“Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato? Os chocantes acontecimentos envolvendo uma jovem de 16 anos e trinta rapazes numa das comunidades pobres encravadas num dos bairros de importante cidade brasileira no mês de maio de 2016, sugerem-nos uma revisão e reflexão do contido no fundamental O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Na mesma nota da questão 685, Allan Kardec oferece a resposta: -“Há um elemento que não se ponderou bastante, e, sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar caracteres, aquela que cria hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos”. Não existem milagres, soluções imediatas, sendo meramente paliativo qualquer medida fora dessa medida. Politica que se assemelha a uma estrada que leve a lugar nenhum. E, embora não conhecido, considerado ou refletido, ao longo da mesma obra vamos encontrando outros argumentos dele ou daqueles que ajudaram a construir o alicerce do Espiritismo. Destacamos alguns para confirmar que qualquer mudança somente será possível a médio e longo prazo, pois se trata de construir uma nova sociedade através da formação de futuras gerações a partir da infância. Vejamos: 1- Quando essa arte (educação moral) for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisto está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. 2- “-Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de sua educação”. 3- “O Espírito dos pais, tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação: isto é para ele uma tarefa. Se nela falhar, será culpado”. 4-“Desde que o temperamento é um efeito, e não uma causa, os meios tentados para modificá-lo, podem ser paralisados pelas disposições morais do Espírito, que opõe uma resistência inconsciente e neutraliza qualquer ação. É, pois, sobre a causa primeira que se deve agir; se se consegue mudar as disposições morais do Espírito, o temperamento modificar-se-á por si mesmo, sob o império de uma vontade diferente”. 5-“Em certa idade é difícil uma transformação do caráter. É, pois, à educação, e sobretudo à primeira educação, que incumbe os cuidados dessa natureza. 6- “- Quando a educação, desde o berço, for dirigida nesse sentido; quando se aplicar em abafar, em seus germes, as imperfeições morais, como faz com as imperfeições físicas, , não mais se encontrará no temperamento um obstáculo, contra o qual a ciência muitas vezes é impotente”. 7- Desde que é reconhecido que o egoísmo e o orgulho, são a fonte da maioria das misérias humanas; que enquanto reinarem na Terra não se pode esperar nem a paz, nem a caridade, nem a fraternidade, então é preciso ataca-los no estado de embrião, sem esperar que fiquem vivazes. 8- É rebuscando a causa primeira dos instintos e das inclinações inatas que se descobrirão os meios mais eficazes de combater os maus e desenvolver os bons. 9- Não se pode negar a influência do meio e do exemplo sobre o desenvolvimento dos bons e dos maus instintos, porque o contágio moral é tão manifesto quanto o contato físico”.
É verdade que existem médiuns que curam? Se esses médiuns fazem isso em nome de médicos espirituais, não seria mais produtivo se o governo investisse nesses médiuns para garantir a saúde da população, ao invés de esperar que os médicos da Terra resolvam nossos problemas?
Sim, existem médiuns, embora raros, que servem de instrumentos a médicos desencarnados e que podem realizar curas. Contudo, essa prática, embora reconhecida pela Doutrina Espírita e aceita dentro do meio espírita, não deve constituir regra geral. Primeiro, porque a finalidade do Espiritismo é educativa – é a reforma moral do homem e não a solução fácil e mágica de problemas de saúde ou de qualquer outro tipo de problema material. Em segundo lugar, porque esse é um campo muito propício para o charlatanismo e a exploração da boa fé das pessoas.
Jesus também utilizou desse recurso para atrair a atenção sobre seus ensinamentos. Mas não fez da cura o principal objetivo de sua missão. Apenas quis mostrar que existe algo além desta vida, que precisamos considerar. Mas Jesus foi incisivo em seus ensinos, quando mostrou que as conquistas mais importantes da vida são aquelas que realizamos pelo nosso próprio esforço. “A cada um segundo as suas obras” – disse.
Todo mundo se encanta com os fatos mágicos e miraculosos, porque eles fascinam as pessoas, que gostariam que tudo fosse muito fácil e que as soluções de seus problemas caíssem milagrosamente do céu. Mas não é assim e precisamos ser cautelosos no sentido de abraçar o que é fácil, simplesmente porque é fácil. Alguns médicos desencarnados, por conta própria, muitas vezes decidem realizar um trabalho através de algum médium, como foi o caso do médium José Arigó, há muitos anos no Brasil.
Entretanto, esse trabalho tem uma finalidade específica, como elemento de convicção na vida espiritual, mas nem sempre é bem sucedido. É claro que não se trata de milagres, mas de tentativa de cura com outros recursos que não o da medicina convencional, mas que é também limitada. Logo, não é verdade que esses médiuns curam todos os enfermos ou curam qualquer doença. Do mesmo modo que a medicina, eles procuram encontrar a melhor solução para cada caso, o que nem sempre é viável, uma vez que as doenças fazem parte da experiência reencarnatória de cada um.
Do nosso ponto de vista, enquanto estamos encarnados, não queremos ter qualquer doença e achamos, até mesmo, que as doenças são fatores negativos, que não deveriam existir, pois elas atrapalham na busca de nossas metas. Todavia, as doenças, de um modo geral, servem de estimulo para cuidarmos melhor de nós mesmos, para sermos mais cautelosos e responsáveis, para buscarmos uma condição melhor de vida, para superarmos as nossas limitações e também para aprendermos a não cometer abusos. Alguns Espíritos, antes de reencarnar, pedem limitações para seu corpo físico, a fim de não reincidirem em graves erros do passado.
Desse modo, a doença ocupa um lugar importante em nossa vida. É claro que há doenças que poderiam ser evitadas, mas como ainda abusamos da saúde e não assumimos a responsabilidade perante o próprio corpo, acabamos sendo vítimas delas. Porém, vendo-a do ponto de vista espiritual, devemos reconhecer que ela sempre quer nos quer dizer alguma coisa ou, então, nos quer livrar de um mal maior. Assim, não é difícil entender que nem toda doença pode ter cura – ou, pelo menos, a cura que queremos – seja pela medicina humana ( que existe precisamente para isso), seja pela medicina mediúnica.
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