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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

CRITERIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Porque os Espíritos dos grandes gênios, que brilharam na Terra, não produzem obras-primas por via mediúnica, como fizeram em vida, desde que sua inteligência nada perdeu?”. O questionamento foi apresentado na seção Perguntas e Problemas do número de fevereiro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA. A resposta incluiu ponderações de Allan Kardec, de dois Espíritos que se manifestaram em reuniões da Sociedade Espírita de Paris e um comentário adicional do próprio Editor. Argumenta ser difícil a real identidade dos Espíritos a não ser para os contemporâneos, cujo caráter e hábitos são conhecidos, não deixando quaisquer dúvidas sobre a autoria de seus escritos por uma porção de particularidades, nos fatos e na linguagem. Considera que “antes de tudo, há que ver a utilidade das coisas. Para que serviria isto. Dirão que para convencer os incrédulos. Mas que se os vê resistindo a mais palpável evidência, uma obra prima não lhes provaria melhor a existência dos Espíritos, porque a atribuiriam, como todas as produções mediúnicas à superexcitação cerebral”. Afirma que “um Espírito familiar, um pai, uma mãe, um filho, um amigo, que vem revelar circunstâncias desconhecidas do médium, dizer essas palavras que vão ao coração, prova muito mais que uma obra prima, que poderia sair do próprio cérebro. Um pai, cujo filho que chora, vem atestar sua presença e sua afeição, não fica mais convencido do que se Homero viesse fazer uma nova Ilíada, ou RACINE uma nova FREDA? Porque, então, lhes pedir prodígios de força, que espantariam mais do que convenceriam, quando eles se revelam por milhares de fatos íntimos ao alcance do todo? Os Espíritos buscam convencer as massas, e não este ou aquele indivíduo, porque a opinião das massas faz lei, enquanto que os indivíduos são unidades perdidas na multidão. Eis porque dão pouco valor aos obstinados que os querem levar à força. Sabem muito bem que mais cedo ou mais tarde terão de curvar-se ante a força da opinião. Os Espíritos não se submetem aos caprichos de ninguém; para convencer empregam os meios que querem, conforme os indivíduos e as circunstâncias. Tanto pior para os que não se contentam com isto; sua vez chegará”. Na primeira das mensagens mediúnicas citadas, o Espírito Erasto na reunião de 6 de janeiro de 1865, através do médium Sr D’Ambel, destaca haverem médiuns que, “por suas aquisições anteriores, na existência que hoje percorrem, tornaram-se aptos por sua capacidade intelectual a se tornar instrumentos para Espíritos mais desenvolvidos, o que nada tem a ver com a questão moral”. Revela existir “mais de uma obra-prima da literatura e das artes produto de uma mediunidade inconsciente”. Frisa, no entanto, que “na maior parte das circunstâncias, os Espíritos que se comunicam, os grandes Espíritos, bem entendido, estão longe de ter sob a mão os elementos suficientes para a emissão de seu pensamento na forma, com a fórmula que eles lhe teriam dado em vida”. Na outra comunicação recebida na reunião de 20 de janeiro, através da médium Srta M.C., assinada por um Espírito Protetor, ele destaca que “os Espíritos devem agir sobre os instrumentos que estejam ao nível de sua ressonância fluídica. Que pode um bom músico com um instrumento ruím? Nada. (...) Em é necessário similitude, nos fluidos espirituais, como nos fluidos materiais. (...). Não encomendais roupa ao chapeleiro, nem perucas a um alfaiate”. Alerta, entretanto, que “os Espíritos levianos são em grande número, e aproveitam as vossas faculdades com tanto mais facilidade quanto muitos, envaidecidos pelas assinaturas notáveis, pouco se importam em se informarem se sobre a fonte verdadeira, confrontando o que obtém com o que deveriam ter obtido”. Na observação com que complementa a matéria, Allan Kardec enfatiza que embora a segunda comunicação repouse num princípio verdadeiro que resolve perfeitamente “a questão, do ponto de vista científico, não poderia ser tomado num sentido muito absoluto. À primeira vista, o princípio parece contradizer os fatos tão numerosos de médiuns que tratam dos assuntos fora dos seus conhecimentos e pareceria implicar, para os Espíritos Superiores, a possibilidade de só se comunicarem com médiuns à sua altura. Ora, isto só se deve entender quando se trata de trabalhos especiais e de uma importância muito alta. Compreende-se que se Galileu quiser tratar de uma questão científica, se um grande poeta quiser ditar uma obra poética, tenham necessidade de um instrumento que responda ao seu pensamento, mas isto não quer dizer, para outras coisas, uma simples questão de moral, por exemplo, um bom conselho a dar, não poderá fazê-lo por um médium eu nem seja cientista, nem poeta. Quando um médium trata com facilidade e superioridade assuntos que “são estranhos, é um indício de que o seu Espirito possui um desenvolvimento inato e faculdades latentes, fora da educação que recebeu”.



Tatiane Duarte Vieira nos trouxe o seguinte questionamento: “Como se explica que crianças, nascidas em famílias estruturadas e com boas condições financeiras, percam-se no mundo das drogas e até na delinquência, enquanto outras, que vieram de um berço pobre e passaram necessidade, acabam se realizando como pessoas de bem?”

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas mostra que jovens da classe A são os maiores consumidores de drogas do país. A questão das drogas, portanto, merece um tratamento especial, quando se trata do comportamento dos jovens. Os que mais consumem drogas são os que vêm de família de maior poder aquisitivo, justamente porque droga custa dinheiro e os pobres sempre terão mais dificuldade em obtê-las.

Por outro lado, os mais pobres, embora se tornem dependentes, muitas vezes, quando não se envolvem em crimes de furto e de roubo, até mesmo dentro da própria família, para obter dinheiro, acabam sendo arrastados para a prática ilegal do tráfico, como forma de manter o seu vício, caindo invariavelmente no mundo da delinquência.

É claro que a participação da família é fundamental na educação das crianças e adolescentes. Mas a família está encontrando cada vez mais dificuldade em educar os filhos, devido às grandes mudanças por que vem passando a sociedade. Ela vem perdendo terreno para as influências perniciosas da sociedade consumista e materialista, que valoriza liberdade e o prazer fácil em prejuízo da responsabilidade e do cultivo de um ideal de vida.

Os problemas de delinquência advêm, primeiramente, das tendências do Espírito da criança e, em segundo lugar, da atuação da família e da sociedade. A principal missão dos pais é educar os filhos, direcionando suas tendências para que aprendem a cultivar bons valores morais e sejam pessoas responsáveis. Neste particular, o que mais interessa nos pais é ter um ideal de vida, que deve ficar muito claro no seu comportamento do dia a dia.

A família está se esquecendo de Deus. Neste particular, a religião deveria se preocupar mais com a conduta da família e menos com as práticas de adoração, incluindo Deus na vida diária. A única autoridade capaz de se impor de verdade é a autoridade moral, de modo que os pais devem se esforçar para ter o comportamento que eles querem dos filhos. Caso contrário, terão muita dificuldade de atingir seu intento. É claro que, entre os filhos, sempre há Espíritos mais adiantados, mas haverá também os que vieram para se corrigir, mediante a ação educativa do lar.

E esses Espíritos mais resistentes e mais rebeldes podem se encontrar tanto numa família pobre e sem recursos como numa família aparentemente bem estruturada de classe média ou alta. Em muitos casos, a carência de recursos, a pobreza e a miséria podem impulsionar o Espírito à delinquência e, em outros, o que pode estimulá-los a seguir o mau caminho é a vida fácil e farta, com excessos de proteção e falta de uma educação mais rígida. Isso depende de cada caso e de cada família.


















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