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domingo, 4 de setembro de 2022

FALSOS PROFETAS - PROBLEMA SEMPRE ATUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os de instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...). Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.


Uma ouvinte, que não quer ser identificada, pergunta: “Fui a um centro espírita com uma amiga, que estava passando por vários problemas, e lá disseram que ela é médium e precisa desenvolver a mediunidade. Fiquei pensando sobre muitas coisas que aconteceu comigo e se eu também não seria médium. A pergunta que faço é a seguinte: “Qualquer pessoa pode desenvolver a mediunidade?”

Antes de pensar em mediunidade, você deveria procurar saber primeiramente o que é o Espiritismo, começando pelas obras de Allan Kardec, até porque o Espiritismo oferece uma visão ampla da vida, que nos permite entender o que é mediunidade, sua origem, seus mecanismos e principalmente sua finalidade. Antes de pensarmos em exercitar a mediunidade, devemos compreender de que se trata e qual sua finalidade.

Vamos responder sua pergunta em dois lances. O primeiro é tentando explicar a mediunidade, como veículo de comunicação com o plano espiritual. O médium, de uma maneira geral, é a pessoa que, por sua constituição orgânica, tem percepções que vão além dos sentidos físicos e que, por isso mesmo, pode perceber os Espíritos ou servir de intermediário para que eles se manifestes.

Allan Kardec afirma que todos somos mais ou menos médiuns, ou seja, todos temos em potencial a capacidade de interagir com os Espíritos, embora a grande maioria das pessoas não tenha consciência disso. Alguns poucos têm essa faculdade tão aflorada e perceptível que não é possível desconhecê-la. Essas são as pessoas que chamamos de médiuns propriamente dito. A expressiva maioria nada percebe.

A segunda parte de nossa resposta refere-se ao aspecto moral da mediunidade, que é um instrumento que deve ser usado somente para fazer o bem, para ajudar quem necessita. Entretanto, isso não impede que pessoas mal orientadas ou mesmo inescrupulosas a utilizem para outras finalidades, até contrárias ao ideal de Jesus. É por isso que, antes de estudar a mediunidade, você deve se inteirar das finalidades do Espiritismo, até porque para a doutrina somente interessa a mediunidade, praticada dentro do princípio do amor ao próximo.

Hoje, o acesso ao conhecimento é relativamente fácil, o que não acontecia no passado. Além dos livros de iniciação espírita, principalmente os de Allan Kardec, um bom centro espírita sempre está aberto aos que querem aprender a doutrina, por meios de cursos e estudos. Daí a facilidade com que a pessoa pode chegar ao conhecimento dos princípios da doutrina e, a partir daí, buscar na mediunidade a oportunidade de fazer a caridade.

Também devemos dizer que só devemos nos preocupar em desenvolver a mediunidade quando tivermos um conhecimento pleno de sua finalidade e estivermos dispostos a uma tarefa de dedicação pela causa do bem. Acreditamos que, para que haja tais condições, é imperioso que a pessoa esteja identificada com o ideal espírita, que é o ideal de Jesus, porque certamente enfrentará dificuldades, que exigirão alguma renúncia de sua parte

Por último, vamos considerar que a mediunidade em si não é causa de problemas, mesmo que as faculdades mediúnicas possam estar envolvidas. Os problemas dizem respeito à nossa maneira de viver e principalmente de conviver. Allan Kardec, no último capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, “prece aos obsidiados”, deixa claro esta questão ao afirmar que em grande parte dos casos, a pessoa poderá resolver seu problema apenas fazendo algumas mudanças em sua conduta.



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