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domingo, 5 de junho de 2022

KARDEC E OS CENTROS GRANDES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Indiscutivelmente, o Centro Espírita cumpre importante papel na divulgação do Espiritismo. Por ser ele uma proposta de interpretações livres, apesar da aparente institucionalização do movimento em torno das ideias em federações – ou similares - estaduais ou na nacional a que, hipoteticamente, as demais estariam subordinadas, essa dinâmica não funciona dessa forma. O impulso derivado das duas aparições de Chico Xavier em programas de televisão no ano de 1971, marcos na época das pesquisas de audiência, resultou no surgimento de inúmeros Centros Espíritas, em cidades e regiões em que as atividades práticas inspiradas na Doutrina Espírita, aconteciam em garagens ou salas de visita da residência de seguidores. Consequentemente, algumas dessas instituições foram ampliando atividades e absorvendo trabalhadores transformando as Casas em polos de assistência espiritual e material através de departamentos ou setores de assistência social. Grupos grandes, contudo, dão origem a outros problemas associados à imperfeições humanas como a vaidade, o egoísmo, observados nos “donos” de áreas onde se desdobram atividades importantes no atendimento das necessidades humanas. Deserções, intrigas, disputas internas, não são incomuns em situações como estas. Curiosamente na edição de outubro de 1861, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec registrou sua opinião sobre tal situação. Atendia a consulta de espíritas da cidade de Lyon, durante discurso em banquete organizado um ano antes, em 19 de setembro de 1860, para homenageá-lo. Esquivando-se dos elogios a ele dirigidos, creditando o valor que viam nele ao próprio Espiritismo, entre as considerações importantes emitidas, diz haver “três categorias de adeptos do movimento nascente: os que se limitam a acreditar na realidade das manifestações e que antes, de mais nada, buscam os fenômenos. Para estes o Espiritismo é simplesmente uma série de fatos mais ou menos importantes. Os segundo veem mais que os fatos. Compreendem seu alcance filosófico; admiram a moral dele decorrente, mas não a praticam. Para eles, a caridade cristã é uma bela máxima, eis tudo. Os terceiros, enfim, não se contentam em admirar a moral: praticam-na e aceitam todas as suas consequências. Bem convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, buscam tirar proveito desses curtos instantes para marchar na via do progresso que lhes traçam os Espíritos, esforçam-se por fazer o Bem e reprimir suas inclinações más. Suas relações são sempre seguras, porque suas convicções os afastam de todo pensamento do mal. Em tudo, a caridade lhe é regra de conduta. Estes são os verdadeiros Espíritas, ou melhor, os Espíritas cristãos”. Prevenindo que seu parecer não passava de opinião pessoal, passível da ponderação de cada um, a propósito da intenção dos anfitriões de formar uma grande sociedade, acrescentou: -“Sabe-se que as melhores comunicações são obtidas em reuniões pouco numerosas, nas quais reina a harmonia e uma comunhão de sentimentos. Ora, quanto maior for o número, tanto mais difícil será a obtenção dessa homogeneidade (...). Ao contrário, os pequenos grupos serão sempre mais homogêneos. Todos se conhecem melhor, estão mais em família, e podem ser melhor admitidos aqueles de desejamos. E como em definitivo, todos tendem para um mesmo fim, podem entender-se perfeitamente e entender-se-ão tanto melhor quanto não haja aquela discordância incessante, que é incompatível com o recolhimento e a concentração de espírito. Os maus Espíritos, que buscam incessantemente semear a discórdia, irritando suscetibilidades, terão sempre menos domínio num pequeno grupo do que num meio numeroso e heterogêneo. Numa palavra, a unidade de vistas e de sentimento será aí mais fácil de se estabelecer”. Pondera que “a multiplicidade de grupos tem outra vantagem: a de obter uma variedade muito maior de comunicações, pela diversidade de aptidões dos médiuns. Que essas reuniões parciais comuniquem reciprocamente o que elas obtem, cada uma por seu lado, e todas aproveitarão assim os seus mútuos trabalhos (...). Do ponto de vista da propaganda – é ainda um fato certo – não é nas grandes reuniões que os neófitos podem colher elementos de convicção, mas bem na intimidade. Há, pois, um duplo motivo para preferir os pequenos grupos, que se podem multiplicar ao infinito. Ora, vinte grupos de dez pessoas, por exemplo, inquestionavelmente obterão mais e farão mais prosélitos que uma reunião única de duzentas pessoas. Falei, a pouco, das divergências que podem surgir, e disse que estas não devem criar obstáculos ao perfeito entendimento entre os Centros. Com efeito, essas divergências só podem dar-se nos detalhes e não sobre o fundo. O objetivo é o mesmo: o melhoramento moral; o meio é o mesmo: o ensinamento dado pelos Espíritos”.




Antigamente o casamento tinha muito valor e , por isso, durava muito. Hoje, por qualquer coisa, o casal está separando. Os lares estão em crise e os filhos abandonados e mais desobedientes. Isso é progresso? Não era melhor antes, quando podíamos viver com mais tranqüilidade e não havia tantos problemas? (Comentário de um ouvinte)


Cara ouvinte, em qualquer época da história – e não só hoje - encontramos pessoas usando muito esta expressão: “antigamente era melhor”. Ao que tudo indica, nós temos muita dificuldade de lidar com as mudanças, embora a mudança não seja uma invenção humana, mas uma lei da natureza. Imagine você, se não houvesse mudança; se o homem da caverna ( nos tempos remotos da humanidade) tivesse se contentado com a vida que levava e nada tivesse inventado de novo. Com certeza, ainda estaríamos morando nas cavernas ou no topo das árvores. Contudo, como é difícil viver num mundo em mudança!...


No filme “Os Deuses Devem Estar Loucos”, uma comédia, uma tribo primitiva, os bosquímanos, vivia no Deserto de Kalahari, África do Sul. Nunca houvera conflito entre seus membros, que viviam da caça e das raízes das plantas, sem conhecerem outro mundo, senão aquele estreito pedaço de chão seco. Um dia, uma garrafa vazia de coca-cola foi inadvertidamente jogada de um avião, que passou voando por ali. Aquele povo simples julgou ser um presente dos deuses. De início, tiveram muito medo da garrafa, mas quando a pegaram e brincaram com ela, todos passaram a disputá-la, despertando, assim, o egoísmo e o sentimento de posse entre eles.


A evolução é assim. Aquele povo, o mais primitivo da Terra, poderia se livrar da garrafa, para evitar disputas e conflitos, mas esta seria uma escolha entre o progresso e a estagnação, entre o saber e a ignorância, entre a consciência e a inconsciência. As coisas novas costumam estimular em nós forças instintivas voltadas ao egoísmo, ao individualismo. Esse é o preço do progresso e do conforto que o homem veio alcançando através dos tempos. Ademais, a lei divina não nos permite permanecer sempre na ignorância, pois a verdadeira felicidade tem de ser consciente e responsável.


A chegada do divórcio é mais ou menos como a garrafa de coca-cola entre os bosquímanos. No início, todo mundo desconfiava dele. Depois, todo quer usá-lo. Felizmente ou infelizmente, o caminhar da humanidade é assim. Quando tomamos contato com o novo, queremos mudar tudo e vamos ao exagero, como acontece com as pessoas que assumem um casamento, já pensando no divórcio. Aquilo, que deveria ser apenas um remédio, transforma-se num alimento; o que deveria ser exceção transforma-se numa regra.


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