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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

CRITERIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Porque os Espíritos dos grandes gênios, que brilharam na Terra, não produzem obras-primas por via mediúnica, como fizeram em vida, desde que sua inteligência nada perdeu?”. O questionamento foi apresentado na seção Perguntas e Problemas do número de fevereiro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA. A resposta incluiu ponderações de Allan Kardec, de dois Espíritos que se manifestaram em reuniões da Sociedade Espírita de Paris e um comentário adicional do próprio Editor. Argumenta ser difícil a real identidade dos Espíritos a não ser para os contemporâneos, cujo caráter e hábitos são conhecidos, não deixando quaisquer dúvidas sobre a autoria de seus escritos por uma porção de particularidades, nos fatos e na linguagem. Considera que “antes de tudo, há que ver a utilidade das coisas. Para que serviria isto. Dirão que para convencer os incrédulos. Mas que se os vê resistindo a mais palpável evidência, uma obra prima não lhes provaria melhor a existência dos Espíritos, porque a atribuiriam, como todas as produções mediúnicas à superexcitação cerebral”. Afirma que “um Espírito familiar, um pai, uma mãe, um filho, um amigo, que vem revelar circunstâncias desconhecidas do médium, dizer essas palavras que vão ao coração, prova muito mais que uma obra prima, que poderia sair do próprio cérebro. Um pai, cujo filho que chora, vem atestar sua presença e sua afeição, não fica mais convencido do que se Homero viesse fazer uma nova Ilíada, ou RACINE uma nova FREDA? Porque, então, lhes pedir prodígios de força, que espantariam mais do que convenceriam, quando eles se revelam por milhares de fatos íntimos ao alcance do todo? Os Espíritos buscam convencer as massas, e não este ou aquele indivíduo, porque a opinião das massas faz lei, enquanto que os indivíduos são unidades perdidas na multidão. Eis porque dão pouco valor aos obstinados que os querem levar à força. Sabem muito bem que mais cedo ou mais tarde terão de curvar-se ante a força da opinião. Os Espíritos não se submetem aos caprichos de ninguém; para convencer empregam os meios que querem, conforme os indivíduos e as circunstâncias. Tanto pior para os que não se contentam com isto; sua vez chegará”. Na primeira das mensagens mediúnicas citadas, o Espírito Erasto na reunião de 6 de janeiro de 1865, através do médium Sr D’Ambel, destaca haverem médiuns que, “por suas aquisições anteriores, na existência que hoje percorrem, tornaram-se aptos por sua capacidade intelectual a se tornar instrumentos para Espíritos mais desenvolvidos, o que nada tem a ver com a questão moral”. Revela existir “mais de uma obra-prima da literatura e das artes produto de uma mediunidade inconsciente”. Frisa, no entanto, que “na maior parte das circunstâncias, os Espíritos que se comunicam, os grandes Espíritos, bem entendido, estão longe de ter sob a mão os elementos suficientes para a emissão de seu pensamento na forma, com a fórmula que eles lhe teriam dado em vida”. Na outra comunicação recebida na reunião de 20 de janeiro, através da médium Srta M.C., assinada por um Espírito Protetor, ele destaca que “os Espíritos devem agir sobre os instrumentos que estejam ao nível de sua ressonância fluídica. Que pode um bom músico com um instrumento ruím? Nada. (...) Em é necessário similitude, nos fluidos espirituais, como nos fluidos materiais. (...). Não encomendais roupa ao chapeleiro, nem perucas a um alfaiate”. Alerta, entretanto, que “os Espíritos levianos são em grande número, e aproveitam as vossas faculdades com tanto mais facilidade quanto muitos, envaidecidos pelas assinaturas notáveis, pouco se importam em se informarem se sobre a fonte verdadeira, confrontando o que obtém com o que deveriam ter obtido”. Na observação com que complementa a matéria, Allan Kardec enfatiza que embora a segunda comunicação repouse num princípio verdadeiro que resolve perfeitamente “a questão, do ponto de vista científico, não poderia ser tomado num sentido muito absoluto. À primeira vista, o princípio parece contradizer os fatos tão numerosos de médiuns que tratam dos assuntos fora dos seus conhecimentos e pareceria implicar, para os Espíritos Superiores, a possibilidade de só se comunicarem com médiuns à sua altura. Ora, isto só se deve entender quando se trata de trabalhos especiais e de uma importância muito alta. Compreende-se que se Galileu quiser tratar de uma questão científica, se um grande poeta quiser ditar uma obra poética, tenham necessidade de um instrumento que responda ao seu pensamento, mas isto não quer dizer, para outras coisas, uma simples questão de moral, por exemplo, um bom conselho a dar, não poderá fazê-lo por um médium eu nem seja cientista, nem poeta. Quando um médium trata com facilidade e superioridade assuntos que “são estranhos, é um indício de que o seu Espirito possui um desenvolvimento inato e faculdades latentes, fora da educação que recebeu”.



Tatiane Duarte Vieira nos trouxe o seguinte questionamento: “Como se explica que crianças, nascidas em famílias estruturadas e com boas condições financeiras, percam-se no mundo das drogas e até na delinquência, enquanto outras, que vieram de um berço pobre e passaram necessidade, acabam se realizando como pessoas de bem?”

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas mostra que jovens da classe A são os maiores consumidores de drogas do país. A questão das drogas, portanto, merece um tratamento especial, quando se trata do comportamento dos jovens. Os que mais consumem drogas são os que vêm de família de maior poder aquisitivo, justamente porque droga custa dinheiro e os pobres sempre terão mais dificuldade em obtê-las.

Por outro lado, os mais pobres, embora se tornem dependentes, muitas vezes, quando não se envolvem em crimes de furto e de roubo, até mesmo dentro da própria família, para obter dinheiro, acabam sendo arrastados para a prática ilegal do tráfico, como forma de manter o seu vício, caindo invariavelmente no mundo da delinquência.

É claro que a participação da família é fundamental na educação das crianças e adolescentes. Mas a família está encontrando cada vez mais dificuldade em educar os filhos, devido às grandes mudanças por que vem passando a sociedade. Ela vem perdendo terreno para as influências perniciosas da sociedade consumista e materialista, que valoriza liberdade e o prazer fácil em prejuízo da responsabilidade e do cultivo de um ideal de vida.

Os problemas de delinquência advêm, primeiramente, das tendências do Espírito da criança e, em segundo lugar, da atuação da família e da sociedade. A principal missão dos pais é educar os filhos, direcionando suas tendências para que aprendem a cultivar bons valores morais e sejam pessoas responsáveis. Neste particular, o que mais interessa nos pais é ter um ideal de vida, que deve ficar muito claro no seu comportamento do dia a dia.

A família está se esquecendo de Deus. Neste particular, a religião deveria se preocupar mais com a conduta da família e menos com as práticas de adoração, incluindo Deus na vida diária. A única autoridade capaz de se impor de verdade é a autoridade moral, de modo que os pais devem se esforçar para ter o comportamento que eles querem dos filhos. Caso contrário, terão muita dificuldade de atingir seu intento. É claro que, entre os filhos, sempre há Espíritos mais adiantados, mas haverá também os que vieram para se corrigir, mediante a ação educativa do lar.

E esses Espíritos mais resistentes e mais rebeldes podem se encontrar tanto numa família pobre e sem recursos como numa família aparentemente bem estruturada de classe média ou alta. Em muitos casos, a carência de recursos, a pobreza e a miséria podem impulsionar o Espírito à delinquência e, em outros, o que pode estimulá-los a seguir o mau caminho é a vida fácil e farta, com excessos de proteção e falta de uma educação mais rígida. Isso depende de cada caso e de cada família.


















terça-feira, 30 de agosto de 2022

APRENDENDO COM UM MESTRE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A convivência com a dura realidade de milhares de pessoas enquanto lutava em meio à sua, Chico Xavier acabou tornando-se um sábio, seja pelo aprendizado da própria luta pessoal diante das dificuldades que a vida lhe impôs como homem e como médium. Como ele mesmo afirmou certa ocasião, “quem sabe pode muito, mas que ama pode mais”. Mantendo-se fiel à receita da “disciplina, disciplina, disciplina”, sugerida pelo Benfeitor Espiritual Emmanuel quando ouviu através dele sobre a tarefa a que estavam ligados por acertos havidos décadas antes no Mundo Espiritual, concluiu sua recente passagem por nossa Dimensão como uma referência na exemplificação da mensagem cristã, revivida pelo Espiritismo. Bem dentro do roteiro necessário para alcançar a espiritualidade em si mesmo, como preconizado por outro grande líder espiritual, o Dalai Lama que a define como “aquilo que produz no Ser humano uma mudança interior”. Percorrendo obras que preservam o pensamento iluminado de Chico, destacamos para nossas reflexões, algumas das suas orientações e opiniões a milhares de pessoas que atendeu por várias décadas, condicionando-as aos assuntos pelo qual procuraram ouvi-lo. No caso, temas relacionados à família. 1- LAR – “Sem a família organizada caminharíamos para a selva e isso não tem razão de ser. A família terá de fazer grandes aberturas, porque estamos aí com os anticoncepcionais, com os problemas psicológicos, com os conflitos da mente, com as exigências afetivas de várias nuances (...).2- CASAMENTO - “União de almas simpáticas é uma raridade sobre a Terra. Quase todos estamos vinculados aos nossos compromissos de existências anteriores. Com o passar do tempo, o casal que descobre entre si certas diferenças não deve se assustar; é natural que assim seja. Se não houver amor, que pelo menos haja respeito. Tenho visto muitos casamentos se desfazerem por causa do extremo egoísmo dos cônjuges, que não se dispõe a um mínimo de sacrifício e de renúncia. Ora, estamos ainda muito longe do amor com que devemos nos consagrar uns aos outros, mas nada nos impede de começar a exercitar a paciência, o perdão, o silêncio... Se um não revidasse quando fosse ofendido pelo outro, teríamos um número infinitamente menor de separações conjugais”. 3 - ESFRIAMENTO DO INTERESSE MÚTUO APÓS O NASCIMENTO DE FILHOS - “Grande número de enlaces na Terra obedece a determinações de resgates, escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico. E aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes, agindo no Além, transformam, ou melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento em perspectiva para que os cônjuges se aproximem afetuosamente um do outro, segundo os preceitos das Leis Divinas e formem o lar, desfazendo dentro dele determinadas dificuldades das existências anteriores em motivos de amor e compreensão maior.. O namoro e o noivado em muitas ocasiões estão presididos pelos Espíritos que serão filhos do casal”. 4 - PATERNIDADE/MATERNIDADE-“A paternidade é uma oportunidade evolutiva que a Graça Divina concede às criaturas. A maternidade é um segredo entre a mulher e Deus. A participação do homem é ínfima. Na maternidade, a participação da mulher é tocada de alegria e de dor, de tormento e de sofrimento, de prazer e de responsabilidade, desde que o filho nasce, até o último dia da mulher sobre a Terra. 5 - EDUCAÇÃO DOS FILHOS - “- Se não encontrarmos criaturas que nos concedam amor e segurança, paz e ordem, será muito difícil o proveito da nova reencarnação que estejamos encetando. A Educação não é um processo que possa ser levado a efeito quando a criatura já adquiriu hábitos. Aquilo que se precisa aprender começa aos 6 meses de idade. Toda criança deve ser educada no trabalho. Trabalhei desde pequeno e, não fosse por semelhante providência, com certeza eu teria me perdido.”. 6- VIOLÊNCIA NO LAR - “-Qualquer violência, em qualquer lugar e em qualquer tempo, é prejudicial ao autor e aos que lhe assistem a exteriorização, seja qual for a idade do espectador”.

Questão formulada pelo Marco Aurélio. “Acredito que as pessoas, de um modo geral, querem ser boas. Acho que ninguém quer ser mau, porque o mal não está em nós. Quando praticamos o mal, não nos sentimos bem. Mas, uma coisa é querer, a outra é poder. Por que será que temos tanta dificuldade em nos melhorar como pessoas humanas que somos? É por causa de nossa condição evolutiva, que não estamos conseguindo ir além disso?

Também é, Marco Aurélio, mas não é só por isso. O atleta, que vai para a olimpíada, não pode ficar pensando que atingiu o máximo que podia; ele precisa se superar, dar mais do que deu na última prova, mesmo que seja um milímetro a mais. Quando mais ele se conhecer, quanto mais souber de si mesmo, principalmente os erros e as dificuldades, mais condições terá para melhorar seu desempenho durante a prova.

No entanto, ele sempre vai ser capaz de obter um milímetro a mais, e isso já é superação. O que alimenta o espírito esportivo é o de sempre se superar. Esta necessidade é prioritária e urgente; ela é mais importante do que simplesmente querer superar os outros. O maior desafio é superar-se a si mesmo.

Se nos convencermos de que já demos o que tínhamos que dar, não vamos sair do lugar. E isso acontece, principalmente, em nossa vida moral, em nossa vida de relações. Jesus tentou estimular o homem nesse sentido para que ele sempre pudesse fazer algo de especial. “Se vós amais apenas os que vos amam, que fazeis nisso de especial? – disse o Mestre. Logo, a próxima meta é a mais importante e devemos olhar pra ela, não apenas com vontade de atingi-la, mas com espírito de luta.

É comum as pessoas se aproximarem do centro espírita, por exemplo, com certo entusiasmo, ao tomarem contato com os primeiros ensinamentos da doutrina. Inicialmente, ficam deslumbradas com as novas verdades que o Espiritismo lhes traz, e se dispõem a estudar mais, a aprender mais e a começar a pôr o prática o que vem aprendendo. Algumas traçam metas até muito arrojadas, dizendo que vão fazer isso ou aquilo, que querem participar desta ou daquela atividade social, etc.

No entanto, após esse arroubo inicial, elas acabam se acomodando de novo à situação anterior, e parece não estarem mais seguras daquilo que inicialmente diziam acreditar; não propriamente com a doutrina, mas inseguras consigo mesmas. As forças que, de repente, eclodiram de seu espírito, com uma vontade ardente de se libertar de suas mazelas, tendem a retornar à inércia inicial e elas acabam perdendo o entusiasmo e se rendendo à acomodação.

Evidentemente, a Doutrina Espírita, seguindo os passos de Jesus, afirma que a única maneira de aprendermos a ser bons é fazendo o bem. Por mais que saibamos das boas regras de conduta, por mais que admiremos a doutrina do amor ao próximo que Jesus ensinou, isso tudo perde o sabor, quando não estamos dispostos a dar um pouco mais de nós mesmos em matéria de esforço e até de sacrifício, se necessário. Nada de bom se consegue com sonhos ou com facilidades.

E isso acontece em todos os campos da atividade humana com relação ao comportamento das pessoas. A prática do bem é um exercício indispensável para nos mudar por dentro. Nós só aprendemos fraternidade, exercitando boas ações em relação ao próximo. Só aprendemos tolerância, nos esforçando para atuar as pessoas que nos irritam.

Só desenvolvemos paciência, acostumando a desenvolver em nós a capacidade de esperar. Só aprendemos indulgência, começando por apreciar as qualidades das pessoas; só desenvolvemos capacidade de trabalho, nos dedicando inicialmente aos pequenos serviços. E assim por diante. Desse modo, Marco Aurélio, a conquista de algo pressupõe sempre um pouco de esforço ou de sacrifício a mais.

A verdade é que somos Espíritos perfectíveis – ou seja, todos podemos nos aperfeiçoar sempre, num ou noutro sentido, porque existimos para isso. E foi por essa razão que Jesus, tão judiciosamente, afirmou: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito”.


segunda-feira, 29 de agosto de 2022

UM ATO DE REVOLTA; EM BUSCA DA VERDADE DO PROFESSOR

 A ideia dos anjos rebeldes, anjos decaídos, paraíso perdido, se acha em quase todas as religiões e na tradição de quase todos os povos. As gerações atuais tomam conhecimento da existência dessa tese através do cinema que em ficções produzidas nas últimas décadas a expõem fazendo supor algo atual ou apenas fantasia de escritores, produtores, diretores e roteiristas. O Espiritismo, através de Allan Kardec apresenta sua visão em ensaio incluído na edição de janeiro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA. Segundo o texto, pelo fato de ser considerado por tantas escolas filosófico-religiosas, “deve assentar-se numa verdade”. Acrescenta que “para compreender o verdadeiro sentido que deve ser ligado à qualificação de anjos rebeldes, não é necessário supor uma luta real entre Deus e os anjos ou Espíritos, de vez que o vocábulo anjo aqui é tomado numa acepção geral. Admitindo-se que os homens sejam Espíritos encarnados, que são os materialistas e os ateus senão anjos ou Espíritos em revolta contra a Divindade, pois que negam a sua existência e nem reconhecem seu poder nem suas leis? Não é por orgulho que pretendem que tudo aquilo de que são capazes vem deles próprios e não de Deus? Não são muito culpados os que se servem da inteligência, de que se vangloriam, para arrastar seus semelhantes para o precipício da incredulidade? Até certo ponto não praticam um ato de revolta aqueles que, sem negar a Divindade, desconhecem os verdadeiros atributos de sua essência? Os que se cobrem com a máscara da piedade para o cometimento de ações más? Aqueles cuja fé no futuro não os desliga dos bens deste mundo? Os que em nome de um Deus de paz violentam a primeira de suas leis: a lei da caridade? Os que semeiam a perturbação e o ódio pela calúnia e pela maledicência? Enfim aquele cuja vida voluntariamente inútil, se escoa na inatividade, sem proveito para si próprio nem para os seus semelhantes? A todos serão pedidas contas, não só do mal que tiverem feito, mas do Bem que tiverem deixado de fazer. Ora, todos esses Espíritos que empregaram tão mal suas encarnações, uma vez excluídos da Terra e enviados a mundos inferiores, entre populações ainda na infância da barbárie, que serão senão anjos decaídos, remetidos à expiação? Não será para eles a Terra que deixam um paraíso perdido, em comparação com o meio ingrato onde ficarão relegados durante milhares de séculos, até o dia em que tiverem merecido a libertação”?. Demonstrando a lógica de seu argumento, Allan Kardec escreve: -“Remontando à origem da raça atual na pessoa de Adão, encontraremos todos os caracteres de uma geração de Espíritos expulsos de outro mundo e exilados, por causas semelhantes na Terra já povoada, mas por homens primitivos, mergulhados na ignorância e na barbárie e que aqueles tinham por missão fazê-los progredir, trazendo para o seu meio as luzes de uma inteligência já desenvolvida. Não é, realmente, o papel até aqui representado pela raça adâmica? Relegando-a para esta Terra de trabalho e de sofrimento, não teria Deus razão para dizer: ‘tu comerás o teu pão do suor do teu rosto’? Se ela mereceu tal castigo por causas semelhantes às que vemos hoje, não será justo dizer que se perdeu pelo orgulho? Na sua mansuetude não lhe poderia iluminar o caminho a seguir para alcançar a felicidade dos eleitos? Este Salvador foi enviado na pessoa do Cristo, que ensinou a lei do amor e da caridade, como verdadeira âncora de salvação. Aqui se apresenta uma consideração importante. A missão do Cristo é facilmente compreendida admitindo-se que são os próprios Espíritos que viveram antes e depois de sua vinda, e que, assim, puderam aproveitar-se de seu ensino, ou do mérito de seu sacrifício; mas já é mais difícil de compreender, sem a reencarnação, a utilidade desse mesmo sacrifício para os Espíritos criados posteriormente à sua vinda e que, assim, Deus os teria criado manchados por faltas daqueles com os quais não tinham qualquer relação. Esta raça de Espíritos parece ter completado o seu tempo na Terra. De um modo geral, uns aproveitaram o tempo e progrediram, com o que mereceram recompensa; outros, por sua obstinação em fechar os olhos à luz, esgotaram a mansuetude do Criador mereceram castigo. Assim, será a palavra do Cristo: ‘Os bons ficarão à minha direita e os maus à minha esquerda. Kardec conjectura ainda: -“Os que escreveram a história da antropologia terrestre apegaram-se, sobretudo, aos caracteres físicos; o elemento espiritual foi quase sempre negligenciado e o é em regra pelos escritores que nada admitem fora da matéria. Quando este for levado em conta no estudo das ciências, lançará uma nova luz sobre uma porção de problemas ainda obscuros, porque o elemento espiritual é uma das forças vivas da natureza, que desempenha um papel preponderante nos fenômenos físicos, tanto quanto nos fenômenos morais”.



Fico pensando por que o criminoso, o assassino violento, tem direitos. Na verdade, ele não viu os direitos de suas vítimas quando agiram contra ela e, na minha opinião, ele deve perder os seus direitos. Mas a sociedade quer que ele seja tratado como as pessoas de bem, o que acho absurdo. Hoje as pessoas de bem estão menos protegidas do que o assassino na cadeia. Quero saber como isso é visto pelo Espiritismo que prega a lei de causa e efeito. Se todos devemos responder pelos erros que cometemos, por que a lei dos homens não aplica um castigo mais severo aos que praticam crimes

Foi Jesus quem disse que o Pai ama a todos os seus filhos, sem fazer distinção entre eles. Ele manda o Sol para o bom e para o mau, e a chuva para justos e injustos. Esta assertiva do Cristo serve de parâmetro para compreendermos que todos nós, por sermos filhos amados do Pai, temos o mesmo tratamento. Se o ser humano recebesse um “castigo” imediato de Deus, com certeza, uma grande parte morreria bem cedo ou sobreviveria sob as piores condições. Mas não é isso que acontece, pois em Deus temos o bem, a verdade e a justiça na sua mais alta expressão.

Jesus comparou Deus a um bom pai humano, que não despreza e nem renega nenhum de seus filhos, por pior que seja, apesar de cada um ter um tipo de procedimento e merecer um cuidado especial. Para os pais humanos, o fato de um filho cometer um crime, por exemplo, não o torna menos amado. Pelo contrário, aquele que errou, até pelo fato de não ter encontrado um bom caminho, é o que mais preocupa os pais e, portanto, é merecedor de mais atenção e mais cuidado que os outros que seguem o caminho do bem.

As leis humanas, através dos tempos, mas notadamente nos dois últimos séculos se aproximaram desse princípio ensinado por Jesus. Por isso se fala em direitos humanos, até porque, enquanto humano, toda pessoa deve ser respeitada em seus direitos, principalmente seus direitos básicos – como a vida, a saúde e a educação. Acontece que as consequências de nossos atos nem sempre acontecem numa mesma encarnação e, por isso mesmo, podem se estender à vida espiritual ou às encarnações seguinte.

Enquanto o criminoso contumaz agride e até mata as pessoas de bem, estas não fazem o mesmo, pois sempre agem dentro de elevados princípios de moral e respeito humano. Foi o que Jesus ensinou, quando disse “se alguém lhe bater numa face, oferece a outra”, ou seja, não responda as agressões com a mesma moeda do agressor. Você poderia dizer que esse princípio não funciona na prática, porque os maus não têm moral, nem respeitam princípios, e são capazes de sacrificar as pessoas que os respeitam e compreendem, e dominar os bons.

Contudo, do ponto de vista espiritual, o que vale mesmo é a lei de evolução, que faz com que, na sua longa trajetória, cada Espírito responda precisamente por tudo que fez e, por isso mesmo, todos se redimirão um dia perante a lei para alcançarem a sua perfeição relativa.

A lei maior, ou seja, a lei de Deus, não permite que ajamos com violência ante os violentos, como fez Jesus, mas nos diz que eles terão que responder pelos seus atos, agora ou depois, nesta ou noutra encarnação. Ademais, não sabemos se muitas de suas vítimas de hoje não cometeram atrocidadades semelhantes no passado.

domingo, 28 de agosto de 2022

ALLAN KARDEC E DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Publicada pela primeira vez no Brasil em fins da década de 60 do século Vinte, a coleção da REVISTA ESPÍRITA criada e publicada por Allan Kardec entre 1858 e 1869, se constitui num manancial de informações e desenvolvimentos que vão muito além do contido nas chamadas Obras Básicas. Um dos temas em que o Codificador da Doutrina Espírita oferece incríveis conteúdos é sobre o tema DEUS com que abre O LIVRO DOS ESPÍRITOS e no livro A GÊNESE. Da série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ, mais especificamente A CONCEPÇÃO DE DEUS, destacamos três delas para maiores reflexões: 1- Como surge na criatura humana a ideia de Deus? Seria algo gravado no inconsciente pelas escolas religiosas? O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade. (RE, 2/1864) O sentimento intuitivo que trazemos da existência de Deus é uma consequência do princípio de que não existe efeito sem causa não sendo efeito da educação e das ideias adquiridas. (LE, 5,6) Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme a ideia que elas dão de Deus. As religiões que fazem de Deus um ser vingativo e cruel julgam honrá-lo com atos de crueldade, com fogueiras e torturas; as que têm um Deus parcial e cioso são intolerantes e mais ou menos meticulosas na forma, por crerem-no mais ou menos contaminado das fraquezas e ninharias humanas. (RE; 9/1867) 2- Por que Deus não revelou desde o princípio toda a verdade? Pela mesma razão por que se não ensina à infância o que se ensina aos de idade madura. A revelação limitada foi suficiente a certo período da Humanidade, e Deus a proporciona gradativamente ao progresso e às forças do Espírito. Os que recebem hoje uma revelação mais completa são os mesmos Espíritos que tiveram dela uma partícula em outros tempos e que de então por diante se engrandeceram em inteligência. Antes da Ciência ter revelado aos homens as forças vivas da Natureza, a constituição dos astros, o verdadeiro papel da Terra e sua formação, poderiam eles compreender a imensidade do Espaço e a pluralidade dos mundos? Teriam podido identificar-se com a vida espiritual, conceber depois da morte uma vida feliz ou infeliz senão num lugar circunscrito e sob uma forma material? Não. Compreendendo mais pelos sentidos do que pelo raciocínio, o Universo era demasiado vasto para seu cérebro; era preciso reduzi-lo a menores proporções para acomodá-lo ao seu ponto de vista, correndo o risco de ampliá-lo mais tarde. Uma revelação parcial tinha sua utilidade; então era razoável, mas hoje insuficiente. O erro é daqueles que, não levando em conta o progresso das ideias, creem poder governar homens maduros quais se fossem crianças. (RE, 3/1865) 3- Como é que Deus, visto como tão grande, poderoso, superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar- se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus Infinito, porque eles próprios são finitos, limitados, razão por que o imaginam finito e limitado como eles mesmos; representando-o como um Ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua semelhança. Pintando-o com traços humanos, nossos quadros não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma que o pensamento. É para o maior número um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e percepções são restritas não compreendem que Deus possa ou haja por bem intervir diretamente nas menores coisas. Na incapacidade em que se acha o homem de compreender a essência mesma da Divindade, desta não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, ao menos, mostrar-lhe a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível. (RE)



Pergunta formulada pelo Cristiano, da cidade de Vera Cruz. No livro AÇÃO E REAÇÃO, pelo Espírito de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, capítulo 19, encontramos a seguinte frase: “A dor é o ingrediente mais importante na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor evolução, que atua de fora para dentro aprimorando o ser, sem o qual não existiria progresso”. Pergunto: a expressão dor evolução explicaria os ensinamentos de Jesus? Como entender, então, os sofrimentos de Jesus pela Lei de Ação e Reação? Jesus continua progredindo espiritualmente?

Ao falar do sofrimento decorrente da Lei de Ação e Reação, Cristiano, você certamente está se referindo à expiação. Ora, expiação é sofrimento que advém dos erros cometidos, principalmente no campo moral. Logo, não é possível que Jesus, sendo um Espírito Puro, esteja ainda dependendo da expiação para evoluir. Trata-se de um Espírito que há muito já ultrapassara essa etapa e, portanto, não estava mais sujeito a ela, quando reencarnou na Terra.

Expiação é para nós, Espíritos muito distantes da perfeição, que ainda não entenderam o porquê da Lei de Deus. É por isso que vivemos num mundo de provas e expiações, pois o mal e a ignorância espiritual aqui predominam, tanto em cada um de nós, como na coletividade. Jesus é de uma elevação tal que precisou fazer um grande esforço, um sacrifício mesmo para dar um impulso à evolução da humanidade. Diferentemente de nós, ele veio em missão.

Missão, aqui, no sentido de uma tarefa extraordinária. Jesus foi o maior missionário da humanidade, que veio ao mundo em missão de paz. Sua principal meta, o amor. O sofrimento dele não decorreu de expiação e nem de provas, pois, como dissemos, essas etapas já tinham sido ultrapassadas por ele. O missionário é o Espírito que voluntariamente vem a serviço do Bem, submetendo-se às maiores dificuldade e a toda sorte de sacrifício, pois toda missão é espinhosa e difícil. Logo, ele veio como um mestre. A expiação, contudo, é própria dos aprendizes.

Quando à chamada dor-evolução, de que fala André Luiz, trata-se dos sofrimentos que decorrem da transformação do Espírito. Evolução, na verdade, é aperfeiçoamento e para se afeiçoar são necessárias as mudanças, as transformações. É o que acontece com os Espíritos, que fazem parte desse processo de transformação. A dor evolução não é expiação, não é prova e tampouco missão. É a dor decorrente da necessidade de evoluir.

Veja o caso da criança, que após um ano de vida, está pronta para aprender a andar. Antes ela se arrastava, agora se põe de pé, depois já é capaz de dar os primeiros passos. Cada uma dessas fases é sofrida, porque ela está aprendendo. O auge desse sofrimento é quando começa a dar os primeiros passos – expectativa, insegurança e medo. Mas ela precisa se arriscar. Várias vezes perde o equilíbrio, de outras cai, chora, fica ansiosa, mas logo depois se levanta para tentar de novo... É um processo sofrido.

Mas isso é evolução. Tudo em nossa vida é assim. Cada etapa um desafio, cada desafio uma expectativa. Ora uma alegria, ora uma frustração. Mas tudo isso vai ser compensador: logo essa criança estará andando e, mais tarde, correndo. Veja, portanto, o que é a dor-evolução, é esse processo de experiências, tentativas, erros e acertos, pelo qual todos passamos ao longo das encarnações.

sábado, 27 de agosto de 2022

A FASCINANTE PERSONALIDADE HUMANA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Duas décadas antes de surgir a Psicologia Científica e quatro da Psicanálise, Allan Kardec iniciou a publicação da REVISTA ESPÍRITA, subintitulada JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS. Freud não tinha dois anos antes quando nasceu o Espiritismo. Palavra cujo significado é mascara, derivada do latim “personare” ou “persona”, personalidade é definida como o “conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém, sendo sua formação um processo gradual, complexo e único a cada indivíduo”. Admitindo-se a existência do Espírito, pré-existente e imortal, como fica essa definição? Essa e outras dúvidas tornam o tema ainda mais interessante, pois, o Espiritismo oferece importantes evidências para que as correntes da saúde mental revejam os próprios paradigmas, ampliando seus horizontes a partir do conhecimento que disponibiliza sobre a reencarnação e, naturalmente, do Mundo Espiritual. No denso conteúdo do trabalho PERSONALIDADE HUMANA – AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ, a ser disponibilizado em breve neste Blog, muito para refletir. Dele, uma pequena amostra: ESQUECIMENTO DO PASSADO – “O esquecimento se restringe à identidade, nacionalidade, naturalidade dados, enfim, que poderiam perturbá-lo ou entravá-lo. É, pois, um homem novo, por mais velho seja seu Espírito, se apoiando sobre novos hábitos, com a ajuda dos que adquiriu. Apesar desse esquecimento, o Espírito é sempre ele, antes, durante e depois da encarnação, que, por sua vez, não é senão uma fase especial de sua existência. (G;) As exceções daqueles que se recordam de vidas anteriores, sobretudo, na primeira infância tem relação com o intervalo curto entre reencarnações, lembranças muitas vezes favorecidas pela cultura dominante na região em que renascem, bem como, planos e programas traçados pelos que administram os processos evolutivos para que sirvam de sinalização para evidenciar a realidade da reencarnação, através da genialidade precoce. INSTINTO SEXUAL - O instinto sexual, então, a desvairar-se na poligamia, traça para si mesmo largo roteiro de aprendizagem a que não escapará pela matemática do destino que nós mesmos criamos. Até que o Espírito consiga purificar as próprias impressões, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se lhe debitam no livro da vida, porque não cogita exclusivamente do próprio prazer sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em tempo certo. Isso ocorre porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso. (EDM) FAMÍLIA E PERSONALIDADE CIRCUNSTANCIAL- Segundo o Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier, o “lar é o mais vigoroso centro de indução que conhecemos na Terra. À maneira de alguém que recebe esse ou aquele tipo de educação em estado de sonolência, o Espírito reencarnado, no período infantil, recolhe dos pais os mapas de inclinação e conduta que lhe nortearão a existência, em processo análogo ao da escola primária, pelo qual a criança é impelida a contemplar ou mentalizar certos quadros, para refleti-los no desenvolvimento natural da instrução. As almas valorosas, dotadas de mais alto padrão moral, segundo as aquisições já feitas em numerosas reencarnações de trabalho e sacrifício, constituem exceções no ambiente doméstico, por se sobreporem a ele, exteriorizando a vontade mais enérgica de que se fazem mensageiras”. (MM)


Dizem que quando uma pessoa na família é muito revoltada e difícil, causando problemas, é porque é um Espírito que não é da família e que nasceu ali para aprender. Pergunto: foi ele que escolheu onde deveria nascer ou esse nascimento foi imposto por Deus? Esta pergunta foi enviada pelo A.L.

Sim, se um entre vários filhos é revoltado, destacando-se entre os demais, é provável que se trate de um compromisso assumido pelos pais e, às vezes, pelos próprios irmãos, em relação a esse Espírito. É claro que cada caso tem suas próprias peculiaridades, mas em termos gerais se trata de uma probabilidade muito grande. Muitas vezes, entre os filhos há um que, diferente dos outros, acaba por concentrar toda a atenção da família, devido às suas reações de insatisfação, inconformação e revolta.

Quando nos deparamos com esse tipo de problema, ficamos inconformados e passamos a questionar como que Deus permite essa situação, ao considerar que os pais não mereceriam isso. Entretanto, do nosso ponto de vista, não percebemos o plano que está por traz, que foi feito no mundo espiritual e do qual, certamente, esses pais participaram. Logo, se olharmos só do ponto de vista terreno, ficaremos inconformados; mas se levarmos em conta as implicações espirituais dessa situação, compreenderemos que se trata, ao mesmo tempo, de uma ação educativa e de um desafio para os pais e irmãos.

Quanto a esse Espírito revoltado, é ainda possível que se trate de algum adversário do passado. Mesmo assim, a situação exige atuação dos pais, se não para recuperá-lo de vez, pelo menos para encaminhá-lo nos primeiros passos da regeneração. A reeducação de um Espírito é sempre difícil e pode exigir várias encarnações. Desse modo, é fácil perceber que o Espírito em questão, pela condição em que se encontra, nem sempre pode escolher onde quer reencarnar.

Uma das saídas para o problema seria o esclarecimento espírita, pois o Espiritismo tem condições de oferecer meios para que orientar e fortalecer espiritualmente a família na busca da melhor solução.


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

TEMA POLÊMICO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A consulta foi objeto de matéria na REVISTA ESPÍRITA, edição de maio de 1858. Um assinante da mesma expôs duvida originada na comunicação espiritual do Espírito de sua esposa com que manteve harmônico relacionamento ao longo de vários anos, com o qual tivera seis filhos. Aproximando-se de grupo praticante das comunicações interdimensionais, descobrira que sua querida esposa encontrava-se feliz no Plano Espiritual, trabalhando pela felicidade dos que deixara em nossa Dimensão. Ocorre que num dos contatos estabelecidos, ouvira da esposa que a bondade e a honestidade que os caracterizava tinha sido a responsável pela convivência equilibrada, visto nem sempre terem o mesmo ponto de vista nas diversas circunstâncias da vida em comum, não sendo, todavia, metades eternas, união rara na Terra, embora pudessem ser encontradas. Indagada sobre se via sua metade eterna, respondeu que sim, estando encarnado como um pobre diabo na Ásia, devendo se reunir novamente na Terra mesmo, só daí a 175 anos, segundo o calendário terreno. Sugeriu então ouvisse duas entidades de nome Abelardo e Heloísa sobre a questão que afirmaram estar ligados desde Eras remotas, amando-se profundamente, embora conservando sua individualidade, unindo-se pela Lei da Afinidade, sem conotações sexuais, visto que na essência essa característica não existe. Em seus esclarecimentos informaram ainda que não existem almas criadas duplas; ser impossível duas almas reunir-se na Eternidade formando um todo; que ambos desde sua origem eram duas almas perfeitamente distintas, embora sempre unidas; que as criaturas humanas acham-se nas mesmas condições conforme sejam mais ou menos perfeitos; sobre as almas serem destinadas a um dia se unirem a uma outra, que cada Espírito tem a tendência para procurar um outro Espírito que lhe seja semelhante, fenômeno denominado simpatia. O desejo do missivista por maiores esclarecimentos sobre a Teoria das Metades Eternas foi submetido por Allan Kardec ao dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, através de sete perguntas, respondidas da seguinte forma: 1- Inexiste a figura da metade predestinada desde sua origem a se unir fatalmente. Não existe uma união particular, mas em graus diferentes, segundo a posição que ocupam, isto é, segundo a perfeição adquirida: quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia brotam todos os males humanos; da concórdia, a felicidade completa. 2- A expressão metade é inexata. Se um Espírito fosse metade de outro e dele separado, seria incompleto. 3- Todos os Espíritos que chegaram à perfeição, estão unidos entre si. Nas Esferas Inferiores, quando um Espírito se eleva não é mais simpático àqueles que deixou. 4- A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de suas inclinações e de seus instintos. Se um devesse completar o outro, perderia sua individualidade. 5- A identidade necessária à simpatia perfeita não consiste na similitude de pensamentos e de sentimentos nem na uniformidade de conhecimentos adquiridos, mas na igualdade do grau de elevação. 6- Os Espíritos que hoje não são simpáticos poderão sê-lo mais tarde. Todos, o serão. Assim, o Espírito que hoje se acha em tal Esfera inferior alcançará, pelo aperfeiçoamento, a Esfera onde reside o outro. Seu encontro dar-se-á mais prontamente se o Espírito mais elevado, suportando mal as provas a que se submeteu, demorou-se no mesmo estado. 7- Dois Espíritos simpáticos poderão deixar de o ser, se um deles for preguiçoso. Comentando o apurado, Allan Kardec acrescenta: -“A Teoria das Metades Eternas é uma figura referente à união de dois Espíritos simpáticos; é uma expressão usada mesmo na linguagem comum, tratando-se dos esposos, e que não se deve tomar ao pé da letra. Os Espíritos que dela se serviram certamente não pertencem a mais alta ordem: a Esfera de seus conhecimentos é necessariamente limitada e eles exprimiram o pensamento em termos de que teriam se servido na vida corpórea. É, pois, necessário rejeitar esta ideia de que dois Espíritos, criados um para o outro, um dia deverão unir-se na Eternidade, depois de terem estado separados durante um lapso de tempo mais ou menos longo”. O resultado obtido com a consulta, está incluído da edição definitiva d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, das questões 291 a 303a, publicado em 1860. Como se vê, a tese das chamadas “almas gêmeas”, encontra objeção não só nos argumentos apresentados pelos Espíritos Abelardo e Heloísa, como nos de São Luiz, sensata e sobriamente comentados por Allan Kardec. A sustentação de tal teoria naturalmente resulta da falta de um estudo mais aprofundado e meditado do conteúdo do Espiritismo sobre a questão evolutiva do Ser.



Um ouvinte, que não quis identificar-se, trouxe-nos por telefone duas questões, que vamos passamos a responder. A primeira delas: “Espiritismo é religião?”

Muitas pessoas têm esta mesma dúvida: querem saber se Espiritismo é religião. Aliás, é uma boa pergunta. Para responde-la precisamos, antes de tudo, definir o que é religião. E se tomarmos esta palavra (religião) no seu sentido mais amplo, vamos perceber que religião é a crença em Deus e nas relações do homem com a divindade. A palavra religião vem do latim, “religare”, ou seja, ligar novamente o homem a Deus.

Neste sentido bem amplo, qualquer doutrina que parta da concepção de Deus é religião. Logo podemos dizer que o Espiritismo, neste sentido, é religião, porque parte do conceito amplo de Deus e o espírita, acima de tudo, tem consciência de que todos os seres humanos de qualquer religião são filhos de Deus, dele se originaram e para Ele todos têm que voltar.

Aliás, qualquer pessoa, ainda que não se reconheça adepta de uma determinada religião, desde que creia em Deus como Ente Supremo, é religiosa. Há pessoas que não pertencem a nenhum grupo religioso específico, que não frequentam nenhuma igreja, mas que têm convicção em Deus como Pai Supremo, que acreditam no Bem, no Amor e na Verdade. Essas pessoas não têm propriamente uma religião, mas elas têm religiosidade.

Por outro lado, convém lembrar que o Espiritismo é muito diferente das religiões formais, as quais pregam uma fé passiva na divindade es não admitem nenhum questionamento a respeito de seus dogmas. Elas diferem, portanto, do Espiritismo. O Espiritismo não têm templos e nem lugares sagrados para adoração, não tem altares, não tem sacerdotes, não adota rituais, em qualquer liturgia. Para a Doutrina Espírita, a ligação entre o homem e Deus é através das ações, muito mais do que por meio de atos de adoração.

Nem por isso o Espiritismo condena a ritualística comum das religiões, mas prefere encaminhar seus adeptos para uma compreensão mais racional de Deus e de suas leis. Desse modo, caro ouvinte, se existe algo no Espiritismo que parece religião é a prece, que faz parte do cotidiano espírita e a prática do bem, denominada de “amor ao próximo” por Jesus. Aliás, a finalidade do Espiritismo é contribuir para a transformação moral do homem, alimentando sua fé com o conhecimento das leis que regem a vida.

Poderíamos afirmar que de religião o Espiritismo só tem o aspecto moral, que são os princípios ensinados por Jesus, mas o Espiritismo ainda tem dois outros aspectos - a ciência e a filosofia, que servem de base para se entender o porquê da moral. Aliás, o Espiritismo começou estudando os fenômenos mediúnicos, dele tirou conclusões filosóficas sobre a vida e sobre Deus e, por último, chegou aos conceitos de moralidade ensinados por Jesus.


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

VAMPIRISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Você come exageradamente, tem um rápido cochilo despertando com a sensação de esgotamento e fome. Vai dormir ao final de um dia normal, atravessa uma noite aparentemente sem sonhos e, ao acordar, inicia o novo dia sentindo-se como se estivesse de ressaca. Adentra recintos repletos de pessoas e, afastando-se, sente-se exaurido, sem forças. O cinema partindo de literatura comercialmente consagrada, faturou muito nos últimos anos com uma fórmula bem sucedida: juventude, romance e vampirismo. O assunto acompanhando a evolução da invenção dos irmãos Lumière, transpôs em várias versões o celebre sucesso literário DRACULA, do autor irlandes Bram Stoker. O assunto, contudo, vem de muito mais longe, pois, o filosofo e teólogo católico Aurélius Agostinho, conhecido hoje como Santo Agostinho, já emitira seu parecer a respeito das entidades capazes de nos “sugar” energias através de entidades chamadas por ele Íncubus(masculinas) e Súcubus (femininas), associadas à sexualidade reprimida. Abrindo caminho para o conhecimento da realidade da continuidade da vida além da morte do corpo físico, o Espiritismo revela as interações entre os habitantes dos dois Mundos ou das duas Dimensões. Provando através de inúmeros depoimentos reproduzidos nos números da REVISTA ESPÍRITA durante o período em que a dirigiu, Allan Kardec ateve-se às influências mentais, individuais e coletivas, sustentadas por Espíritos desencarnados, através dos curiosos mecanismos da mediunidade, ignorada pela cultura prevalente do Plano em que vivemos esse curto período conhecido como existência física. O século 20, ampliou muito nosso raio de visão sobre a realidade em meio à qual nos movemos e existimos. Das fontes reconhecidamente confiáveis, o material produzido pelo médico desencarnado oculto no pseudônimo André Luiz, servindo-se do médium Chico Xavier, através do qual transmitiu a série de obras conhecida como NOSSO LAR (feb), perfazendo treze livros, nos quais descreve suas surpresas ante a realidade ignorada pela maioria das criaturas humanas. Reconhece em interessante diálogo com o Instrutor Alexandre em MISSIONÁRIOS DA LUZ(feb), que “a ideia de que muita gente na Terra vive à mercê de vampiros invisíveis é francamente desagradável e inquietante”, indagando sobre a proteção das Esferas mais altas e ouvindo que “por não podermos “atirar a primeira pedra” em relação aos que nos são inferiores e que competiria proteger, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?”. Aprende ainda que na dinâmica do processo de “roubo” de nossa energia vital, “bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância, ainda encarnados, qual erva daninha aos galhos das árvores, e sugar-lhes a substância vital”; que “vampiro - espiritual – é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens”. Em outro momento de sua narrativa, descobre que os que desencarnaram “em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, nele encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantem ligados à casa, às situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico”. Observa, espantado, “a satisfação das entidades congregadas ali, absorvendo gostosamente as emanações dos pratos fumegantes numa residência visitada à hora das refeições, colhendo a informação do Benfeitor que acompanhava que os que desencarnam viciados nas sensações fisiológicas, encontram nos elementos desintegrados – pelo cozimento -, o mesmo sabor que experimentavam quando em uso do envoltório carnal” (fenômenos típicos de vampirização já foram tratados na postagens DEPENDÊNCIAS QUIMICAS ALÉM DA VIDA (álcool,fumo e tóxicos), SEXO ALÉM DA VIDA e SONHOS:UMA VISÃO ORIGINAL). Numa operação socorrista em favor de um recém-desencarnado, acompanha uma equipe a um abatedouro bovino, percebendo um quadro estarrecedor: “grande número de desencarnados, atirando-se aos borbotões de sangue vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora (...), sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais”. Tentando entender o por que do Espírito buscado estar naquele ambiente, aprende que os infelizes que ali o retinham incluíam-se entre os que “abusam de recém-desencarnados sem qualquer defesa(...), nos primeiros dias que se sucedem à morte física, subtraindo-lhes as forças vitais, depois de lhes explorarem o corpo grosseiro”. N’ OBREIROS DA VIDA ETERNA (feb), André acompanha equipe que assiste o desencarne de doente terminal acomodado em ala hospitalar, impressionando-se com o que vê: “-A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis. Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os”. Consultando o líder do grupo de trabalho, ouve “ser inútil qualquer esforço extraordinário, pois os próprios enfermos, em face da ausência de educação mental, se incumbiriam de chamar novamente os verdugos, atraindo-os para as suas mazelas orgânicas, só competindo irradiar boa-vontade e praticar o Bem, tanto quanto possível, sem, contudo, violar as posições de cada um”. Inúmeras outras situações sobre o processo de dependência energética dos desencarnados em relação aos encarnados são alinhadas por André Luiz no conjunto de obras que materializou em nosso Plano. Numa delas, porém, analisa de forma minuciosa o problema do vampirismo espiritual. É no EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), onde fala sobre a ação deliberada dos que se separaram do corpo pelo fenômeno da morte, comparando-os no fenômeno aqui tratado, com os parasitas que agem sobre os hospedeiros(encarnados). Alguns, “à semelhança dos mosquitos e ácaros, absorvem as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam”. Outros, “vivem no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas”. Há como se pode ver, muito material para estudo. A terapêutica, avalia André, “não se resume à palavra que ajude e a oração que ilumina. O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na existência carnal, pode avaliar da qualidade e extensão das próprias dívidas, precisará do próprio exemplo, no serviço do amor puro aos semelhantes, com educação e sublimação de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente forte para renovar e ajustar”.




Esta pergunta nos foi entregue pela Cristina Lima. Ela acha que a dúvida não é só dela, mas de muita gente, e diz o seguinte: “ Se qualquer pessoa tiver que escolher como quer passar o resto da vida, ninguém vai escolher problemas e sofrimento, mas só tranquilidade e alegria. Então, pergunto: como é possível a um Espírito escolher uma prova difícil de dores e decepções, para sofrer nesta vida, como diz o Espiritismo?”

Sua pergunta tem lógica, Cristina, mas é preciso levar em conta as circunstâncias em que se dão as escolhas. Por exemplo: se numa situação normal, me perguntarem o que desejo comer no almoço, com certeza vou pedir o meu prato preferido, aquele que me dá o maior prazer. Mas, se estiver perdido num deserto e com muita fome, precisando apenas de comida, não terei escolha; vou me alimentar do que me for possível encontrar.

No entanto, se nessa mesma situação, me derem outra alternativa de encontrar mais adiante o melhor alimento e que, para isso, deverei enfrentar mais obstáculos e esperar mais tempo, é possível que eu prefira me sacrificar agora para ser beneficiado depois. Dependendo da meta que pretendo alcançar o sacrifício vale a pena, Muitas vezes, mesmo nesta vida, nos submetemos a situações difíceis, pensando em vencê-las, porque uma recompensa maior nos espera lá na frente. Isso acontece também com o Espírito que aspira a uma condição melhor. Ele pode escolher uma vida difícil, pensando em vencer certamente.

No mundo espiritual, a nossa visão de vida é bem mais ampla do que quando estamos encarnados na Terra, razão pela qual uma determinada escolha, que nos pareça absurda, do ponto de vista do Espírito é a melhor.

Além do mais, as leis da vida muitas vezes parecem contraditórias, quando elas acenam com recompensa, mas isso só depois de grandes sacrifícios. Todavia, são as dificuldades (e não as facilidades) que nos fortalecem, que tornam o espírito mais maleável e capaz. Assim, pode parecer absurdo entrar pela porta estreita ao invés de escolher a porta larga, usando a linguagem de Jesus. A porta larga nos leva a uma experiência imediata agradável e muitas vezes muito prazerosa, mas que envolvem futuros sofrimentos, enquanto que a porta estreita, difícil de ser adentrada, nos dá a recompensa ou a libertação definitiva.

Se, agora, enquanto encarnados, podemos ter essa compreensão, imagina quando estivermos no plano espiritual. Fora do corpo, liberto do fios que o prendem à matéria, dos interesses materiais imediatos o Espírito é mais livre para sentir e pensar. Ele consegue perceber com mais nitidez as recompensas espirituais que o esperam no futuro. Ele pode divisar muitas outras muitas razões do lado de lá, e saberá que o sacrifício na vida humana, que é passageira, é bem pouco comparado aos benefícios que pode conquistar ao longo de sua jornada evolutiva.

Por isso, Cristina, o Espírito mais consciente de suas necessidades evolutivas – por que sabe que só o seu crescimento espiritual é que lhe vai proporcionar felicidade – pode escolher uma prova difícil sim, e até muito espinhosa. Ele sabe que, enfrentando as agruras da vida, estará se fortalecendo no caminho do bem e se realizando como Espírito imortal. Por isso se submete, muitas vezes, a uma vida difícil, sentindo que dela poderá sair vitorioso e feliz. É quase certo esse Espírito, seja quem for ele, já fez péssimas escolhas no passado, já falhou em muitas ocasiões, mas toda essa experiência de altos e baixo vão ajuda-lo a pensar melhor e tomar uma decisão mais consciente