durante vários dias, o apresentador anunciou a presença do médium e, com certeza, na noite da apresentação, devia ser expressivo o seu nível de audiência. Chico, como sempre, se postou com muita humildade, sentado numa cadeira, esperando a entrevista. A primeira pergunta, no entanto, veio provocativa, e chocou os expectadores. O apresentador, em tom cerimonioso e grave, perguntou ao Chico: “Senhor Francisco Candido Xavier, muitos cientistas, filósofos e intelectuais, não acreditam no Espiritismo. O que o senhor tem a dizer sobre isso?”


Por segundos, reinou silêncio na platéia e, com certeza, uma expectativa muito grande entre os milhões de telespectadores. É claro que o apresentador queria que Chico rebatesse, ali mesmo, aquele posicionamento, tentasse provar que os homens, de quem Silvio Santos falava, estavam todos errados, e dali nascesse um debate. Todavia, mesmo diante dessa “ducha fria” que recaiu sobre si, Chico simplesmente esboçou um sorriso, típico do caipira mineiro, e respondeu com muita ponderação e humildade, apenas com estas palavras: “ É um direito que eles tem.” Não é preciso dizer que o apresentador, diante da inesperada resposta, demonstrou no semblante indisfarçável decepção.


Na verdade, Cynthia, o Espiritismo não tem nenhuma intenção de se impor a ninguém. Não tem o mínimo interesse em discutir seus postulados com quem quer que seja, muito menos com quem, de antemão, já demonstra não respeitá-lo. Allan Kardec, no seu tempo, enfrentou duras críticas e perseguições, porque divulgava uma doutrina que contrariava as idéias vigentes. A propósito, ele escreveu um livro, chamado “O que é o Espiritismo”, onde destaca essa questão. Mas, uma coisa ele deixou bem claro: o Espiritismo não veio para ser discutido com aqueles que não quer ouvi-lo, mas veio para aqueles que dele se interessam ou dele precisam.


Um dos pontos de honra da Doutrina Espírita é respeitar as idéias contrárias – e não só respeitar: é também defender a liberdade de as pessoas professarem suas próprias idéias e defendê-las, é claro!... sejam elas quais forem. Por isso, a doutrina não se abala com as críticas que recebe, mas se essas críticas forem feitas com respeito que toda idéia merece. Logo, não devemos perder tempo com quem fala sem saber sobre o que está falando, que usa de ironia e de sarcasmo, porque não tem argumentos sólidos defenderem seu ponto de vista – e por isso atacam. Mas essas armas da ironia, do sarcasmo, da brincadeira de mau gosto, não atingem o Espiritismo.


Portanto, quando nos virmos diante de uma situação como a que você descreve, o melhor a fazer é nos afastar, e não levar em consideração o que ouvimos, pois, com certeza, não representa nada de sério e substancial, que possam sequer arranhar a nossa convicção. Cada um de nós deve prestar constas unicamente à sua própria consciência e respeitar nos outros aquilo que quer que outros lhe respeitem. Quem não tem respeito para conosco, não tem direito sequer de resposta e, por isso, deve ficar falando sozinho


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