Somos o que pensamos. Nossas crenças refletem nosso estágio evolutivo, reformulando-se à medida que avançamos no caminho do progresso espiritual. A ideia sobre as Almas Gêmeas ou Metades Eternas vem dos tempos de Platão. Segundo a teoria, o Ser humano era uma forma inteira, completa, quando os deuses resolveram condená-lo o dividindo em dois e fazendo que passasse a vida procurando sua outra metade. Com o passar do tempo, o termo Alma Gêmea ou Metade Eterna passou a ser designado como o conceito de que em algum lugar há uma Alma Gêmea da nossa, destinada a permanecer a nosso lado. Tal visão ao longo do século 20 serviu de argumento para que muitas pessoas fugissem a compromissos materializados em nossa Dimensão, obedecendo a projetos e programas traçados antes de reencarnarem visando o resgate de compromissos remotamente assumidos, alegando o reencontro com sua “alma gêmea”, agravando os próprios débitos. Curioso é que o aparecimento da tal “alma gêmea” se dá sempre em momentos de crise de convivência, derivada da falta de amor pelo próximo personificado na condição de esposa(o) e filhos. A visão oferecida pelo Espiritismo, contudo, racionaliza o conceito. Explicando que o Espírito é a individualização do Princípio Inteligente do Universo que construiu um “banco de dados” impressionante chamado memória - também denominado inconsciente -, transitando da fase mineral para a vegetal, desta para a animalidade irracional, por fim, na condição do animal racional, a caminho da Espiritualização, demonstra que a Lei da Afinidade é que determinará a empatia e identificação de fluidos de simpatia no relacionamento entre os seres na fase humana. Até esse ponto, inúmeras experiências nos mecanismos da reencarnação serão necessárias para que, como disseram os Espíritos a Allan Kardec na questão 301 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, “o resultado da perfeita concordância de suas tendências, de seus instintos que chamamos simpatia os atraia uns aos outros”, sem que devam se completar, pois, nesse caso, “perderiam sua individualidade”. Esclarecem também que a afinidade necessária para a simpatia perfeita na semelhança dos pensamentos e sentimentos ou na uniformidade dos conhecimentos adquiridos está associada à “igualdade dos graus de elevação”. Acrescentam que “não existe união particular e fatal entre duas almas. A união existe entre os Espíritos, mas em graus diferentes, segundo a ordem que ocupam, a perfeição que adquirem: quanto mais perfeitos, mais unidos”. Dizem também que “todos os Espíritos que já atingiram a perfeição são unidos entre si”. O romantismo que empolga muitas criaturas humanas deriva provavelmente da formatação morfológica masculina e feminina tão dominante e valorizada nos agrupamentos sociais típicos do Planeta Terra, ainda na fase de Expiação e Provas. Nisso também a Doutrina Espírita é original, ao dizer que essa condição é invertida na longa caminhada evolutiva, a fim de que o Ser tenha vivências na condição oposta, apesar da repulsa de muitos a essa revelação. Ignoram que as funções sexuais, masculina e feminina, objetivam apenas a preservação da espécie, transformadas no fim do século 20 em poderoso instrumento do marketing adotado pela sociedade de consumo, ditando comportamentos, exaltando e estimulando a ânsia do prazer proporcionado pela pratica sexual. No século 20, através do médium Chico Xavier, o Espírito Emmanuel, se serviu nas questões 323 a 330 do livro O CONSOLADOR (1939,feb) da expressão Alma Gêmea, gerando interpretação aparentemente contraditória à exposta por Allan Kardec, no que foi questionado pelos editores, como preservado na nota complementar apresentada no final do livro. Esclarecendo sua posição, diz que prováveis confusões derivadas da leitura das suas respostas, seriam devidas a “perturbações do método de ‘filtragem mediúnica’, onde seu pensamento foi prejudicado”, solicitando, porém, fosse conservada no texto sua exposição à tese das almas gêmeas, por ser ela mais complexa do que parece ao primeiro exame, sugerindo mais vasta meditação às tendências do século 20, salientando que com a expressão ‘almas gêmeas’, não desejava dizer ‘metades eternas’.
É certo que algumas pessoas fazem: deixam o tratamento médico e procuram apenas a cura espiritual?
O bom senso diz que não. E o Espiritismo também. É claro que existe a alternativa da medicina espiritual, mas – que fique bem claro!... – como complemento e não como meio exclusivo de cura. Assim, face à enfermidade que nos atinge, podemos aliar o tratamento médico ao tratamento espiritual, sem desprezar nenhum deles. Mas jamais devemos dispensar os recursos da medicina humana, que são cada vez mais eficientes. Sobre isso o médium Chico Xavier, num de seus pronunciamentos, disse o seguinte:”Os espíritos acham que a medicina é uma ciência que nos foi concedida pela Providência Divina para que os males orgânicos sejam aliviados ou curados”.
E, mais adiante, adverte o Chico: “Diante da evolução de nossos tempos, não será justo de nossa parte esquecer a influência decisiva da medicina compreensiva e humanitária em nosso favor, não só porque o progresso do mundo justifica isto, mas também para coibir certos abusos que, em nome da oração, muitas vezes são perpetrados por pessoas menos responsáveis, quando se trata de saúde humana”. Chico explica que sempre teve problemas de saúde e que os Amigos Espirituais não deixaram de lhe dispensar muita atenção, mas recomendavam-lhe tratamento médico, o que ele nunca dispensou durante toda a sua vida de 92 anos.
Falando sobre essa recomendação dos Espíritos Amigos, ele mesmo disse: “ ... em todos os casos graves de doenças físicas pelos quais tenho passado, eles ( os Espíritos Benfeitores) me ensinaram a procurar o socorro e a cooperação de médicos competentes e amigos, naturalmente para que eu não me sinta uma pessoa pretensamente privilegiada pelo fato de ser médium espírita, o que considero muito natural, porque essa situação me faz reconhecer que eu sou uma pessoa humana e frágil, como tantas outras que necessitam do amparo da medicina para viver e sobreviver”.
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