“O Espiritismo é o resultado do ensino dos Espíritos, de tal sorte que, sem as comunicações dos Espíritos, não haveria Espiritismo”, escreveu Allan Kardec na REVISTA ESPIRITA de abril de 1866. E, através das pesquisas do Codificador da proposta espírita, sabemos que além do que nossos sentidos permitem perceber, uma realidade até então ignorada coexiste conosco, influenciando, interferindo e causando mudanças cada vez mais aceleradas na realidade social em meio à qual nos movemos. Milhares de médiuns servem a milhares de Espíritos que alimentam não só nossas imperfeições e ilusões, como nos atraem para as mudanças capazes de nos conduzir à felicidade e a paz, conquistas sempre pessoais. Muitos diante dessas afirmações, perguntam se essa influência é tão presente, porque ante o aparente caos em que vivemos, eles não agem? A resposta nos será oferecida na sequência pelo Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier. No texto com que prefacia o primeiro dos livros de sua autoria publicado : EMMANUEL (feb, 1937) Vejamos o que nos diz: -“Os guias invisíveis do homem não poderão, de forma alguma, afastar as dificuldades materiais dos seus caminhos evolutivos sobre a face da Terra. O Espaço está cheio de incógnitas para todos os Espíritos. Se os encarnados sentem a existência de fluidos imponderáveis que ainda não podem compreender, os desencarnados estão marchando igualmente para a descoberta de outros segredos divinos que lhes preocupam a mente. Quando falamos, portanto, da influência do Evangelho nas grandes questões sociológicas da atualidade, apontamos às criaturas o corpo de leis, pelas quais devem nortear as suas vidas no planeta. O chefe de determinados serviços recebe regulamentos necessários dos seus superiores, que ele deverá pôr em prática na administração. Nossas atividades são de colaborar com os nossos irmãos no domínio do conhecimento desses códigos de justiça e de amor, a cuja base viverá a 16 legislação do futuro. Os Espíri tos não voltariam à Terra apenas para dizerem, aos seus companheiros, das beatitudes eternas nos planos divinos da imensidade. Todos os homens conhecem a fatalidade da morte e sabem que é inevitável a sua futura mudança para a vida espiritual. Todas as criaturas estão, assim, fadadas a conhecer aquilo que já conhecemos. Nossa palavra é para que a Terra vibre conosco nos ideais sublimes da fraternidade e da redenção espiritual. Se falamos dos mundos felizes, é para que o planeta terreno seja igualmente venturoso. Se dizemos do amor que enche a vida inteira da Criação infinita, é para que o homem aprenda também a amar a vida e os seus semelhantes. Se discorremos acerca das condições aperfeiçoadas da existência em planos redimidos do Universo, é para que a Terra ponha em prática essas mesmas condições. Os códigos aplicados, em outras esferas mais adiantadas, baseados na solidariedade universal, de verão, por sua vez, merecer aí a atenção e os estu dos precisos. O orbe terreno não está alheio ao concerto uni versal de todos os sóis e de todas as esferas que povoam o Ilimitado; parte integrante da infinita comunidade dos mundos, a Terra conhecerá as alegrias perfeitas da harmonia da vida. E a vida é sempre amor, luz, criação, movimento e poder. Os desvios e os excessos dos homens é que fizeram do vosso planeta a mansão triste das sombras e dos contrastes. Fluidos misteriosos ligam a Deus todas as belezas da sua Criação perfeita e inimitável. Os homens terão, portanto, o seu quinhão de felicidade imorredoura, quando estiverem integrados na harmonia com o seu Criador. Os sóis mais remotos e mais distantes se unem ao vosso orbe de sombras, através de fluidos poderosos e intangíveis. Há uma lei de amor que reúne todas as esferas, no seio do éter universal, como existe essa força ignorada, de ordem moral, mantendo a coesão dos membros sociais, nas coletividades humanas. A Terra é, pois, componente da sociedade dos mundos. Assim como Marte ou Saturno já atingiram um estado mais avançado em conhecimentos, melhorando as condições de suas coletividades, o vosso orbe tem, igualmente, o dever de melhorar-se, avançando, pelo aperfeiçoamento das suas leis, para um estágio superior no quadro universal. A tarefa dos guias espirituais 18 Os homens, portanto, não devem permanecer embevecidos diante das nossas descrições. O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fi m de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas do Infinito.
Eu acho que as muitas vidas, que um Espírito tem nas suas encarnações, são como as novelas que os atores atuam. Por exemplo, um ator vive muitos papéis diferentes em novelas diferentes, mas ele é sempre o mesmo ator. Será que posso fazer essa comparação? (Paulo Roberto)
Em certo aspecto, sim, pois, cada Espírito, através de diversas reencarnações, vive muitos papéis diferentes – e todos eles contribuem para sua evolução, assim como o desempenho do ator em diferentes novelas o ajudam a crescer artística e profissionalmente. Costumamos dizer, em Doutrina Espírita, que o Espírito, ao longo de sua jornada evolutiva, assume várias personalidades; em cada existência ele tem uma personalidade própria, mas sua individualidade é uma só. Logo, há uma só individualidade e muitas personalidades, ou seja, mudança de papéis. Personalidade é, portanto, a manifestação do Espírito em cada existência.
Todavia, há diferenças, Paulo. A principal diferença é que cada nova existência sempre está ligada às anteriores, por causa do caminho que o Espírito veio percorrendo e se aperfeiçoando. Desse modo as qualidades e os defeitos de uma vida sempre refletem na outra, o que não acontece com as novelas, pois o enredo de uma novela nada tem nada a ver com o de outra. Outra diferença é que um ator pode fazer o papel de bom caráter numa novela (demonstrando nobres qualidades morais) e de mau caráter na novela seguinte: isso significa que não há comunicação entre elas, pois um Espírito, na sua caminhada evolutiva, não pode decair moralmente, mas está sempre melhorando.
Mais uma diferença: o ator está sempre envelhecendo e, portanto, assumindo novos papeis que se coadunam com a sua idade, em cada novela. No passado, quando era jovem, fazia o papel de filho; hoje, ele é maduro, e faz o papel de pai; amanhã, de avô, naturalmente. Entretanto, o Espírito sempre volta a ser criança e passa novamente por toda experiência de crescimento e desenvolvimento físico, psíquico e social em cada nova existência. É que a reencarnação é sempre uma nova oportunidade de aprendizado e de crescimento. Como a infância é a melhor idade para aprender, é por ela que o Espírito sempre recomeça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário