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quinta-feira, 30 de junho de 2022

IMAGENS DIFICILMENTE VISTAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Confirmando a sobrevivência após a morte do corpo físico, o Espiritismo sustenta que os que partiram exercem maior ou menor influência sobre os que deixaram na retaguarda do Plano Material. Todavia, como se originam as chamadas influências espirituais? A resposta é oferecida pelo próprio Allan Kardec, sendo seguida por seis exemplos muito interessantes sobre as variações dessa ação do Mundo Invisível sobre o Visível: - O Mundo Invisível é composto dos que deixaram seu envoltório corporal ou, por outras palavras, das almas que viveram na Terra. Estas almas ou Espíritos, o que é a mesma coisa, povoam o Espaço, estão em toda parte, ao nosso lado, como nas regiões mais afastadas. A experiência prova que podem vir ao nosso apelo; mas vem mais ou menos de boa vontade, com maior ou menor prazer, conforme a intenção, como bem se compreende. (RE; 12/1859) Vejamos os exemplos: 1- NA VIA PÚBLICA - No longo percurso, através de ruas movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por se me depararem quadros totalmente novos. Identificava, agora, a presença de muitos desencarnados de ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes vários, ou colados a eles, em abraço singular. Muitos se dependuravam a veículos, contemplavam-nos outros, das sacadas distantes. Alguns, em grupos, vagavam pelas ruas, formando verdadeiras nuvens escuras que houvessem baixado repentinamente ao solo. Assustei-me. Não havia notado tais ocorrências nas excursões anteriores ao círculo carnal. (...) Não dissimulava, entretanto, minha surpresa. As sombras sucediam-se umas às outras e posso assegurar que o número de entidades inferiores, invisíveis ao homem comum, não era menor, nas ruas, ao de pessoas encarnadas, em continuo vaivém (...). Tinha a impressão nítida de havermos mergulhado num oceano de vibrações muito diferentes, onde respirávamos com certa dificuldade. (M; 34) 2- NUMA RESIDÊNCIA COMUM - A família, constituída da viúva, três filhos e um casal de velhos, permanecia à mesa de refeições, no almoço muito simples. Entretanto, um fato, até então inédito para mim, feriu-me a observação: seis entidades envolvidas em círculos escuros acompanhavam-nos ao repasto, como se estivassem tomando alimentos por absorção. (...) Os que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantém ligados à casa, às situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico.(...) 3 - FALTA DE IMUNIDADE - Os quadros de viciação mental, ignorância e sofrimento nos lares sem equilíbrio religioso, são muito grandes. Onde não existe organização espiritual, não há defesas de paz de espírito. Isto é intuitivo para todos os que estimem o reto pensamento. (ML,11) 4- ENFERMARIA DE UM HOSPITAL - A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis. Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os. Seria inútil qualquer esforço extraordinário, pois os próprios enfermos, em face da ausência de educação mental, se incumbiriam de chamar novamente os verdugos, atraindo-os para suas mazelas orgânicas, competindo-nos apenas irradiar boa vontade e praticar o Bem, tanto quanto fosse possível, sem, contudo, violar as posições de cada um. (OVE; 185 5- NUM RESTAURANTE - Transpusemos a entrada. As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal estar. Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcóolatras impenitentes. Informou o Orientador: - Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis costumes por que se deixam influenciar.(NDM, 138)




Quando alguém morre em nossa casa, para onde vai seu espírito? Uns dizem que ele fica em casa mesmo, outros que vai para o espaço, outros que vai para o umbral ou para o purgatório, outras que fica dormindo até o dia do juízo. Onde ele fica?


O Espiritismo nos ensina que é pela morte do corpo que o Espírito se liberta e que esse desprendimento do corpo, que chamamos de desencarnação, não se dá da mesma maneira com todos. Alguns, que se encontram em melhor situação, desprendem logo, outros podem demorar. É comum acontecer que o desligamento se dê durante o velório; por isso, devemos fazer de tudo para manter o velório num clima de respeito e paz, evitando que se transforme num ambiente tumultuado onde se trata e se fala de tudo.


Após o desligamento do Espírito é a sua condição espiritual, como dissemos, que vai determinar seu destino imediato. Geralmente, há uma assistência dos Espíritos familiares, amigos e protetores, nesse momento. O desencarnante pode estar consciente ou inconsciente: é mais comum que esteja inconsciente, ou seja, que ele não saiba o que está se passando. Neste caso, o processo de desencarnação é dirigido pelos benfeitores, que lhe prestam atendimento imediato, considerando que a desencarnação, na maior parte das vezes, demora cerca de 12 horas para ser concluída.


A recepção do Espírito, depois da morte, depende de suas tendências e do tipo de vida que levou na Terra. Por isso, alguns podem ser arrastados para antros de malfeitores – quando essa é sua tendência e essa foi sua prática costumeira – outros para hospitais ou escolas no plano espiritual, quando merecedores; outros, inseguros ou atormentados por problemas familiares e sentimentos de culpa, podem ficar casa com seus familiares, e outros, ainda, podem ser guindados a condições espirituais mais elevadas. Há Espíritos que dormem, até por longo tempo, mas isso depende até mesmo de suas expectativas diante da morte, de suas crenças ou das circunstâncias, muitas vezes violentas, da desencarnação.


Se você ler as obras de André Luiz, especialmente OBREIROS DA VIDA ETERNA, vai encontrar vários casos de desencarnação, que poderão ajudá-lo a entender melhor o assunto, bem como a questão do destino dos Espíritos. Devemos compreender, porém, que não há uma condição definitiva para ninguém, porque a vida continua e tudo vai depender de como o Espírito se encaminhará no futuro. As atitudes da família – de respeito, resignação e prece - podem ajudar muito o ente desencarnado, especialmente se ele não conseguiu ainda se desprender do ambiente da casa.


Contudo, a condição do Espírito após a desencarnação, por mais problemática que seja, não é definitiva. Nada existe de definitivo e imutável em relação a isso. Ele terá chances de melhorar, especialmente se se decidir por nova encarnação, pois a maior oportunidade que o Espírito tem nesse sentido está em recomeçar a vida, passar novamente pela infância, aprender ou reaprender o caminho do bem, o destino de todos nós. Nisso estão o perdão e a misericórdia de Deus.



quarta-feira, 29 de junho de 2022

FATALIDADE: O QUE DIZ O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Estarão os acontecimentos mais marcantes de nossa vida realmente marcados para acontecer? Quase um ano após o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, no número de março de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui a matéria A FATALIDADE E OS PRESENTIMENTOS, nascida da dúvida levantada por um correspondente sobre experiência pessoal na qual escapara de morrer mais de uma vez testemunhando, entretanto, desfecho trágico para quatro das pessoas – entre os quais dois religiosos -, que com ele viajavam, enquanto ele e outros três sobreviveram. Revelando ter escapado seis ou sete vezes da morte propôs algumas questões, respondidas por São Luiz, um dos orientadores do trabalho da Codificação Espírita: 1- Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando dele escapa, é outro Espírito que o afasta? – Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; elegendo-a, estabelece-se uma espécie de destino que não pode mais conjurar, uma vez que a ele está submetido; falo das provas físicas. Conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, o Espírito é sempre senhor de suportar ou de repelir a prova; vendo-o fraquejar, um Espírito bom pode vir em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar sua vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe ou exagerando um perigo físico, pode abalá-lo e apavorá-lo, mas nem por isso a vontade do Espírito encarnado fica menos livre de qualquer entrave. 2. Quando um homem está na iminência de perecer por acidente, parece-me que o livre-arbítrio nada vale. Pergunto, pois, se é um Espírito mau que provoca esse acidente; se, de alguma sorte, é o seu agente; e, caso se livre do perigo, se um Espírito bom veio em seu auxílio? – Os Espíritos bons e maus não podem sugerir senão pensamentos bons ou maus, conforme sua natureza. O acidente está assinalado no destino do homem. Quando tua vida é posta em perigo, é uma advertência que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e de te tornares melhor. Quando escapas a esse perigo, ainda sob a influência do perigo que correste, pensas mais ou menos vivamente, segundo a ação mais ou menos forte dos Espíritos bons , em te tornares melhor. Sobrevindo o Espírito mau – e digo mau, subentendendo o mal que nele ainda persiste – pensas que igualmente escaparás a outros perigos, e deixas, de novo, tuas paixões se desencadearem. 3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio? – Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. (...). 4. Compreendemos perfeitamente essa doutrina, mas isso não nos explica se certos Espíritos exercem uma ação direta sobre a causa material do acidente (...)? – Quando um homem passa sobre uma ponte que deve cair, não é um Espírito que o leva a passar ali, é o instinto de seu destino que o conduz a ela. 5. Quem fez a ponte desmoronar? – As circunstâncias naturais. A matéria tem em si as causas da destruição. No presente caso, tendo o Espírito necessidade de recorrer a um elemento estranho à sua natureza para movimentar forças materiais, recorrerá de preferência à intuição espiritual. (...) O Espírito, digamos, insinuará ao homem que passe por essa ponte, em vez de passar por outro local. Tendes, aliás, uma prova material do que digo: seja qual for o acidente, ocorre sempre naturalmente, isto é, por causas que se ligam às outras e o produzem insensivelmente.



O Cristiano Ricardo Alves, de Vera Cruz, mandou-nos um ‘e-mail’, pedindo um comentário sobre os itens 19, 20 e 21 do capítulo 10 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Esses três itens respondem à seguinte pergunta: “È permitido repreender os outros?” A questão colocada pelo Cristiano é interessante e muito importante. Quem atende Kardec é o Espírito São Luiz. Os que tiverem curiosidade, devem ler, reler e refletir sobre as respostas ali apresentadas.


A palavra “repreender” tem duas conotações: a de censurar ou reprovar, e a de advertir ou alertar. Foi o que Jesus fez não só com seus discípulos, mas também e principalmente com os fariseus – censurar e advertir. O problema da censura e da advertência não está no ato em si, mas nas intenções que existem atrás do ato, ou seja, no motivo que leva a pessoa a praticá-lo. Por exemplo: os pais em relação aos filhos. Seria possível educar uma criança sem censurá-la ou sem adverti-la? E o que leva uma mãe ou um pai a censurar e advertir seus filhos, senão o amor que têm por eles, o cuidado que têm em relação à sua segurança e bem-estar?


Jesus valorizou a intenção mais do que o ato em si – prestem atenção nisso! Uma pessoa pode cometer um erro, sem intenção de errar; é diferente daquela que pratica o mal movido pelo desejo de prejudicar. É claro que a primeira, embora errando, não pode ter o mesmo grau de culpa que a segunda. No direito, o crime sem intenção é culpa; o crime premeditado é dolo. Há uma diferença fundamental entre eles: e embora os dois devam ser censurados pelos erros que cometeram, o primeiro só pode ser advertido quanto à sua ignorância ou sua negligência.


São Luiz responde a Kardec que a regra de nossa conduta deve a ser a caridade; caridade, no sentido de indulgência – ou seja, de compreensão em relação à limitação dos outros. Desse modo, quando uma pessoa comete um erro somente contra si mesma; se ela não estiver prejudicando ninguém, esse erro jamais deve ser divulgado. No entanto, sabendo disso, temos o dever de assisti-la, de ajudá-la para que não se prejudique. Mas nunca devemos sair por aí divulgando seu problema, criticando-a abertamente e falando aos outros sobre sua vida – seria falta de caridade, falta de indulgência.


Mas, se a conduta de alguém pode prejudicar outras pessoas, então é nosso dever moral proteger suas vítimas; se preciso, denunciando essa pessoa. Essa situação se enquadra perfeitamente no princípio do amor ao próximo, pois, segundo São Luiz, é preferível que um seja prejudicado do que muitos serem prejudicados por ele. Jesus foi um exemplo desse tipo de comportamento. Embora proclamasse bem alto que devemos nos respeitar e nos amar uns aos outros, ele não deixou de tornar público o mal que os fariseus praticavam contra o povo.

terça-feira, 28 de junho de 2022

KARDEC EXPLICA PORQUE O ESPIRITISMO É IMPAR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No número de abril de 1864, o mesmo em que anunciava o lançamento d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec incluiu na pauta da REVISTA ESPÍRITA interessante artigo de sua autoria, intitulado Autoridade da Doutrina Espírita, ressaltando as diferenças entre ela e as demais propostas filosófico/religiosas existentes à época. E, os que o leem acabam concluindo: atualíssima. Dos raciocínios nele desenvolvidos, destacamos 6 para sua avaliação: 1- Se a Doutrina Espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes de quem a tivesse concebida. Ora, ninguém poderia ter a pretensão fundada de possuir, ele só, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se tivessem manifestado a um homem só, nada garantiria sua origem, pois seria preciso crer, sob palavra, naquele que dissesse ter recebido seu ensino. Admitindo de sua parte uma perfeita sinceridade, ao menos poderia convencer as pessoas de seu ambiente; poderia ter sectários, mas não conseguiria jamais atrair todo mundo. 2- Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por uma via mais rápida e mais autêntica. Eis porque encarregou os Espíritos de leva-la de um a outro polo, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir sua palavra. Um homem pode ser enganado, pode mesmo enganar-se; assim não poderia ser quando milhões de homens veem e ouvem a mesma coisa; é uma garantia para cada um e para todos. Aliás, pode fazer-se um homem desaparecer, mas não desaparecem as massas; podem queimar-se livros, mas não os Espíritos. Ora, se se queimassem todos os livros, a fonte da Doutrina não seria emudecida, por isso que não está na Terra: surge por toda parte e cada um pode aproveitá-la. Em falta de homens para espalhá-la, haverá sempre Espíritos que atingem todo o mundo e ninguém pode atingi-los. 3- Na realidade, são os próprios Espíritos que fazem a propaganda, auxiliados por inumeráveis médiuns que suscitam por todos os lados. Se tivessem um intérprete único, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo seria apenas conhecido; esse mesmo interprete, fosse de que classe fosse, teria sido objeto de prevenções por parte de muita gente; nem todas as Nações o teriam aceitado, ao passo que os Espíritos se comunicam por toda parte, a todos os povos, a todas as seitas e partidos, sendo aceitos por todos. O ESPIRITISMO NÃO TEM NACIONALIDADE; está por fora de todos os cultos particulares; não é imposto por nenhuma classe da sociedade, pois cada um pode receber instruções de parentes e amigos de além-túmulo. Era preciso que assim fosse, para que pudesse chamar todos os homens à fraternidade. Se se não tivesse colocado em terreno neutro, teria mantido dissenções, em vez de apaziguá-las. 4- Essa universalidade do ensino dos Espíritos constitui a força do Espiritismo. Aí, também, está a causa de sua propagação tão rápida. Ao passo que a voz de um só homem, mesmo com o auxílio da imprensa, teria levado séculos antes de chegar a todos os ouvidos, eis que milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente em todos os pontos da Terra, para proclamar os mesmos princípios, e os transmitir aos mais ignorantes, como aos mais sábios, a fim de que ninguém fique deserdado. É uma vantagem de que não gozou nenhuma das doutrinas até hoje aparecidas. Se, pois, o Espiritismo é uma verdade, nem teme a má vontade dos homens, nem as revoluções morais, nem os desmoronamentos físicos do Globo, porque nenhuma dessas coisas pode atingir os Espíritos. 5- Sabe-se que os Espíritos por força da diferença existente em suas capacidades, estão longe de estar individualmente na posse de toda Verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que seu saber é proporcional à sua depuração; que os Espíritos vulgares não sabem mais que os homens e até menos que certos homens; que entre eles, como entre estes, há presunçosos e pseudo-sábios, que creem saber o que não sabem, sistemáticos que tomam suas ideias como verdades; enfim, que os Espíritos de ordem mais elevada, os que estão completamente desmaterializados, são os únicos despojados das ideias e preconceitos terrenos. Mas, sabe-se também, que os Espíritos enganadores não têm escrúpulos em esconder-se sob nomes de empréstimo, para fazerem aceitas suas utopias. Disso resulta que, para tudo quanto esteja fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um pode obter tem um caráter individual sem autenticidade; que devem ser consideradas como opinião pessoal de tal ou qual Espírito, e que seria imprudente aceita-las e promulga-las levianamente como Verdades absolutas. 6- O primeiro controle é, sem sombra de dúvida, o da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos. 





Eu quero saber se existe salvação pelo Espiritismo. (Um amigo)


Primeiramente, o conceito de salvação é muito amplo. Jesus o usou em muitos sentidos, mas o principal sentido por ele usado é de “libertação do perigo”. E o que é o perigo para Jesus? São nossos defeitos morais, nossos vícios, assim como o egoísmo, o orgulho, o ódio e a violência. O homem, como você sabe, vem desenvolvendo o progresso material do planeta num ritmo vertiginoso e de maneira incrível, mas todo esse rico patrimônio de recursos, de que hoje podemos dispor, não nos deu a paz e o amor de que todos sempre necessitamos. Ao contrário, o apego aos bens materiais, ao invés de unir, divide mais ainda os homens. E´que, geralmente, nós confundimos facilidade com felicidade; e é por isso que todo mundo quer ganhar o céu – para não fazer nada, para viver na ociosidade.


Entretanto, salvar, no sentido que Jesus ensinou, é levar o homem a se libertar dos vícios morais que ainda o prende à estagnação, para que ele possa viver com mais harmonia consigo mesmo e com o próximo. Só o progresso material – esse arsenal de recursos tecnológicos de que hoje podemos dispor - não lhe dá essa condição; é preciso que se esforce no seu progresso moral, e o Espiritismo contribui para isso, na medida em que nos esclarece sobre as leis da vida e convida as pessoas a praticarem a caridade. Daí o lema de Kardec: “fora da caridade não há salvação”. Assim, não temos no Espiritismo esse conceito de “salvação para a vida eterna”. A salvação não é uma meta, mas um caminho que percorremos em busca do progresso espiritual dos indivíduos e da coletividade.


Jesus insistiu muito nesse ponto, ao ensinar o amor ao próximo e, conseqüente, a prática incondicional do bem. É uma coisa muito simples de entender. Não há complicação alguma. Basta que caminhemos nesse sentido. Se todas as religiões do mundo, ao invés de ficarem preocupadas com o juízo final e com a salvação pela fé, se preocupassem em formar homens de bem e insistissem na vivencia do amor fraterno, com certeza, muita coisa melhoraria em nosso planeta e estaríamos, seguramente, cada vez mais próximo do ideal de Jesus, que também foi o ideal dos grandes mestres da humanidade.


segunda-feira, 27 de junho de 2022

CREMAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Pratica milenar na Oriente, a cremação ressurgiu no Mundo Ocidental no início do século XX. O Espiritismo ampliando nossa visão sobre a inevitável experiência da morte, tem muito a dizer sobre o assunto, especialmente ao afirmar que ela como diz o Psiquiatra norte-americano Brian Weiss é “abrir uma porta e passar para outra sala”. Em 1935, jornalista Clementino de Alencar a serviço do jornal O GLOBO, ouviu através do médium Chico Xavier, o Orientador Espiritual Emmanuel sobre variadas questões extremamente importantes. Uma delas, ‘sobre qual a impressão do homem no instante da morte?’, ouvindo dele: – A impressão da alma no momento da morte varia com os estados de consciência dos indivíduos. Para todas as criaturas, porém, manifesta-se nesses instantes a bondade divina. Têm invariavelmente a assistência dos seus protetores, e amigos invisíveis que os auxiliam a se libertar das cadeias que os prendem à vida material. Entre os homens não existe a necessidade de alguém que auxilie os recém-nascidos a se desvencilharem do cordão umbilical? As sensações penosas do corpo são mais ou menos acordes com a moléstia manifestada. Elas, porém, passam e nos primeiros tempos, no Plano Espiritual, vai a alma colher os frutos de suas boas ou más obras na superfície do mundo.’. Na época, no Brasil, começava-se a falar sobre uma legislação visando a cremação de corpos e o enviado especial a Pedro Leopoldo, MG; aproveitou para indagar: ―Sentem os desencarnados os efeitos da cremação de seus despojos mortais? Emmanuel esclareceu: ―Geralmente, nas primeiras horas do ‘post-mortem’, ainda se sente o Espírito ligado aos elementos cadavéricos. Laços fluídicos, imperceptíveis ao vosso poder visual, ainda, se conservam unindo a alma recém-liberta ao corpo exausto; esses elos impedem a decomposição imediata da matéria. E, por esta razão, na maioria dos casos o Espírito pode experimentar os sofrimentos horríveis oriundos da cremação, a qual NUNCA DEVERÁ SER LEVADA A EFEITO ANTES DO PRAZO DE CINQUENTA HORAS APÓS O DESENLACE. A cremação imediata ao chamado instante da morte é, portanto, nociva e desumana. As vezes, segundo a natureza das moléstias que precedem a desencarnação, existem ainda no cadáver inúmeros elementos de vida: daí nasce a possibilidade de, usando de recursos vários e reagentes, a ciência fazer um morto voltar à vida. Vê-se, pois, que o Espírito desencarnado, nas primeiras horas do Além-Túmulo, pode sentir dentro do quadro de suas impressões físicas, todas as ações a que seu corpo abandonado seja submetido. O Espírito do escritor e cronista Humberto de Campos, noutra ocasião se manifestou sobre o assunto também através de Chico Xavier dizendo: -“Há muito caminho por andar antes que o homem comum se beneficie com a verdadeira morte. A cessação dos movimentos do corpo nem sempre é o fim do expressivo transe. O túmulo é uma passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tempo indeterminado, criando forças para atravessa-la com o preciso valor. Morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinência e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos “comes e bebes” de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas... Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade. Por trás da máscara mortuária, muitas vezes, esconde-se a alma, inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vigília torturada ou no sono repleto de angústia. Para semelhantes viajores da grande jornada, a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo terrível e doloroso. Eis porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a Lei Divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício do aviso prévio, porque razão o morto deve ser reduzido à cinza com a carne ainda quente?




A Adriana, pergunta o seguinte: “O que significa a Semana Santa para o Espiritismo? Como que o Espiritismo vê essa questão de não poder comer carne nos dias consagrados?”


A Semana Santa é uma das mais antigas comemorações da Igreja Católica, que celebra o martírio, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Diretamente, ela não tem nada a ver com o Espiritismo, embora o Espiritismo respeite o modo como a Igreja vê e celebra Jesus. Mas, as visões da religião e da Doutrina Espírita a respeito de Jesus são diferentes. Por outro lado, o Brasil, por ser um país tradicionalmente católico ( mesmo não tendo mais o Catolicismo como religião oficial), preservou o feriado da sexta-feira e o respeito aos dias consagrados por consideração à maioria da população.


Essa diferença de interpretação reside no fato de a Igreja, através de suas celebrações, reviver com detalhes todo o sofrimento de Jesus no Calvário, com base no dogma de que, sendo ele o Filho - uma das pessoas da Trindade, sofreu e morreu por nossa causa e o derramamento de seu sangue significar a redenção da humanidade. Não é a concepção Espírita. Para o Espiritismo, Jesus foi o Espírito mais elevado que reencarnou na Terra, assumindo um sério compromisso com a Humanidade, mas o mais importante na sua missão foi, com certeza, sua vida e seus ensinamentos: a morte foi pura conseqüência do que ensinou e do que fez, em confronto com a ignorância e a condição moral dos homens de seu tempo.


Nesse sentido, a Doutrina Espírita sempre procura ver Jesus vivo e atuante – e não torturado, agonizante e morto - assim como nenhum de nós quer se deter na lembrança de um ente querido nos seus piores momentos de dor e sofrimento. Jesus – ou qualquer dos grandes Espíritos, que ensinaram e deram exemplo de amor pela humanidade – com certeza, não sobreviveram à fúria de seus inimigos, em qualquer momento da História. Portanto, são os ensinamentos sublimes e seu exemplo de vida que devem ser valorizados e sempre lembrados - e não o sofrimento e o martírio, algo deprimente que serve para cultivar um sentimento de culpa nas pessoas.


Preferimos enaltecer os momentos em que sua palavra e seu exemplo de conduta irradiam luz de conhecimento e bálsamo de conforto para todos nós - como suas parábolas magistrais e o inigualável sermão da montanha - repositórios dos mais elevados princípios morais que a humanidade já recebeu em todas as épocas. Quanto à ressurreição – esta, sim, deve ser lembrada!... - porque o Espiritismo a vê como a comprovação da sobrevivência da alma, que Jesus quis mostrar aos seus seguidores, porque a imortalidade é a base fundamental de sua doutrina. Como explicou o apóstolo Paulo, assim como Jesus, nós todos semeamos um corpo de carne, enquanto na Terra, mas ressuscitamos num corpo espiritual – a esse corpo o Espiritismo dá o nome de perispírito.


Também não existe na Doutrina Espírita qualquer proibição ou, até mesmo, recomendação no tocante à alimentação nesses dias, que fica ao arbítrio de cada um. Para o Espiritismo, todo dia é santo, toda semana é santa, porque são oportunidades que Deus nos concede para que possamos construir com nossos esforços a nossa felicidade e a felicidade daqueles que nos rodeiam. Na verdade, o que conta na vida - seja a pessoa desta ou daquela religião ou mesmo que não tenha religião alguma – é a sua conduta diante de si mesma, diante do semelhante e da coletividade, uma vez que “o caminho, a verdade e a vida” são, em última instância, a prática do bem – ou, como se expressou Jesus – o amor ao próximo, tanto quanto o amor a si mesmo. 



domingo, 26 de junho de 2022

CONFORME TIVERMOS VIVIDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O ESPIRITISMO

Morreu, acabou? Milhares de depoimentos de Espíritos desencarnados através de igual número de médiuns ao redor do mundo demonstram que não. Como somos projetos personalizados de Deus, sem cópias, cada um relata suas percepções e sensações conforme o próprio grau evolutivo Muitos falam de situações surpreendentes, inesperadas e difíceis. Afinal, sofrem os Espíritos? Que sensações experimentam? Allan Kardec no número de dezembro de 1858, da REVISTA ESPÍRITA, escreveu interessante artigo sobre a questão do qual destacamos breve trecho. Diz ele: -“Tais questões nos são naturalmente dirigidas e vamos tentar resolve-las. Inicialmente devemos dizer que, para isso, não nos contentamos com as respostas dos Espíritos. De certa maneira, através de numerosas observações, tivemos que considerar a sensação com o fato. Em uma de nossas reuniões, pouco depois que São Luís nos transmitiu bela dissertação sobre a avareza, um de nossos associados narrou o seguinte fato, a propósito dessa mesma dissertação. -Estávamos ocupados de evocações numa pequena reunião de amigos quando se apresentou, inopinadamente e sem que o tivéssemos chamado, o Espírito de um homem que havíamos conhecido muito bem e que, quando vivo, poderia ter servido de modelo ao retrato do avarento, feito por São Luís: um desses homens que vivem miseravelmente no meio da fortuna e que se privava, não pelos outros, mas para acumular sem proveito para ninguém. Era inverno, estávamos perto do fogo; de repente aquele Espírito lembrou-nos seu nome, no qual absolutamente não pensávamos, pedindo-nos permissão para vir, durante três dias, aquecer-se à nossa lareira, pois que sofria horrivelmente do frio que voluntariamente suportara durante a vida e que, por sua avareza, também fizera os outros suportar. Era um alívio que experimentaria, acrescentou, caso concordássemos com o pedido. Aquele Espírito, pois, experimentava penosa sensação de frio; mas, como a experimentava? Eis aí a dificuldade. A esse respeito dirigimos a São Luís as seguintes pergunta: Como esse Espírito de avarento, que não tinha mais o corpo material, podia sentir frio e pedir para se aquecer? – Podes representar os sofrimentos do Espírito pelos sofrimentos morais. Concebemos os sofrimentos morais, como pesares, remorsos, vergonha; mas o calor e o frio, a dor física, não são efeitos morais; experimentariam os Espíritos tais sensações?. – Tua alma sente frio? Não; mas tem consciência da sensação que age sobre o corpo. – Disso parece resultar que esse Espírito de avarento não sentia um frio real, mas a lembrança da sensação do frio que havia suportado e essa lembrança, tida por ele como realidade, tornava-se um suplício.– É mais ou menos isso. Fique bem entendido que há uma distinção, que compreendeis perfeitamente, entre a dor física e a dor moral; não se deve confundir o efeito com a causa. Se bem entendemos, poderíamos, ao que nos parece, explicar as coisas do seguinte modo: O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primeira desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é susceptível de congelar-se, nem de queimar-se. Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real fosse? Não as vemos até causar a morte? Toda gente sabe que aqueles cujos membros foram amputados costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou esta impressão. Lícito, portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito após a morte. Essas reflexões são justas?Sim; mais tarde, porém, compreendereis melhor ainda. Esperai que novos fatos venham vos fornecer motivos de observação; deles tirareis consequências mais completas.


Por que há certas pessoas que não conseguem viver bem com ninguém. Estão sempre azedas, carrancudas e se indispõem com todo mundo, complicando tudo? (Anônima)

Conta antiga fábula chinesa que, certo dia, uma coruja se preparava para sair do vasto campo onde morava, quando a codorna lhe perguntou por que estava se mudando.

A coruja respondeu que estava saindo dali, porque todo mundo implicava com o seu piado, que todos os animais daquele lugar eram intolerantes e que, portanto, não lhe restava alternativa.

A codorna pensou um pouco e respondeu pra coruja: “Eu acho que a melhor coisa que a senhora faz, Dona Coruja, não é mudar daqui, mas, sim, mudar o seu piado”.

Essa fábula veio a propósito do comportamento de pessoas que não agradam ninguém e que, pelo contrário, acabam criando problemas com todo mundo.

É natural, nesta vida, que o individuo possa ter algum problema com uma ou outra pessoa, mas se ele começar a ter problemas com muita gente, alguma coisa está errada nele.

Nesse caso, a convivência mais difícil não é com os outros; é consigo mesmo. Se a pessoa costuma ver os outros como problema, ela precisa rever seu próprio problema ou procurar ajuda, até profissional.

Muitas vezes, quando ela se encontra nessa situação, dificilmente reconhece que o problema é dela mesma, porque, para nós, é bem mais fácil atribuir os problemas aos outros do que assumir responsabilidades.

Se temos dificuldade de conviver, seja neste ou naquele grupo, precisamos buscar ajuda, porque o maior problema, que uma pessoa pode encontrar nesta vida, é viver em conflito consigo mesma, não se aceitando como é.

Em muitas situações o auxílio de um psicólogo é indispensável. Mas não devemos esquecer que o tratamento espiritual complementa qualquer terapia.

De uma maneira geral, podemos afirmar que pessoas, que apresentam esse tipo de comportamento, são pessoas que não se aceitam a si mesmas e comprometendo sua autoestima.

Elas precisam se ajuda. Se ninguém procura despertá-las para a causa do problema, e se alguém não tentar ajudá-la - como fez a codorna em relação à coruja - elas continuarão na vida complicando-se cada vez mais – e pior, complicando a vida dos outros.






sábado, 25 de junho de 2022

SUICÍDIO POR OBSESSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A notícia da morte do ator Robin Willians impactou negativamente não só aqueles que privaram de sua amizade como a legião dos admiradores que se emocionaram com suas performances como protagonista nos filmes de que participou. Várias são as possíveis causas cogitadas para entender ou justificar a ação infeliz com que interrompeu sua vida em nossa Dimensão. Homem sensível – fator que certamente o auxiliava a compor os personagens que viveu nas telas –, teve no filme AMOR ALÉM DA VIDA uma ideia dos desdobramentos do suicídio no plano de vida imediatamente após este em que nos encontramos. Além dos transtornos mentais e físicos aventados como hipótese para sua decisão de sair pela porta falsa do palco desta vida, outro pode ser incluído nas avaliações feitas. Talvez o determinante dos demais. Exemplo disso encontramos na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro de 1869, em que Allan Kardec inclui interessante mensagem recebida por um médium chamado Sr Nivard, num grupo de estudos chamado Délliens, de Paris. Referia-se a matéria veiculada pelo jornal local DROIT, noticiando fato testemunhado pelo senhor Jean Baptiste Sadoux, em que um jovem que depois de ter vagado durante algum tempo sobre uma ponte, subiu no parapeito e se atirou no Rio Marne. Apesar das tentativas imediatas de socorrê-lo, ao cabo de sete minutos, retirou-o, todavia a asfixia já era completa não sendo possível reanimá-lo. Uma carta encontrada com ele, o identificou como o Sr Paul D..., e, dirigia-se ao seu pai, pedindo perdão por abandoná-lo, afirmando-se “há dois anos dominado por uma ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir. Acrescentava que lhe parecia ouvir fora da vida uma voz que o chamava sem descanso e, a despeito de todos os esforços, nada o impedia de ir à ela. Encontraram, também, no bolso do paletó uma corda nova, na qual tinha sido feito um laço corredio”. Comenta Allan Kardec, que “a obsessão está bem evidente, explicação que só o Espiritismo dá”, acrescentando que “se fosse esclarecido pela Doutrina Espírita, com mais vontade, seu livre-arbítrio poderia ter resistido, sabedor que a voz que o assediava não poderia ser senão de um mau Espírito”, bem como, “das consequências terríveis que adviriam de um instante de fraqueza”. A comunicação obtida por via mediúnica era assinada pelo Espírito Louis Nivard esclarece: -“A voz dizia: Vem! Vem! Mas teria sido ineficaz essa voz do tentador, se a ação direta do Espírito não se tivesse feito sentir. Por quê? Seu passado era a causa da situação dolorosa em que se achava; apegava-se à vida e temia a morte. Mas nesse apelo incessante que ouvia, pergunto eu, encontrou força? Não; encontrou a fraqueza que o derrotou. Venceu os temores, porque esperava no fim encontrar do outro lado da vida o repouso que o lado de cá lhe negava. Foi enganado: o repouso não veio. As trevas o cercam, a consciência lhe censura o ato de fraqueza e o Espírito que o arrastou gargalha ao seu redor e o criva de motejos constantes. O cego não vê, mas escuta a voz que repete: Vem! Vem! E depois zomba de suas tortura. A causa deste caso de obsessão está no passado, como acabo de dizer. O próprio obsessor foi impelido ao suicídio por esse que que acaba de fazer cair no abismo. Era sua mulher na existência precedente e tinha sofrido consideravelmente com o deboche e as brutalidades do marido. Muito fraca para aceitar a situação que lhe era dada com resignação e coragem, buscou na morte um refúgio contra os seus males. Ela vingou-se depois: sabeis como. Entretanto o ato desse infeliz não era fatal; tinha aceito os riscos da tentação; esta era necessária ao seu propósito, porque só ela poderia fazer desaparecer a mancha que havia sujado sua existência anterior. Ele tinha aceito os seus riscos, com a esperança de ser mais forte e se havia enganado; sucumbiu. Recomeçará mais tarde? Resistirá? Dele dependerá. Rogai a Deus por ele, a fim de que lhe dê calma e a resignação de que tanto necessita, a coragem e a força para não falir nas provas que tiver de suportar mais tarde”. A propósito, Chico Xavier conta curiosa passagem em que procurado por uma mãe buscando orientação carregando nos braços um filhinho surdo, mudo, cego e sem os dois braços, apresentando uma doença nas pernas que exigia para salvar-lhe a vida, segundo os médicos, a amputação das duas, ouviu do Espírito Emmanuel: -“Chico, explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços suicidou-se nas dez últimas encarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Mas, agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um rio, um precipício para se atirar. Avise nossa irmã que os médicos amigos estão com a razão. As duas pernas dele vão ser amputadas, em seu próprio benefício, para que ele fique mais algum tempo na Terra, a fim de que diminua a ideia do suicídio”.


A Maristela Balbino, lendo artigo do boletim SEI- Serviço Espírita de Informações, edição recente, pede um comentário sobre o tema “morrer”.


É o maior medo do ser humano, Maristela. Muitos não suportavam ouvir falar sobre esse tema, sem ficarem inseguros ou apavorados. No entanto, é um fenômeno tão natural como nascer. Um é o início da vida física, o outro da vida espiritual. Contudo, o medo da morte é natural; faz parte da lei de conservação. Todo ser vivo morre, mas não quer morrer. A própria natureza, no intuito de preservar a vida, deu a cada ser vivo um mecanismo de defesa, pelo qual ele foge da morte, ainda que instintivamente. É o caso dos animais.


Todavia, assim mesmo, a morte faz parte da lei de mudança, ou lei de renovação, ou lei de evolução. Tudo na vida está sujeito a mudança; não há nada permanente ou imutável. No ciclo interminável da vida do Espírito, cada um nasce e morre inúmeras vezes, percorrendo o longo caminho da evolução. Quem entende isso, quem tem conhecimento espírita, por exemplo, com certeza encara o morrer com menos dificuldade.


Por outro lado, devemos sempre defender e valorizar a vida, pois é a maior oportunidade de aprendizado e evolução. A vida, porém, é um processo – ou seja, é um estado que se prolonga na experiência do Espírito; mas a morte é apenas um fenômeno de passagem, assim como o nascimento. Em Doutrina Espírita, temos consciência de que a morte é inevitável, mas, nem por isso, precisamos ficar pensando nela. Pelo contrário, precisamos pensar na vida; mais do que pensar, precisamos agir. Se boa for nossa vida, feliz será a nossa passagem para o plano espiritual, com certeza.


Quem tem a visão da continuidade da vida, que tem convicção de que a vida continua, não se desespera diante da morte, mesmo que ela for repentina ou violenta. Ao contrário, aceita-a com resignação e serenidade, mesmo a morte de seus entes mais queridos. Mas para aquele que não concebe outra vida a dor da partida é muito grande e pode levar a pessoa à inconformação e ao desespero. Por isso, a mensagem espírita é a da fé raciocinada, compreendendo que não estamos no mundo pela primeira vez e nem tampouco pela última.



sexta-feira, 24 de junho de 2022

VISÃO AMPLIADA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Falecido aos 52 anos na cidade de São Paulo, Lorenço Prado de Almeida e Silva, foi autor de vários livros de conteúdo muito importante e apreciado pelos estudiosos do pensamento como agente de manifestação e comunicação entre os seres vivos, especialmente o humanos. Um de seus maiores sucessos literários intitula-se ALEGRIA E TRIUNFO (pensamento), no qual apresenta verdadeiras receitas contra angústia, medo, incerteza, insegurança entre outros embaraços que acabam resultando num atraso de vida. Na verdade, uma espécie de O SEGREDO, escrito na primeira metade do século 20. Já aos 17 anos, filiava-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, traduzindo - oculto pelo pseudônimo Rosabis Camaysar - a obra DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA do consagrado autor Eliphas Levi. Pouco mais de nove anos após sua morte, ao final da reunião da noite de 25 de novembro de 1954, o Espírito Lourenço Prado se fez presente através do médium Chico Xavier, expressando sua visão ampliada sobre a questão sobre a qual tão bem abordou em sua recente passagem por nossa Dimensão. Inicia sua mensagem dizendo que “depois da morte física, empolgante é o quadro de surpresas que se nos descortina à visão, contudo, para nós, cultores do Espiritualismo, uma das maiores dentre todas é a confirmação do poder mental como força criadora e renovadora, em todas as linhas do Universo”. Afirma que “o Céu como domicílio espacial da beleza, existe realmente, porque não podemos imaginar o Paraiso erguido sobre um pântano, todavia, acima de tudo, o Céu é a faixa de pensamentos glorificados a que nos ajustamos, com todas as criaturas de nosso degrau evolutivo”. Acrescenta que “o Inferno, como sítio de sofrimento expiatório, igualmente não pode ser contestado, porque não será justo idear a existência do charco num templo vivo, mas, acima de qualquer noção de lugar, o Inferno é a rede de pensamentos torturados, em que nos deixamos prender, com todos aqueles que nos comungam os problemas ou as aflições de baixo nível”. Considera que “é preciso acordar para as realidades do mentalismo, a fim de nos desembaraçarmos dos grilhões do pretérito, criando um amanhã que não seja reflexo condicionado do ontem”. Explica que “a Lei concede-nos, em nome de Deus, na atualidade, o patrimônio de revelações do moderno Espiritualismo para aprendermos a pensar, ajudando a mente do mundo nesse mesmo sentido. O pensamento reside na base de todas as nossas manifestações. Evoluímos no curso das correntes mentais, assim como os peixes se desenvolvem nas correntes marinhas. Refletimos, por isso, todas as inteligências que se afinam conosco no mesmo tom. Na alegria ou na dor, no equilíbrio ou no desequilíbrio, agimos com todos os Espíritos, encarnados ou desencarnados, que, em nossa vizinhança, se nos agregam ao modo de sentir e ser”. Destaca que “saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela. Obsessão é a ideia fixa em situações deprimentes, provocando, em nosso desfavor, os eflúvios enfermiços das almas que se fixaram nas mesmas situações. Tentação é a força viciada que exteriorizamos, atraindo a escura influência que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia com a ignorância, ou com a perversidade, começa invariavelmente da perversidade ou da ignorância que acalentamos conosco”. Pondera que “um prato de brilhantes não estimulará a fome natural de um cavalo, mas excitará a cobiça do homem, cujos pensamentos estejam desvairados até o crime. Lembremo-nos, assim, da necessidade de pensar irrepreensivelmente, educando-nos, de maneira a avançarmos para diante, errando menos. A matéria, que nos obedece ao impulso mental, é o conjunto das vidas inferiores que vibram e sentem, a serviço das vidas superiores que vibram, sentem e pensam. O pensamento raciocinado é a maior conquista que já alcançamos na Terra. Procuremos, desse modo, aperfeiçoar nossa mente e sublimá-la, através do estudo e do trabalho que nos enobreçam a vida. Felicidade, pois, é o pensamento correto. Infortúnio é o pensamento deformado. Um santuário terrestre é o fruto mental do arquiteto que o idealizou, com a cooperação dos servidores que lhe assinalaram as ideias”. Finaliza dizendo que “o Mundo Novo que estamos aguardando é construção divina, mentalizada por Cristo, na exaltação da Humanidade. Trabalhadores que somos, contratados por nosso Divino Mestre, saibamos pensar com ele para com ele vencermos”.




Observo que nas famílias há sempre uma pessoa que é amparo amigo para os demais, que tem sempre a palavra certa, um estímulo, principalmente nas horas difíceis, que está sempre por perto para ajudar. Essas pessoas caminharam mais rápido no progresso evolutivo? (Leninha)


Sem dúvida, Leninha. São Espíritos que, pelas suas experiências e amadurecimento, conquistados ao longo das encarnações, assumem compromissos com aqueles que necessitam de apoio e ajuda. Geralmente, em toda família – assim como existem os que criam problemas e precisam de apoio e orientação – existem outros que vieram para orientar e proteger os demais. Os nossos protetores nem sempre estão desencarnados; muitas vezes, eles se acham ao nosso lado, principalmente nas horas difíceis. É só prestar atenção para perceber.


Há Espíritos, que vêm com tarefas especiais dentro das famílias, principalmente se a família é problemática. Eles sabem se fazer respeitados pelo seu caráter, pelo seu brio, pela sua sabedoria. Conhecem bem a psicologia de cada um. São mais habilidosos e seguros, sabem dar conselhos, sabem como abordar assuntos difíceis sem causar temor. Por isso, eles se impõem moralmente, sendo procurados e acatados por todos. Graças a Deus que existem essas pessoas juntos de nós. São mensageiros de Deus, pois através delas Deus atendem às nossas preces nos momentos mais delicados.


Praticamente, em toda família há pelo menos um desses amigos, a quem devemos ser muito reconhecidos. São, na verdade, protetores familiares, que continuam nos protegendo, até mesmo, quando deixam esta vida.








 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

O ESPIRITISMO, O SOBRENATURAL E OS MILAGRES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A interpretação de muitas pessoas – inclusive religiões e seitas - sobre fatos inabituais na realidade em que vivemos ainda é que se trata de milagres, pertencentes ao campo do sobrenatural. Os fenômenos que deram origem ao Espiritismo não poderiam escapar a essa rotulagem. A Doutrina Espírita, contudo, veio para explicar e desmistificar essa classificação, fruto do desconhecimento ou mesmo da ausência de interesse em análises e investigações mais profundas. A propósito da questão, Allan Kardec emitiu sua opinião no número de janeiro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, analisando artigo incluído na edição anterior de sua publicação, assinada por um intelectual de nome Guizot. Entre outras ponderações, escreveu ele: -“ Sobre este, com sobre outros pontos de vista, importa nos entendamos quanto à palavras. Em sua acepção própria, sobrenatural significa o que está acima da natureza, fora das leis da natureza. O sobrenatural, propriamente dito, não estaria submetido a leis; é uma exceção, uma derrogação das leis que regem a Criação. Numa palavra, é sinônimo de milagre. No sentido próprio esses dois vocábulos passaram à linguagem figurada, servindo para designar tudo quanto seja extraordinário, surpreendente, insólito. De uma coisa que causa admiração diz-se que é miraculosa, como se diz que uma grande extensão é incomensurável, de um grande número que é incalculável ou de uma longa duração que é eterna, muito embora, a rigor, possam ser medidas, calculadas e previsto um termo à última. Pela mesma razão qualifica-se de sobrenatural aquilo que, à primeira vista, parece sair dos limites do possível. O vulgo é sempre levado a tomar o vocábulo ao pé da letra na quilo que não compreende. Se por tal se entende tudo quanto se afaste das causas conhecidas, está bem.; mas então o vocábulo não tem mais sentido preciso, porque aquilo que era sobrenatural ontem já não o é hoje. Quantas coisas, outrora como tal consideradas, não fez a ciência entrar no domínio das leis naturais! Apesar dos progressos que temos feito, podemos vangloriar-nos de conhecer todos os segredos de Deus? Já nos disse a natureza a última palavra sobre todas as coisas? Não temos desmentidos diários a essa pretensão? Se, pois, aquilo que ontem era sobrenatural hoje não o é, podemos inferir que o sobrenatural de hoje deixará de sê-lo amanhã. Para nós, tomamos o vocábulo sobrenatural no seu mais absoluto sentido próprio, isto é, para designar todo fenômeno contrário às leis da natureza. O caráter do fato natural ou miraculoso é de seu excepcional. Desde que se repete é porque está submetido a uma lei, conhecida ou não, e entra na ordem geral. Se restringirmos a natureza ao mundo material visível é evidente que as coisas do Mundo Invisível serão sobrenaturais. Mas estando, também, o Mundo Invisível submetido a leis, parece-nos mais lógico definir a natureza como “o conjunto das obras da Criação, regidas pelas leis imutáveis da Divindade”. Se, como o demonstra o Espiritismo, o Mundo Invisível é uma das forças, um dos poderes reagentes sobre a matéria, representa um papel importante na natureza. Por esta razão os fenômenos espíritas para nós nem são sobrenaturais, nem maravilhosos ou miraculosos. De onde se vê que, longe de ser ampliado o círculo do maravilhoso, o Espiritismo tende a restringi-lo e fazê-lo desaparecer(...). O Sr. Guizot parte do princípio de que todas as religiões se fundam no sobrenatural. Isto é certo se entendermos como tal aquilo que se não compreende. Se, porém, remontarmos ao estado dos conhecimentos humanos na época da fundação de cada religião conhecida, veremos quão limitado era o saber humano em astronomia, física, química, geologia, fisiologia, etc. Se, nos tempos modernos, um bom número de fenômenos já perfeitamente conhecidos e explicados passavam por maravilhosos, com mais forte razão assim deveria ser em tempos remotos. Acrescentemos que a linguagem figurada, simbólica e alegórica, em uso entre os povos do Oriente, naturalmente se prestava às ficções, cujo verdadeiro sentido a ignorância não era capaz de descobrir. Acrescentemos ainda, que os fundadores das religiões, homens superiores à craveira comum, conhecendo muito mais, tiveram que impressionar as massas, cercando-se de um prestigio sobre humano, enquanto certos ambiciosos puderam explorar a credulidade (...). Dirão que a religião se apoia sobre muitos outros fatos que nem são explicados, nem explicáveis. Inexplicados, sim, inexplicáveis, é outra questão. Sabemos que descobertas e que conhecimentos estão reservados ao futuro? (...). O ceticismo de muita gente não tem outra fonte senão a impossibilidade, para eles, de tais fatos excepcionais. Negando a base sobre que se apoiam, negam tudo o mais. Prove-se-lhes a possibilidade e a realidade de tais fatos, reproduzam-nos aos seus olhos – e serão forçados a acreditar”.



Por que temos de sofrer tanto? Na vida, tudo é sofrimento, desde que a gente nasce até quando a gente morre. Para cada problema que resolve, surgem três. E o pior sofrimento está na ingratidão dos filhos... (Benedita, Araceli)


De todos os sofrimentos, Benedita, o maior que podemos experimentar na vida é a inconformação e a revolta diante de nossos problemas . Nenhum problema é fácil de resolver; por isso é que o chamamos de “problema”. No entanto, ter de enfrentar um problema com revolta no coração só vai complicar mais ainda a situação e trazer mais sofrimento. Emmanuel, orientador espiritual de Chico Xavier, no livro “PENSAMENTO E VIDA”, afirma que não é o problema que nos faz sofrer, mas, sim, a nossa reação diante dele. Preste atenção nisso!


Nessa mesma linha de pensamento, alguns autores costumam dizer que, na vida, existem a dor e o sofrimento. A dor é inevitável, mas o sofrimento somos nós que o fazemos. É que o sofrimento é a projeção de nossas angústias, de nosso mundo interior. Por isso é que vemos pessoas, que não demonstram estar passando por uma dificuldade, embora estejam sofrendo. Mas é que essas pessoas sabem como encarar a situação e não se entregam ao desespero; confiam em Deus e em si mesmas.


Outras, porém, diante de um problema, que não achamos assim tão grave, parecem que vão morrer, desesperam-se, pois toda dificuldade lhe parece pesada demais para seus ombros. Cada um vê o mundo conforme o que traz no espírito: há os que dramatizam a dor de tal forma, que sua reação se transforma num problema mais complicado que o próprio problema. Precisamos confiar em Deus e, mais do que isso, compreender que cada um de nós tem um programa de vida adequado às nossas próprias necessidades evolutivas.


Assim, todos, invariavelmente, passamos por dificuldades. Quem não passa? Não há uma só pessoa no mundo que não esteja, neste preciso momento, passando por uma ou mais, pois a dinâmica da vida não nos dá trégua: temos de estar pensando e agindo sempre. É a lei da evolução. Quando procuramos entender como essa lei funciona e como Deus é bondoso conosco ao nos dar essa oportunidade de crescimento, sofremos menos, pois vamos aceitar os revezes com naturalidade, sabendo aproveitá-los como experiência de vida.


A Doutrina Espírita, Benedita, nos dá uma compreensão ampla desse processo evolutivo, ensinando que todos passamos por inúmeras existências justamente para irmos burilando o espírito. Desse modo, cada um de nós, Benedita, está no lugar que deveria estar, passando por situações que – ou decorrem de nossas necessidades evolutivas ou são conseqüências de erros que cometemos. A vida é sempre um desafio, que nos pede entendimento do que está se passando, para podermos viver melhor cada momento.


Quase sempre nos esquecemos de que Deus é a perfeição absoluta e de que nada acontece por acaso; tudo está interligado à lei do progresso. Nunca estamos sozinhos em nossa luta. E, como você sabe, não há progresso sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem sacrifício. Desse modo, muitas vezes não conseguimos evitar a dor, mas podemos evitar ou diminuir nosso sofrimento, se soubermos compreender o que está acontecendo conosco. Na literatura espírita, principalmente nos romances, você vai encontrar muitas histórias de dor e sofrimento, e vai verificar que vencem mais depressa aqueles que compreendem esse processo e que estão mais dispostos a dar mais de si mesmos.



quarta-feira, 22 de junho de 2022

SUTILEZAS DA OBSESSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Formado em Medicina em 1929, Inácio Ferreira poucos anos depois assumiu a Direção Clínica do recém-fundado Sanatório Espírita de Uberaba, na importante cidade do Triangulo Mineiro. Materialização de projeto elaborado no Plano Espiritual, a casa de saúde teve no idealismo Dona Maria Modesto Cravo uma das mais determinadas colaboradoras, que por sinal se constituiria em importante peça nas pesquisas em torno da obsessão desenvolvidas ao longo de anos, resultando em meados da década de 40 na publicação dos dois volumes do livro NOVOS RUMOS A MEDICINA (Feesp), que, ao lado de A LOUCURA SOB NOVO PRISMA (feb) do também médico Bezerra de Menezes, inspirariam o surgimento de inúmeros hospitais voltados para portadores de problemas psiquiátricos. A obra do Dr. Inácio, contudo encontrou forte resistência no próprio meio espírita, razão pela qual não apenas não foi reeditada até meados da década de 80, como não teve a programada continuação nos volumes 3 e 4. Dos curiosos casos reunidos na obra inicial, destacamos alguns para verificarmos as sutilezas dos processos obsessivos. Caso 1- EFEITO- Homem, 25 anos, profundo estado de fraqueza, não se alimentando por ausência de apetite, nem dormindo, noção completa de espaço, tempo e lugar, memória e raciocínio perfeitos; organismo desidratado; exames laboratoriais e chapas radiográficas negativadas. CAUSA - Processo obsessivo involuntariamente alimentado por entidade feminina desencarnada por tuberculose pulmonar resultante de suicídio praticado em encarnação passada por frustração amorosa ante a impossibilidade de se unir ao paciente avaliado hoje. Ele, por sua vez, recorreu ao mesmo expediente drástico para interromper a vida, abrindo o campo de sua ignorada mediunidade para a influenciação espiritual experimentada após terem se atraído e reencontrado num dos desdobramentos naturais do sono. A afinidade explicaria a intoxicação psíquica ou perispiritual absorvida pelo encarnado cujo inconsciente mantinha-se carregado pelos sentimentos de mágoa e desesperança. Caso 2- EFEITO- Mulher, 40 anos de casada; 9 filhos, 10 netos. Dominada por irracional sentimento de desconfiança e ciúme em relação ao marido, situação agravada dia após dia, transformando-se progressivamente num comportamento insano que por orientação médica resultou na internação em estabelecimento para tratamento psiquiátrico por vários meses ante a ideia de suicídio querendo atirar-se diante de veículos. CAUSA- Processo obsessivo mantido por entidade feminina ao ser desdenhada pelo amante - o marido, pai e avo de hoje - 43 anos antes, o que a levou ao suicídio por envenenamento. Desencarnada, em grande perturbação, ignorando que havia morrido, localizando-o decidiu vingar-se, se esforçando para influenciá-lo procurando fazer com que ele só tivesse preocupações e aborrecimentos. Caso 3- EFEITO Mulher, 38 anos, trabalhando como doméstica, casada aos 23, sem filhos, frequentadora de culto protestante do qual se afastou por meses exibindo certa desorientação na forma de ser, alegando que os religiosos iam persegui-la. Nesta fase, começou a sair de casa a noite, altas horas, mostrando-se desesperada, dizendo ouvir uma voz desconhecida clamando por socorro, demonstrando sofrer muito, agonizante. Outras vezes dizia que a pessoa já morrera, mas, continuava a clamar sua presença. CAUSA- Ações em vida passada em que discriminada pela sua condição de prostituta, valeu-se da paixão obsessiva revelada por jovem de família importante da cidade em que vivia, abandonou-o após leva-lo a atitudes extremas contra a própria família que se opunha à relação, impondo-lhe a morte em meio a cruéis sofrimentos após tentativa de suicídio. O pai do rapaz abalado com a morte do filho, acabou morrendo obcecado pela ideia de vingança e a ideia de reencontrar o filho. Ela, 60 anos após o termino da existência anterior renasceu novamente, passando a sofrer o assédio mental daqueles que a prejudicados na experiência resumida.


Eu gostaria de saber por que temos de sofrer? (Carol)


Há muitas interpretações para o sofrimento, Carol. E, dependendo da interpretação, as pessoas podem sofrer ainda mais. Neste caso, elas sofrem porque não se conformam com a explicação que lhes dão sobre o sofrimento. Por exemplo, há quem diga que “sofremos porque Deus quer”. Ora, essa afirmação causa mais sofrimento ainda em quem está sofrendo, pois contraria o principal atributo de Deus, que é a bondade. Neste caso, todo sofrimento seria um castigo – e não é verdade. Muitos sofrimentos nós criamos para nós mesmos.


Sabemos, por outro lado, que existem dois tipos de sofrimento: o físico e o moral. O sofrimento físico é a dor ou o desconforto que decorre de enfermidades do corpo,de traumas ou lesões que ele venha a sofrer, como uma dor de dente, um órgão doente ou um ferimento causado por corte ou pancada. Para conter esse tipo de sofrimento, a medicina hoje dispõe de muitos recursos, o que não acontecia no passado, quando não existiam anestésicos e as pessoas sofriam mais ainda. No entanto, pior é o sofrimento moral, aquele que emerge das profundezas da alma e que não têm propriamente uma causa física.


Ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, revolta - são dores da alma. Elas nos causam profundos e constantes sofrimentos, porque acarretam desconforto e mal-estar e que, por incrível que pareça, nós os escolhemos e nós os cultivamos no dia-a-dia, ainda que não tenhamos consciência disso. Ao contrário, Carol - o amor, a benevolência, a amizade, o espírito de solidariedade – todas as demonstrações de afeto e de carinho que partem do coração sincero – sempre nos fazem bem. Elas preenchem os vazios da nossa alma, nos proporcionam paz e alegria.


As dores físicas – a não ser quando a pessoa está acometida de uma enfermidade – não são constantes, mas as dores morais costumam estar presentes nas 24 horas do dia, mesmo quando estamos dormindo. Elas estão associadas a variadas espécies de sintomas psíquicos, como a insegurança, o medo, o sentimento de culpa, a ansiedade e a angústia. E, quando se intensificam, atingem o organismo, causando desarranjos no sistema nervoso central, principal comando do corpo. Hoje, a medicina psicossomática já é capaz de detectar inúmeras doenças de origem psíquica – não só os transtornos mentais, hoje muito comuns, como também males físicos, até mesmo as doenças infecciosas.


Sofremos, Carol, por várias razões – mesmo porque somos Espíritos em evolução, submetidos às mais diversas experiências. Mas sofremos, sobretudo, porque ainda não aprendemos a viver – mais do que isso, não aprendemos a conviver e não nos esforçamos para isso. Os conflitos de opinião, por outro lado, são naturais, porque somos individualidades, diferentes uns dos outros. Mas, quando esses conflitos adquirem a dimensão de guerra, quando se tornam brigas pessoais, em que um quer prejudicar o outro, acabando sendo a principal fonte da dor que carregamos no caminho da vida.


Se soubermos nos respeitar a nós mesmos, sem nos deixarmos envolver pelo egoísmo e pelo orgulho avassalador, não só aprenderemos a nos amar com mais profundidade, como aprenderíamos a respeitar e a amar aqueles que estão ao nosso lado, principalmente o próximo mais próximo. Jesus, vislumbrando essa meta, recomendou-nos o amor para com todos, da mesma forma que queremos que todos nos amem. Ele sabia que o amor, sem dúvida, é o estágio final da evolução, a meta suprema do bem que, quando alcançada, nos transporta para um mundo de paz, ou seja, para o que ele chamou de Reino de Deus.