Enquanto desfrutou de uma razoável saúde, Chico Xavier atendia após as reuniões sexta-feira e sábado à noite, perto de 800 pessoas atraídas para o médium de Uberaba (MG), na esperança de ouvir ou obter alguma palavra de conforto e orientação para suas dores pessoas. Rejeição perda de entes queridos, inaceitação de si mesmo, inversões sexuais, separações conjugais, filhos excepcionais, depressão, estavam entre os principais motivos. Eram atendimentos rápidos, pois, a fila tinha de andar pela exiguidade de tempo. Alguns dos apontamentos, por vezes inesperados de Chico foram gravados ou anotados e preservados em livros para, quem sabe servirem a outros necessitados. Na sequência, destacamos alguns que merecem ser refletidos pelos interessados em espiritualizar-se. VIDA ALHEIA -“-Deveríamos nos abster de opinar sobre a vida alheia. Não sabemos o que nos espera no passo seguinte. Quase todas as pessoas que observei recriminando os outros caíram naquilo que criticavam – caíram eles mesmos ou caíram através daqueles a quem devotavam extremado amor”. FOME -“A fome no mundo é um convite, sim, à solidariedade, embora a maioria esteja numa prova voluntária. Algumas sementes num pedaço de chão fazem o milagre da multiplicação. Uma pequena hortaliça pode matar a fome de muita gente”. DELINQUENTES - “-Quase todos os delinquentes que conheci, e com os quais pude conversar, sofreram maus tratos na infância. Foram abandonados pelos pais e cresceram sem receber afeto de ninguém”. NECESSIDADES ARTIFICIAIS - “-O homem cria muitas necessidades artificiais e se torna prisioneiro delas. Hoje, o homem corre o dia inteiro atrás de dinheiro – dinheiro para sustentar uma vida repleta de ilusões! VIOLÊNCIA -“Permitimo-nos uma contra pergunta: não será a violência o resultado de nosso pretendido afastamento da fé-religiosa, segundo o materialismo da inteligência deteriorada, que tenta convencer-nos de que não passamos de animais sadios ou doentes da Civilização? Esperemos que o amor se propague no mundo com mais força que a violência e a violência desaparecerá, à maneira da treva quando a luz se sobrepõe(...). Na prática exige a cooperação de nós todos”. SEXO -“-O sexo, sem dúvida, está na base da maioria dos conflitos psicológicos das criaturas. Todos estão à procura de satisfação que, em essência se traduz pela realização de si mesmos. Agora, ninguém será feliz as custas da infelicidade alheia”. CULPA ALÉM DA VIDA - “-Dos Espíritos desencarnados com os quais tenho tido a oportunidade de conversar, nenhum está satisfeito com o que pôde fazer sobre a Terra; todos acreditam que deveriam ter feito mais”. PERDAS - “- Não existe sofrimento maior do que perder um filho. Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstâncias, rastrear o Espírito, mas na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro, são os próprios filhos desencarnados que atraem seus pais aos Centros Espíritas. Desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre. POLÍTICOS - “-Devemos orar pelos políticos, pelos administradores da vida pública. A tentação do poder é muito grande. Eu não gostaria de estar no lugar de nenhum deles. A omissão de quem pode e não auxilia o povo é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira. Tenho visto muitos Espíritos dos que foram homens públicos na Terra em lastimável situação na Vida Espiritual”. PACIÊNCIA - “-Precisamos estar preparados, compreendendo que a nossa dor não é maior do que a dos outros. Se não temos paciência com uma caneta quebrada, com o café, com o prato à mesa que não vem de acordo com a nossa predileção, como vamos ter paciência com as grandes coisas – se não temos com as pequeninas?”
A gente sempre ouve dizer que a mediunidade é provação e, por isso, os médiuns sofrem muito. Existem também aqueles médiuns que não levam a sério a sua missão e que acabam se envolvendo com maus espíritos e prejudicando os outros. Eu pergunto: que vantagem tem a mediunidade, se a pessoa corre tanto perigo assim? (T.N.C.)
Existe muita fantasia em torno da mediunidade. A maioria das pessoas não sabe nem mesmo o que é mediunidade. Elas acreditam nas histórias que ouviram dizer, mas, na verdade, nunca leram nenhum estudo, nenhuma obra séria a respeito. Na verdade, desde que o ser humano existe sobre a Terra, há milhões de anos, existe mediunidade e, portanto, existem manifestações psíquicas ou fenômenos mediúnicos. O Espiritismo, no entanto, é uma doutrina nova (que só tem 165 anos), e que veio estudar a mediunidade e apontar um caminho seguro de aplicá-la para o bem da humanidade.
Todas as faculdades humanas são importantes e devem ser utilizadas somente por uma boa causa. A mediunidade é uma faculdade preciosa que precisa ter um sentido moral elevado. Mas, nem todas as pessoas, que dispõe desse apreciável dom, sabem utilizá-lo de forma adequada, como Jesus ensinou quando esteve entre nós. Todos os fenômenos, que Jesus produziu, revelavam essa faculdade preciosa do espírito, que se manifesta através do corpo, mas deve ser inteiramente consagrada ao bem do próximo. Assim, quem tiver um dom dessa natureza ( seja qual for o tipo de mediunidade – intuição, vidência, premonição, psicografia, psicofonia, etc.) , com certeza, tem uma grande responsabilidade.
Mas, como a mediunidade é faculdade humana – assim como a inteligência, a criatividade e demais habilidades – seu uso depende do caráter da pessoa que a possui. Quando o médium tem uma boa formação moral, um bom caráter, sabe empregá-la para o bem; mas ele tem vícios de formação – como o egoísmo e o orgulho, usa-a apenas para o seu próprio interesse ( para obter vantagens financeiras ou para alimentar sua vaidade) ou até mesmo para causar mal ao próximo, o que é profundamente lamentável. Com isso, acaba criando problemas para si, que vão refletir no futuro. Uma mediunidade mal empregada gera, em cada consciência, uma zona de conflitos íntimos e um campo mental obsessivo, aberto a influências espirituais negativas.
O problema, portanto, não está em a pessoa ser ou não ser médium, mas na sua consciência moral, no uso que faz de sua faculdade. O médium não é um privilegiado diante dos homens; ele é uma pessoa como outra qualquer, com direitos e deveres iguais às outras. Sua faculdade não lhe confere poderes especiais sobre ninguém, pois, como médium, sendo um ser humano, ele está sujeito a cometer erros; a mediunidade apenas lhe dá uma chance de fazer um bem maior, como quem tem mais uma habilidade a mais. Se estiver preparado, vai colher enorme satisfação com o seu desempenho na vida, porque vai ajudar muito o próximo; caso contrário – se lhe faltar respeito humano, honestidade e amor – não poderá ser feliz e responderá pelo prejuízo que causar.
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