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domingo, 20 de novembro de 2022

OS DOIS VOLTAIRE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Filósofo iluminista, escritor e ensaísta francês, Francois Marie Arouet nasceu e viveu em Paris entre 1694 e 1778. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, religiosa e livre comércio foi um dos autores do iluminismo cujas obras e ideias influenciaram tanto na Revolução Francesa quanto na Americana. Autor de 70 obras em variadas formas literárias é reconhecido como um polemista satírico tendo usado suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas de seu tempo. No número de abril de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui uma comunicação obtida pelo Grupo Faucherand na Sociedade Espírita de Paris, através do médium Sr. E. Vézy, assinada justamente pelo Espírito que tanto influenciou mentes e corações através de sua forma de pensar. A mudança de Dimensão existencial, contudo, abriu suas ideias em direções mais amplas como demonstrado em seu texto. Escreveu ele: -“Sou eu mesmo, mas não aquele Espírito trocista e cáustico de outrora; o reizinho do século 18, que dominava pelo pensamento e pelo gênio a tantos soberanos, hoje não mais tem nos lábios aquele sorriso mordaz, que fazia tremer os inimigos e os próprios amigos!. Meu cinismo desapareceu diante da revelação das grandes coisas que eu queria tocar e que só as conheci no Além-túmulo. Pobres cérebros demasiado estreitos para conterem tantas maravilhas!. Humanos, calai-vos, humilhai-vos ante o poder supremo; admirai e contemplai – é o que podeis fazer. Como quereis aprofundar Deus e o seu próprio trabalho? Apesar de todos os seus recursos, a vossa razão não se quebra diante do átomo e do grão de areia, que não pode definir? Eu empreguei a minha vida a procurar conhecer a Deus e seu princípio; minha razão se enfraqueceu e eu cheguei não a negar Deus, mas a sua glória, o seu poder e a sua grandeza. Eu o explicava desenvolvendo-se no tempo. Uma intuição celeste me dizia que rejeitasse tal erro, mas eu não escutava e me fiz apóstolo de uma doutrina mentirosa...Sabeis por que? Porque, no tumulto e na confusão de meus pensamentos, num entrechoque incessante, eu só via uma coisa: meu nome gravado no frontão de um templo de memória das Nações! Só via a glória que me prometia essa juventude universal que me cercava e parecia saborear com suave delícia o suco da doutrina que eu lhe ensinava. Entretanto, empurrado não sei por que remorso de minha consciência, quis parar, mas era tarde. Como toda utopia, todo sistema que abraçamos nos arrasta; a princípio segue a torrente, depois nos arrasta e nos quebra, tão rápida e violenta é por vezes a sua queda. Crêde-me, vós que aqui estais à procura da verdade, encontra-la-eis quando tiverdes destacado de vosso coração o amor às lantejoulas, que um tolo amor-próprio e um falso orgulho fazem brilhar aos vossos olhos. Na nova via por onde marchais, não temais combater o erro e o desafiar, quando se erguer à vossa frente. Não é uma monstruosidade preconizarmos uma mentira, contra a qual ninguém ousa defender-se, pelo fato de saber-se que fizemos discípulos que ultrapassaram as nossas crenças? Vêde, meus amigos. O Voltaire de hoje não é mais aquele do século 18. Eu sou mais cristão, porque venho fazer-nos esquecer a minha glória e vos lembrar o que fui na juventude e o que amava em minha infância. Oh! Como eu gostava de me perder no mundo dos pensamentos! Minha imaginação ardente e viva percorria os vales da Ásia à busca daquele que chamais Redentor.. Eu gostava de percorrer os caminhos que ele tinha percorrido. E como me parecia grande e sublime esse Cristo em meio à multidão!.. Julgava ouvir a sua voz poderosa, instruindo os povos da Galiléia, das bordas do Tiberíades e da Judéia!.. Mais tarde, nas minhas noites de insônia, quantas vezes me ergui para abrir uma velha Bíblia e reler suas páginas santas! Então minha fronte se inclinava diante da cruz, esse sinal eterno da redenção, que une a Terra ao Céu, a criatura ao Criador!... Quantas vezes admirei esse poder de Deus, por assim dizer se subdividindo, e cuja centelha se encarna para fazer-se tão pequena, vindo render a alma no Calvário em expiação!.. Vítima augusta cuja divindade eu negava, e que, entretanto, me fez dizer: -Teu Deus que tu traíste, teu Deus que tu brasfemas, Para ti, para o Universo, morreu nestes lugares!. Sofro, mas espio a resistência que opus a Deus. Tinha a missão de instruir e esclarecer. A princípio o fiz, mas o meu facho se extinguiu nas minhas mãos, na hora marcada para a luz!...Felizes filhos do século 19 e do século 20, a vós é que é dado ver luzir o facho da Verdade. Fazei que vossos olhos vejam bem a sua luz, porque para vós ela terá radiações celestes e sua claridade será Divina!”.




Doraci fez o seguinte comentário: “Antigamente, os pais tinham mais autoridade sobre os filhos. Agiam com energia e não permitiam desobediência. Muitas vezes, se precisasse, davam-lhes umas palmadas, impunham-lhes castigos. Hoje isso é proibido por lei e as crianças já crescem sem limites e logo já estão envolvidas com drogas e violência. “


Este é um assunto que não cansamos de tratar: a educação das crianças. Pela sua necessidade, importância e urgência, precisamos sempre estar ligados a ele, ouvindo e falando com os pais, principalmente os pais mais novos e aqueles que certamente ainda esperam ser pais. (É claro, falamos das mães e dos pais!). Lembra-se daquela afirmação de Jesus: a quem muito foi dado, muito será pedido?


Pois é! Os pais das gerações passadas tinham bem menos a dar que os pais de hoje, embora parecesse obter mais. Por isso, enfrentaram uma situação mais cômoda em relação à educação de seus filhos, pois, no passado, não havia tanto estímulo à desobediência e à indisciplina. A vida era bem mais simples, a família não tinha tantos problemas. Tudo ou quase tudo girava em torno do chefe de família, que ganhava o dinheiro fora para sustentar a família. A mulher estava mais em casa, não participava tanto das vida social, tinha mais filhos e podia cuidar de todos com bem mais tranquilidade.


Hoje, o panorama é outro, Doraci. O mundo mudou muito depressa nos últimos anos, e tende a mudar mais ainda. A sociedade trouxe para si muitos encargos que antes só era da família. De um modo geral, a vida ficou mais fácil, porque os recursos hoje são bem maiores, as condições de conforto são outras, a maioria das famílias tem acesso fácil aos produtos de consumo, à saúde e à educação. Saímos de uma vida simples e pobre para uma vida agitada e cheia de atrativos. Disso tem decorrido profundas mudanças, que atingiram sobretudo a família, abalando suas estruturas, principalmente em matéria de autoridade dos pais.


Mães e pais já não podemos se conduzir como os das gerações passadas. As crianças já nascem mais inteligentes, mais ativas e cheias de vontade, a exigir uma atuação mais firme e constante, desde os primeiros momentos. A família já não conta com os mesmos instrumentos de controle como antigamente. Todavia, os pais e os professores hoje estão mais bem informados e precisam estar aptos a compreender o comportamento das crianças e dos adolescentes. Antes, a educação era mais severa, que intimidava; hoje, esse tipo de educação não funciona mais, nem tem como ser aplicada.


A educação atual exige muito mais dos pais, Doraci. Aliás, ela deve começar antes do nascimento, principalmente quando a mulher já se prepara para ser mãe. Tomar consciência do que é educar, hoje, é indispensável e urgente. A arte da educação, a mais difícil do mundo, deveria ser passada para todos os candidatos a pais, para que dê tempo de se formarem antes de terem o primeiro filho. Se demorarem para tomar tal iniciativa, podem sofrer depois amargas decepções. A verdadeira educação precisa ser dada enquanto a criança ainda está sob seu inteiro comando. Infelizmente, estamos demorando muito para tomar consciência disso e, por essa razão, os pais de hoje ainda continuam tentando seguir – mas sem êxito – os padrões antigos, totalmente inócuos para as crianças que estão nascendo.


Por outro lado, está faltando a educação espiritual. Primeiro, dos pais, certamente, para que ela possa antecipar qualquer tentativa de conduzir a criança ao bom caminho. Não, evidentemente, com aquela concepção antiga de educação religiosa tradicionais, rígida e ameaçadora, mas uma educação baseada na existência de um Deus de amor e justiça, sem as peias do sectarismo religioso do passado, que só servia para separar as pessoas e alimentar preconceito. O Deus, que deve ser ensinado hoje, está acima das convenções religiosas tradicionais, pois é algo tão transcendente e puro, que alimenta e conforta o coração e abre a mente das crianças para um mundo novo de fraternidade e paz.


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