faça sua pesquisa

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

É POSSÍVEL PREVER O FUTURO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A resposta Allan Kardec apresentou em curioso artigo na edição de maio de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Escreveu ele: -“Diz-se que as coisas futuras não existem; que ainda estão no nada. Então como saber se acontecerão? Contudo são muito numerosos os exemplos de predições realizadas, de onde concluir-se que aí se passa um fenômeno cuja chave não se tem, pois não há efeito sem causa. Essa causa, que tentaremos achar, ainda é o Espiritismo, também chave de tantos mistérios, que nô-la fornecerá e, além disso, mostrar-nos-á que o próprio fato das predições não sai das Leis Naturais. Como comparação, tomemos um exemplo nas coisas usuais e que auxiliará a compreender o princípio que temos de desenvolver. Suponhamos um homem colocado no alto de uma montanha, considerando a vasta extensão da planície. Nessa situação pouco será o espaço de um quilometro, e facilmente poderá ele abarcar de um golpe de vista todos os acidentes do terreno, do começo ao fim da estrada. O viajante que, pela primeira vez, percorre essa estrada, sabe que marchando chegará ao fim. Isso é simples previsão da consequência de sua marcha. Mas os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os riachos a transpor, as matas a atravessar, os precipícios onde pode cair, os ladrões postados para o assalto, as hospedarias onde poderá descansar, tudo isto independe de sua pessoa: é para ele desconhecido o futuro, porque sua vista não vai além do pequeno círculo que o envolve. Quanto a duração, mede-a pelo tempo consumido em percorrer o caminho. Tirai-lhes os pontos de referência e apaga-se a duração. Para o homem que está na montanha e que acompanha o viajante com o olhar, tudo isto é presente. Suponhamos esse homem descendo e que diga ao viajante: -“Em tal momento encontrareis essa coisa; sereis atacado e socorrido”. Ele predirá o futuro. O futuro é para o viajante; para o homem da montanha é o presente. Agora se sairmos do circulo das cosas puramente materiais e, por pensamento, entrarmos no domicílio da Vida Espiritual, veremos esse fenômeno reproduzir-se em escala muito maior. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; para ele apagam-se espaço e tempo. Mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais à sua depuração e à sua elevação na hierarquia espiritual; em relação aos Espíritos inferiores, são como o homem armado de poderoso telescópio, ao lado do que tem os olhos nus. Nestes últimos a vista é circunscrita, não só porque dificilmente podem afastar-se do Globo a que estão ligados, mas porque a grossura de seu períspirito vela as coisas afastadas, como a garoa para os olhos do corpo. Compreende-se, pois, que, conforme o grau de perfeição, um Espírito possa abarcar um período de alguns anos, alguns séculos e, até, de milhares de anos, porque o que é um século ante a Eternidade? Ante ele os acontecimentos não se desenrolam sucessivamente, como os incidentes da estrada do viajante; vê simultaneamente o começo e o fim do período; todos os acontecimentos que, nesse período são o futuro para o homem da Terra, para ele são presente. Poderia ele, pois, vir dizer-nos com certeza: Tal coisa acontecerá em tal momento, porque vê essa coisa como o homem da montanha vê o que espera o viajor na estrada. Se não o diz, é porque o conhecimento do futuro seria nocivo ao homem; entravaria o seu livre arbítrio; paralisá-lo-ia no trabalho que deve realizar para o seu progresso. Sendo-lhe desconhecidos o Bem e o mal que o esperam, o são para a sua provação. Se uma faculdade, mesmo restrita, pode estar nos atributos da criatura, a que grau de poder deve ela elevar-se no Criador, que abarca o Infinito? Para ele o tempo não existe; o começo e o fim do mundo são o presente. Nesse imenso panorama, que é a duração da vida de um homem, de uma geração, de um povo? Contudo, como deve o homem concorrer para o progresso geral, e certos acontecimentos devem resultar de sua cooperação, em certos casos pode ser útil que pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o caminho e estar pronto a agir quando chegar o momento. Eis porque, às vezes, Deus permite seja levantada a ponta do véu; mas é sempre com um fim útil e jamais para satisfazer uma vã curiosidade. Assim, essa missão pode ser dada, não a todos os Espíritos, pois alguns não conhecem o futuro melhor que os homens, mas a alguns Espíritos suficientemente adiantados para isto. Ora, é de notar que essas espécies de revelações sempre são feitas espontaneamente e jamais ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta”.


Gostaria de entender a fala de Jesus ao homem rico que o procurou, quando disse: “Vende tudo o que tem, dê aos pobres e siga-me.” Acho que foi essa frase que leva muita gente a se isolar do mundo, como os eremitas que foram morar no deserto, porque é impossível viver neste mundo sem nada e, além disso, aqueles que têm pouco ou nada, pouco ou nada podem dar a quem precisa.

Primeiramente, precisamos entender que a fala usada por Jesus é cheia de figuras de linguagem ou comparações. Muito comum nas suas afirmações as metáforas e alegorias, como, por exemplo, quando ele diz: “eu sou a luz do mundo” (referindo aos seus ensinamentos) ou, então, “este é o meu corpo” (mostrando o pão), “este é o meu sangue” (mostrando vinho). Esta forma de ensinar era comum na época, pois tornava seu ensino mais concreto e facilitava a memorização dos ouvintes.

Um outro aspecto que ressalta na sua forma de falar é o uso de figuras fortes, figuras de impacto, chegando ao exagero, e que servem para chamar a atenção dos ouvintes e provocar questionamentos, admiração e até contestações: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? Minha mãe e meus irmãos são todos os que fazem a vontade de meu Pai.” Pai, aqui, é Deus – também uma figura de linguagem, para que seus ouvintes aprendessem por comparação entre Pai celestial e pai humano.

Na passagem do homem rico, a quem Jesus recomendou vendesse o que tinha e desse aos pobres, também precisamos buscar o sentido mais profundo dos seus ensinos. Ao que tudo indica, ele estava testando o homem quando à sua capacidade de se desapegar dos bens terrenos, pois, sendo rico, com certeza, sempre colocava o interesse econômico acima de tudo. Neste caso, Jesus quis mostrar que, acima dos bens materiais, estão os bens espirituais.

Hoje em dia, nenhum de nós faria o que Jesus propôs. Primeiro porque não estamos vivendo no seu tempo e tampouco numa missão de tamanha envergadura espiritual como a dele e seus apóstolos. Em segundo lugar, conforme sustenta Kardec, a vida era extremamente simples e, portanto, era possível a pessoa viver com tão pouco ou quase nada, principalmente quando se entregava a uma missão espiritual. Por último, porque já é possível agir com caridade (com benevolência, indulgência e perdão), sem abrir mão do mínimo necessário.

A grande lição que Jesus quis transmitir naquela ocasião foi, portanto, a do desapego aos bens materiais, e isso é perfeitamente válido – seja naquela época, seja hoje em dia. Embora a sociedade nos empurre, cada vez mais, para um regime consumista ( onde ter é mais importante que ser, onde as pessoas mais consideradas são as que têm mais posses), para vivenciar o espírito da caridade temos que colocar o interesse espiritual acima do interesse material, as pessoas acima das coisas, o interesse social acima do interesse pessoal.

O capitalismo que hoje vivemos não impede que o poder econômico se coloque a serviço do bem social – ou seja, aquele que mais tem, que sabe administrar seus bens com responsabilidade, além de contribuir para o progresso da sociedade, pode muito bem atuar em regime de cooperação com as classes menos favorecidas, impedindo a pobreza e a miséria. O problema da ambição desenfreada e da ganância está no homem, que precisa descobrir a felicidade não propriamente no prazer de possuir muitos bens e de ostentar poder, mas o de ser útil e colaborar para a felicidade de todos.

Assim, quando Jesus fala que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, ele está se referindo à dificuldade que as gananciosos têm em se libertar da escravidão da riqueza, pois, enquanto permanecem vivendo para ela e em função dela, não conseguem se livrar da condenação da consciência culpada, o que equivale a dizer que não podem ser felizes com seu egoísmo e com seu orgulho

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

PRECISA SER CONHECIDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Segundo Allan Kardec, “a CIÊNCIA ESPÍRITA nos ensina a causa dos fenômenos devidos às influências ocultas do Mundo Invisível e nos explica o que, sem isto, nos parecerá inexplicável. Compreende duas partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral, outra filosófica, sobre as manifestações inteligentes”. Nesse sentido, seu campo de pesquisa, engloba temas como MEDIUNIDADE, SOBREVIVÊNCIA ALÉM DA MORTE, INFLUÊNCIA ESPIRITUAL, OBSESSÃO, REENCARNAÇÃO e FLUIDOS. Sobretudo no que se refere ao último campo, não pode ser ignorada a contribuição do médico alemão Franz Anton Mesmer que em 1773, afirma existir uma ação recíproca entre dois seres vivos, por intermédio de um agente especial chamado FLUIDO MAGNÉTICO ANIMALIZADO capaz de causar efeitos similares ao magnetismo mineral, que - como toda ideia nova - encontrou forte oposição dentro dos seguidores da linha organicista derivada da visão mecanicista de Isaac Newton. Vítima de acusações e perseguições durante o resto de sua vida que terminou em 1815, pelo chamado mundo acadêmico, teria sua visão ampliada por um observador e pesquisador das práticas disseminadas por ele na França dos Iluministas que por mais de três décadas testemunhou resultados interessantes nos seguidores das proposições do visionário germânico. Trata-se do intelectual, pesquisador e educador Denizard Hippolite Léon Rivail que, a partir de 1854, aprofundando-se no estudo dos hoje chamados fenômenos paranormais e considerando ser o Magnetismo uma força natural, escreve na REVISTA ESPÍRITA, em seu primeiro número em janeiro de 1858, que “o Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e o rápido progresso desta última doutrina se deve, incontestavelmente, à vulgarização das ideias sobre a primeira. (...) Impossível falar de um sem falar do outro. Se tivéssemos que ficar fora da ciência magnética, nosso quadro seria incompleto e poderíamos ser comparados a um professor de física que se abstivesse de falar da luz”. Vai além, ampliando o conceito de Mesmer ao afirmar que “os resultados obtidos pelo fluido magnético (fluido vital) se devem, na verdade, à associação das emanações de um corpo fluidico por ele denominado perispírito que, por sua vez, emana o fluido perispiritual”. Anos depois, em 1864, num livro por ele publicado, afirma que, por exemplo, “a prece é uma irradiação mental em forma de pensamento que coloca o emissor em contato com o Ser a que se dirige, propagando-se impregnada de fluidos pessoais resultantes das emoções/sentimentos que inspiram sua formulação”. Ao longo do século 20, a tentativa de dar um embasamento aceito pela comunidade dita científica proposta pelo Prêmio Nobel de Fisiologia Charles Richet com sua Metapsíquica, frustou-se com a morte do corajoso médico, sendo, de certa forma sucedida pelo iniciativa do norte-americano Joseph Banks Rhine que na Universidade de Duke, propõe a Parapsicologia influenciando mais tarde o surgimento de outras versões como a Psicotrônica nos Países Socialistas e a Psicobiofísica do Engenheiro brasileiro Hernani Guimarães Andrade. A publicação em 1970 do livro EXPERIÊNCIAS PSIQUICAS ALÉM DA CORTINA DE FERRO revela, entre outras coisas, diversos estudos desenvolvidos nos países chamados comunistas, confirmando através da chamada Maquina Kyrlian, por exemplo, que a transmissão de energia entre seres humanos proposta por Mesmer é real; que “a energia vital chamada Prana considerada pela Yoga, circula pelo corpo, podendo ser dirigida pelo pensamento”, o qual, efetivamente, se transmite de pessoa a pessoa. Diante disso, imprescindível um aprofundamento nos conceitos formulados pelo Espiritismo.


Nas últimas décadas a gente vê muitos casamentos começarem a acabarem em bem pouco tempo. Fora das causas geralmente apontadas pelos estudiosos do comportamento humano, existem causas espirituais que determinam isso? Quero dizer, esses casamentos aconteceram para não dar certo mesmo?

Temos certeza de que existem causas espirituais atrás de muitas uniões, mas se esses casamentos não deram certo, com certeza, não foi porque assim estava programado, mas porque o casal não soube resolver seus problemas. Neste particular, deveríamos destacar em primeiro lugar as uniões que não se baseiam num verdadeiro sentimento de respeito e de afeto e que, por isso mesmo, não podem durar muito tempo.

A Doutrina Espírita nos mostra que nada acontece por acaso, que os acertos e os erros que cometemos nesse sentido têm ao menos dois tipos principais de causa: as causas anteriores a esta vida, as causas desta mesma vida. “Quantas uniões infelizes – diz Allan Kardec no capítulo 5º d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - porque são de interesse calculado ou de vaidade, com as quais o coração nada tem!” Kardec questiona os grandes equívocos que cometemos nesta vida por causa de nosso egoísmo.

Por outro lado, não podemos desconsiderar o fato de que há casamentos mais ou menos programados e que, por falta de habilidade para convivência, também acabam fracassando. Os programados são os que decorrem de escolhas de Espíritos que querem se reencontrar, às vezes reconciliarem-se depois de fracassos anteriores e, de outras, porque um vem para apoiar ou auxiliar o outro na sua jornada evolutiva e, de outras ainda, quando ambos assumem alguma tarefa específica junto à família ou à comunidade.

Todavia, o quadro social hoje é muito instável, o que facilita demasiado a instabilidade da família. Vivemos um momento em que as pessoas, homem e mulher, estão muito interessados em procurar valer seus direitos, muitas vezes não se importando se as consequências de suas atitudes vão comprometer o bem estar dos outros, nem mesmo dos filhos. O apego aos valores materiais, em prejuízo da fé e dos valores espirituais, é o principal responsável pela intensificação do egoísmo dentro de casa e da família.

Na verdade, convivência no lar é questão de valor, e o sentimento religioso, quando bem conduzido, serve justamente para fortalecer os laços afetivos entre os membros da família – além da mulher e do marido, os filhos. É imperiosa a necessidade de se resgatar os valores religiosos, o cultivo da fé em Deus e o esforço por melhorar o nível de convivência dentro de casa. Caso contrário, a tendência é a dispersão, onde cada um sai a procura seus próprios interesses, pois só está interessado em resolver seus próprios problemas.

Logo, é preciso recuperar o verdadeiro sentido de família. A família não são apenas as pessoas do pai, da mãe e dos filhos. A família é o sentimento que deve uni-los num interesse comum, a ponto de lhes proporcionar segurança, confiança, alegria e paz. Sem o amor, nada tem sentido. E o amor, na prática, principal alimento da alma, é a forma pela qual cada um considera o outro, no anseio de ajuda-lo a ser feliz. Um casal, que queira perpetuar suas relações, precisa iniciar a vida em comum com base nessas relações.

Os Espíritos benfeitores têm recomendado aos casais cristãos a introdução do evangelho no lar. Trata-se de uma pequena reunião familiar em torno dos ensinamentos de Jesus, no sentido de envolver os membros da família num tipo de culto cristão, onde cada um pode ler, perguntar, opinar sobre as palavras de Jesus que servem de base para uma vida moral sadia. E isso não depende de religião, mas de um sentimento de religiosidade que pode ser o sustentáculo moral da boa convivência na família.

Orientações sobre a reunião de evangelho no lar podem ser encontradas, inclusive, na internet ou, quem se interessar, nos centros espíritas. Trata-se de um instrumento de fácil aplicação que tem ajudado muitas famílias a encontrarem um caminho seguro para a recuperação da harmonia dentro de casa e dentro de si mesmo.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

AMPLIANDO HORIZONTES ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A visão meramente fisiológica do Ser humano muito raras vezes conduz ao equilíbrio da funcionalidade do corpo doente. A ignorada contribuição oferecida pelo Espiritismo a partir da extraordinária pesquisa conduzida por Allan Kardec de 1855 a 1869, tem substancial conteúdo para provocar uma reflexão mais precisa e objetiva naqueles que efetivamente se preocupam com a cura dos seus pacientes. No número de fevereiro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA, pode ser encontrada na seção DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS, a mensagem assinada pelo Espírito do um médico chamado Dr Morel Lavallée. Sempre oportuno lembrar a observação feita por Allan Kardec num de seus artigos falando sobre a visão propiciada pelo Espiritismo, onde diz que “a mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram”. Notadamente na atualidade em que se observa a proliferação de trabalhos nessa área como que tentando socorrer aos desventurados do caminho macerados pelos sofrimentos físicos e morais. Mas, vamos ao texto psicografado em Paris, na reunião de 25 de outubro de 1866, através do médium Sr. Desliens: -“Que é o homem?... Um composto de três princípios essenciais: o Espírito, o períspirito e o corpo. A ausência de qualquer um destes três princípios acarretaria necessariamente o aniquilamento do Ser no estado humano. Se o corpo não mais existir, haverá o Espírito e não mais o homem; se o períspirito faltar ou não puder funcionar, não podendo o imaterial agir diretamente sobre a matéria, poderá haver alguma coisa no gênero do cretino ou do idiota, mas jamais um Ser inteligente. Enfim, se o Espírito faltar, ter-se-á um feto vivendo vida animal e não um Espírito encarnado. Se, pois, temos três princípios em presença, esses três princípios devem reagir um sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles a harmonia perfeita ou desacordo parcial. Se a doença ou desordem orgânica, como se queira chamar, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente empregados, bastarão para restabelecer a harmonia geral. Se a perturbação vier do períspirito, se for uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será preciso uma modificação em relação com a natureza do órgão perturbado, para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença proceder do Espírito, não se poderia empregar, para a combater, outra coisa senão uma medicação espiritual. Se, enfim, como é o caso mais geral, e, pode mesmo dizer-se, que se e apresenta exclusivamente, se a doença procede do corpo, do períspirito e do Espírito, será preciso que a medicação combata simultaneamente todas as causas da desordem por meios diversos, para obter a cura. Ora, que fazem geralmente os médicos? Cuidam do corpo e o curam; mas curam a doença? Não. Porque? Porque sendo o períspirito um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá tornar-se a causa em relação a esta. E, se for entravado, os órgãos materiais, que se acham em relação com ele, serão igualmente atingidos na sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruireis o efeito; mas, residindo a causa no períspirito, a doença voltará novamente, quando cessarem os cuidados, até que se percebam que é preciso levar alhures a atenção, eliminando fluidicamente o princípio fluídico mórbido. Se, enfim, a doença proceder da mente, do Espírito, o períspirito e o corpo, postos sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e nem é cuidando de um nem do outro que se fará desaparecer a causa. Não é, pois, vestindo a camisa de força num louco, ou lhe dando pílulas ou duchas, que se conseguirá repô-lo no estado normal. Apenas acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o germe senão combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia espiritual e fluidicamente, como se faz materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, conforme o caso, como se lhe dá uma dose infinitesimal de Brucina, de Digitalis ou de Aconitum. Para destruir uma causa mórbida, há que combatê-la em seu terreno”. Uma pesquisa criteriosa na coleção da publicação fundada e mantida por Allan Kardec entre 1858 e sua morte em 31 de março de 1869, revela aspectos importantes e reveladores – nem sempre encontrados nas chamadas OBRAS BÁSICAS -, sobre essa revolucionária visão oferecida pelo Dr Morel.

Quando uma criança nasce de um encontro casual entre dois jovens e, depois que essa criança vem ao mundo, o pai nem quer saber dela, isso é porque eles são Espíritos inimigos?


Não é possível responder com precisão esta pergunta. Podemos apenas levantar hipóteses. Na verdade, existem muitas razões para um Espírito reencarnar, e muitos Espíritos estão aguardando essa oportunidade e, às vezes, é tão grande sua necessidade, que se sujeitam a qualquer condição. Contudo, é possível que uma reencarnação, que ocorre nessas circunstâncias - em que a concepção se deu num encontro fortuito - tenha sido aproveitada por um Espírito que nada tem a ver com o pai, mas não podemos afirmar que isso esteja realmente acontecendo.


Situações como essa – de crianças produtos de relações casuais - têm sido cada vez mais freqüentes, por causa da liberdade sexual a que se entregam jovens adolescentes, hoje em dia, usando o sexo como se fosse um esporte. Neste caso, embora sempre haja algum Espírito para reencarnar, não é assim que elas devem proceder, até porque sua obrigação, enquanto mulher, é sempre acolher bem os filhos que são colocados sob sua responsabilidade. Uma atitude impensada ou mau conduzida pode gerar problemas, tanto para a mulher-mãe, quanto para a criança que vai ser criada em condições quase sempre inadequadas.


A mulher, devido à sua condição natural de mãe, é quem acaba arcando com maior responsabilidade, trabalho e sacrifício nesse caso. Entretanto, o fato de não abortar, até passando por circunstâncias difíceis, já lhe confere um grande mérito, que lhe será recompensado de algum modo. Com certeza, esse Espírito – se não, agora – pelo menos, mais tarde, lhe será grato pela oportunidade de reencarnar. Mas, o nascimento não basta para o Espírito; mais importante do que a sua sobrevivência é o ambiente espiritual que lhe vai propiciar para o seu crescimento e educação para a vida.


Por outro lado, os rapazes que, inadvertidamente, fizeram-se pais, não podem simplesmente ignorar a responsabilidade que assumiram – não apenas perante a lei humana, mas principalmente perante a lei de Deus. Se se tornaram pais, mesmo que não fosse seu objetivo, devem se sentir exigidos perante o filho ou filha, assumindo com honestidade e coragem o papel que lhe está sendo imposto pelas leis naturais. Fugir a essa responsabilidade é criar problemas sérios para o futuro, pois as Leis da Vida costumam nos cobrar caro os gestos que acarretam em sofrimento aos outros.



segunda-feira, 26 de setembro de 2022

AINDA SOBRE A POSSIBILIDADE DE PREVER O FUTURO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Aquele a que é confiado o trabalho de revelar uma coisa oculta pode recebê-la, independentemente de sua vontade, como inspiração pelos Espíritos que a conhecem; então a transmite maquinalmente, sem se dar conta. Além disso, sabe-se que, quer durante o sono, quer em vigília, no êxtase da dupla vista, a alma se desprende e possui em grau mais ou menos grande as faculdades do Espírito livre. Se for um Espirito adiantado, se, como os profetas, tiver recebido a missão especial para esse efeito, goza, nesses momentos de emancipação da alam, da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso e vê, como presentes, os acontecimentos desse período. Então pode revela-los, imediatamente, ou lhes conservar a memória ao despertar. Se os acontecimentos devem ser mantidos em segredo, ele perderá a sua lembrança ou conserva apenas uma vaga intuição, suficiente para o guiar instintivamente. É assim que se vê essa faculdade desenvolver-se providencialmente em certas ocasiões, nos perigos iminentes, nas grandes calamidades, nas revoluções e que a maioria das seitas perseguidas tiveram numerosos videntes; é ainda assim que se veem grandes capitães marchar resolutamente contra o inimigo, com a certeza da vitória; homens excepcionais, como, por exemplo, Cristóvão Colombo, perseguir um objetivo, por assim dizer predizendo o momento de o atingir. É que viram esse objetivo, que não é desconhecido para seu Espírito. Todos os fenômenos cuja causa era desconhecida foram reputados maravilhosos. A Lei segundo a qual estes se realizam, uma vez conhecida, os colocaram na ordem das coisas naturais. O dom da predição não é sobrenatural, como não o são muitos outros fenômenos: repousa nas propriedades da alma e na Lei das relações entre os mundos visível e invisível, que o Espiritismo vem dar a conhecer. Mas como admitir a existência de um Mundo Invisível, se não se admitir a alma, ou se se não admitir sua individualidade após a morte? O incrédulo que nega a presciência é consequente consigo mesmo. Resta saber se o é com a Lei Natural. A Teoria da Presciência talvez não resolva de modo absoluto todos os casos que a previsão do futuro possa apresentar, mas, não se pode desconsiderar que ela estabelece o seu princípio fundamental. Se se não pode tudo explicar é pela dificuldade, para o homem. De colocar-se nesse ponto de vista extraterrestre; por sua inferioridade, seu pensamento, incessantemente arrastado para o caminho da vida material, muitas vezes é impotente para se destacar do solo. A esse respeito muitos homens são como as aves novas, cujas asas, demasiadamente fracas, não lhes permitem elevar-se no ar, ou como aqueles cuja vista é demasiado curta para ver ao longe, ou, enfim, como aqueles a quem falta um sentido para certas percepções. Entretanto, com alguns esforços e o hábito da reflexão, lá chegam: os Espíritas, mas facilmente que os outros, porque , melhor que os outros, podem identificar-se com a Vida Espiritual, que compreendem. Para compreender as coisas espirituais, isto é, para fazer delas uma ideia tão clara quanto a que fazemos de uma paisagem que está aos nossos olhos, falta-nos, realmente, um sentido, exatamente como a um cego falta o sentido necessário para compreender os efeitos da luz, das cores e da visão à distância. Assim, só por um esforço da imaginação é que o conseguimos, auxiliados por comparações tiradas das coisas familiares. Mas, as coisas materiais, só ideias muito imperfeitas nos podem dar das coisas espirituais. É por isso que não se deveriam tomar essas comparações ao pé da letra e, por exemplo, crer, no caso de que se trata, que a extensão das faculdades de perspectiva dos Espíritos depende de seu elevação efetiva, e que eles necessitem estar numa montanha ou acima das nuvens, para abarcar o tempo e o espaço. Essa faculdade é inerente ao estado de espiritualização ou, se se quiser, de desmaterialização. Por outras palavras, a espiritualização produz um efeito que se pode comparar, embora muito imperfeitamente, ao da visão de conjunto do homem sobre a montanha. Esta comparação apenas objetivava mostrar que acontecimentos que estão no futuro para uns, está no presente para outros e, assim, podem ser preditos, o que não implica que o efeito se produza da mesma maneira. Para gozar dessa percepção o Espírito não precisa, então, transportar-se para um ponto qualquer no espaço; o que está na Terra, ao nosso lado, pode possuí-la em sua plenitude, como se estivesse a milhares de quilômetros, ao passo que nada vemos fora do horizonte visual. Não se produzindo a visão nos Espíritos da mesma maneira e com os mesmos elementos que no homem, seu horizonte visual é bem outro. Ora, aí está precisamente o sentido que nos falta para o conceber; ao lado do encarnado, o Espírito é como um vidente ao lado de um cego”.



Se Jesus disse que não é para ficar repetindo as palavras, quando se fala com Deus, será que as pessoas repetem as orações porque não têm fé?


Acreditamos que não. O hábito que as pessoas têm de repetir orações, na grande maioria das vezes, provém da forma como a oração lhes foi ensinada pela corrente religiosa que seguem, e não propriamente por iniciativa delas. Na história das religiões, que remonta à antiguidade, sempre se acreditou que a quantidade e a forma de orar eram mais importantes na adoração. Jesus, porém, mostrou o contrário, deixando claro que o mais importante, quando oramos, é a qualidade, não propriamente a qualidade das palavras que empregamos ou da forma como oramos, mas de nosso pensamento, de nosso sentimento.


Quando orais – disse ele, conforme lemos em Mateus – não haveis de ser como os hipócritas ( aqui, ele está se referindo aos fariseus), que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas, quando orares – dizia para a multidão – entra no teu quarto e, fechada a porta, ora a teu pai em segredo (ou, em silêncio); e teu Pai, que vê o que se passa em segredo, te atenderá”. E é, então, que ele completa, dizendo: “ E, quando orais, não faleis muito como os gentios ( gentios eram os estrangeiros que tinham outros deuses, outras religiões), que pensam que é pelo muito falar que serão ouvidos. Não queirais, portanto, parecer-vos com eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes mesmo que lhe peçais”.


Analisando essa interessante orientação de Jesus, percebemos clareza e objetividade em suas palavras, que não deixam nenhuma dúvida a respeito do que ele queria transmitir. Parece que, realmente, não fica nenhuma dúvida que a oração ou prece é uma manifestação de nossa intimidade, sobre a qual ninguém precisa ficar sabendo. É portanto, a expressão secreta de nossos pensamentos que, realmente, chega a Deus e retorna para nós. É interessante observar que os judeus – povo e religião a que Jesus pertencia – estavam acostumados a fazer da adoração um ato cerimonioso, cheio de rituais, ofertas e sacrifícios (como o jejum, por exemplo), inclusive o de andar quilômetros de distância para ir ao Templo de Jerusalém, pelo menos, uma vez ao ano, onde se acreditava estar Deus.


No entanto, Jesus vinha com uma proposta nova: a da oração secreta e simples. Ele deve ter notado que, naquele momento, as pessoas se sentiram um tanto perdias, pois não sabiam orar de outro jeito que fosse a forma cerimoniosa estabelecida pela tradição de muitos séculos. Foi então que, a pedido ou não de pessoas presentes, ele deu um exemplo claro e simples e oração, quando proferiu o Pai Nosso. O Pai Nosso é a oração mais breve que existe, tão curta e simples, que qualquer um, até uma criança, pode decorar. Mas não basta recitá-la; apenas dizer o Pai Nosso, como o temos de memória, não é suficiente. Jesus deixou claro que a verdadeira prece parte do coração; se o coração não estiver nela – ou seja, ela não estivar eivada do mais puro sentimento – não atingirá seu objetivo.


Tanto assim que, ante a preocupação dos judeus de ir ao templo orar (era o que eles sabiam fazer), Jesus deixou claro que, mais importante que a oferta diante do altar, é o coração isento de mágoa e de ódio. “Quando vos puseres em oração – disse ele – se tens alguma coisa contra alguém, perdoa-lhe, para que Vosso Pai te perdoe; porque, se não perdoares, também Vosso Pai não te perdoará os pecados”. Nesta recomendação, percebemos que, para se chegar a Deus, é preciso limpar o coração, procurando ver o ofensor como irmão, uma vez que o ódio nos isola de Deus, comprometendo a qualidade de nossa prece.


Retornando à pergunta de nosso ouvinte, podemos lhe dizer, portanto, que a qualidade da prece está no sentimento que manifestamos ao proferi-la. Isso é que é importante. Não é a quantidade de palavras, não é esta ou aquela oração, nem tampouco a forma como oramos, que nos garante a eficácia da prece, mas o verdadeiro sentimento que colocamos nela, reconhecendo que um Amor supremo regula toda a vida e, para contar com esse poder em nosso favor, precisamos compartilhar desse amor em nosso coração.


domingo, 25 de setembro de 2022

DA OBSESSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Situação que, segundo alguns Espíritos, atinge proporções epidêmicas, a obsessão continua ignorada e causando enormes malefícios à sociedade humana. As influências são sutis e, portanto, sem auto-análise, imperceptíveis. Na sequência alguns exemplos colhidos nas obras do médico André Luiz através de Chico Xavier. Caso 1 - EFEITO – Homem maduro, casado, acusando agoniada indisposição , como se estivesse sob o impacto de súbito desfalecimento, durante encontro que mantinha com mulher bem mais jovem em casa noturna. CAUSA – ação de espírito desencarnado – seu sogro na presente existência -, esmurrando-lhe a face, ao surpreendê-lo em atividade extraconjugal durante a madrugada com mulher bem mais jovem, enquanto sua esposa experimentava os sofrimentos físicos e morais do câncer que evoluia em seu corpo físico. (SD,3) Caso 2 – EFEITO – Homem, 45 anos presumíveis, abatido, acometido de tremores, suando, desferindo gritos de terror, corpo encharcado de álcool, do qual é dependente. CAUSA - Ação de quatro entidades desencarnadas que o submetiam aos seus desejos, alternando-se, uma a uma, para experimentar a absorção das emanações alcoólicas, no que sentiam singular prazer. Atuavam particularmente na estrada gástrica, inalando a bebida a volatizar-se da cárdia ao piloro. (NMM, 14) Caso 3EFEITO - Mulher desconfiada e abatida, corroída pelo ciúme em relação ao marido que procura controlar com perguntas e cobranças em relação ao seu tempo. CAUSA – Ação de entidade feminina, ignorante e infeliz, a ela imantada, perseguindo e subjugando-a, para conseguir deplorável vingança, inclusive durante o sono físico, através do qual se serve para controlar-lhe a vontade, por meio de diálogos em que emprega toda sua astúcia em argumentos convincentes. (Li,6) Caso 4 EFEITO– Mulher, desencarnada, despertando após a morte cercada de seres monstruosos que a arrebataram em verdadeiro torvelinho por prolongada faixa de tempo. CAUSA – Ações levadas a efeito na existência recém-terminada em que abusando do poder econômico, exerceu a autoridade com crueldade e rigor contra escravos de sua propriedade impondo a morte no tronco de servos objetivando o castigo geral, separava mães cativas de seus filhos, vendendo-os, por questões de harmonia domestica, sentindo-se apoiada nas decisões nos argumentos de padre que lhe fora confessor.(NL) Caso 5EFEITO- Mulher, jovem, revelando angústia e inconsciência, sob forte irritação, desarmonizando o ambiente para preocupação dos encarnados presentes. CAUSA – Ação de diversos perseguidores desencarnados, impondo-lhe terríveis perturbações, secundando outro, revelando um quadro psicológico de satânica lucidez, maneiras cruéis, colado ao seu corpo, em toda sua extensão, dominando-lhe todos os centros de energia orgânica, vingando-se de gesto assumido em existência passada em que ela, por simples capricho vendeu-lhe esposa e filhos, à época escravos de sua propriedade. (ML, 18) Caso 6 - EFEITO– Homem, idade madura, ex- investigador de polícia, dando mostras de graves perturbações, evidente moléstia nervosa, suor frio a banhar-lhe a fronte, extrema palidez, revelando-se torturado por pavorosas visões no campo íntimo, somente acessíveis a ele mesmo. CAUSA - Ações no exercício de sua função, onde, ao longo dos anos, humilhou e feriu, procedeu de maneira cruel, atraindo a ira de muita gente, isolando-se, contudo, do remorso, o que lhe poupou dos pensamentos de indignação de suas vítimas, imagens que passaram a circular-lhe a atmosfera psíquica, esperando ensejo de fazer-se sentir. Com a proximidade da senectude física, meditando sobre os caminhos percorridos, abriu grande brecha na fortaleza em que se entrincheirava, libertando subitamente as forças acumuladas dos pensamentos destrutivos que provocou para si mesmo, através da conduta irrefletida, quebrando-lhe a fantasiosa resistência orgânica, e, as energias desequilibradas da mente em desvario, desequilibraram os órgãos mais vulneráveis do corpo físico, especialmente o sistema nervoso e o fígado que, traumatizado inclina-se para a cirrose fatal. (LI, 11)


Como é possível, no mundo espiritual, existirem florestas, animais, água e tudo o mais que André Luiz descreve em seus livros? Onde estão essas paisagens, que nós não vemos? Entre a Terra e o céu? No espaço?


Não é fácil explicar como é o mundo espiritual, justamente porque nós, seres humanos, na condição de Espíritos encarnados, não o percebemos. Nossos sentidos - a visão, a audição, o tato, o olfato e o paladar – não foram feitos para isso: eles existem para que percebamos apenas o mundo material mais próximo, ou seja, esta parte material do mundo em que vivemos. Assim mesmo, por mais aguçado sejam esses sentidos, hoje está provado que também não percebemos muita coisa e muitos fenômenos que ocorrem neste mundo físico. Por exemplo: nossos olhos não vêem a cor ultravioleta e nossos ouvidos não registram os chamados infra-sons e ultra-sons, que os cães ( por exemplo) percebem.


Assim, também, não é fácil descrever o que é um sentimento, como a tristeza, por exemplo. Sabemos que a tristeza existe, que está em nós, mas como dizer o que ela é. Nós a transmitimos através de nossas expressões, de nossos gestos, mas como vamos dizer exatamente o que ela é? É que os sentimentos não coisas materiais – que podemos ver, ouvir, tocar ou cheirar. Só podemos senti-los. Eles apenas podem se expressar através de nossos gestos, atitudes e comportamento. Do mesmo modo, até mesmo um médium que possa visualizar uma cena do mundo espiritual, ele só poderá dizer o que está vendo, mas não saberá dizer sobre a natureza daquele mundo.


Uma pessoa, que nasceu cega , afirma Kardec, não tem a noção do que seja a luz. Por mais que possamos dizer o que a luz é, ela, no máximo, poderá fazer uma pálida idéia do que estamos falando, de acordo com seus outros sentidos e o que passo ser criado em sua mente, através da imaginação. Igualmente nos acontece em relação ao mundo espiritual, que não vemos. André Luiz, ao descrever o que existe do outro lado da vida, diz encontrar muita dificuldade para expressar o que realmente vê; por isso ele descreve por comparações. Nós só vamos ter uma noção mais precisa do mundo espiritual quando estivermos nele e, assim mesmo, depois de certo tempo de adaptação às novas condições desse mundo..


Entretanto, os Espíritos orientadores têm feito de tudo para nos transmitir noções da Espiritualidade, das quais podemos ter, apenas, pálidas noções. Sabemos, no entanto, que o mundo espiritual para os Espíritos é tão concreto e real como o mundo material para nós. Praticamente tudo o que existe aqui existe lá. Logo, a natureza, que percebemos, não é toda a natureza que realmente existe. Do mesmo modo que, ao descrevermos uma pessoa, apontamos apenas os seus dotes físicos e não sua alma, assim também só apreciamos um aspecto da natureza, que é o aspecto material. Se você reler com mais atenção as obras de André Luiz, vai entender com mais profundidade de que estamos falando.


André Luiz, o notável repórter espiritual, deixa claro que o mundo dos Espíritos – ou seja, a dimensão do mundo que não vemos – é semelhante ao nosso, ou melhor, está integrado no nosso como um único mundo. Por isso, quando o Espírito desencarna – deixando os sentidos físicos e passando a usar seus sentidos espirituais – ele percebe um mundo semelhante ao que via quando encarnado. E é até comum que muitos, que já desencarnaram, nem percebam que já estão do outro lado, tal a semelhança entre um mundo e outro.


 



 



sábado, 24 de setembro de 2022

SEXTO SENTIDO - O SENTIDO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Três anos após suas interessantes reflexões sobre o sexto sentido presente nas criaturas humanas ser o sentido espiritual, Allan Kardec voltaria ao assunto na edição de julho de 1867 da REVISTA ESPÍRITA. Atendia a questionamento de um médico chamado Charles Grégory, fervoroso adepto do Espiritismo que também oferecia sua opinião sobre artigo do editor da publicação incluído na edição de março passado intitulado A Homeopatia Nas Moléstias Morais. Grégory questionava Allan Kardec sobre intrigante informação do Espírito Erasto em comunicação mediúnica, afirmando ter o homem mais dois sentidos além dos cinco conhecidos (audição, visão, paladar, olfato e tato), chamando-os de sentido sonambúlico e o sentido mediúnico. O médico observa que “estes dois últimos não existem senão por exceção, bastante desenvolvidos nalgumas naturezas privilegiadas, caso existam em todo homem em estado rudimentar, acrescentando que, por convicção adquirida por várias observações e por uma experiência bastante longa dos poderes homeopáticos, as duas admiráveis faculdades poderiam se desenvolver através do uso de alguns medicamentos bem escolhidos, tomados por longo tempo”. Opina Kardec: -“Seria erro considerar o sonambulismo e a mediunidade como o produto de dois sentidos diferentes, por isso que não passam de dois efeitos resultantes de uma mesma causa. Essa dupla faculdade é um dos atributos da alma e tem por órgão o períspirito, cuja radiação transporta a percepção além dos limites da ação e dos sentidos materiais. A bem dizer é o sexto sentido, que é designado sob o nome de sentido espiritual. O sonambulismo e a mediunidade são duas variedades da atividade desse sentido que, como se sabe, apresentam inúmeras nuanças e constituem aptidões especiais. Fora destas duas faculdades, mais admiráveis porque mais aparentes, seria erro crer que o sentido espiritual não exista senão em estado rudimentar. Como os outros sentidos, é mais ou menos desenvolvido, mais ou menos sutil, conforme os indivíduos, mas todo o mundo o possui, e não é o que presta menos serviços, pela natureza todas especial das percepções das quais é a fonte. Longe de ser a regra, sua atrofia é a exceção, e pode ser considerada como uma enfermidade, assim como a ausência da vista e da audição. É por este sentido que recebemos os eflúvios fluídicos dos Espíritos, que nos inspiramos – independente da nossa vontade, em seus pressentimentos e a intuição das coisas futuras ou ausentes, que se exercem a fascinação, a ação magnética inconsciente e involuntária, a penetração dos pensamentos, etc. Essas percepções são dadas ao homem pela Providencia, assim como a visão, o olfato, a audição, o paladar e o tato, para a sua conservação. São fenômenos muito comuns, que ele apenas nota pelo hábito que tem de os experimentar, e dos quais se deu conta até hoje, devido à sua ignorância das leis do princípio espiritual, da própria negação, nalguns, da existência deste princípio. Mas, que quer que leve sua atenção para os efeitos que acabamos de citar, e sobre muitos outros da mesma natureza, reconhecerá quanto eles são frequentes e como são completamente independentes das sensações percebidas pelos órgãos do corpo. A vista espiritual (vidência), vulgarmente chamada dupla vista ou segunda vista, é um fenômeno menos raro que se pensa; muitas pessoas tem esta faculdade sem o suspeitar; apenas é mais ou menos acentuada, e é fácil certificar-se que ela é estranha aos órgãos da visão, pois que se exerce sem o concurso destes órgãos e mesmo os cegos a possuem. Existe em certas pessoas no mais perfeito estado normal, sem o menor traço aparente de sono nem de estado extático. Conhecemos em Paris uma senhora na qual ela é permanente, e, tão natural quanto a visão comum; ela vê sem esforço e sem concentração o caráter, os hábitos, os antecedentes de quem quer que aproxime; descreve as doenças e prescreve tratamentos eficazes com mais facilidade que muitos sonâmbulos comuns; basta pensar em uma pessoa ausente para que a veja e a designe. Um dia, estávamos na casa dela, e vimos passar na rua alguém com quem temos relações, e que ela jamais tinha visto. Sem ser provocada por qualquer pergunta, fez-lhe o mais exato retrato moral e nos deu a seu respeito conselhos muito prudentes. Entretanto essa senhora não é sonâmbula: fala do que vê, como falaria de qualquer outra coisa, sem se perturbar nas suas ocupações. É médium? Ela mesma nada sabe a respeito, porque até a pouco nem mesmo conhecia de nome o Espiritismo. Assim, nela essa faculdade é tão natural e tão espontânea quanto possível. Como percebe ela senão pelo sentido espiritual?”.

A gente vê que os políticos só estão interessados neles mesmos e é isso que acarreta tão vida política de uma nação reflete os problemas da própria nação, as dificuldades e limitações que o povo ou cada um de nós traz em si mesmo. Assim, não podemos eleger políticos que não existem, mas somente aqueles que temos e que certamente fazem parte do povo. Contudo, temos de convir que, entre os políticos, como entre todos os segmentos da sociedade, existem pessoas bem e mau intencionadas, mas infelizmente o mal ainda predomina no seio da humanidade.


O progresso moral é muito mais espinhoso e demorado do que o progresso intelectual, pois reflete a realidade de cada um de nós. Temos imensa dificuldade de amar e, portanto, de participar na solução dos problemas da coletividade. Sem essa prática, demoramos muito para melhorar; e a sociedade mais ainda, pois a sociedade é o conjunto dos indivíduos. Os mais afoitos, e nem sempre os mais bem intencionados, procuram soluções e criam associações, como forma de ação organizada. Daí as instituições sociais, inclusive os partidos políticos. Mas essas instituições, como cada um de nós, estão eivadas de imperfeições e acabam refletindo, na prática, a fraqueza e a limitação de cada cidadão.


De um modo geral, as instituições - família, escola, igreja, partido político, clubes, associações, sindicatos, etc. – embora devessem servir de meio para defender a causa de todos, elas acabam tendo fim em si mesmas, e só trabalham em torno de interesses próprios. Mas isso por causa do egoísmo humano, ainda predominante no seio dessas instituições. Damos demasiado valor a nós próprios e somente ao que é nosso, contribuindo para que a sociedade seja mais competitiva do que cooperativa, mais egoísta do que solidária. Do mesmo modo, os partidos vivem se digladiando entre si para a conquista e manutenção do poder, deixando de trabalhar seriamente pelo interesse dos cidadãos, que deveria ser a meta maior.


Por outro lado, os Espíritos, que são os seres humanos desencarnados, também fazem parte da humanidade e, invariavelmente, estão envolvidos nos mesmos interesses. Os mais esclarecidos e moralmente superiores também encontram as mesmas dificuldades que os bons cidadãos e os bons políticos encontram aqui na Terra, para romper com as barreiras do egoísmo e os males da corrupção. Eles não têm poderes mágicos para transformar as pessoas, mas, com certeza, estão fazendo o máximo para influenciar a sociedade, no sentido de que uma concepção mais elevada1 de vida – onde predominem o amor e a solidariedade – possa se instalar um dia na Terra.sofrimento para o povo. Até quanto vamos ter de aguentar tudo isso? Será que os Espíritos Superiores não podem fazer alguma coisa para mudar essa situação? (Alexandre)


sexta-feira, 23 de setembro de 2022

MAIS DE UMA ENCARNAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

O estudo de casos baseados em revelações obtidas através da mediunidade demonstra como é lento o processo de retificação de erros cometidos em vidas passadas, seja em prejuízo próprio ou de Espíritos ligados ao causador do problema pelos laços da consanguinidade ou amizade. Por vezes, mais de uma encarnação, visto que o livre arbítrio é um atributo que se amplia à medida que o Ser vai evoluindo. Pesquisando o assunto, destacamos dois exemplos a seguir: 1- EFEITO - Médico, diretor clínico de hospital especializado em recuperação de viciados, casado, pai de três filhos, dois homens e uma mulher. No primeiro ano de vida conjugal, experimentou um relacionamento marcado por brigas, discussões, crises, insatisfação, em face do ciúme doentio e desconfiança da esposa, o que foi atenuado pelo nascimento do primeiro filho. Logo, nasce o segundo. Mais tarde, numa fase em que esboçava a dissolução do lar, mantendo-o desanimado e abatido psiquicamente, impedindo-o de desempenhar com eficiência seu trabalho, nasce a filha, que passaria a representar o escudo que amorteceria os choques resultantes da perseguição da esposa, as brigas e desentendimentos entre os irmãos, além do comportamento do mais velho que, mimado pela mãe, começava, às escondidas uma vida de desregramentos e orgias. CAUSA - Desventuras atuais começaram duas existências antes, quando levando uma vida nômade, conhece numa vila de pescadores na Noruega, uma órfã com a qual passa a conviver por dois anos, até abandoná-la no Porto de Marselha, já em estado de gestação. Na encarnação seguinte, nos Estados Unidos, em meio a muitas dificuldades, forma-se médico, casando-se com a mesma que lhe fora esposa na vida anterior, tendo iniciadas as torturas após o consórcio, com a cisma exacerbada da mulher abandonada no passado até que ela foge com outro, levando a filha resultante de sua união com ele. Combalido, sentindo-se o maior dos sofredores, envolveu-se no tráfico de entorpecentes, integrando-se de corpo e alma no comércio de tóxicos. Rebelando-se um dia por questões comerciais, foi apunhalado por um dos comparsas, morrendo em consequência dos ferimentos. A esposa de hoje é a mesma de ontem; o primeiro filho, aquele com que a esposa o abandonara na vida pregressa, o segundo, o que o prostrara a punhaladas e a filha, aquela que não conhecera quando abandonou a mãe em Marselha e que havia, na vida seguinte, trabalhado como enfermeira auxiliar no hospital em que clinicara nos Estados Unidos e que o assistiu no momento da morte. 2- EFEITO - Mulher, casada há 5 anos, uma filha de 3 anos e grávida do segundo filho, família acrescida de uma tia muito ligada ao casal. Em meio a gestação, passou a revelar irritabilidade com seu estado, desassossego, alimentando-se pouco e padecendo insônia. Sintomas foram se acentuando a ponto dos médicos cogitarem do aborto. Melhoras no final da gravidez, com as crises recrudescendo após o nascimento da criança, repudiada pela mãe que, ante a presença ou choro do bebê, entrava em acessos de fúria, prantos, risos, alucinações, frases incoerentes, sem sentido. Internada, demonstrava alegria quando o leite era posto fora e, mais à frente, maior contentamento ante a afirmativa de que em poucos dias, o leite desapareceria de todo. Tendo alta, impôs, para sua volta, a condição de só retornar ao lar, se a criança fosse morar com a tia. CAUSA - Reflexo de quatro existências antes, na Inglaterra, onde a mãe de hoje, esposa má, orgulhosa e intimamente insatisfeita por ser casada com homem já de idade, que a impossibilitava de usufruir de vida mais livre alegre. O marido atual, era o mesmo de então, poderoso senhor de ricas terras. A filha com 4 anos presumíveis (a mesma de hoje) entregue aos cuidados de velha aia, viúva, que por sua vez, possuía um filho de 8 anos, menino de cavalariça. Numa bela manhã, um acidente mudaria suas histórias, pois, a criança, escapando da vigilância da aia, caiu num precipício, vindo a falecer. Vendo a filha irreconhecível, a mãe mandou chicotear até a morte a pajem e, o filho, correndo em auxílio da mãe, além de chicoteado, foi expulso das terras, passando a sofrer imensamente, vagando sem rumo, até desencarnar pouco tempo depois. Na encarnação seguinte, na Áustria, a castelã, casou-se com rico proprietário de casas de diversão gozando de todo luxo e conforto. Começou, no entanto, no Palácio em que vivia a dar sinais de desequilíbrio nervoso. Cercada de cuidados médicos e serviçais, sofreu durante muito tempo as então chamadas “crises demoníacas” resultantes da visão do menino das antigas cavalariças, e, mais tarde da sua mãe, a ex-ama. Na terceira encarnação, ressurgem todos na França, para que fossem ressarcidas faltas passadas. Ela, viúva, e a filha. O ex-marido, viúvo, pai do antigo menino das cavalariças.


Eu gostaria que vocês me dissessem como que uma pessoa, que diz seguir Cristo, vira a cara para um parente, só porque esse parente tem outra religião e não quer aceitar a sua? Religião não é coisa de Deus? Não deveria unir as pessoas e não separá-las?


Não temos nenhuma dúvida quanto a isso, prezada ouvinte. Ainda mais se tratando de seguir Jesus... Ora, se alguém não reconhece como irmão um seu parente ou familiar, só porque ele tem outra crença, no mínimo, não está sendo coerente com aquilo que sua própria religião ensina ou deveria ensinar. Jesus, que era judeu desde o nascimento, não desprezou e nem amaldiçoou nenhuma forma de crer, nem mesmo a dos fariseus ou dos samaritanos. Ele combateu, sim, as más atitudes, o mau comportamento, mas não por causa da religião, mas pelo fato de essas pessoas não seguirem os preceitos morais da religião.


Jesus, ao contrário, ensinou a linguagem universal do amor, do amor que não conhece fronteiras, que é capaz de ver a todos como irmãos, filhos de Deus. Desse modo, qualquer religioso, que diz seguir Jesus, tem a obrigação moral de seguir os preceitos que ele ensinou, conforme lemos no Sermão da Montanha. Dentro da concepção do Cristo, conforme está bem claro nos evangelhos, nem mesmo os inimigos - que são aqueles que nos querem mal - podem ficar livre do nosso amor, quanto mais aqueles com quem convivemos, no dia-a-dia, e que pertencem o ao circulo mais intimo de nossas relações.


A verdadeira religião é a que está no coração de cada criatura – e não apenas nos seus lábios, conforme disse Jesus – e ela consiste na vivência do amor incondicional, do amor fraterno, que não conhece barreiras, porque Deus é amor. Na parábola do samaritano – nem o sacerdote e nem o levita, que eram fervorosos adoradores – agiram com amor em relação ao desconhecido, que se encontrava ferido na estrada. Só o samaritano, tido como um herege, foi capaz de externar esse amor ao seu semelhante, sem perguntar quem ele era ou que religião tinha. Jesus considerou essa atitude do samaritano como única e verdadeira religião, e não aquela que só existe por fora, na hora do culto, mas não está no interior das pessoas no dia-a-dia.


Portanto, cara ouvinte, nós todos devemos ter muito cuidado para não termos da religião senão o rótulo. Como Jesus ensinou, vale mais um ato de amor de um homem sem religião do que todos os atos de arrogância e preconceito daqueles que se dizem religiosos, mas estão contaminados pelo orgulho e pela presunção de que são donos exclusivos da verdade. Quanto a nós, que já sabemos disso, cabe-nos a humildade de compreender os que ainda não atingiram esse nível de compreensão da vida e saber entender que, um dia, eles chegarão lá.



quinta-feira, 22 de setembro de 2022

SEXTO SENTIDO: UM NOVO PARADIGMA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Abrindo o número de outubro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta um artigo sugestivo: O sexto sentido e a visão espiritual. Para ilustrar seu ponto de vista, expõe uma experiência vivida quando em visita à casa de um membro identificado apenas como senhor W., da Sociedade Espírita de Paris, na cidade de Berna, na Suíça, onde ouviu falar e depois conheceu um camponês das cercanias, possuidor da faculdade de descobrir fontes e ver num copo respostas às perguntas que lhe fazem. Casado, pai de família, 64 anos, alto, esguio, boa saúde, torneiro de profissão, protestante, muito religioso, leitor habitual da Bíblia, vítima desde trinta anos antes de uma doença que o fazia se movimentar com dificuldade. Segundo relato do senhor W., existindo em sua propriedade um conduto de águas muito extenso que, por força de certas causas locais, concluíram que a tomada d’agua fosse mais próxima, para evitar escavações inúteis, recorreu ao descobridor de fontes. Este, sem deixar seu quarto, disse olhando o copo: -“No percurso dos tubos existe outra fonte; está a tantos pés de profundidade, abaixo do décimo quarto tubo, a partir de tal ponto”. A coisa foi encontrada tal como ele havia indicado. Aproveitando a ocasião, Allan Kardec na companhia de seu anfitrião, sua esposa e mais duas pessoas, foi a casa desse homem, na intenção de instruir-se sobre o fenômeno. Ouviu que sua faculdade se revelou quando da manifestação da enfermidade, crendo que Deus quis lhe dar certa compensação. Rosto expressivo e alegre, olho vivo, inteligente e penetrante, só fala o dialeto alemão da região não entendendo nada de francês, vivendo do produto de algumas peças de terá e de seu trabalho pessoal, não sofrendo necessidade, sem estar numa posição confortável. Procurado por desconhecidos para uma consulta, seu primeiro movimento é de desconfiança, sondando suas intenções, respondendo só se ocupar de fontes, recusando qualquer experiência com o copo, crendo que se se ocupasse com questões frívolas, especulações amorosas, realização de algum desígnio mau, Deus lhe retiraria a faculdade. Absolutamente ignorante sobre Espiritismo, sem a menor ideia dos médiuns, da intervenção dos Espíritos, da ação fluídica, para ele sua faculdade está nos nervos, numa força que ele não explica. Citando outro exemplo da precisão das visões do visitado, inclusive em relação a si mesmo, Allan Kardec diz ser “mais comum que se pensa, pessoas com a mesma percepção, que o copo é mero acessório, útil apenas pelo hábito da mesma forma que a borra de café, a clara de ovos, o côncavo das mãos, as cartas, apenas um meio de fixar a atenção, um pretexto para falar, um suporte.(...). Porque o que tem efeito sobre um não o tem sobre outro? Porque tantas pessoas possuem essa faculdade sem auxílio de qualquer aparelho? É que a faculdade é inerente ao individuo e não ao copo. A imagem se forma em si mesmo, ou melhor, nas irradiações fluídicas que dele emanam. O copo não oferece, por assim dizer, senão o reflexo dessa imagem: é um efeito, e não uma causa. (...). E isto é tão verdadeiro, que certas pessoas veem perfeitamente com os olhos fechados. A visão espiritual é, na realidade, o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto se falou e que, como os outros sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. Ele tem como agente o fluido perispiritual, como a visão física tem por agente o fluido luminoso. Assim como a radiação do fluido perispiritual traz à alma certas imagens e certas impressões. Esse fluido, como todos os outros, tem seus efeitos próprios, suas propriedades sui generis. . Sendo o homem composto de Espírito, períspirito e corpo, durante a vida as percepções se produzem, ao mesmo tempo, pelos sentidos orgânicos e pelo sentido espiritual; depois da morte, os sentidos orgânicos são destruídos mas, restando o períspirito, o Espírito continua a perceber pelo sentido espiritual, cuja sutileza aumenta em razão do desprendimento da matéria. O homem em quem tal sentido é desenvolvido goza, assim, por antecipação, de uma parte das sensações do Espírito livre. Posto que amortecido pela predominância da matéria, o sentido espiritual não deixa de produzir sobre todas as criaturas uma porção de feitos reputados maravilhosos, por falta de conhecimento do princípio. Estando esta faculdade na Natureza, pois depende da constituição do Espírito, então existiu em todos os tempos; mas, como todos os efeitos cuja causa é desconhecida, a ignorância o atribuía a causas sobrenaturais. Os que a possuíam em grau eminente e podiam dizer, saber e fazer coisas acima do alcance comum, ou eram acusados de pactuar com o diabo, qualificados de feiticeiros e queimados vivos; enquanto outros eram beatificados, como tendo o dom dos milagres, quando, na realidade, tudo se reduzia à aplicação de uma lei natural”.


Vi, na televisão, que os pressentimentos acontecem, porque o cérebro tem uma região que prevê acontecimentos futuros. Quando um desses acontecimentos ocorre de verdade – e isso acontece muito raramente – é quando se dá o pressentimento. Neste caso, não se trata de uma faculdade do espírito, mas de uma função cerebral.


Não é novidade nenhuma que eu, você – todos nós - podemos prever acontecimentos futuros. Trata-se de uma capacidade humana, ligada ao raciocínio e à memória. Aliás, é o que fazemos todos os dias. A grande maioria dos fatos que vão acontecer amanhã, por exemplo, todos nós já sabemos, porque a vida é uma rotina e os fatos se repetem diariamente quase que do mesmo jeito, assim como acontece com os fatos naturais – como o nascer e o pôr do sol todos os dias. O problema está em prever o imprevisto, ou seja, aquilo que está bem longe de qualquer cogitação.


A explicação dos materialistas para o fenômeno chamado pressentimento ou premonição é a de que, diante de uma expectativa, o cérebro é capaz de levantar uma série infindável de possibilidades. Alguns deles, em determinadas ocasiões, podem surgir como forma de intuição e, quando essa intuição se confirma de fato, dizemos que houve premonição. Por exemplo: uma pessoa vai viajar de avião. Ela ou um amigo da família sonha que o avião cai, provocando a morte dos passageiros. Sabendo disso, a pessoa não viaja, e o desastre acontece.


A explicação materialista diz que isso aconteceu porque a pessoa estava com medo de viajar, e aventou em sua mente a possibilidade do acidente, mesmo de forma inconsciente, surgindo logo depois uma forte impressão. Isso fez com que ela desistisse da viagem. O avião poderia não cair, mas como caiu, deu-se a premonição. Entretanto, isso não aconteceria frequentemente; pelo contrário, isso ocorreria raramente, porque se trata de uma possibilidade remota: talvez uma em um milhão. O que, de fato aconteceu?


Do ponto de vista espírita e da própria Parapsicologia, essa pode ser uma explicação, mas não para todos os casos: existe também o fato premonitório paranormal, ou seja, extra-cerebral, como uma faculdade inerente ao Espírito ou à mente. Um fato simples, como a queda de um avião, até poderia ter uma explicação apenas cerebral, mas o que dizer daquelas premonições que se referem a situações bem complexas, que implicam em vários acontecimentos, totalmente imprevistas ( ou seja, fora de qualquer probabilidade), que não poderia estar nas cogitações ou na preocupação da pessoa? Os anais do Espiritismo tem muito a mostrar nesse sentido.


Contudo, é bom que se diga que existe hoje uma onda de materialismo sendo propagada nos meios científicos e acadêmicos, e na televisão. Dentro de uma universidade, o ateísmo está na moda ( já é “chic” dizer-se ateu); e muitos jovens, que não tiveram a necessária formação religiosa na família, acabam aderindo facilmente a esse tipo de pensamento, antes de estudar com mais profundidade as implicações científicas, tanto dos fenômenos ditos paranormais quanto dos fenômenos espíritas. Se as religiões não tomarem cuidado, elas acabarão sendo devoradas por essa onda materialista. O Espiritismo, no entanto, tem respostas obvias para todas essas questões, e muitas obras a respeito.