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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

DEVEMOS ACREDITAR EM TUDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Sem que soubesse, o Chico Xavier psicografou entre 1927 e 1931 milhares de páginas psicografados por Espíritos diversos, segundo o Orientador Emmanuel para treinamento de suas percepções mediúnicas, sendo aconselhado a jogar tudo fora após seus primeiro contato em nível consciente com aquele que guiaria suas atividades até o ano 2000, quando se afastou para reencarnar. Atualmente, os que se iniciam na prática mediúnica sem conhecimentos mais aprofundados, anseiam para ver o resultado de seu trabalho publicado, originando muitas vezes, conteúdos e revelações bizarros. Políticos, Santos, Autoridades Religiosas, entre outros, incluem-se entre as autoridades cujas páginas circulam pelas redes sociais ou pelas mãos de ávidos leitores. Como recomenda a Doutrina Espirita nos posicionarmos diante disso? Allan Kardec desenvolveu alguns raciocínios sobre o assunto na REVISTA ESPÍRITA de outubro de 1858 que parcialmente reproduzimos a seguir: -“Seja por entusiasmo, por fascinação dos Espíritos, ou por amor-próprio, em geral o médium psicógrafo é levado a crer que são superiores os Espíritos que com ele se comunicam, sobretudo quando tais Espíritos, aproveitando-se dessa presunção, adornam-se de títulos pomposos, tomando nomes de santos, de sábios, de anjos e da própria Virgem Maria, conforme a necessidade e segundo as circunstâncias. E, para desempenhar seu papel de comediantes, chegam até mesmo a portar a indumentária extravagante das personagens que representam. Tirai suas máscaras e vereis que se transformam no que sempre foram: ilustres desconhecidos; é o que necessariamente devemos fazer, tanto com os Espíritos, quanto com os homens. Da crença cega e irrefletida na superioridade dos Espíritos que se comunicam, à confiança em suas palavras não há senão um passo; é o que também acontece entre os homens. Se conseguirem inspirar essa confiança, haverão de sustentá-la por meio de sofismas e dos mais capciosos raciocínios, perante os quais frequentemente inclinamos a cabeça. Os Espíritos grosseiros são menos perigosos: reconhecemo-los imediatamente e só inspiram repugnância. Os mais temíveis, em seu mundo, como no nosso, são os Espíritos hipócritas: falam sempre com doçura, lisonjeando as mentes predispostas; são meigos, aduladores, pródigos em expressões de ternura e em protestos de devotamento. É preciso ser realmente forte para resistir a semelhantes seduções. Mas, direis, onde estaria o perigo, desde que os Espíritos são impalpáveis? O perigo está nos conselhos perniciosos que dão, aparentemente benévolos, e nos passos ridículos, intempestivos ou funestos a que somos induzidos. (...). Como convém dar o exemplo ao lado da teoria vamos relatar a história de uma pessoa do nosso conhecimento que se encontrou sob o império de uma fascinação semelhante. O Sr. F..., rapaz instruído, de esmerada educação, de caráter suave e benevolente, mas um pouco fraco e indeciso, tornou-se hábil médium psicógrafo com bastante rapidez. Obsidiado pelo Espírito que dele se apoderou e não lhe dava sossego, escrevia sem parar. Desde que uma pena, ou um lápis, lhe caíam à mão, ele os tomava num movimento convulsivo e se punha a preencher páginas inteiras em poucos minutos. Na falta de instrumento, simulava escrever com o dedo, onde quer que se encontrasse: na rua, nas paredes, nas portas, etc. Entre outras coisas que lhe ditaram havia estas: “O homem é composto de três coisas: o homem, o Espírito bom e o Espírito mau. Todos vós tendes vosso Espírito mau, que está ligado ao corpo por laços materiais. Para expulsar o Espírito mau é necessário romper esses laços e, para isso, é preciso enfraquecer o corpo. Quando este se encontra suficientemente enfraquecido, o laço se parte e o Espírito mau o abandona, permanecendo apenas o bom.” Em consequência dessa bela teoria, fizeram-no jejuar durante cinco dias consecutivos e velar à noite. Quando ficou extenuado, disseram-lhe: “Agora a coisa está feita e o laço rompido; teu Espírito mau partiu e ficamos apenas nós, em quem deves crer sem reserva.” E ele, persuadido de que seu Espírito mau havia fugido, acreditava cegamente em todas as suas palavras”.

Por que a gente tem medo do demônio? Por acaso o demônio é mais poderoso que Deus? (Ana Luiza )

As pessoas têm medo do que não conhece, Ana Luiza, e o demônio é um ilustre desconhecido. Em torno dessa figura grotesca e ameaçadora, capaz de causar terror, criou-se muitas lendas através dos séculos, dando mais dramaticidade à luta do homem pela sua salvação. Muitas religiões se apoiam na existência do demônio para fazer adeptos. É assim que essa figura aparece na literatura, no teatro e no cinema, sempre envolvida por um clima de terror, arma de que muitos líderes religiosos se utilizam.

Se você abrir a Bíblia, vai perceber que a figura do demônio não era conhecida ao tempo de Moisés, pois naquela época – cerca de 12 séculos antes de Cristo - não fazia parte da crença daquele povo. Aliás, no tempo de Moisés, nem se cogitava de vida após a morte. Apenas cerca de 200 anos antes de Cristo, porém, a figura de satanás aparece em alguns textos judaicos, mas a crença em uma entidade, que presidia o império do mal a ponto de enfrentar o poder de Deus, já existia entre os persas desde o século VII antes de Cristo.

Quando Jesus aparece no cenário da Palestina, a crença no demônio já estava estabelecida, tanto quanto a crença na ressurreição dos mortos e no juízo final, que também veio dos persas, a primeira religião revelada que se conhece Contudo, é curioso verificar que Jesus não combateu diretamente as crenças e crendices da época. Ele não dava tanta importância ao fato de que, no seio de seu povo, houvesse várias concepções, que diferenciavam fariseus, saduceus, samaritanos e essênios; Preocupou-se unicamente com a conduta das pessoas para proclamar a necessidade do amor ao próximo.

Para o Espiritismo essa figura horripilante do demônio, concebido e pintado pelas religiões através dos tempos, só existe na imaginação das pessoas. O que existe, de fato, são Espíritos ignorantes, às vezes maldosos, que podem prejudicar o homem e que, nos evangelhos, são chamados de Espíritos malignos. Mas esses Espíritos não são demônios no sentido estrito da palavra, pois o pior dos Espíritos é também nosso irmão, filho do mesmo Pai ( que nos ama a todos) , e que também está sujeito à Lei de Evolução para se transformar num Espírito do Bem.

Seria absurdo pensar que Deus, nosso Pai de Amor e Misericórdia, conforme ensinou Jesus – que é todo perfeição, que conhece o passado e o futuro de cada um de nós – criaria um só de seus filhos, sabendo que ele seria condenado eternamente para o mal. Que pai humano faria uma coisa dessa, Ana Luiza? Ora, se nós somos filhos de Deus e o pai nos ama – como disse Jesus, Ele ama os bons e os maus, quer que nos amemos uns aos outros – e, portanto, ama a todos seus filhos e não se permitiria perder um só deles, caso contrário não seria Deus. Lembra-se da parábola da ovelha perdida?

É por isso, Ana Luiza, que o Espiritismo, que surgiu há 161 anos veio esclarecer os ensinos de Jesus, provando que devemos colocar de lado a fé simples e ingênua para adotar uma crença racional, capaz de nos abrir uma visão mais profunda e ampla da vida. Daí porque é absurdo pensar na existência de um poder do mal que se compara ao poder infinito de Deus, mas é perfeitamente lógico acreditar que o mal nasce de nossa ignorância e que um dia desaparecerá pelo processo de evolução.

Logo, se devemos ter medo não é em relação ao demônio, que só existe no imaginário das pessoas, mas, sim, em relação a nós mesmos, porque o mal nasce de nós próprios, dos sentimentos de egoísmo e orgulho que ainda cultivamos, e que pode adquirir uma dimensão assustadora. Por isso, devemos combater esses sentimentos, esforçando-nos por conviver bem com o próximo, para aprendermos a amá-lo, tanto quando devemos amar a nós mesmos. A missão de Jesus foi justamente para eliminar esse demônio que ainda existe em nós, e fortalecer a presença de Deus-Amor em nosso coração.


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