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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

AS REVELAÇÔES DE HUMBERTO DE CAMPOS, O IRMÃO X; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Nas centenas de páginas psicografadas atraves do médium Chico Xavier – a maior parte enfeixadas em dezenas de livros -,, o escritor e jornalista Humberto de Campos, além de oferecer-nos ensinamentos de rara beleza literária/espiritual, repassou interessantes revelações evidenciando a realidade da reencarnação e sua interrelação com a Lei de Causa e Efeito. No livro CRÔNICAS DE ALÉM TUMULO (feb,1937), no texto em que relata visita a Jerusalém, dialogando com o próprio Espírito conhecido com Judas Iscariotes, por ocasião da Semana Santa de 1935, descobre ter ele resgatado suas dívidas em relação à prisão, julgamento, condenação e morte de Jesus, em “uma fogueira inquisitorial no século XV, onde, imitando o Mestre, foi traído, vendido e usurpado”, na personalidade de Joana D’Arc, a grande missionária que mudou a Historia da França, salvando-a das negociatas políticas que a transformariam em parte do território inglês, preservando as matrizes genéticas que permitiriam a reencarnação séculos depois de grandes pensadores que originaram o movimento conhecido hoje como Iluminismo. No BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb, 1938), revela, entre outras coisas, que José Bonifácio de Andrada e Silva retornaria, posteriormente, como Rui Barbosa e José de Anchieta como o português João Barbosa, notabilizado como Frei Fabiano de Cristo. No PONTOS E CONTOS (feb, 1950), apresenta o exemplo de “um renomado advogado apelidado nos círculos de convivência comum, de “grande cabeça”. Talento privilegiado, não vacilava na defesa do mal, diante do dinheiro, torturando decretos, ladeando artigos, forçando interpretações, acabando sempre em triunfo espetacular. Sentindo-se a suprema cabeça em seu círculo, com a última palavra nos assuntos legais, encontrou um dia a morte, despertando além dela, envolto em extensa rede de compromissos que lhe deformaram de tal forma a cabeça que não conseguia colocar-se na posição de equilíbrio normal, atormentado pelas vítimas ignorantes e sofredoras”. A forma encontrada para re-harmonizar seus órgãos da ideia atacados pela hipertrofia do amor próprio, foi interná-lo num corpo físico na Dimensão mais material, reencarnado nos tristes quadros da hidrocefalia. No CONTOS E APÓLOGOS (feb, 1957), mostra a origem de um fenômeno teratológico de um único corpo sustentando duas cabeças, ambas unidas por débitos nascidos em encarnação anterior em que uma impediu o renascimento da outra através da infeliz opção do aborto. Na mesma obra, a história “registrada na ante-véspera do Natal de 1956, em que apagada mulher, ao tentar salvar dois filhos de inesperada inundação que lhe submergia o barraco que habitava em Passa Quatro (MG), acaba sendo tragada pelas águas do alagamento que se formara. A pobre infeliz de hoje, era a rica fazendeira que na ante-véspera do Natal de 1856, obrigara escrava de sua propriedade, se lançar nas águas transbordantes do Rio Paraiba, ao ouvir-lhe a confissão de que suas duas “crias”, eram também do filho da Sinhá que retornara de repousante estadia na Corte”. No CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA ( feb, 1964), revela que “grande parte dos renascidos a partir de meados da década de 50, ostentando deformidades em braços, pernas, orelhas, mãos, lavraram tal sentença contra si mesmos, nas violentas ações usurpadoras nas áreas de confinamento reservadas para judeus, em países europeus, protegidos pela condição de soldados do exército nazista”. Por fim, no CARTAS E CRÔNICAS (feb, 1966), o esclarecimento sobre a origem da trágica morte coletiva de centenas de pessoas, crianças e adultos, na tarde de 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói (RJ), minutos antes do término do espetáculo de estreia do Grand Circo Americano: resultara das lamentáveis das ideias nascidas e implementadas por eles, no ano 177 DC na arena do circo, na cidade de Lião, antiga Gália – hoje, França -, no sentido de entreterem de forma original autoridade ligada ao Imperador Marco Aurélio, vendo queimar em desespero, cristãos, adultos e crianças, aprisionados na madrugada anterior.


Um e-mail trouxe mais uma participação do Bruno Marcelino Polla, de Marília. Ele diz que leu o livro e gostou muito do livro FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA. Porém o livro apresenta um comentário que não foi aprofundado, talvez por não ser o tema principal. É quando o autor,  na pagina 109, afirma que o espírito, antes de atingir a fase humana, passa por espécies inferiores da escala biológica. Teríamos sido animais ? – pergunta o Bruno. E os animais? Eles serão humanos um dia ?”


Este tema é empolgante e, ao mesmo tempo, muito complexo para ser tratado nesse livro de iniciação ao conhecimento espírita. Como você sabe, a Doutrina Espírita explica o surgimento da espécie humana no planeta pela mesma linha de raciocínio adotada pela ciência. Antigamente se acreditava que tudo no mundo – inclusive os seres vivos – apareceu pronto e acabado, assim como se mostra hoje. Essa falsa percepção decorre do fato de que temos uma vida muito curta aqui na Terra – 50, 70, 100 anos – e durante esse tempo, muito curto, nada parece mudar. A própria espécie humana é muito recente no planeta e, em apenas poucos milhões de anos, aparentemente, nada parece ter mudado sobre a face da Terra.


Pensava-se, desde a antiguidade, que o ser humano sempre teve a mesma aparência física, a mesma inteligência, as mesmas habilidades. Igualmente em relação aos animais: acreditava-se que os insetos, as aves, os mamíferos, os peixes e todos as demais espécies animais sempre existiram com as mesmas características que têm hoje. E essa crença, de que tudo surgiu pronto, veio das tradições mais antigas da humanidade, principalmente das religiões que, no passado distante, era que davam explicações sobre a origem e a finalidade de tudo que existe no mundo. Aqui, em nosso lado ocidental da Terra, a Bíblia é que foi a mensageira dessa revelação, conforme lemos em seu primeiro livro, o Gênese, quando trata da criação.


Contudo, Bruno, de dois séculos para cá, alguns estudiosos da natureza – conhecidos como naturalistas, dentre os quais se destacou o inglês Charles Darwin - investigando amiúde as diversas espécies de vida em vários continentes, perceberam que elas derivam de um único tronco – ou seja, tiveram a mesma origem e depois foram adquirindo novas formas e se diferenciando. Mas a origem da vida só aconteceu em tempos muito distantes, tão distantes que temos dificuldade de conceber. Hoje, as ciências biológicas – que já dispõem de recursos sofisticados de cálculo – estimam em 3,5 bilhões de anos o surgimento das primeiras espécies vivas sobre a Terra.


terça-feira, 29 de novembro de 2022

PROVA E EXPIAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A seção Questões e Problemas da REVISTA ESPÍRITA de setembro de 1863, ocupou--se em esclarecer dúvida levantada por pequeno grupo espírita da cidade francesa de Moullins, a respeito da diferença e em que Plano existencial ocorre a chamada expiação e a prova para o Espírito em processo de evolução. Respondendo-a, Allan Kardec escreveu: “A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso resultante de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente (...). Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a Justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova. Mas acontece, por vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então acusa-se a Justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se, até, de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a Divindade. Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que só agirá com sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos; e que se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma expiação. Pela grande Lei da Pluralidade das Existências, o Espiritismo levanta completamente o véu sob o qual esta questão deixava obscuridade. Ele nos ensina que se falta não tiver sido cometida nesta vida, tê-lo-á sido em outra; e, assim, a Justiça de Deus segue seu curso, punindo-nos por onde havíamos errado. Vem a seguir a grave questão do esquecimento que, segundo nosso correspondente, tira aos males da vida o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o nome que quiserdes: não fareis que não sejam a consequência de uma falta (...). A lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, por isso que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam uma perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo, travaria nosso livre-arbítrio. Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele só se dá na vida exterior de relação (...). Tanto na erraticidade, quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve, ou não deve, fazer. Se não a escuta, então é culpa sua (...). Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, apoiando-se no princípio que a mais justa punição é a consequência da falta, pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida: aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta dizer: “Se sou punido, é porque errei”. E a mesma punição lhe dirá o que fez (...). É erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Assim, nada há de irracional em admitir que um Espírito, na Erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar seus erros passados (...). As misérias daqui são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o aperfeiçoamento”.


Vocês acham que o ser humano vai, um dia, descobrir toda a verdade, ou vamos continuar sempre assim, cada um defendendo a sua, mas ninguém tendo certeza de nada? (Francisco H.Dias, Marília)

Interessante a sua colocação, Francisco. O tema é complicado e, se formos discuti-lo, com certeza, não chegaremos a uma conclusão definitiva e acabada. Esta questão da verdade tem sido muito discutida nos meios filosóficos ao longo da história, pois quem trata disso são os filósofos – os homens que estudam o mundo pelos argumentos lógicos do raciocínio. Mas, a dúvida que você coloca tem razão de ser. Ela já foi objeto de estudo no passado por uma corrente de pensadores, conhecida por Ceticismo. Os céticos – que são os partidários do Ceticismo – diziam: não existe verdade, cada um tem a sua, mas ninguém tem uma verdade que serve para todos.

Há um episódio hilariante sobre isso. Um dos padres dos primórdios da Igreja, Aurélio Agostinho - hoje conhecido por Santo Agostinho - discutindo com os céticos, disse: “Se a verdade não existe, então, o que vocês estão afirmando, também não é verdade”. Diante disso, tudo ficou na mesma e ninguém saiu do lugar. O que é a verdade? Relatam os evangelhos que, diante de Pilatos, Jesus referiu-se à verdade, e o governador da Judéia que, evidentemente, era conhecedor da filosofia grega, teria questionado Jesus, perguntando: “E o que é verdade?” Jesus calou-se. Pelo menos, o evangelho não consta que ela tenha dado alguma resposta a Pilatos.


É que a verdade, na prática, Francisco, é aquilo que cada um consegue perceber ( pelos seus sentidos, pelos seus sentimentos, pelo raciocínio), e essa percepção depende de uma série indefinida de fatores, de situações e de circunstâncias na vida de cada um de nós. Assim – apenas para dar um exemplo corriqueiro – podemos dizer que a verdade de um adulto não é a mesma verdade de uma criança, por mais que o adulto queira convencê-la de que ele está certo e ela não. Isso porque a criança – na sua condição de criança – vê o mundo com o pensamento de criança, e não como adulto. Essa criança, evidentemente, se aproximará da verdade daquele adulto, quando ela mesma se tornar um adulto.


Mas, Jesus não estava interessado nessa discussão. Quando ele disse “eu sou o caminho, a verdade e a vida” ou “eu sou o caminho da verdade e da vida”, ele queria que o ser humano fosse feliz, e essa felicidade, para Jesus, estava no amor fraterno, incondicional, que deveria existir entre as pessoas. Por isso, Jesus, que viveu no meio de disputas religiosas, nunca discutiu religião; interessou-se apenas e tão somente no bem que cada um pode fazer, independente de sua crença. O que ele propôs, para acabar com toda essa discussão inútil e desgastante, é a prática do bem – ou seja, o exercício efetivo do amor. Quando as pessoas se amam, a verdade deixa de ser uma preocupação obsessiva. O amor, portanto, é a finalidade da vida e a base da felicidade.


Você poderia questionar, então, perguntando: “E como fica a verdade? Ela não tem importância?” Claro que a verdade tem sua importância. Mas essa importância da verdade é relativa ( não é tudo), pois, sem o amor, a verdade se degrada., sem o amor a verdade se corrompe; sem o amor, a verdade passa a ser instrumento de aflição e de dor. Chico Xavier disse, certa vez: “Eu tenho medo de quem só tem a verdade a dizer. Entenda quem quiser...” Chico sabia que a verdade pode ser instrumento de felicidade, mas a verdade pode ser também uma arma contra alguém. É por isso que nós, Espíritos em evolução, só vamos conhecendo a verdade aos poucos, de acordo com o nosso desenvolvimento moral – do mesmo modo que a criança, desde o berço, vem se inteirando devagar da realidade do mundo que a cerca.


Não temos toda a verdade, Francisco, e não podemos tê-la, até porque não temos capacidade para tanto. A verdade absoluta só a Deus pertence. Do mesmo modo que a criança, em tenra idade, não pode compreender a atitude do pai que nega o brinquedo que ela mais deseja, nós não temos condições de entender muita coisa que acontece conosco no decorrer desta vida e, por isso, passamos a pensar que Deus está sendo injusto. No entanto, devemos considerar que é importante que cada um tenha a sua verdade, pois é assim que caminhamos para a nossa realização. Pensando nisso, os Espíritos Benfeitores, numa mensagem contida em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO , manda aos espíritas o seguinte recado: “Espíritas, amai-vos – eis o primeiro mandamento. Instruí-vos, eis o segundo.”


segunda-feira, 28 de novembro de 2022

A VOLTA DE FREDERIC CHOPIN; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Declarou que, salvo resoluções posteriores, pretende reencarnar no Brasil, país que futuramente muito auxiliará o triunfo moral das criaturas necessitadas de progresso, mas que tal acontecimento só se verificará do ano 2000 em diante, quando descerá à Terra brilhante falange com o compromisso de levantar, moralizar e sublimar as Artes. Não podia precisar a época exata. Só sabia que será depois do ano 2000, e que a dita falange será como que capitaneada por Vitor Hugo, Espírito experiente e orientador, a quem se acha ligado por afinidades espirituais seculares, capaz de executar missões dessa natureza”. A curiosa revelação foi feita à respeitada médium Yvonne do Amaral Pereira, no final dos anos 50 pelo próprio Espírito do celebre compositor que com ela mantinha contato desde 1931, quando o viu pela primeira vez, na noite de 31 de junho, acompanhando seu Espírito guia Charles. Chopin, como registrado pela história, era polonês e morreu aos 39 anos, vítima da tuberculose em face da fragilidade de sua saúde. Por sinal, no número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1859, dez anos após sua morte, respondeu a doze perguntas formuladas por Kardec em reunião da SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, quando acompanhava o Espírito Mozart que ditara recentemente o fragmento de uma sonata através de um médium chamado Bryon-Dorgeval, que, por sua vez, havia submetido o trecho a vários artistas - sem declinar sua autoria -, os quais reconheceram na peça o estilo de Mozart. Entre as questões respondidas por Chopin, explica sua melancolia no Plano Espiritual como sendo consequência da não realização da prova pela qual renascera no início do Século 19, reconhecendo que com sua inteligência poderia ter avançado mais do que avançou. Curioso notar que nas oportunidades que pode estar espontaneamente diante dele transcorrido mais de um século, a médium dona Yvonne, o via “pouco expansivo e, geralmente, entristecido, embora afetuoso e discreto”. “-Uma única vez vimo-lo sorrir”, conta ela no capítulo três do livro DEVASSANDO O INVISÍVEL (feb), de sua autoria. Através de Charles, dona Yvonne soube que Frederic Chopin “seria a reencarnação do poeta romano Ovídio ( Públio Ovídio Naso, poeta latino, fácil e brilhante, amigo de Vergílio e de Horácio, por volta de 43 A.C.) e do pintor italiano Rafael Sânzio ( pintor, escultor e arquiteto italiano, 1483-1520, cuja genialidade reunia todas as qualidades: perfeição do desenho, vivacidade dos movimentos, harmonia das linhas, delicadeza do colorido, tendo deixado grande número de obras primas o que lhe valeu o reconhecimento como o poeta da Pintura, assim como Ovídio foi considerado o músico da Poesia e Chopin, o poeta da Musica). Por depoimento do próprio Espírito de Chopin, à época de um dos encontros havidos, ele, na Espiritualidade, se ocupava de um curso de Medicina Psíquica, o que a impedia de visitar a Terra com mais frequência. Sobre se, na próxima existência, não voltaria como artista, animado, perguntou “porque não poderia aliar as duas qualidades, se os artistas, muitas vezes, não passam de médiuns?”. O fato de não ter profanado as Artes nem cometido quaisquer deslizes nesse setor, “não o impediriam”, acrescentado que, “no momento, o que o preocupava mais era o desejo de servir aos pequeninos e sofredores, aos quais nunca protegera, já que em suas passadas existências, apenas servira aos grandes da Terra e, na nova encarnação, “não desejava nem mesmo auferir proventos monetários, pessoais, da Música”. Quanto à confiabilidade das informações de Dona Yvonne, lembramos que o também médium Chico Xavier a considerava uma das mais autênticas servidoras da causa da iluminação humana com base no Espiritismo. 


Participa de nossa edição de hoje nosso habitual ouvinte do Bairro Salgueiro, o Wilson Rocha, da Rua Jovelino Moisés. O Wilson pede um comentário sobre os Florais de Bach e também sobre Regressão de Memória. Vamos responder esta questão em duas partes, portanto. Florais de Bach e Regressão são tipos de terapia ou de tratamento de problemas ligados à vida emocional das pessoas. São consideradas terapias alternativas ou complementares.


O que é a terapia floral? Não é coisa nova. É uma prática muito antiga, utilizada inclusive pelos aborígenes da Austrália, desde há muitos séculos. A partir de 1930, um médico inglês, de nome Edward Bach passou a estudar com mais profundidade os princípios da Homeopatia, a terapia criada pelo médico Samuel Hahnemann. Bach era um especialista em bacteriologia, imunologia e saúde pública. Durante o período em que dirigiu um hospital de mais de 400 leitos, percebeu que os pacientes reagiam de diferentes maneiras à mesma forma de tratamento, e acabou concluindo que a vida emocional dos pacientes influía no processo de cura.


Depois de muito pesquisar o efeito terapêutico das plantas, ele descobriu que há um magnetismo nas flores, muito além de sua essência química ou de sua constituição material, e que essa energia ( emanada das flores) têm uma ação significativa sobre o estado emocional das pessoas; que, ajudando os pacientes a se equilibrarem emocionalmente, estaria dando um importante passo para a cura de seus males e para o seu bem-estar. Foi assim que nasceram os florais, conhecidos como Florais de Bach, cujo objetivo é ajudar as pessoas a vencer dificuldades e conflitos íntimos, como o medo, a incerteza, o desinteresse, a solidão, o desespero e outros estados de alma. É para isso que servem os florais.


O Espiritismo reconhece que realmente existem energias nas plantas (e também nas flores), como em tudo na natureza. Não estranha, portanto, que Edward Bach tivesse chegado a tal conclusão e tenha, inclusive, obtido bons resultados no tratamento de seus pacientes. A medicina convencional ou científica ainda não chegou lá. Por enquanto, ela só cuida do aspecto químico-físico do corpo, mas essas energias – a que Bach se refere – são extrafísicas, ou seja, ainda não foram consideradas pela ciência médica. Mas, sem dúvida, elas existem e devem exercer ação direta na vida humana. É bem por isso que nós nos sentimos bem quando em contato direto com a natureza. Além do ar puro, que ela produz, existem substratos energéticos de grande valor para a saúde.


Nas suas obras, André Luiz refere-se às energias naturais invisíveis e imponderáveis, à ação que a vida vegetal exerce sobre nós e à necessidade de não nos distanciarmos da natureza, se quisermos viver bem e participar dessa troca de energia que existe entre todos os seres vivos. Por isso, acreditamos no princípio descoberto por Edward Bach, de que a essência espiritual das flores nos ajudam a reajustar emocionalmente. No entanto, o Espiritismo vai mais longe. Para a Doutrina Espírita, como para Jesus, nosso equilíbrio emocional – que pode ser ajudado pelas terapias naturais – dependem muito de nosso estilo de vida, de valores, de idéias e ideais que alimentamos. Mas dependem, principalmente, da prática do bem e do exercício do amor ao próximo.


Uma informação interessante para os usuários dos Florais de Bach é que a Organização Mundial de Saúde – órgão da ONU-Organização das Nações Unidas – reconheceu a validade da Terapia Floral como “terapia complementar”, já faz mais de 40 anos. Terapia complementar, como o nome está dizendo, é um tratamento que deve ser adicionado ao tratamento médico convencional, servindo-lhe de complemento.  


domingo, 27 de novembro de 2022

KARDEC, A FATALIDADE E A NUMEROLOGIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Questionado sobre o numero sete e sua recorrência no ensino das tradições sagradas do Cristianismo, o Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier disse na resposta à pergunta 142 do livro O CONSOLADOR (1940, feb), “uma opinião isolada nos conduzirá a muitas análises nos domínios da chamada numerologia, fugindo ao escopo de nossas cogitações espirituais. Os números, como as vibrações, possuem a sua mística natural, mas, em face de nossos imperativos de educação, temos de convir que todos os números, como todas as vibrações, serão sagrados para nós, quando houvermos santificado o coração para Deus, sendo justo, nesse particular, copiarmos a antiga observação do Cristo sobre o sábado, esclarecendo que os números foram feitos para os homens, porém, os homens não foram criados para os números”. A propósito, Allan Kardec já havia se pronunciado a respeito, em longo artigo incluído na REVISTA ESPÍRITA, edição de julho de 1868, intitulado A CIÊNCIA DA CONCORDÂNCIA DOS NÚMEROS E A FATALIDADE. Dizendo não ter ainda se dedicado mais demoradamente sobre o assunto, reconhecendo existirem casos sugestivos sobre concordâncias singulares e as datas de certos acontecimentos, não ver razão para tal coincidência e que, “porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista”, visto “o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã”. Considerando a proporcionalidade da Lei das Probabilidades, em suas considerações finais, acrescenta: “-Tendo o homem o livre arbítrio, em nada entra a fatalidade em suas ações individuais; quanto aos acontecimentos da vida privada, que por vezes parecem atingi-lo fatalmente, tem duas fontes bem distintas: uns são consequência direta de sua conduta na existência presente; muitas pessoas são infelizes, doentes, enfermas por sua falta; muitos acidentes são resultado da imprevidência; ele não pode queixar-se senão de si mesmo e não da fatalidade ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são inteiramente independentes da vida presente e parecem, por isto mesmo, devidos a uma certa fatalidade. Mas, ainda aqui o Espiritismo nos demonstra que essa fatalidade é apenas aparente, e que certas posições penosas da vida tem sua razão de ser na pluralidade das existências. O Espírito as escolheu voluntariamente na erraticidade, antes de sua encarnação, como provações para o seu adiantamento. Elas são, pois, produto do livre arbítrio, e não da fatalidade. Se algumas vezes são impostas, como expiação, por uma vontade superior, é ainda por força das más ações voluntariamente cometidas pelo homem em existência precedente, e não como consequência de uma lei fatal, pois que ele poderia ter evitado, agindo de outro modo. A fatalidade é o freio imposto por uma vontade superior à sua, e mais sábia que ele, em tudo o que não é deixado à sua iniciativa. Mas ela jamais é um entrave no exercício de seu livre arbítrio, no que toca as suas ações pessoais. Ela não pode impor-lhe nem o mal, nem bem; desculpar uma ação má qualquer pela fatalidade ou, como se diz muitas vezes, pelo destino, seria abdicar o julgamento de Deus, que lhe deu, para pesar o pró e o contra, a oportunidade ou inoportunidade, as vantagens e os inconvenientes de cada coisa. Se um acontecimento está no destino de um homem, realizar-se-á a despeito de sua vontade, e será sempre para o seu bem; mas as circunstâncias da realização, dependem do emprego que ele faça de seu livre arbítrio, e muitas vezes ele pode voltar em seu prejuízo o que poderia ser um bem, se agir com imprevidência, e se se deixar arrastar por suas paixões. Ele se engana mais ainda se toma o seu desejo ou os desvios de sua imaginação por seu destino”.





Neusa Rodrigues, do Jardim Paineiras, comenta o seguinte: “Recebi um desses folhetos, que as pessoas entregam na porta, dizendo que “o sofrimento acabará em breve”. Cita o Apocalipse, dizendo que, quando Deus acabar com a maldade e o sofrimento, a Terra será um paraíso, que os mortos ressuscitarão. Diz que o sofrimento decorre do pecado cometido por Adão e Eva por terem usado mal o livre-arbítrio, que o homem então saiu do governo de Deus e que o mundo está hoje tão ruim por causa do governo dos homens, que só herdarão no mundo aqueles que fizerem a vontade de Deus”.


De fato, Jesus falou que os mansos herdarão a Terra, Neusa. Não duvidamos disso. Ao contrário, o caminho do progresso espiritual nos leva a essa meta. Nos últimos séculos – especialmente no último – apesar do pessimismo de muitos, acreditamos que a humanidade vem amadurecendo em relação aos períodos anteriores. A Idade Média, com todos os seus problemas, foi melhor que a Idade Antiga, a Moderna melhor que a Média, e a Contemporânea superou a Idade Moderna. O mundo caminha para frente.


Nesse ponto, a Bíblia tem razão: a tendência do mundo é melhorar. Só não percebe disso quem desconhece ou não quer conhecer o passado da humanidade. Mas a explicação do folheto, que você leu, é muito simplista, porque considera que nós temos apenas uma vida na Terra. Assim, quem viveu 3 séculos antes de Cristo nunca teve a mínima noção de como seria viver no século em que vivemos hoje: foi um bruto em relação ao homem atual. Se essa pessoa voltasse a viver hoje na Terra, vindo diretamente do século 17, ficaria completamente perdida entre nós e talvez não tivesse condições de se adaptar ao mundo de hoje.


Portanto, não podemos cogitar de ressurreição dos mortos, mas, sim de reencarnação dos Espíritos. A ideia da reencarnação é bem mais lógica. Aqueles, que vivem hoje ( nós, por exemplo) já vivemos em séculos anteriores. Já entramos e saímos várias vezes da vida terrena, acompanhamos o progresso da humanidade, aprendemos e progredindo, participando na construção de um novo mundo. É nesse sentido que a Terra, aos poucos, veio melhorando, em direção aos seus objetivos maiores, ou seja, no esforço para se tornar algo como um paraíso. Não no sentido de paraíso, como ausência de trabalho e de problemas, mas de competência do homem para se tornar cada vez mais capaz de solucionar seus problemas através do trabalho.


Recentemente, um pesquisador da Universidade de Harvard, Estados Unidos, Steven Pinker, após minucioso estudo da História, lançou um livro mostrando que o mundo nunca esteve tão bem quanto agora em matéria de paz. Isso pode parecer um absurdo, mas não é. A história humana sempre foi marcada pela ignorância, pela violência, pela crueldade e pela guerra. No passado isso foi muito mais freqüente que hoje. Desse modo, como afirma o autor, nunca estivemos num período de tão poucas guerras. Nunca conhecemos, em toda a história, uma era em que estamos preocupados com os direitos humanos e com a defesa da natureza e com a busca da felicidade. Três séculos atrás, esses temas eram ignorados.


É claro que ainda não superamos a violência, pois ainda somos violentos. Mas, já andamos muito. Não somos mais um mundo primitivo. Restam-nos hoje os problemas que se acham mais profundamente arraigados no espírito humano. Isso, porém, requer tempo para ser superado. O maior desafio do homem é superar a si mesmo, é vencer seu orgulho e seu egoísmo. Contudo, isso não se dará facilmente, mas será alcançado a custa de muito sofrimento. Esperamos, no entanto, que nos próximos séculos, os homens de boa vontade acelerem essas mudanças, que redundarão naquela nova Terra a que Jesus se referiu há 2 mil anos atrás.


 

sábado, 26 de novembro de 2022

A OBSESSÃO SOB ANGULOS INUSITADOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Um encontro casual após um esbarrão no final da tarde de 22 de outubro de 1946, numa das principais avenidas de Belo Horizonte, resultou numa amizade e convivência quase diária pelos próximos doze anos, até que as circunstancias obrigassem Chico Xavier a mudar-se para Uberaba, no Triângulo Mineiro. Assim explica Arnaldo Rocha sua ligação com o médium mineiro, que já na primeira oportunidade, surpreendeu o ateu e materialista Arnaldo, ainda abalado com a morte da querida esposa 21 dias antes. Após as apresentações, Chico, sem nunca tê-lo visto nesta existência, comenta sobre a beleza da jovem falecida, pedindo para ver a foto guardada no bolso traseiro de sua calça. A jovem chamara-se na existência recem terminada, Irma de Castro, apelidada Meimei, forma carinhosa com que o apaixonado esposo a tratava.. No início dos anos 50, Chico assoberbado pelo grande número de necessitados que o cercavam insistiu na importância de reativar de forma regular os trabalhos de desobsessão a que se consagrou até a morte de seu irmão José Xavier, em 1939. Assim , em 31 de julho de 1952, começava a funcionar o Grupo Meimei, sob a coordenação em nosso Plano de Arnaldo, apesar de não se reconhecer com o preparo necessário. Mergulhou numa confusão mental, como escreveria no livro MANDATO DE AMOR (uem), derivada do entristecimento pela “vivência e participação em situações tão infelizes”. Ocorreu-lhe a ideia de, através de Chico, pedir ao orientador espiritual Emmanuel, fornecesse maiores esclarecimentos sobre a obsessão. Instantes depois, o médium disse-lhe: “- Nosso Benfeitor pede para inteirar-lhe que no momento acha-se ocupado em determinados setores de serviço, que o impedem de atender-nos, como seria de seu desejo. Mas solicitará a um amigo a cooperação fraterna de sua experiência nesse mister”. Semanas depois, nos instantes finais das reuniões do Grupo Meimei, após modificações significativas na fisionomia de Chico, apresentou-se o Espírito do Dr. Francisco Menezes Dias da Cruz. Era a noite de 15 de julho de 1954, e o médico desencarnado, explicou estar atendendo às solicitações de Emmanuel, desdobrando desde então um ciclo de sete explanações sobre o assunto solicitado. Na primeira intitulada ALERGIA E OBSESSÃO, estabelece interessante proposição afirmando que “a obsessão é um processo alérgico, interessando o equilíbrio da mente”. Didaticamente explica: “- Recordemos que as radiações mentais, que podemos classificar por agentes “R”, na maioria das vezes se apresentam, na base de formação da substância “H”, desempenhando importante papel em quase todas as perturbações neuropsíquicas e usando o cérebro como órgão de choque. Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras ou atos, arrojam de nós raios específicos. Assim sendo, é indispensável cuidar de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes”. Na abordagem seguinte, PARASITOSE MENTAL, aprecia o vampirismo, figurando-o como sendo inquietante fenômeno de parasitose mental. Considera que “pelo imã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzí-lo à escabiose e à ulceração, à dispsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”. Na terceira manifestação, tratou do DOMÍNIO MAGNÉTICO, serve-se do hipnotismo, comparando o estado de sujeição da vontade do hipnotizado ao do obsediado. Diz que “o processo se assemelha ao utilizado pelos desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente, na cultura do vampirismo. Justapõem-se à aura das criaturas que lhes oferecem passividade e, sugando-lhes as energias, senhoreiam-lhes as zonas motoras e sensórias, inclusive os centros cerebrais, em que o espírito conserva as suas conquistas de linguagem e sensibilidade, memória e percepção, dominando-as à maneira do artista que controla as teclas de um piano, criando assim as doenças-fantasmas de todos os tipos que, em se alongando no tempo, operam a degenerescência dos tecidos orgânicos, estabelecendo o império de moléstias reais, que persistem até a morte”. Seguindo, o Dr. Dias da Cruz, comentou a FIXAÇÃO MENTAL, dizendo que “as reações contínuas, hauridas pelos nervos da organização sensorial, determinando a compulsória movimentação do cérebro, associadas aos múltiplos serviços da alimentação, da higiene e da preservação orgânica, estabelecem todo um conjunto vibratório de emoções e sensações sobre as cordas sensíveis da memória. Na visita seguinte, o assunto foi A TERAPEUTICA DA PRECE, em que ele considera que “no tratamento da obsessão, é necessário salientá-la como elemento valioso na introdução à cura”. As duas últimas abordagens seriam dedicadas à AUTOFLAGELAÇÃO, em que lembra que “toda violência praticada por nós, contra os outros, significa dilaceração em nós mesmos”. Concluindo, o comentário dedicou-se à OBSESSÃO OCULTA, salientando o “impositivo de nossa vigilância em todos os estados passivos de nossa alma, porque, através da meditação e do sono, nos identificamos, muita vez de modo imperceptível, com os pensamentos que nos são sugeridos pelas inteligências desencarnadas ou não, que se afinam conosco e, se não nos guardamos na fortaleza das obrigações retamente cumpridas, caímos sem dificuldade nas malhas da obsessão oculta”.


Vi um filme impressionante que conta a história de uma menina que reencarnou. Só fiquei em dúvida porque a reencarnação dessa menina aconteceu no mesmo instante em que uma outra menina estava morrendo em outro lugar. Isso é possível? (Adriana)

Não, não é assim que acontece, Luciana. A reencarnação não é um fato mágico, que se dá num estalo de dedo. Não. Ela obedece às leis da natureza e, na natureza, as coisas não acontecem dessa maneira. Após desencarnar, o Espírito retorna ao mundo espiritual e, mesmo que tenha de reencarnar de imediato, é preciso haver um preparo para isso e esse preparo sempre requer tempo.

Veja o que acontece com a natureza. Quando você joga uma semente no solo, essa semente não germina instantaneamente. Além das condições, que o solo deve oferecer para a semente germinar ( como umidade e temperatura, por exemplo), a sementinha precisa se acomodar na terra, e passar a sofrer a ação do meio-ambiente para acionar a germinação. E isso vai levar algum tempo, certamente. Assim mesmo, cada espécie tem seu tempo para germinar: o feijão germina em alguns dias, mas a semente da sequoia requer anos.

Para um Espírito reencarnar há também um processo natural. Alguns Espíritos são preparados para reencarnar (geralmente, os que estão em melhores condições), da mesma forma que sementes são muitas vezes selecionadas e preparadas antes de serem levadas ao solo. Outros Espíritos reencarnam espontaneamente, assim como existem sementes que caem diretamente da árvore no1 solo. Mas, em ambos os casos, há sempre um tempo a ser cumprido.

O menor tempo a ser cumprido de uma encarnação a outra é o tempo necessário para a fecundação do óvulo no ventre da mãe mais o processo da gestação. Logo, um Espírito que reencarnasse imediatamente – como se costuma dizer – levaria no mínimo 9 meses para reencarnar. Por quê? Porque a reencarnação propriamente dita começa na concepção, ou seja, no momento em que o espermatozoide do pai se funde com o óvulo da mãe, dando origem à célula-ovo.

Esse momento é sagrado para o Espírito. É o seu acoplamento com o novo corpo que, naquele momento singular, é apenas uma celulazinha microscópica que, imediatamente, vai começar seu processo de multiplicação, numa rapidez impressionante – de 2 em 4, de 4 em 16, de 16 em 256 , e assim por diante. Aquela celulazinha – a célula-ovo ou zigoto – é o primeiro envoltório do Espirito, que reinicia em alta velocidade uma nova vida na Terra. Durante cerca de nove meses, esse Espírito estará presidindo a evolução natural de seu corpo no ventre materno.

É dessa forma, Luciana, que o Espirito reencarna. E, se você quiser conhecer com mais detalhes como se dá esse processo, leia no livro “MISSIONÁRIOS DA LUZ” de André Luiz, recebido por Chico Xavier, a reencarnação de Segismundo. Ali, o autor ainda vai mais longe, porque ele relata em 3 capítulos o caso de um Espírito, que fora preparado para reencarnar num lar onde deveria conviver com um inimigo do passado. Neste caso, a sua reencarnação exigiu um tempo bem maior, não só de preparação do Espírito, mas daqueles que seriam seus pais.



sexta-feira, 25 de novembro de 2022

APROVEITADORES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Eles sempre estiveram presentes: os que tentam vender os serviços dos Espíritos para poupar os interessados de qualquer tipo de esforço. Problemas de relacionamento, casamento, emprego, rivalidades, são algumas das opções oferecidas. Na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1860, Allan Kardec se serve de uma notícia publicada pelo jornal SIÈCLE para comentar o assunto. Dizia a mesma que “um senhor de nome Felix N., jardineiro das proximidades de Órleans, passava por ter a habilidade de isentar os candidatos à prestação do serviço militar do sorteio, isto é, de os fazer alcançar um bom número. Prometeu a um deles, jovem vinhateiro, fazê-lo tirar o número que quisesse, mediante 60 francos, dos quais 30 adiantadamente e 30 após o sorteio. O segredo consistia em rezar três Pater e três Ave Maria durante nove dias. Além disso, o feiticeiro afirmava que, graças ao que fazia de sua parte, a coisa favorecia o rapaz e o impediria de dormir durante a última noite, mas ficaria isento. Infelizmente o encanto não funcionou: o candidato dormiu como de costume e tirou o número 31, que o fez soldado. Repetidos os fatos duas vezes, o segredo não foi mantido e o feiticeiro Felix foi levado à Justiça”. Comenta Kardec: “Os adversários do Espiritismo, o acusam de despertar ideias supersticiosas. Mas, que é o que há de comum entre a Doutrina que ensina a existência do Mundo Invisível, comunicando-se com o visível, e os fatos da natureza do que relatamos, que são os verdadeiros tipos de superstição? Onde se viu o Espiritismo ensinar semelhantes absurdos? Se os que o atacam a tal respeito se tivessem dado ao trabalho de estuda-lo, antes de o julgar tão levianamente, saberiam que não só condena todas as práticas divinatórias, como lhes demonstra a nulidade. Portanto, como temos dito muitas vezes, o estudo sério do Espiritismo tende a destruir as crenças realmente supersticiosas. Na maioria das crenças populares há, quase sempre, um fundo de verdade, mas desnaturado, amplificado. São os acessórios, as falsas aplicações que, a bem dizer, constituem a superstição. Assim é que os contos de fadas e de gênios repousam sobre a existência de Espíritos bons e maus, protetores e malévolos; que todas as histórias de aparições tem sua fonte no fenômeno real das manifestações espíritas, visíveis e, mesmo, tangíveis. Tal fenômeno, hoje perfeitamente verificado e explicado, entra na categoria dos fenômenos naturais, que são uma consequência das Leis Eternas da Criação. Mas o homem raramente se contenta com a Verdade que lhe parece muito simples: ela a reveste com todas as quimeras criadas pela imaginação e é então que cai no absurdo. Vem depois os que tem interesse em explorar essas mesmas crenças, às quais juntam um prestigio fantástico, próprio a servir aos seus objetivos. Daí essa turba de adivinhos, feiticeiros, ledores de sorte, contra os quais a lei se ergue com justiça. O Espiritismo verdadeiro, racional, não é, pois, mais responsável pelo abuso que dele possam fazer, do que o é a Medicina pelas fórmulas ridículas e práticas empregadas por charlatães ou ignorantes. Ainda uma vez, antes de julgá-lo, dai-vos ao trabalho de o estudar. Concebe-se o fundo de verdade de certas crenças. Mas talvez se pergunte sobre o que pode repousar a que deu lugar ao fato acima, crença muito espalhada no nosso interior, como se sabe. Parece-nos que tem sua origem no sentimento intuitivo dos seres invisíveis, aos quais se é levado a atribuir um poder que, por vezes, não tem. A existência de Espíritos enganadores, que pululam à nossa volta, por força da inferioridade do nosso Globo, como insetos daninhos num pântano, e que se divertem à custa dos crédulos, predizendo-lhes um futuro quimérico, sempre próprio a adular seus gostos e desejos, é um fato do qual temos provas diárias pelos médiuns atuais. O que se passa aos nossos olhos aconteceu em todas as épocas, por meios de comunicação em uso conforme o tempo e o lugar. Eis a realidade. Com o auxílio do charlatanismo e da cupidez, a realidade passou para o estado de crença supersticiosa”.


Pergunta enviada pelo Adão Roberto Crizante: “Gostaria de saber o que o Espiritismo tem a dizer sobre este versículo de Atos, 16:31: “Crê no senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.


As instituições religiosas, ao longo da história, sempre assumiram a interpretação das escrituras, e do modo que lhes pareceu mais conveniente, conduzindo o povo para seus objetivos, não só no mundo cristão, mas também fora dele. É assim que, para se manter, elas tiveram que investir tudo na fé, até porque a fé , dependendo da direção que lhe é dada, tanto pode levar à verdade, como pode desviar-se totalmente dela. Os falsos profetas já existiam ao tempo de Jesus e ele mesmo nos alertou contra o perigo dos falsos formadores de opinião.


Ao contrário, o Espiritismo, como uma doutrina moderna, não tem nenhum interesse em prender a fé de ninguém, tampouco em guiar as pessoas para uma visão única e exclusiva a respeito do que quer que seja. Pelo contrário: ela defende a liberdade individual de pensar e de acreditar, de ler e interpretar cada um a seu modo, de acordo com suas próprias convicções. Por isso mesmo, Allan Kardec, desde a constituição da doutrina, em 1857, afirma que o espírita precisa ler de tudo, principalmente as idéias contrárias à Doutrina Espírita, para não ser conduzido pelo pensamento dos outros, mas assumir a sua própria maneira de pensar. Logo, essa liberdade que o Espiritismo prega, não existe nas religiões, que temem perder adeptos.


Os evangelhos nos mostram que um ponto importante na doutrina de Jesus, para nos assegurar a verdadeira paz de espírito é, sem dúvida, a fé. Mas a fé no sentido amplo; quer dizer, a fé esclarecida, a fé operante, a fé que se manifesta no serviço do amor e na busca da verdade. É nesse sentido que a fé salva, ou seja, é nesse sentido amplo e atuante que a fé se constitui numa porta libertadora que nos leva à felicidade – ou, em outras palavras, que nos leva à verdadeira salvação.


Veja bem. Para chegarmos à verdade, Jesus nos recomendou a fé, mas a fé através do conhecimento: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Para conquistarmos o amor, que é ponto alto de sua doutrina, ele nos concitou à prática do bem: “fazeis aos outros aquilo que quereis que eles vos façam e não façais o que não quereis que vos façam”. Desse modo, a fé não é um estado passivo de ingenuidade ou de mera contemplação de Deus, através da adoração, mas uma condição que nos impõe ação e autotransformação todos os dias de nossa vida.


Vamos entender melhor. Por que a fé para Jesus era diferente da fé que os fariseus demonstravam? Porque a fé dos fariseus era apenas uma fé contemplativa, inoperante, ausente dos atos do dia-a-dia. Ela se satisfazia apenas com orações, com louvores; enfim, com a observância das regras religiosas – como guardar o sábado, freqüentar o templo, pagar o dízimo, praticar o jejum, oferecer sacrifícios, participar das cerimônias, etc. Foi essa fé contemplativa e inoperante que Jesus tanto combateu, para dizer que ela não era suficiente para salvar o homem do pecado e dos tormentos da alma, até porque aqueles fariseus – a quem ele criticava – de religião só tinham a aparência, pois viviam na iniqüidade e na corrupção dos verdadeiros valores morais.


Sempre temos recorrido à Parábola do Bom Samaritano, porque essa parábola, mais do que qualquer outra, aponta o comportamento ideal do homem em relação ao homem. É o que podemos chamar de fé verdadeira – quer dizer, de prática que corresponde a um valor espiritual que a pessoa realmente aplica em sua vida. O socorro ao desconhecido prestado pelo samaritano, nessa parábola contada por Jesus, representa a concretização do verdadeiro amor – ou seja, a expressão mais elevada da fé que ele recomendou a todos nós, a fé que se manifesta através da ação.


Apenas crer, na prática, nada significa. É como ter um projeto que nunca é levado à execução, ou dizer que ama alguém, sem nunca lhe ter feito um bem. Ora, quando a pessoa consegue trazer para sua vida diária atitudes e comportamentos que expressem esse amor incondicional pelo próximo, podemos dizer que ela verdadeiramente crê em Jesus – porque crê naquilo que ele ensinou - e, em razão disso, ela está salva do egoísmo e do orgulho, dos tormentos do coração e juntamente com ela aqueles que desfrutam de sua presença, porque esses também se sentirão envolvidos e beneficiados pelas suas elevadas expressões de amor. 


quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A HIPOTESE-CERTEZA DE HERMÍNIO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Lançado no ano de 1975, o livro VIDA DEPOIS DA VIDA (edibolso), apresenta o resultado de cinco anos de pesquisa conduzida pelo médico Raymond A. Moody Jr, a respeito do que se popularizou como EQM – Experiência de Quase Morte, ou seja, daquelas pessoas que por fatores diversos, foram trazidas de volta à vida por processos naturais ou induzidos. O trabalho prefaciado, antes de ser publicado, por outra médica especialista no assunto, Elizabeth Kubler-Ross, revela informações muito interessantes, como a do paciente moribundo continuar a ter informação consciente do seu ambiente depois de ter sido declarado clinicamente morto; um flutuar para fora de seus corpos físicos; grande sensação de paz e totalidade; estarem cônscios do auxílio de outra pessoa em sua transição para outro plano de existência; a presença de pessoas amadas que tinham morrido antes, e, uma das mais instigantes é a chamada recapitulação extremamente rápida da própria vida, para alguns em ordem cronológica, enquanto para outros não. Segundo os relatos, instantânea, de uma vez, abrangendo todas as coisas só com um relance, vívida e real, cada imagem sendo percebida e reconhecida, apesar da rapidez. Surpreendentemente, Allan Kardec, nos depoimentos sobre percepções e sensações no instante da morte, selecionados para compor a segunda parte d’ O CÉU E O INFERNO, incluiu dois em que contam que “toda a minha vida se desenrolou diante de minha lembrança” (J. Sanson,) e, “senti um abalo e lembrei-me, de repente, meu nascimento, juventude, minha idade madura, toda a minha vida se retratou nitidamente em minha lembrança” (M. Jobard). Já no início do século 20, o incansável pesquisador Ernesto Bozzano, apresenta na obra A CRISE DA MORTE (feb), casos como o do juiz Peckam, “no momento da morte, revi, como num panorama, os acontecimentos de toda minha existência, todas as cenas, ações que praticara, passaram ante meu olhar”; do Dr. Horace Abraham Ackley, “logo que voltei a mim, todos os acontecimentos de minha vida desfilaram sob as vistas, como num panorama, visões vivas, muito reais, em dimensões naturais, como se meu passado se houvera tornado presente”, ou, Jim Nolam, “um pouco antes da crise fatal, minha mente se tornara muito ativa; lembrei-me subitamente de todos os acontecimentos da minha vida; vi e ouvi tudo que fizera, dissera, pensara, todas as coisas a a que estivera associado”. Em outro dos seus extraordinários trabalhos, A MORTE E SEUS MISTÉRIOS (eco), Bozzano reúne relatos de pessoas que passando por traumatizantes situações de perigo de vida, também vivenciaram experiências da visão panorâmica. Um grupo de alpinistas e turistas que sofreram quedas das montanhas, vendo a morte de perto, relataram que além de um sentimento de beatitude; ausência do tato e da dor, com a visão e audição conservando acuidade normal; extrema rapidez do pensamento e imaginação; em inúmeros casos, reviram todo o curso de sua vida passada (“vislumbrei todos os fatos de minha vida terrena que se desenrolaram diante de meus olhos em imagens inumeráveis, com extraordinária rapidez e clareza”); Alphonse Bué, vitima de queda que o fez perder a consciência durante dois ou três segundos, conta que “desenrolaram-se, clara e lentamente, no seu Espírito, cenas, brinquedos infantis, vida escolar, curso na escola militar, a vida de soldado na guerra da Itália, etc.”. Bozzano agrupa ainda casos de pessoas que passaram por asfixia por submersão (1- “vi, num vasto panorama, toda minha existência terrena, desde as recordações infantis até o momento em que nadei para o mar alto”; 2- “diante de minha visão, se sucedia, com a maior rapidez, todo o painel de minha vida, em projeção panorâmica”, 3- “no instante em que desapareci na água, se produziu em minha mente verdadeira revolução, graças à qual as menores particularidades de minha vida terrena se imprimiram em caracteres profundos em minha memória, de acordo com as épocas em que as vivi”). O riquíssimo documentário produzido através do médium Chico Xavier, através das cartas de entes queridos,inclui inúmeras demonstrações dessa recapitulação no instante imediato à morte. O erudito e respeitado Hermínio Correia de Miranda, na obra AS DUAS FACES DA VIDA (lachâtre, 2005), no capítulo Psiquismo Biológico, recordando hipótese formulada no extraordinário A MEMÓRIA E O TEMPO (edicel,1981), de que “ao finalizar-se a existência na carne, ou mesmo ante ameaça mais vigorosa e eminente de que ela está para terminar, dispara um dispositivo de transcrição dos arquivos biológicos para os perispirituais, do que resulta aquele belo e curioso espetáculo de replay da vida, para o qual estamos propondo o nome de recapitulação. Uma vez transcrita a gravação dos tapes espirituais, o corpo físico é liberado para a desintegração celular inevitável”. Quatro décadas depois dessa suposição, conclui: “As pesquisas posteriores(...), me asseguram de que não há, ainda razões para rejeitar a hipótese, havendo, ao contrário, suportes confiáveis para ela, não apenas em textos doutrinários básicos, como em informes trazidos por André Luiz, bem como, no convincente depoimento de um confrade experimentado como Romeu do Amaral Camargo”, acrescentando: “- Assim, o Espírito pode proceder a uma reavaliação das suas vivências, ao mesmo tempo em que se prepara para novas tarefas no Mundo Espiritual e para a eventual retomada da experiência física, em outra etapa reencarnatória”..



É da Virgínia Simeão da Silva, a seguinte questão: “Quando um animal fica ferido, sem esperança de viver, costumamos sacrificar esse animal, para evitar que ele continue sofrendo. Não é natural esse sentimento de interromper a dor, para evitar que o individuo sofra? Assim, também, uma pessoa que chegou ao termo da vida, está sofrendo muito, não tem mais esperança de viver, chegou às raias do desespero, por que não interromper sua dor e a dor da família?”


A condição do animal, Virgínia, é bem diferente da condição do ser humano. E a maior diferença entre eles é que o ser humano tem autoconsciência. O homem sabe das coisas e sabe de si mesmo, busca explicação para tudo, tem sonhos e aspirações, sentimentos de justiça e, assume compromissos. Por ser autoconsciente, por tomar decisões e ter vontade própria, ele assumiu o comando de seu próprio destino, tem méritos e culpas pelo bem ou pelo mal que pratica.


Logo, a jornada espiritual do homem é muito diferente da do animal, pois eles estão em estágios diferentes de evolução. A vida moral do homem dá-lhe responsabilidade na condução de seu próprio destino; o animal é apenas guiado pelas leis da natureza. Por isso mesmo, o homem tem o mérito e a culpa de seus atos; o animal, não. No sofrimento humano existe, portanto, um componente de ordem moral, enquanto que o sofrimento do animal atende apenas às suas necessidades imediatas de evolução.


Logo, os animais não sofrem por erros cometidos, mas sofre em decorrência de suas necessidades de evolução, enquanto que o ser humano, muitas vezes, está passando por uma prova ou por uma expiação e precisa resgatar suas culpas. Eis porque não é admissível a eutanásia no ser humano, porque sua morte prematura pode interromper um processo de resgate. Como os animais não carregam culpas, ele não precisam resgatar nada, razão pela qual o que é admissível para o animal ( no caso, a eutanásia), não é admissível para o homem.


É claro, Virginia, que é natural que nos condoemos do sofrimento alheio. Aliás esta é uma condição significativa para o exercício de nossa sensibilidade. Quando nos comparecemos de alguém que sofre cabe-nos fazer o possível para aplacar-lhe as dores – sejam físicas ou morais. Compete-nos atuar sempre pelo bem-estar do próximo, fazendo o máximo ao nosso alcance. Mas sempre no sentido de preservar a vida – e não de abreviá-la. Abreviar uma vida humana pode significar, algumas vezes, eliminar momentos que seriam de grande utilidade para o seu crescimento espiritual.


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O QUE OS HISTORIADORES NÃO CONTAM ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A Historia oficial dos líderes, povos, países, governantes, ao longo de grande parte da evolução da Humanidade, foi sempre escrita sob encomenda, registrando dados e passagens que nem sempre expressam os fatos integralmente. Num país, por exemplo, apenas as ocorrências desenroladas no centro do poder, envolvendo personagens mais diretamente a ele ligados, são preservados. O que acontece no interior, raramente é contado. O Antigo Testamento, em vários de seus escritos, mostra a dependência de Reis, Faraós e Soberanos de oráculos e pitonisas que lhes decifravam sonhos, pressentimentos ou até mesmo a influência dos Astros, diante de decisões a serem tomadas. O tempo foi, aparentemente, afastando uns e outros, minimizando essa influência. Allan Kardec na edição de março de 1864 da REVISTA ESPIRITA, incluiu interessante matéria intitulada UMA RAINHA MÉDIUM, construída a partir de notícias veiculadas em vários jornais da época como Opinion Nationale e Siècle, veiculados em 22 de fevereiro do mesmo ano. Tais escritos fazem referência à fatos envolvendo a Rainha Vitória, que durante sessenta e quatro anos esteve à frente do trono da Inglaterra. Ela, cujo nome completo era Alexandrina Vitória Regina, era erudita, amante das letras, apreciava as artes, tocava piano e praticava a pintura. Marcou a historia daquele país de tal forma que seu reinado é denominado Era Vitoriana, por uma série de ações na área sócia,l como a abolição da escravatura no Império Britânico; redução da jornada de trabalho para dez horas; instalação do direito ao voto para todos os trabalhadores; expansão das Colônias; grande ascensão da burguesia industrial, entre outros feitos. Assumindo o trono aos 18 anos, teve nove filhos com o primo e Príncipe Alberto, com quem, por um amor profundo casou aos 21. Enviuvou aos 42 anos, conservando luto até sua morte, quatro décadas depois. Comentando a citada notícia, diz Kardec: “Uma carta de pessoa bem informada revela que, recentemente, num conselho privado, onde fora discutida a questão dinamarquesa, a Rainha Vitória declarou que nada faria sem consultar o príncipe Alberto( morrera). E com efeito, tendo-se retirado por um pouco para seu gabinete, voltou dizendo que o “príncipe se pronunciava contra guerra. Esse fato e outros semelhantes transpiraram e originaram a ideia de que seria oportuno estabelecer uma regência”. Seguindo o Codificador acrescenta: “-Tínhamos razão ao escrever que o Espiritismo tem adeptos até nos degraus dos tronos. Poderíamos ter dito: até nos tronos. Vê-se, porém, que os próprios soberanos não escapam à qualificação dada aos que acreditam nas comunicações de Além-túmulo(...). O Journal de Poitiers, que relata o mesmo caso, o acompanha desta reflexão: Cair assim no domínio dos Espíritos não é abandonar o das únicas realidades que tem de conduzir o mundo?”. Até certo ponto concordamos com a opinião do jornal, mas de outro ponto de vista. Para ele os Espíritos não são realidades, porque, segundo certas pessoas, só há realidade no que se vê e se toca. Ora, assim, Deus não seria uma realidade e, contudo, quem ousaria dizer que ele não conduz o mundo? Que não há acontecimentos providenciais para levar a um determinado resultado? Então, os Espíritos são instrumentos de sua vontade; inspiram os homens, solicitam-nos, mau grado seu, a fazer isto ou aquilo, a agir neste sentido e não naquele, e isto tanto nas grandes resoluções quanto nas circunstâncias da vida privada. Assim, a esse respeito, não somos da opinião do jornal. Se os Espíritos inspiram de maneira oculta, é para deixar ao homem o livre-arbítrio e a responsabilidade de seus atos. Se receber inspiração de um mau Espírito, pode estar certo de receber, ao mesmo tempo, a de um bom, pois Deus jamais deixa o homem sem defesa contra as más sugestões. Cabe-lhe pesar e decidir conforme a sua consciência. Nas comunicações ostensivas, por via mediúnica, não deve mais o homem abnegar o seu livre-arbítrio: seria erro regular cegamente todos os passos e movimentos pelo conselho dos Espíritos, por que há os que ainda podem ter ideias e preconceitos da vida. Só os Espíritos Superiores disso estão isentos(...). Em princípio os Espíritos não nos vem conduzir; o objetivo de suas instruções é tornar-nos melhores, dar fé aos que não a tem e não o de nos poupar o trabalho de pensar por nós mesmos”.


Gostaria de saber como funciona e se existe uma estrutura hierárquica dentro do Espiritismo. Por exemplo: na Igreja Católica, frei, padre, bispo, até chegar ao Papa. Como funciona a estrutura no Espiritismo? (Ariovaldo D’Nicolai)


Em primeiro lugar - respondendo ao Ariovaldo e esclarecendo os demais ouvintes - vamos dizer o que se entende por “estrutura hierárquica”. Segundo a enciclopédia virtual, estrutura hierárquica ou “hierarquia é a ordenação de elementos em ordem de importância, mas pode significar mais específicamente: a distribuição ordenada dos poderes, a graduação das diferentes categorias de funcionários ou membros de uma organização, instituição ou igreja”.


Um exemplo prático de hierarquia religiosa é a Igreja Católica Romana, a que o Ariovaldo se refere. Existe um poder central e soberano, sediado no Vaticano e liderado pelo papa e uma diversidade escalonada de poderes, representada por cardeais, bispos, padres, etc. Esse tipo de organização é que geralmente prevalece na administração empresarial: a chefia lá em cima, decidindo e estabelecendo normas, e os demais integrantes administrativos nos escalões inferiores, determinando e fiscalizando sua aplicação. Portanto, o que caracteriza a hierarquia é a organização rígida da instituição e o fato de as decisões só poderem fluir de cima para baixo. As bases não tomam decisões.


Evidentemente, não é o caso do Espiritismo, Ariovaldo. O Espiritismo não é uma instituição, é uma doutrina ou um conjunto ordenado de idéias, sem comando central. Aliás, esta é uma de suas principais características, a descentralização do poder. Não existe um chefe no Espiritismo. Podem existir líderes, mas não chefes, porque líder é uma condição natural do individuo. Chefe é o que determina e exige obediência, líder é o que é seguido por livre escolha das pessoas. A Doutrina Espírita foi revelada pelos Espíritos através de médiuns. Quem a organizou num corpo doutrinário e a divulgou foi Allan Kardec. Mas, nem mesmo Allan Kardec se considerou chefe da doutrina.


Conforme lemos em suas obras, ele foi muito claro em dizer que era apenas um líder, um iniciador de um movimento livre, sem comando e aberto a todos. A autoridade do Espiritismo, portanto, não está num homem, nem num grupo de homens, mas nas suas idéias, no seu ideal, representado pelos ensinamentos de Jesus e tendo como finalidade a transformação moral da humanidade. Desse modo, qualquer pessoa pode tomar a iniciativa de formar um grupo espírita, de fundar um centro ou núcleo de estudo e prática da doutrina. Não haverá uma determinação doutrinária, no sentido de que ela deva fazer desta ou daquela maneira. É claro que essas pessoas, ao criarem umn grupo, deverão seguir as disposições do Cógido Civil. Logo, em se tratando de Espiritismo, não há quem faça determinações.


Por conseguinte, Ariovaldo, não há um controle em matéria de doutrina. São os princípios que os Espíritos revelaram, submetidos à consciência de cada um, que vão dizer o que é e o que não é Espiritismo. Sendo apenas um movimento, que se espalha pelo mundo, o Espiritismo é uma doutrina que deve ser analisada e compreendida por cada pessoa, respeitando seu ponto de vista, cabendo-lhe aceitar ou não. Quem aceita os princípios da doutrina como verdadeiros pode-se dizer espírita.


Assim, dentro das fileiras espíritas não existem chefes ou mestres, todos são discípulos ou aprendizes. Por isso, todo espírita deve estudar a doutrina, conhecê-la, e tem por dever moral divulgá-la e aplicá-la na prática de sua vida diária, sempre tendo em vista que a finalidade do Espiritismo é a melhoria moral do homem com base no lema “fora da caridade não há salvação”. Os chamados centros espíritas – a que Kardec deu o nome de sociedades - são, portanto, iniciativas de espíritas que, ao organizá-los, são obvrigados a atender às exigências da legislação. É claro! Uma coisa é a doutrina, outra são as exigências legais.


Neste sentido, o centro espírita, para ter personalidade jurídica e ser reconhecido por lei, precisa ter sede, associados, diretoria e um estatuto social que defina seus objetivos e serviços. Mas essas providências ocorrem apenas por necessidade da administração dos interesses do centro dentro da sociedade. Nada tem a ver com a aplicação da doutrina em si. Logo, é fácil perceber que o presidente do centro, por exemplo, não tem autoridade nenhuma sobre a doutrina apenas pelo fato de ser o presidente. Mas a diretoria do centro , de acordo com o interesse do grupo, pode determinar as regras de conduta dentro da casa. Não se tratga de decisão pessoal, mas do grupo, cabendo a cada espírita buscar informações, estudar e aprender a doutrina, e tirar suas conclusões e concorrer para que o centro seja uma peça útil dentro da sociedade.


A autoridade da Doutrina, como dissemos, está nas obras básicas, que vieram dos Espíritos Superiores para Allan Kardec e que estabelecem as diretrizes gerais do pensamento espírita, porque elas não têm a pretensão de reunir toda a verdade. A verdade, para o Espiiritismo, é uma conquista gradual da humanidade. Quem conhece as obras de Kardec e aceita o Espiritismo, é espírita. Não são pessoas ou instituições que vão lhe dizer como deve pensar. Como afirmava o codificador da doutrina, cada um é livre para pensar pela própria cabeça, tirar suas próprias conclusões, a partir dos conhecimentos que adquire. E cada um deve se sentir responsável pelos seus atos.


Espiritismo não arrasta ninguém apenas para engrossar suas fileiras , jamais força ninguém a segui-lo, e quer que aqueles que o seguem sejam livres para pensar, sem constrangimentos. Por isso, a doutrina coloca fé e razão em pé de igualdade, pois não entende como a fé possa dispensar a raciocínio. Estudar a doutrina é indispensável, para que seus adeptos estejam bem conscientes do que estão seguindo. A liberdade de pensamento é um ponto de honra da Doutrina Espírita,e por isso não pode admitir uma hierarquia, onde as verdades são ditadas de cima e aceitas passivamente pelos que se encontram em baixo.Como Jesus ao criticar os fariseus, o Espiritismo combate toda espécie de coação, de exploração em nome da fé e de intolerância em matéria de crença.