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sábado, 14 de maio de 2022

NÃO É PERDA DE TEMPO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Conhecido apresentador e humorista da televisão brasileira, em recente programa de entrevistas dedicado a ele, questionado sobre o que pensa sobre a morte, respondeu “que nada, considerando ser uma perda de tempo este tipo de preocupação visto ela representar o fim”. Reconhecido por sua inteligência e cultura, a personalidade tipifica a maior porcentagem da intelectualidade do nosso mundo, focado exclusivamente na realidade material. Na verdade, o interesse pela morte não deve se transformar em prioridade nas cogitações dos seres humanos, mas, sim, o seu significado no contexto da vida, cuja finalidade, por sinal, deveria merecer reflexões mais amplas e profundas em face da multiplicidade de informações a respeito disponíveis na atualidade. Lamentavelmente tal assunto só é pensado quando o afastamento da “zona de conforto” leva as pessoas a tentar entender os “porquês”. O grande educador oculto no pseudônimo Allan Kardec, escreveu interessante texto incluído na edição da REVISTA ESPÍRITA, de julho de 1862, adequado para dissipar a ignorância dominante sobre o sentido da vida, a razão de vivermos, a partir das revelações de que foi Codificador, apresentando a proposta conhecida como Espiritismo. Diz ele: -“A vida corpórea é necessária ao Espírito, ou à alma, o que é a mesma coisa, para que possa realizar neste mundo material as funções que lhe são designadas pela Providência: é uma das engrenagens da harmonia Universal. A atividade que é forçado a desenvolver nas funções que exerce sem o suspeitar, crendo agir por si mesmo, ajuda o desenvolvimento de sua inteligência e lhe facilita o adiantamento. A felicidade do Espírito na vida espiritual é proporcional ao seu progresso e ao bem que pôde fazer como homem, do que resulta que, quanto maior importância adquire a Vida Espiritual aos olhos do homem, mais sente este a necessidade de fazer o que é necessário para se garantir o melhor possível. A experiência dos que viveram vem provar que uma vida terrena inútil ou mal empregada não tem proveito para o futuro, e que aqueles que não buscam aqui senão as satisfações materiais as pagam muito caro, que por sofrimentos no Mundo dos Espíritos, que pela obrigação em que se acham de recomeçar sua tarefa em condições mais penosas que as do passado, e tal é o caso dos que sofrem na Terra. Assim, considerando as coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, longe de ser estimulado à despreocupação e à ociosidade, o homem compreende melhor a necessidade do trabalho. Partindo do ponto de vista terreno, essa necessidade é uma injustiça aos seus olhos, quando se compara aos que podem viver sem nada fazer: tem-lhes ciúmes e inveja. Partindo do ponto de vista espiritual, essa necessidade tem uma razão de ser, uma utilidade, e ele a aceita sem murmurar, pois compreende que sem o trabalho ficará indefinidamente na inferioridade e privado da facilidade suprema a que aspira e que não poderá alcançar se se não desenvolver intelectual e moralmente. A esse respeito parece que muitos Monges compreendem mal o objetivo da Vida Terrena e, ainda menos, as condições da vida futura. Pelo isolamento, privam-se dos meios de se tornarem uteis aos seus semelhantes e muitos dos que se acham no Mundo dos Espíritos confessam-nos que se enganaram redondamente e que sofrem as consequências de seu erro. Tal ponto de vista tem para o homem outra enorme consequência imediata: tornar mais suportáveis as tribulações da vida. É muito natural, e ninguém o proíbe de procurar o bem-estar e a sua existência terrena ser o mais agradável possível. Mas, sabendo que aqui está apenas momentaneamente, que um futuro melhor o aguarda, pouco se atormenta com as decepções que experimenta; e, vendo as coisas do alto, recebe os revezes com menor amargor; fica indiferente às embrulhadas de que é vítima, por parte dos ciumentos e invejosos; reduz a seu justo valor os objetos de sua ambição e coloca-se acima das pequenas suscetibilidades do amor-próprio.


Quando dou esmola, fico pensando no que os mendigos vão fazer com o dinheiro. Prefiro dar um prato de comida ou um pedaço de pão. Eu não gosto de negar a uma pessoa abandonada, mas quase sempre nego. É que eles sempre dizem que é pra comer, que estão com fome, que foram abandonados. Fazem isso para comover a gente – todo mundo sabe. Mas, na verdade, a maioria deles usa a esmola para beber, porque muitos, quando vêm pedir, já estão bêbados. Como é que a gente deve agir nesse caso? É válido dar dinheiro a uma pessoa que a gente sabe que vai beber? Não estamos prejudicando ao invés de ajudar?


Esse é um quadro bem complicado. A mendicância, infelizmente, faz parte de nosso quadro social, desafiando a sociedade e seus administradores. Nunca houve solução definitiva para isso. Não sabemos o que levou a pessoa a chegar naquela situação. Muitas vezes, a principal causa está nela mesma; de um modo geral, na família e na própria sociedade, quase sempre indiferente à sorte dos abandonados,. Além do que, se fizéssemos um estudo mais aprofundado do problema, descobriríamos que grande parte dessas pessoas ( na grande maioria, homens) são doentes ou deficientes mentais.


Há inúmeras tentativas para administrar o problema, através de iniciativas particulares ou do poder público. Aqui mesmo, em Garça, temos há muito tempo o SAPROMI, que ajuda, mas não resolve. É que o problema é por demais complexo: na verdade; talvez precisasse de toda a coletividade unida, e além disso, de pessoas que se posicionassem em torno de algo que transcende às meras soluções técnicas e administrativas. Sem respeito humano e muita compreensão, não há como atacar o problema.


Dar ou não dar esmola é uma questão pessoal. Os Espíritos disseram a Kardec que a esmola degrada a pessoa; e é verdade... Mas, diante da situação em que vivemos, muitas vezes, não nos resta outra alternativa senão nos render a um pedido... Se você não dá, fica questionando a si mesma se não devia ter dado; se dá, questiona se a esmola vai ser bem empregada ou se não alimentando ainda mais a condição da criatura. Na verdade, quando damos algo a alguém, não deveríamos questionar nada, porque o nosso compromisso moral encerra ali, no ato de dar. O que a pessoa vai fazer com o dinheiro é problema dela, e é ela que cabe decidir.


Quanto à mentira, podemos considerar que um mendigo - que já consolidou sua condição de pedinte - com certeza, não convive mais com os nossos valores morais. Verdade ou mentira tem pouca importância para ele. Ele vive num submundo, numa condição sub-humana, onde não há respeito nem por si mesmo, quanto mais pelos outros. Para quem precisa sobreviver aquele dia, o objetivo é a sobrevida, nada mais; não há nenhuma perspectiva de futuro Daí não podermos exigir que uma pessoa, que vive num mundo de degradação, sem auto-estima, esteja em condições de entender a nossa linguagem ou de seguir os preceitos que proclamamos.


Quanto à bebida, cara ouvinte, não há nada mais natural – nem para nós, nem para qualquer outro ser humano – que buscar forças e coragem para enfrentar os problemas da vida. Nós, as pessoas engajadas na sociedade moderna – que temos família, amigos, lideres religiosos, médicos e psicólogos - nos refugiamos nos tranqüilizantes e nos ansiolíticos. Alguns se tornam dependentes do álcool ou de drogas. Mas, eles – os marginalizados à vida social – vão buscar seu refúgio em quê? Como terão condições de encarar a sua própria situação diante de tudo e diante de todos? Onde vão buscar forças, coragem, para continuarem enfrentando a rejeição da sociedade? Não é difícil entender essa triste situação...



As pessoas, que se entregam à mendicância, com certeza, são Espíritos muito necessitados de consideração, de atenção e de afeto. Abandonaram-se a si mesmos, pois não cultivam nossas aspirações, não tem nossos sonhos e tampouco se identificam conosco. O autodesprezo, é a condição mais difícil em que uma pessoa pode chegar: ela precisa aprender novamente a ser humano. Eis a grande dificuldade. Qual seria, então,o nosso papel?



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