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quarta-feira, 27 de julho de 2022

PROFETIZARÃO E FARÃO PRODÍGIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Fechando a edição de julho de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta mensagem obtida em Grupo Espírita da cidade de Sétif, na Argélia, em que o Benfeitor Espiritual identificado como Santo Agostinho esclarece dúvida acalentada por muitos sobre porque mensagens de conteúdos elevados ou reveladores são recebidas por médiuns que pessoalmente não demonstram nem cultura, nem conhecimentos, nem conduta que os credencie a ser porta-vozes de Espíritos Superiores? O Espiritismo, por sinal, ao definir a mediunidade como meio inerente a qualquer criatura humana, revela-a tão neutra como a inteligência, como os olhos que podem contemplar o belo e o feio, o certo e o errado. O conceito de moral, como se sabe, é extremamente relativo. Afirma o Instrutor Espiritual:-“Muitas vezes vos admirais ao ver faculdades mediúnicas, físicas ou morais e que, em vossa opinião deveriam ser prova de mérito pessoal, em criaturas que, pelo caráter moral, estão colocadas abaixo de semelhante condição. Isso se deve à falsa ideia que fazeis das leis que regem tais coisas, e que quereis considerar como invariáveis. O que é invariável é o objetivo. Os meios variam ao infinito, para que seja respeitada a vossa liberdade. Este possui uma faculdade; aquele, outra; um é levado pelo orgulho, outro pela cupidez e um terceiro pela fraternidade. Deus emprega as faculdades e as paixões de cada um, e as utiliza em suas esferas respectivas; e do próprio mal sabe fazer sair o Bem. Os atos dos homens, que vos parecem tão importantes, para ele nada são; é a intenção que, aos seus olhos, faz o mérito ou demérito. Feliz, pois, aquele que é guiado pelo amor fraterno. A Providência não criou o mal: tudo foi feito em vista do Bem. O mal só existe pela ignorância do homem e pelo mau uso que faz das paixões, das tendências, dos instintos adquiridos em contato com a matéria. Grande Deus! Quando lhe tiverdes inspirado a sabedoria para ter em mãos a direção desse poderoso móvel – a paixão – quantos males desaparecerão!. Quanto Bem resultará dessa força, da qual hoje não conhece senão o lado mau, que é sua obra. Continuai ardentemente a vossa obra, meus amigos; que, enfim, a Humanidade entreveja a rota na qual deve por o pé, a fim de atingir a felicidade que lhe é dado adquirir nesta Terra! Não vos admireis se as comunicações que vos dão os Espíritos elevados, inteiramente apoiadas na moral do Salvador, vô-la confirmando e a desenvolvendo, vos oferecem tantos pontos de contato e de similitude com os mistérios dos Antigos. É que os Antigos tinham a intuição das coisas do Mundo Invisível e do que deveria acontecer e que diversos tinham por missão preparar os caminhos. Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebei; aceitai o que a razão não recusar; repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aqui a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, sem medo de as ver desnaturadas, as verdades que separáveis sem esforço de seu cortejo inevitável de erros. Trabalhai, tornai-vos úteis aos vossos irmãos e a vós próprios. Nem podeis prever a felicidade que o futuro vos reserva pela contemplação de vossa obra”. Em comentário posterior, Allan Kardec observa: -“Esta comunicação foi obtida por um jovem, médium sonâmbulo iletrado. Foi-nos enviada por membro da Sociedade Espírita de Paris, residente em Sétif, informando que o sensitivo ignora o sentido da maioria das palavras e relacionando o nome de dez pessoas notáveis, presentes à reunião. Os médiuns iletrados que recebem comunicações acima do seu alcance intelectual são muito numerosos. Mostraram-nos há pouco uma página verdadeiramente notável, recebida em Lyon, por uma senhora que não sabe ler nem escrever, não conhecendo uma palavra do que escreve; seu marido, que é quase como ela, o decifra por intuição, no correr da sessão, o que lhe é impossível no dia seguinte. Outras pessoas a leem sem muita dificuldade. Não está aí a aplicação das palavras do Cristo: -“Vossas mulheres e vossas filhas profetizarão e farão prodígios?”. Não é um prodígio escrever, pintar, desenhar, fazer música e poesia que não se o sabe? Pedis sinais materiais? Ei-los. Dirão os incrédulos que é efeito da imaginação? Se o fosse, haveria que convir que tais pessoas tem a imaginação na mão e não no cérebro. Ainda uma vez, uma teoria só é boa com a condição de explicar todos os fatos. Se um só a contradisser, é que é falsa ou incompleta”.



Pergunta da Iracema Santine de Souza: “Você disseram que pessoas que têm mau comportamento sofrem mais obsessão porque atraem obsessores. Mas isso é questionável, porque a gente não percebe que ladrões, assassinos e homens corruptos sejam tão obsidiados assim; Do contrário eles não conseguiriam causar tanto sofrimento e prejuízo ao povo. O mesmo não acontece para pessoas de caráter, bem intencionadas que, muitas vezes, são acometidas de uma obsessão.”

Seu questionamento é interessante, Iracema. Contudo, nem sempre o nosso julgamento sobre o acontece às pessoas estão baseados em uma compreensão correta da situação, como nestes casos que você bem coloca. Há pessoas de boa conduta, que podem ser assediadas por Espíritos perturbadores, enquanto muitos que se comprazem no mal parecem estar livres deles. Será que é isso mesmo que acontece? Siga o nosso raciocínio.

Partimos da premissa de que o bem atrai o bem e o mal atrai o mal. Falamos das pessoas que cultivam bons pensamentos e que, desse modo, atraem para junto de si Espíritos que comungam com as mesmas ideias; e também o contrário - as que más intencionadas, que exploram e roubam o próximo que, por isso mesmo, deveriam chamar para si Espírito da mesma categoria. Essa é a regra.

Contudo, devemos considerar que pessoas de boa conduta podem trazer dívidas morais do passado que, muitas vezes, as acompanham por meio de sentimentos de culpa que jazem em seu inconsciente. Ao cometerem pequenos deslizes ou em situações que podem estimular aqueles sentimentos, trazendo esses sentimentos à tona e sofrendo algum transtorno emocional, essas pessoas podem abrir brecha à ação de Espíritos adversários que estão em busca de vingança.

Num caso como esse, que não constitui regra, mas que existe na prática, é possível que uma pessoa de bem ainda esteja ligada a questões não resolvidas de seu passado reencarnatório. Tal condição para elas é um tormento, porque geralmente passam por alguns problemas de ordem emocional, muito antes de deixarem o adversário do passado tomar conta. Contudo esse desarranjo emocional pode ser a porta de contato entre a culpa do encarnado e a mágoa do desencarnado.

Quanto àqueles que poderíamos chamar de “maus” – ou seja, de pessoas que cultivam más intenções contra o próximo – podemos dizer que elas se encontram num outro estágio de desenvolvimento espiritual, vivem num mundo diferente dos primeiros, mundo em que também vivem os Espíritos malfeitores. Daí a facilidade do contato de encarnados e desencarnados que respiram as mesmas más intenções. Só que aqui a forma de agir do obsessor é diferente, porque ele age como parceiro do crime, não para dificultar, mas para a facilitar a perpetração do delito.

Desse modo, Iracema, a obsessão têm muitas faces. Ela pode ser uma ostensiva e desconfortável contra o encarnado ou pode ser uma ação de cooperação com seus maus propósitos, mas em qualquer dos casos ela será sempre prejudicial aos encarnados. O segundo tipo – é claro! - é pior que o primeiro. 



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