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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

INFLUENCIA, SINTONIA, ENVOLVIMENTO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Pensamentos que cruzam insistentemente nossa mente desviando-nos a atenção daquilo em que nos concentramos; sensações de mal-estar ou medo sem explicações; sintomas de problemas de saúde de origem desconhecida. Analisando os determinantes de um problema a ele apresentado, Allan Kardec na edição da REVISTA ESPIRITA de dezembro de 1862, oferece-nos, dentro da racionalidade que lhe era peculiar, importante elementos para entendermos as situações propostas no início deste texto. Destacamos alguns trechos do seu estudo para refletirmos. Diz ele: “-O primeiro ponto que importa bem se compenetrar, é da natureza dos Espíritos, do ponto de vista moral. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, e não sendo bons todos os homens, não é racional admitir-se, que o Espírito de um perverso de súbito se transforme. Do contrário seria desnecessário a retificação na vida futura. A experiência confirma esta teoria, ou melhor, a teoria é fruto da experiência. Mostram-nos as relações com o Mundo Invisível, ao lado de Espíritos sublimes de sabedoria e de conhecimento, outros ignóbeis, ainda com todos os vícios e paixões da Humanidade. Após a morte, a alma de um homem de bem será um bom Espírito; reencarnado, um bom Espírito será um homem de bem. Pela mesma razão, ao morrer, um homem perverso será um Espírito perverso no mundo invisível. Assim, enquanto o Espírito não se houver depurado ou experimentado o desejo de se melhorar. Porque, entrando na via do progresso, pouco a pouco se despoja de seus maus instintos, eleva-se gradativamente na hierarquia dos Espíritos, até atingir a perfeição, acessível a todos, pois Deus não pode ter criado seres eternamente votados ao mal e à infelicidade. Assim, os mundos visível e invisível se penetram e alternam incessantemente; se assim podemos dizer, alimentam-se mutuamente; ou, melhor dito, esses dois mundos na realidade constituem um só, em dois estados diferentes(...). Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a imensa maioria dos Espíritos que a povoam, tanto no estado de desencarnados, quanto encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que bem(...). É, pois, necessário imaginar-se o mundo invisível como formando uma população inumerável, compacta, por assim dizer, envolvendo a Terra e se agitando no espaço. É uma espécie de atmosfera moral, da qual os Espíritos encarnados ocupam a parte inferior(...). Assim como o ar das partes baixas da atmosfera é pesado e malsão, esse ar moral é também malsão, porque corrompido pelas emanações do Espíritos impuros. Para resistir a isso são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”. Servindo-se d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, explica: “Há no homem três coisas: a alma, ou Espírito, princípio inteligente; o corpo, envoltório material; o perispírito, envoltório fluídico semi-material, servindo de laço entre o Espírito e o corpo(...) Por sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se assim se pode dizer, como agente direto do Espírito, o períspirito é posto em ação e projeta raios pela vontade do Espírito. Por eles, transmite o pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo pensamento do Espírito. Sendo o períspirito o laço que une o Espírito ao corpo, é por seu intermédio que o Espírito transmite aos órgãos, não a vida vegetativa, mas os movimentos que exprimem sua vontade,; é também, por seu intermédio que as sensações do corpo são transmitidas ao Espírito(...). Suponhamos agora duas pessoas próximas, cada qual envolvida por sua atmosfera espiritual (...). Esses fluidos põem-se em contato e se penetram. Se forem de natureza simpática, interpenetram-se; se de natureza antipática, repelem-se e os indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar, sem se darem conta; se, ao contrário, forem movidos por sentimentos de benevolência, terão um pensamento de benevolência, que atrai (...). Se um Espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu períspirito, como num manto; os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem (...). Se o Espírito for bom, sua ação será benéfica e só fará boas coisas; se for perverso e mau, o constrange, até paralisar sua vontade e razão, que abafa com seus fluidos (...). Fá-lo pensar, falar e agir por ele, leva-o contra a vontade a atos extravagantes ou ridículos; numa palavra o magnetiza e o cataleptiza moralmente e o indivíduo se torna um instrumento cego de sua vontade. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação - geralmente chamada possessão -, que se mostram em diferentes graus de intensidade”.



Vi na televisão um padre falando bem de Chico Xavier. Mas ele disse que o que o Chico tinha não era mediunidade, mas a graça do Espírito Santo, porque era assim que ele ajudava as pessoas e socorria os necessitados. (Alzira)

O reconhecimento que esse padre demonstrou ao grande trabalho espiritual do Chico é prova de que se trata de um religioso sensato e coerente com a doutrina cristã. Se todos os religiosos pensassem assim, não teríamos nenhum problema entre as religiões e caminharíamos depressa para um ecumenismo, onde todas as crenças se encontrariam para dar as mãos para trabalhar juntas para a paz no mundo e o bem estar geral da humanidade.

Quanto ao fato de ele não reconhecer a mediunidade, conforme os ensinos espíritas, é um direito que ele tem, pois consegue explicar a atuação do Chico de outra maneira, com base nos seus dogmas de fé. Além disso, não sendo espírita, ele não tem nenhuma obrigação de saber o que é mediunidade e muito menos de estudar o assunto. Na Terra, somos mais de 7 bilhões de pessoas vivendo atualmente nos cinco continentes, mas entre elas existem muitas diferenças de crença, de costumes, de cultura, de conhecimento.

Essa espetacular variedade de pontos de vista, na verdade, vem enriquecer e tornar mais interessante a cultura humana, mostrando a extrema riqueza de interpretações para um mesmo fato, mesmo que várias dessas interpretações não sejam propriamente fruto de conclusões pessoais, mas ensinadas e condicionadas pelas tradições religiosas. O Espiritismo admira a diversidade de pontos de vista ( a grande maioria dos espíritas vieram de outras religiões) e aplaude o fato de que todos podem expressar sem medo suas opiniões.

Contudo, não podemos deixar de considerar que, entre as doutrinas espiritualistas do ocidente, o Espiritismo é a única que se preocupa em investigar a verdade pelos critérios da filosofia e da ciência. O Espiritismo tem, por sinal, uma grande preocupação: que cada um de seus adeptos tenham decidido por si mesmo segui-lo, porque compreendeu o sentido amplo da doutrina. Desde Kardec ela vem caminhando nesse sentido, procurando estimular a crença pessoal, sem submissão a uma instituição ou a uma autoridade, pois a liberdade de pensamento é a mais elevada prerrogativa que Deus nos deu para que cada um alcance a sua verdade.

N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, lançado em abril de 1857, na parte consagrada ao estudo da moral espírita, vamos encontrar a Lei de Liberdade, que reflete o que o pensamento humano já atingiu de mais elevado e sublime em toda a sua história. Lá encontramos o posicionamento espírita a respeito da liberdade de pensamento, da liberdade de expressão e consequentemente da liberdade religiosa, que ao longo do tempo vem sendo conquistada a duras penas.

Se perguntarem a opinião de um espírita sobre qualquer grande figura da Igreja Católica ou de qualquer religião, com certeza, vão perceber que ele se deterá no aspecto moral dessa figura, no que fez e o que representa para a humanidade em termos de amor ao próximo. Não há nenhum interesse do espírita em desmerecer a contribuição de qualquer personalidade do meio religioso que atuou por uma causa nobre. Pelo contrário, o Espiritismo costuma exaltar a participação positiva de todos os benfeitores da humanidade, não importando sua religião ou sua nacionalidade.

Todavia, ainda hoje, podemos deparar algumas vezes com atitudes de incompreensão e intolerância nesse campo por parte de líderes religiosos ainda presos a preconceitos, o que evidentemente compromete o seu posicionamento como autoridade moral. Mas, por outro lado, vemos também expressões de elevado valor espiritual como a desse padre ao referir-se a Chico Xavier, demonstrando que vagarosamente o mundo caminha para uma grande confraternização universal.


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