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sábado, 31 de dezembro de 2022

INDICES ALARMANTES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 - “E como a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se numa proporção incrível, até entre as crianças”, preconizaram os Espíritos em abril de 1866 em extensa comunicação que serviu de base para a elaboração do capítulo 18 do livro A GÊNESE. Allan Kardec a reproduz na íntegra no número de outubro daquele ano da REVISTA ESPÍRITA. Tudo como parte da etapa considerada como transição planetária, a tão proclamada mudança evolutiva, iniciada em meados do século XVIII e, em pleno andamento. A prova do acerto de tal prognóstico está refletida o resultado da pesquisa desenvolvida pela OMS – Organização Mundial de Saúde e divulgada há um mês, apontando o suicídio como terceira maior causa de morte de jovens na faixa dos 10 aos 19 anos. O suicídio, abominado pela maior parte das religiões tradicionais, encontra no Espiritismo uma visão mais racional, causada ou por sérios transtornos psicológicos e psiquiátricos e, segundo depoimentos de Espíritos que cederam à ideia, como induzida por influências espirituais vigorosas. Cogitações sobre o assunto podem ser encontradas em abordagens na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, como as reproduzidas no número de novembro de 1858, na seção Problemas Morais. Na verdade, duas situações foram propostas ao Espírito São Luiz, objetivando conhecer a posição da Espiritualidade e, naturalmente, da Doutrina Espírita sobre elas. A primeira buscava entender a aparente contradição existente entre a atitude do indivíduo que alimenta a ideia do suicídio, mas reage defensivamente diante de uma ameaça de morte pretendida por outra pessoa, no caso de um assalto, por exemplo. Se a pessoa quer morrer, por que se defende? O dirigente espiritual dos trabalhos daquele grupo de pesquisa, explicou que o fato se dá “porque o homem tem sempre medo da morte. Quando se suicida, está superexcitado, com a cabeça transtornada, e realiza esse ato sem a coragem nem medo e, por assim dizer, sem ter conhecimento do que faz; ao passo que se lhe fosse dado raciocinar não verismos tantos suicídios. O instinto do homem o leva a defender a própria vida e, durante o tempo que decorre entre o momento em que o seu semelhante se aproxima para o matar e o momento em que o ato é cometido, tem ele sempre um movimento de repulsa instintiva da morte; e este o leva a repelir esse fantasma, só apavorante para um Espírito culpado. O homem que se suicida não experimenta tal sentimento porque se acha cercado de Espíritos que o impelem, que o ajudam em seus desejos e lhe fazem perder completamente a lembrança do que não seja ele mesmo, isto é, dos pais, daqueles que o amam e de uma outra existência. Nesse momento o homem é todo egoísmo”. Outra duvida, relacionava-se à culpa – ou não -, daquele que sem ter a coragem deliberada de suicidar, expõe-se a riscos e perigos, como os que, por exemplo, se propõe a lutar em guerras ideológico/políticas. Sobre isso, o Orientador Espiritual tal indivíduo “será sempre culpado. O homem deve seguir o impulso que lhe é dado. Seja qual for a vida que leve, é sempre assistido por Espíritos que o conduzem e o dirigem, apesar do seu desconhecimento. Ora, procurar agir contra seus conselhos é um crime, pois que aqueles aí estão para nos dirigir e, quando queremos agir por nós mesmos, esses bons Espíritos estão prontos a ajudar-nos. Entretanto, se o homem, arrastado por seu próprio Espírito, que deixar esta vida, é abandonado; mais tarde reconhece que terá de recomeçar uma outra existência. Para elevar-se, deve o homem ser provado. Parar a sua ação, por um entrave em seu livre arbítrio seria ir contra Deus e, neste caso, as provas tornar-se-iam inúteis, porque os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e ignorante; então, para chegar às Esferas felizes, é necessário elevar-se em Ciência e sabedoria e, é somente na adversidade que adquire um coração elevado e compreende a Grandeza de Deus”. Demonstrando o aspecto democrático das reuniões, um dos participantes externou sua opinião segundo a qual teria percebido uma contradição nas últimas palavras do Instrutor, ao dizer que o homem pode ser arrastado ao suicídio pelos Espíritos que a isto o excitam, cedendo, portanto a um impulso estranho. Esclarecendo a entidade afirmou “não existir contradição. Quando disse que o homem impelido ao suicídio era cercado de Espíritos que a isto o solicitavam não me referia aos bons Espíritos, que fazem todo esforço para o evitar; isto deveria estar subentendido; sabemos todos que temos um anjo da grada ou, se preferis, um guia familiar. Ora, o homem tem o seu livre arbítrio; se, a despeito dos bons conselhos que lhe são dados, persevera nesta ideia criminosa, ele a realiza, no que é ajudado pelos Espíritos levianos e impuros, que o cercam e que se sentem felizes por ver que ao homem, ou Espírito encarnado, também falta a coragem para seguir conselhos de seu bom guia, por vezes de Espíritos de parentes mortos que o rodeiam, sobretudo em circunstâncias semelhantes”.



Se o Espiritismo ensina que as pessoas sofrem para pagar os pecados que cometeram em outra vida, por que socorrer os pobres e marginalizados? Eles não estão sofrendo e pagando pelo que fizeram? “ Esta pergunta nos foi enviada por e-mail pelo ouvinte de iniciais B. A. M.


Alguns segmentos do hinduísmo, uma das religiões mais antigas do mundo, dizem exatamente o que você está dizendo. Quando Madre Tereza de Calcutá, freira católica, decidiu trabalhar em favor dos pobres da Índia e recebeu permissão da Igreja para iniciar sua missão, ela encontrou esse problema. Pessoas ficavam doentes, eram abandonadas e acabavam morrendo de inanição. Quando ela se propôs a ajudá-los foi logo contrariada por um grupo de fanáticos que diziam que ela não podia interferir no “carma” dessas pessoas. Eles entendiam que o sofrimento é sempre um pagamento pelo erro cometido no passado e, por isso, devemos pessoas as pessoas sofrerem.


Não é esse o pensamento do Espiritismo. Todos temos por dever moral ajudar-nos uns aos outros, principalmente nas situações de emergência, onde existem grandes sofrimentos e de miséria. A solidariedade é uma lei da vida. Os seres vivos só existem e evoluem porque sempre houve mais solidariedade que competição na escalada evolutiva: hoje podemos entender melhor essa relação solidária da natureza com a ciência chamada Ecologia, onde vemos que uma espécie sempre depende de outra. Para nós, espíritas, a solidariedade humana é indispensável à vida. Logo, devemos nos amar, ajudando-nos mutuamente.


Não temos dúvida quanto ao funcionamento da Lei de Causa e Efeito. De fato, erros do passado influem em nossa vida presente e erros do presente vão gerar problemas em nossa vida futura. Entretanto, nenhum de nós tem condições de fazer qualquer julgamento nesse sentido e muito menos usar esse princípio como pretexto para nos acomodar ou nos tornar indiferentes ante o sofrimento alheio. Primeiramente, porque nunca sabemos de onde se originou o problema que a pessoa está passando; ninguém pode afirmar seguramente que se trata de uma expiação. Pode não ser: há muitas causas para os sofrimentos humanos.


A solidariedade, no entanto, seja qual for a causa do sofrimento, serve para despertar as almas para os ideais superiores. Mesmo que elas tenham errado, não quer dizer que devam ser ignoradas ou abandonadas ou que seu sofrimento não deva ser amenizado ou tenha chegado ao fim. Jesus jamais abandonou ninguém; pelo contrário, foi ele quem disse que “os sãos não precisam de médico, mas os doentes”. Ora, a quem vamos socorrer? – os que necessitam, é claro. Não precisamos indagar por que sofrem ou o que fizeram para merecer isso. O homem da parábola, socorrido pelo samaritano, conforme Jesus contou, era um ilustre desconhecido. Jesus não questionou se ele merecia ou não o sofrimento que estava passando.


O socorro, que podemos prestar a alguém, portanto, faz parte da chamada “misericórdia divina”. Ao ajudarmos alguém estamos agindo como braços de Deus. E nós, quando estamos sofrendo, mesmo que essa dor provenha de nossas fraquezas ou de nossos erros, o socorro de alguém sempre será uma benção em nossa vida, mostrando que Deus está nos dando nova oportunidade de recomeçar. É assim que se dá a evolução.


No passado, quando a medicina era incipiente, quando não havia anestésicos e medicamentos mais eficazes para conter a dor, os pacientes sofriam bem mais que hoje. Atualmente, com o progresso da ciência e da tecnologia, já conseguimos reduzir em muito a mortalidade infantil, já conseguimos prolongar a vida humana e dar conforto e melhores condições de atendimento aos enfermos. Esse esforço da medicina para atenuar a dor não invalida a lei de causa e efeito. Quando não aprendemos de um jeito, aprendemos de outro, e, além disso, precisamos entender que nem sempre a resposta aos nossos erros é necessariamente o sofrimento.



sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

LUCIDEZ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 As questões de ordem mental não estavam entre as prioridades da Medicina em meados do século 19. Os portadores de distúrbios nesta área eram tratados de forma desumana. N’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões 371 a 374, Allan Kardec argui a Espiritualidade sobre o assunto, obtendo informações interessantes a respeito da chamada idiotia, hoje classificada pela Psiquiatria como tríade oligofrênica que é caracterizada pelo menor grau de desenvolvimento intelectual, sendo incapaz de articular palavras; assimilar noções de higiene ou mesmo desenvolver pudor. O século 20 abriu campo para evoluções no conhecimento e tratamento dos portadores do chamado durante bom tempo excepcional, substituído pelo termo especial. Mas, por traz do corpo limitado por várias restrições, nem sempre somente mentais, como se encontra o Espírito dele prisioneiro. Na REVISTA ESPÍRITA de junho de 1860, seu editor incluiu interessante material em torno de uma abordagem a respeito da questão havida na reunião da Sociedade Espírita de Paris, de 25 de maio passado. Como campo de estudo, Charles de Saint-G..., um jovem idiota de treze anos, encarnado, e cujas faculdades intelectuais eram tais que nem conhecia os pais e apenas podia alimentar-se. Havia nele uma parada completa do desenvolvimento em todo o sistema orgânico. Pensou-se que poderia ser assunto interessante de estudo psicológico. Consultado, o Espírito São Luiz, responsável pelas atividades da Sociedade Espírita de Paris, respondeu afirmativamente, explicando que isso “poderia ser feito a qualquer momento, pelo fato de sua alma se ligar ao corpo por laços materiais, mas não espirituais, podendo sempre desprender-se”. Cumpridos os procedimentos habituais, o comunicante começou iniciou sua manifestação dizendo ser “um pobre Espírito ligado a Terra, como uma ave por um pé”. Indagado se tinha consciência de sua nulidade no mundo, responde: -“Certamente: sinto bem meu cativeiro”. Perguntado se quando seu corpo dormia e seu Espírito se desprendia, tinha ideias tão lúcidas quanto se estivesse em estado normal, informou que “estava um pouco mais livre para se elevar ao Céu a que aspirava”. Questionado se como Espírito experimentava um sentimento penoso quanto ao seu estado corporal, respondeu que sim, “por se tratar de uma punição”. Quanto a se lembrar de sua existência anterior, disse que “sim, por ser ela a causa de seu exílio atual”. Revelou na entrevista conduzida por Allan Kardec que a encarnação onde se desencadeou sua desventura na presente existência, ocorreu ao tempo em que reinava Henrique III; que a forma como se processava seu reajuste não resultara de uma decisão sua, mas uma imposição como forma de punição; que embora parecesse nula pelas limitações em que vivia, tal existência perante as Leis de Deus tem sua utilidade; que não viveria muitos anos mais; que da existência em que gerou a desarmonia atual trezentos anos antes até a reencarnação recém-terminada, permaneceu no Plano Espiritual. Sobre se no estado de vigília tinha consciência do que se passava ao seu redor, a despeito da imperfeição dos órgãos de seu corpo físico, disse: -“Vejo, entendo, mas o corpo não compreende nem vê”. Se algo de útil poderia ser-lhe feito, afirmou que “nada”. Finalizando a entrevista, Kardec procurou ouvir de São Luiz se as preces poderiam ter a mesma eficácia que por um Espírito errante, que explicou: -“As preces são sempre boas e agradáveis a Deus. Na posição deste pobre Espírito, elas não lhe podem servir; servirão mais tarde”. Comentando a experiência daquela reunião, Kardec acrescentou: -“Ninguém desconhecerá o alto ensinamento moral que decorre desta evocação. Além disso, ela confirma o que sempre foi dito sobre os idiotas. Sua nulidade moral não significa nulidade do Espírito, que, abstração feita dos órgãos, goza de todas as faculdades. A imperfeição dos órgãos é apenas um obstáculo à livre manifestação das faculdades; não as aniquila. É o caso de um homem vigoroso, cujos membros fossem comprimidos por laços. Sabe-se que, em certas regiões, longe de serem objeto de desprezo, os cretinos são cercados de cuidados benevolentes. Este sentimento não brotaria de uma intuição do verdadeiro estado desses infelizes, tanto mais dignos de atenções quanto seu Espírito, que compreende sua posição, deve sofrer por se ver como um refugo da sociedade?”.


Se nós, pessoas humanas, sofremos porque pecamos em outras vidas, por que, então, os animais sofrem, como é o caso do meu cachorrinho, que teve uma paralisia das pernas? Ou os animais também têm pecados? (Cyntia – via e-mail)


Em primeiro lugar, Cyntia, há um ponto importante que devemos deixar bem claro para você: ao contrário do que muita gente pensa, nós não sofremos apenas e tão somente porque erramos ou porque temos dívidas morais. A lei não é tão simples assim. Esse sofrimento, que decorre de erros do passado, é o que chamamos de expiação. No meio espírita, dá-se muita ênfase à expiação, até por que nós poderíamos evitar muitos sofrimentos, se soubéssemos viver melhor – ou seja, se cometêssemos menos erros ou soubéssemos corrigir de imediato os erros que cometemos. Entretanto, que fique bem claro: não sofremos apenas porque erramos.


Sofremos por causas anteriores a esta vida e por causas da vida atual, mas há um tipo de sofrimento que é comum a todos os seres vivos – tanto ao homem quanto aos animais e – até mesmo – aos vegetais: é o que André Luiz (Espírito) chama de dor-evolução. Que é a dor-evolução? O autor explica isso em suas obras. Dor-evolução, na verdade, é o nosso aprendizado, é o que causa a nossa transformação física e espiritual. Evolução é aperfeiçoamento, é progresso: por isso, sofremos porque estamos evoluindo, pois aprendizado pressupõe transformação, superação e aperfeiçoamento.


Vamos dar um exemplo bem simples: a gestação e o parto. Não há dúvida de que se trata de grande desconforto para a mulher ter um filho, mas esse desconforto é necessário porque faz parte de seu plano evolutivo. O fato de a mulher ser a condutora da vida, de poder proporcionar oportunidade de reencarnação aos Espíritos, tem um custo, que é o sacrifício a que se submete e, ao mesmo tempo, lhe serve de promoção na longa escalada evolutiva. Portanto, gestação e parto não são forma de expiação, mas oportunidade de crescimento. Para os Espíritos em geral, tanto a reencarnação como a desencarnação são oportunidades de crescimento e, portanto, podem ser classificados como dores-evolução.


Um outro exemplo de dor-evolução é a dor do crescimento - do nosso crescimento, do nosso desenvolvimento enquanto pesso. Sofremos para aprender a andar, para aprender a falar, sofremos para aprender a ler, para aprender a dirigir um veículo ou manejar uma máquina – enfim, para aprendermos a nos integrar na vida e a lutar pela subsistência e pelas nossas metas e objetivos. Tudo isso é evolução e tudo implica em desconforto, em dificuldades e em sofrimento. A dor-evolução é um processo natural da vida, mas, quando se trata do ser humano – que somos nós - ela é agravada pelos abusos, pelos erros que cometemos – porque é ai que começa a dor-expiação.


Os animais não têm dor-expiação (que são as mais penosas, é claro!...); eles têm apenas e tão somente a dor-evolução, porque os animais não têm consciência moral e, portanto, não têm senso de responsabilidade. As doenças, as deformações, os acidentes, a luta pela sobrevivência que eles experimentam no estado natural – tudo isso faz parte de suas necessidades de transformação: é assim que eles evoluem. É por isso que os animais sofrem. Entretanto, Cyntia, o sofrimento do animal está muito longe de ter as implicações e as dificuldades do sofrimento humano, pois os animais não têm dor-moral; eles não nem mesmo consciência do papel que a dor representa em suas vidas.


Nós, seres humanos, sofremos bem mais que eles , sofremos até mesmo antes do problema chegar e continuamos sofrendo ininterruptamente com as nossas frustrações, nossos desejos insatisfeitos, nossas angústias, nossas decepções, etc. Sofremos mais moralmente do que fisicamente. Podemos dizer, seguramente, que o sofrimento dos animais quase que se restringe apenas à dor física, enquanto no ser humano ele tem muitas outras implicações, que vão do simples desconforto físico às mais desastrosas e prolongadas dores da alma.






quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.


Pode um médium dar uma comunicação dele mesmo numa sessão espírita, sem saber e nem se lembrar de nada do que está dizendo? (Ivanilde Cataldi)


Pode. Isso é perfeitamente viável., Ivanilde. Esse tipo de comunicação existe mais do que podemos imaginar. Trata-se do que chamamos em Espiritismo de “comunicação anímica”. Neste caso, não está havendo mediunidade, ou seja, a pessoa não está servindo de intermediário para um Espírito desencarnado; ela está comunicando seus próprios conteúdos inconscientes, ou seja, é ela própria que está dando comunicação. Assim, numa sessão mediúnica pode haver dois tipos de comunicação: a comunicação mediúnica ( do Espírito) e a comunicação anímica (a que vem do próprio médium).


Para você entender melhor, vamos lhe explicar o seguinte: a mente humana ( hoje, isso está mais do que provado) tem uma parte consciente e uma inconsciente. Consciente é o que estamos lembrando agora e o fato de saber onde estamos e o que estamos fazendo. Inconsciente é a ação automática da mente, aquela que podemos fazer sem saber o que estamos fazendo ou sem precisar prestar a mínima atenção no que estamos fazendo. Os estudos, hoje, comprovam que a parte consciente é a menor, mas a parte inconsciente é aquela que possui toda a nossa história, todo o nosso passado, desta e de outras encarnações; portanto, é significativamente maior.


O inconsciente pode se manifestar e, geralmente, se manifesta em nossa vida, sem que o percebamos. Os sonhos, por exemplo, acontecem em nível inconsciente. Eles mostram conteúdos mentais de que não nos lembrávamos mais: assim, para você sonhar com uma pessoa que há muito não via, não precisa necessariamente estar lembrando dela. Portanto, esses conteúdos inconscientes geralmente se apresentam em estado de sono natural ou provocado, como na hipnose. E eles podem se apresentar também durante o estado de transe, que a pessoa vivencia na sessão mediúnica.


As comunicações anímicas a que você se refere, ao contrário do que se pode pensar, têm seu valor. Muitas vezes, expressando problemas e dificuldades inconscientes do próprio médium, ela pode ser trabalhada na sessão pelo doutrinador, trazendo alívio ou até mesmo resolvendo um conflito íntimo que a pessoa do médium, sem saber, estava vivendo. De outras vezes, a comunicação anímica pode trazer informações a respeito do passado do médium, quando ele está revelando facetas de sua personalidade em outra encarnação, situações não resolvidas que afloram na sua mente para serem devidamente tratadas.


Nem sempre é possível verificar, apenas por uma única comunicação, se ela é anímica ou mediúnica. Isso depende de seu conteúdo e da perspicácia do dirigente da sessão. Mas nem sempre isto é importante, pois, seja o Espírito, seja para o próprio médium que está dando a comunicação, as orientações serão sempre moralmente elevadas e os ajudarão na solução ou no encaminhamento da solução de seu problema. Entretanto, queremos fazer uma observação final, Ivanilde: nas comunicações anímicas o médium está inconsciente ou semi-consciente; na verdade, ele não sabe o que está acontecendo Mas, se houver uma comunicação em que o médium está sabendo o que faz, então já não é mais animismo: trata-se de uma falsa comunicação, de uma mistificação, de um embuste ou fraude.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

ESPIRITISMO, HOMEOPATIA E INTERESSANTES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Tão desdenhado pela comunidade científica do século 19 quanto o magnetismo e o Espiritismo, a Homeopatia encontrou entre os adeptos da proposta espírita, campo fértil para sua expansão – embora paulatina -, no século 20, agora, no 21. Na edição de agosto de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, no artigo de abertura daquele número, entre outras considerações Kardec afirma: -“Provando o poder de ação da matéria espiritualizada, a Homeopatia se liga ao papel importante que representa o períspirito em certas afecções; ataca o mal em sua própria fonte, que está fora do organismo, cuja alteração é apenas consecutiva. Tal a razão pela qual a Homeopatia triunfa numa porção de casos em que falha a Medicina ordinária: mais que esta, ela leva em conta o elemento espiritual, tão preponderante na economia, o que explica a facilidade com que os médicos homeopatas aceitam o Espiritismo e porque a maioria dos médicos espíritas pertencem à escola de Hahnemann”. Em março de 1867, analisando e discordando da possibilidade dos medicamentos Homeopáticos modificarem disposições morais, escreve: -“Os medicamentos homeopáticos, por sua natureza etérea, tem uma ação de certa forma molecular; sem contradita podem, mais que outros, agir sobre certas partes elementares e fluídicas dos órgãos e lhes modificar a constituição íntima (...). Não se pode agir sobre o Ser espiritual senão por meios espirituais (...). Nos embalaríamos em ilusões se esperássemos de uma medicação qualquer um resultado definitivo e durável”. No mesmo ano, em junho, retornaria ao tema, contestando comentário do médico Charles Grégory, dizendo: -“Os medicamentos homeopáticos podem ter uma ação sobre o moral, agindo sobre os órgãos de sua manifestação, o que pode ter sua utilidade em certos casos, mas não sobre o Espírito; que as qualidades boas ou más e as aptidões são inerentes ao grau de adiantamento ou de inferioridade do Espírito, e que não é com um medicamento qualquer que se pode fazê-lo avançar mais depressa, nem lhe dar as qualidades que não pode adquirir senão sucessivamente e pelo trabalho”. Mais de um século depois, o Espírito Carlos Eduardo Frankenfeld de Mendonça, desencarnado em 22 de novembro de 1980, na cidade de Niterói (RJ) revelaria aspectos interessantes envolvendo a Homeopatia. Carlos, um dos três filhos de um Engenheiro e de uma Médica, foi vitima de um ataque cardíaco durante a madrugada, enquanto dormia. Onze meses depois, confirmaria sua sobrevivência em emocionante carta psicografada por Chico Xavier, em Uberaba (MG). A partir daí, serviu-se do médium mineiro ao longo de toda a década de 80, fornecendo detalhes extremamente curiosos sobre suas atividades no Plano Espiritual. Uma delas motivou sua mãe a se especializar em Homeopatia para atender os necessitados assistidos pelo Grupo Espírita Regeneração ao qual ela e o marido serviam como voluntários desde antes da inesperada morte do filho. Uma delas relacionada à AIDS – Sindrome de Imunodeficiência Adquirida, contida na mensagem de 22 de junho de 1989, informa ter se filiado com o avô materno João Antonio, a uma escola de combate ao vírus psicogênico, estando na esperança de que muito em breve haverá recursos para a preparação da vacina adequada. A certa altura, poderá: -“Não sei se esse agente negativo foi produto do desequilíbrio dos pensamentos”. Noutra, recebida em 30 de novembro de 1989, relata: -“Quando possível, vou ao encontro da Mãezinha Edda, tomar informes sobre os que pedem auxílio na casa da “Regeneração”. Estas primeiras notas do dia seguem comigo para a sede de nossas atividades, que se acham sob a orientação e revisão de assessores do Dr Dias da Cruz, que se encarregam de visitar a moradia e ver as condições do enfermo que precisa ser medicado. Os membros da família são examinados e o ambiente doméstico é rigorosamente observado pelo colega que foi então designado para anotar os elementos de que o doente faz “inalação”. Se há entidades em processo obsessivo no lar visitado, esses Espíritos necessitados de luz espiritual são vistoriados e com esses ingredientes informativos, faz-se a ficha do irmão ou da irmã enferma, a fim de que qualquer irregularidade seja sanada. Se há obsessores no caso, a instituição do Dr Dias da Cruz já possui turmas de Entidades mais ou menos semelhantes a eles, para afastá-los da casa que está sendo socorrida. O tratamento do enfermo começa com a limpeza do ambiente em que o irmão doente se encontra e, só depois da residência libertada, os agentes medicamentosos da Homeopatia passam a funcionar. Se a moradia está excessivamente carregada de pensamentos infelizes, o tratamento é mais difícil e mais longo, entretanto, se o recinto doméstico se mostra limpo e isento de quaisquer influências nocivas, tratamento encontra facilidade para se revelar”. O rapaz que pela familiaridade e interesse nos assuntos relacionados à saúde mental e física sugere ter atuado nesse campo em outra vida, fornece muitos outros informes na obra PORTO DE ALEGRIA, publicado pelo IDE – Instituto de Difusão Espírita de Araras (SP).


Sou mãe solteira e tenho uma filha que vai fazer quatro anos, que não gosta de mim. Há uma distancia entre mim e ela, que não sei explicar, embora seja sua mãe. Eu moro com minha mãe, e ela se dá muito bem com a avó e até com minha irmã, mas não comigo. Nossas relações são um pouco distantes, e eu também tenho dificuldade de me aproximar muito dela. Acho que isso pode ser de outra encarnação. Será que somos Espíritos inimigos? Não quero me identificar.


Nós, espíritas, sabemos que as relações do passado, de fato, influem nas relações do presente. Isso quer dizer que, se tivemos problema com alguém em encarnações anteriores e, agora, voltamos a nos encontrar, com certeza, essa dificuldade de convivência vai aparecer. Não temos dúvida, prezada mãe, que este é um ponto importante a considerar. Entretanto, não é o único. Não podemos justificar nossas dificuldades relacionamento apenas com esse argumento e nada fazer para melhorar. A Doutrina Espírita não está interessada em nosso passado. O passado não pode ser alterado. Devemos nos preocupar com o presente, se quisermos um futuro melhor.


Assim é nossa vida. Quando temos um problema, seja ele qual for, devemos – é claro – descobrir suas causas. Mas não basta levantar as causas; precisamos, agora encontrar um meio de sanar o problema: é isso que interessa. E é exatamente o seu caso. Você não deve permanecer contemplando o passado e alimentando a ideia de que são inimigas. Pelo contrário: você é mãe agora. Deve agir no presente, procurando um encontrar um meio de se aproximar de sua filha, de quebrar essa resistência para adotá-la de uma vez como sua filha querida. Mas, se você continua a alimentar as diferenças do passado e ficar pensando nisso, com certeza, não vai superar esse problema.


A doutrina da reencarnação, ao contrário do que muita gente pensa, não serve para justificar nossos erros ou nossa incapacidade, mas, sim, para nos ajudar a dar um impulso para o futuro. O que passou não podemos modificar. Só podemos mudar o presente, e o futuro depende dele. É o que você deve fazer, procurando conhecer mais a fundo a doutrina moral do Espiritismo e sabendo exercitar a humildade, que é a forma mais adequada de nos reaproximar daqueles com quem trazemos diferenças do passado.


Além do mais, devemos considerar que os problemas, que estamos vivendo hoje, não podem ser apenas conseqüência do passado. São provenientes também dos erros que estamos cometendo agora e que precisam ser acudidos em tempo, a fim de que não causem dificuldades ainda maiores no futuro. Portanto, mãos à obra! Mude seu pensamento, combata qualquer resquício de ressentimento que, porventura, ainda possa existir no fundo de sua alma em relação à sua filha. Venha para o momento presente e faça dele uma nova luz, assim como o Sol, que se põe à tarde, mas nasce majestoso no dia seguinte.


À propósito, vamos dar-lhe uma sugestão. Converse com sua filha quando ela estiver dormindo, durante alguns meses. Fale bem baixinho ao seu ouvido, quase sussurrando, diga que você a quer, que você a ama e que você vai cuidar dela, dando-lhe proteção e carinho. Não precisa falar muito, mas apenas algumas poucas frases por dia poderão servir para ir rompendo com essa barreira entre vocês e, ela como criança, estará pronta a receber emanações de amor que só você, como mãe, pode de fato lhe proporcionar.


terça-feira, 27 de dezembro de 2022

DUROS DE CORAÇÃO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Procedimento terapêutico como Constelação Familiar desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger demonstra o acerto da revelação apresentada pelo Espiritismo ainda no século 19 sobre o fato de que “um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”. Por sinal, a informação de Allan Kardec, vai além, dizendo que embora compromissos assumidos por famílias, não são resgatados por descendentes, visto que ninguém paga pelos erros de outrem, mas, sim, reencarnando no mesmo grupo familiar, o infrator ressurge como, por exemplo, bisneto de si mesmo, no sentido de retificar insensatas ações. O desconhecimento dessa visão da família resulta, porém, em muitos fracassos nos programas evolutivos cumpridos em nossa Dimensão, bem como, na morosidade com que o Ser avança mais alguns passos no caminho do progresso espiritual. Prova disso nos é oferecido no excelente livro FILHOS DA DOR (inteLitera, 2010), do professor e Mestre em Direito Penal, além de Delegado de Polícia Vilson Disposti e que sensibilizado pelos casos que observava no exercício de uma de suas atividades em prol da garantia de Lei, fundou uma instituição denominada Casa do Caminho Ave Cristo, na cidade de Birigui, interior de São Paulo. A obra prefaciada pelo médium Divaldo Pereira Franco, constitui-se num dos mais bem escritos trabalhos a respeito de um dos avassaladores e crescentes problemas – na verdade, um sintoma -, enfrentado pela sociedade contemporânea: a dependência química. Expõem não só o fato da sua origem ser repercussão do modelo familiar vivenciado por parte da sociedade desde o final do século XX, mas, também a dureza de corações nele reunidos. Isso fica patente, sobretudo, nalguns dos exemplos selecionados pra ilustrar os argumentos do inspirado e experiente escritor. Num deles, “os pais de um rapaz de 25 anos, que lutavam para afastar o filho da dependência, crendo que a retirada do mesmo do meio social em que vivia solucionaria o problema, decidiram enviá-lo a outro país, e tendo adotado as providências necessárias, inclusive do emprego garantido, às vésperas da viagem, viram o filho desaparecer por duas semanas com o dinheiro reservado e o único carro da família, após o que o impediram de entrar em casa, decidindo que deveria ser excluído da família, o que o levou a morar na rua, disputando com outros viciados, a guarda de carros estacionados, e, mesmo convencido por amigos a internar-se no Centro Ave Cristo, abandonou a terapia, preferindo a condição de morador de rua, recusando-se a qualquer tratamento”. Noutro, repete a resposta de um dos assistidos da instituição que “indagado se saberia dizer o que o teria levado às drogas explicou ter sofrido muito com a separação de seus pais, que seu genitor constitui nova família, não lhe dando mais atenção, limitando-se ao pagamento obrigatório da pensão alimentícia. Executivo de uma das maiores construtoras do país, quando comunicado de sua dependência química aos 15 anos, ignorou, pedindo para não ser aborrecido com esse assunto, dizendo que só vai para a droga quem quer. A razão de ter procurado a clínica era sair das drogas para mostrar a ele ser capaz, na esperança que o pai ainda sinta orgulho dele”. Três meses após a internação demonstrando evidentes sinais de sua recuperação, questionado sobre o que de tristeza em seu semblante, desabafou dizendo de sua ansiedade por uma carta ou ligação telefônica de seu pai, infelizmente frustrada, indagando se ele havia feito contato com a clínica. Procurado, agradecendo pela tentativa de ampará-lo, o genitor declarou ser o filho maior de idade, nada mais podendo fazer por ele. Quanto à mãe, às vésperas da liberação do moço dos oito meses do bem sucedido tratamento, antecipando-se à manifestação do filho em tenso diálogo que mantinham, declarou: - “Desejaria deixar claro uma coisa: eu não vou abrir mão da minha cervejinha diária. Em minha geladeira, sempre guardo algumas de reserva e agora esse menino vem com essa conversa de que tem medo de não se segurar por causa disso. Assim, ele não poderá voltar a morar comigo”. Como dito pelo psicanalista Eduardo Kalina, várias vezes citado pelo Dr Vilson Disposti, “o desejo tóxico é induzido socialmente, para diminuir as ansiedades geradas pelas frustrações afetivas”. O livro é permeado por outros impactantes exemplos, constituindo-se em importante instrumento de avaliação do grave problema social, não só no seu enfrentamento, mas quem sabe também da sua prevenção.



Gostaria de saber a opinião de vocês sobre essa questão de direitos. No evangelho, Jesus nos manda abrir mão de nossos direitos em benefício do próximo e, até mesmo dos inimigos que nos prejudicam, dos bandidos e malfeitores, temos de fazer a vontade deles. Por exemplo: receber um tapa numa face e oferecer a outra, dar a túnica a quem exigir a capa e assim por diante, nunca resistir ao mal. Se nós fizermos isso, o mundo estará perdido, porque os bons vão ser engolidos pelos maus. Não será mais preciso polícia, tribunais e leis, porque tudo será permitido e mundo vai virar uma bagunça nas mãos dos irresponsáveis. Até que ponto a compreensão daquilo que Jesus ensinou nos ajuda a melhorar a vida? (Gustavo M.)


Se você não leu O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Allan Kardec, deve fazê-lo para dirimir sua dúvida. Se leu, deve ler novamente – agora, com mais atenção – sobretudo o capítulo 12, “Amai os inimigos”. Nessa obra, Kardec faz uma abordagem geral dos evangelhos, analisando os princípios básicos da doutrina de Jesus – não para entendê-la ao pé da letra, mas para compreendê-la na sua profundidade e aplicá-la no dia-a-dia de nossa vida. Ele mostra que os princípios morais de Jesus são universais, porque eles não serviram apenas para um povo e para uma determinada época, mas, sim, para toda a humanidade em qualquer tempo.


Quando Jesus fala em “amar o inimigo”, não é no sentido de se deixar violentar por ele, mas no sentido de não querer se vingar, fazendo mal para aquele que nos prejudicou. Jesus não condena a defesa, mas a vingança, pois, para ele, quem está do lado bem – qualquer que for a circunstância – está sempre em melhor condição do que quem está do lado do mal. Por isso, é preferível ser vítima do que algoz, é preferível ser agredido do que agredir, ser prejudicado do que prejudicar. A vida não é somente esta, que estamos vivendo aqui e agora, mas tem sua continuidade além dela. Muitas vezes, é preferível levar uma desvantagem agora, mas ser vencedor depois.


Portanto, a linguagem de Jesus é a linguagem da imortalidade do Espírito, que não deve viver exclusivamente do presente. Aqueles, que só acreditam nesta vida, levam as ofensas às últimas conseqüências, respondendo violência com violência, maldade com maldade, como na Lei de Talião – dente por dente, olho por olho. Jesus vinha combater essa idéia. Mesmo o conceito de direito deve ser entendido do ponto de vista da imortalidade, caso contrário vamos pensar em desforra em relação àqueles que nos prejudicam, esquecendo que nós, em muitas ocasiões, somos também agressores.


Por outro lado, cada um de nós, Espírito imortal, ao reencarnar, tem primeiramente um dever para consigo mesmo. Defender a própria vida não é apenas um direito, mas um dever. Se Jesus manda amar o próximo como se ama a si mesmo, ele está dizendo que, na ordem natural das coisas, primeiro é preciso amar a si mesmo e, com o mesmo amor que se ama a si, amar o próximo. Ora, o amor a si mesmo – também chamado de auto-amor – implica em deveres para consigo e a primeira obrigação é preservar a própria vida.


Jesus usava expressões fortes através de uma linguagem figurada. Não é possível entendê-lo, sem um exame mais profundo dessas expressões; caso contrário, vamos encontrar contradições insuperáveis nos evangelhos. No entanto, mais do que ninguém, Jesus lutou pelos direitos humanos: nunca ninguém se soube colocar tão bem ao lado dos humildes e das pessoas consideradas de má vida. Contudo, nunca ninguém se colocou com tanta veemência ao lado da verdade e da justiça, e morreu por elas. Acontece que Espíritos Superiores, como Jesus, por terem atingido um estágio de compreensão das leis da vida bem acima do nosso, entendem que, muitas vezes, a verdadeira caridade implica em se abrir mão do próprio direito em favor do mais necessitado.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

UMA SURPREENDENTE COMUNICAÇÃO COLETIVA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Integrantes da Sociedade Espírita de Paris encontravam-se reunidos na noite de primeiro de novembro de 1866 para reverenciar o Dia dos Mortos, convencionalmente comemorado no dia dois do mesmo mês, conforme instituído no calendário da predominante no lado Ocidental da Terra. Um fenômeno interessante marcaria aquela reunião, revelando mais um aspecto do instigante processo de intercâmbio entre os dois mundos. Deu-se através do médium Sr Bertrand, conforme relatado por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, número de março de 1867. Foi a comunicação de vinte Espíritos cujas vidas, em nossa Dimensão, marcaram importantes momentos da História da Humanidade. Mesmer, General Brune, Luiz XVI, Lafayette, Arago, Napoleão, entre outros. O mais curioso é que a partir do tema proposto por um, outros contra pontuavam ampliando a compreensão do mesmo, encadeando, por fim, uma mensagem de conteúdo de grande elevação. Um trecho que bem exemplifica isto: o Espírito Meyerbeer escreveu: -“Três coisas devem progredir: a música, a poesia e a pintura. A música transporta a alma ferindo o ouvido”; Casemir Delavigne acrescentou: -“A poesia transporta a alma abrindo o coração”; seguido por Flandrin: -“A pintura transporta a alma acariciando os olhos”, enquanto Alfred de Musset: -“ Então a poesia, a música e a pintura são irmãs e se dão as mãos: uma para abrandar o coração, outra para suavizar os costumes e a última para abrir a alma: as três para vos elevar ao Criador; ao que São Luiz, encerrando a comunicação em nome de todos, aditou: -“ Mas nada, nada deve progredir mais momentaneamente do que a Filosofia; ela deve dar um passo imenso, deixando estacionar a ciência e as artes, mas para as elevar tão alto, quando for tempo, que essa elevação será muito mais súbita para vós hoje”. Kardec acrescenta que no dia 6 de dezembro, o mesmo Sr Bertrand, no grupo do Sr. Desliens, psicografou uma comunicação do mesmo gênero que, de certo modo, é continuação da precedente, desta vez com vinte e nove manifestantes, desenvolvendo raciocínios rápidos em torno do amor, da sabedoria, ciência, reencarnação, a Doutrina de Jesus, além de outros temas. Considerando que o estudo da mediunidade evidencia a necessidade da identidade de fluidos entre o Espírito comunicante e o médium, Kardec levantou a duvida no seguinte questionamento: -“Como os fluidos de tão grande número de Espíritos podem assimilar-se quase instantaneamente com o fluido do médium, para lhe transmitir seu pensamento, quando tal assimilação por vezes é difícil da parte de um só Espírito, e geralmente só se estabelece com vagar?”. Conta o Codificador que, Slener,“o guia espiritual do médium parece o ter previsto, porque dois dias depois lhe deu a seguinte explicação”:-“A comunicação que obtiveste no Dia de Todos os Santos, como a última, que é o seu complemento, posto nesta haja nomes repetidos, foram obtidas da seguinte maneira: como sou teu Espírito protetor, meu fluido é similar ao teu. Coloquei-me acima de ti, transmitindo-te o mais exatamente possível os pensamentos e os nomes dos Espíritos que desejavam manifestar-se. Estes formaram em torno de mim uma assembleia cujos membros, cada um por sua vez, ditava os seus pensamentos, que eu te transmitia. Isso foi espontâneo e o que naquele dia tornava as comunicações mais fáceis é que os Espíritos presentes tinham saturado a sala com seus fluidos. Quando um Espírito se comunica com um médium, fá-lo com tanto mais facilidade quanto melhor estabelecidas entre si as relações fluídicas, sem o que o Espírito, para comunicar seu fluido ao médium, é obrigado a estabelecer uma espécie de corrente magnética, que atinge o cérebro deste. “E, se em razão de sua inferioridade, ou por qualquer outra causa, o Espírito não pôde estabelecer esta corrente, ele próprio, então recorre à assistência do guia do médium, e as relações se estabelecem como acabo de indicar”. As informações suscitaram outra pergunta: -“No número destes Espíritos não há alguns encarnados, neste ou noutro mundo e, neste caso, como se podem comunicar?”. Eis a resposta que foi dada: “- Os Espíritos de um certo grau de adiantamento tem uma radiação que lhes permite comunicar-se simultaneamente em vários pontos. Nuns, o estado de encarnação não amortece essa radiação de maneira completa para os impedir de se manifestarem, mesmo em vigília. Quanto mais avançado o Espírito, mais fracos os laços que o unem à matéria do corpo; está num estado de quase constante despendimento e pode dizer-se que está onde está seu pensamento”.


(Leninha) Por que tanta polêmica em torno das células-tronco? Existem ou não espíritos nesses embriões?


A questão não é simples, Leninha e não há única posição a respeito. Gostaríamos de ter respostas seguras e definitivas para todas as perguntas. Entretanto, muitas coisas ainda ignoramos, mas estamos em busca de explicações. Para os ouvintes se situarem na questão, gostaríamos de dizer que, no Brasil, a despeito de várias campanhas contra, temos uma lei que autoriza os cientistas a fazerem pesquisas com células-tronco embrionárias. Mas o que são células-tronco e por que existe tanta polêmica em torno delas?


Já falamos disso, mas não custa repetir, porque o tema está em voga. Células-tronco embrionárias são as células que formam o embrião humano. Embrião é a fase inicial do ser humano no útero materno. Após a fecundação do óvulo da mãe pelo espermatozóide do pai, temos a concepção, ou seja, a geração de uma célula-ovo que, inicialmente, é apenas uma célula, mas que, em seguida, começa a se dividir e a se multiplicar rapidamente, formando o embrião. Após a fase de embrião vem o feto e, num período aproximado de 9 meses de gestação, o corpo desse novo ser vai passar por várias fases de evolução dentro do útero materno, até seu nascimento.


Acontece que, desde a década de 1970, já temos a chamada reprodução assistida, em que é possível provocar, fora do corpo da mulher, a fecundação artificial, obtendo-se embriões. Tais embriões são introduzidos no útero de mulheres que têm dificuldades ou estão impedidas de engravidar, a fim de que tenham filhos. Uma grande quantidade desses embriões congelados em laboratório, não são utilizados e, mais tarde, serão descartados. A lei, recentemente aprovada, permite que eles possam ser usados para pesquisas no tratamento de doenças degenerativas, principalmente as que afetam o sistema nervoso, como o Mal de Parkinson e o Mal de Alzheimer e as lesões que causam paralisias irreversíveis.


As células-tronco embrionárias, ao que tudo indica, têm uma propriedade extraordinária. Elas podem produzir qualquer tipo de célula, ou seja, célula de qualquer tecido do corpo, até mesmo células nervosas. Desse modo, a partir da implantação dessas células, teoricamente, seria possível obter a regeneração de tecidos lesados e, conseqüente, a cura de pacientes acometidos dessas doenças, até hoje consideradas incuráveis. Contudo, há uma parcela da população, notadamente religiosos, que são contra a utilização dessas células, pois consideram que a vida humana começa já na fecundação e, desse modo, ao se usarem embriões para pesquisa, estariam sacrificando vidas humanas. Eis o problema.


Contrários à lei está a Igreja Católica, outras religiões e até mesmo segmentos do movimento espírita. Segundo O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a reencarnação começa na concepção, mas só se completa com o nascimento. Se isso for levado ao pé da letra, a morte de um embrião significaria a interrupção de um processo reencarnatório iniciado. Entretanto, n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a questão 356 diz que pode haver concepção sem reencarnação e, nesses casos, o ser não sobrevive.


Assim, temos conosco que é possível que, no caso dos embriões congelados ( que, mais cedo ou mais tarde, serão descartados) pode não haver Espíritos, mesmo porque , nos projetos da Espiritualidade, que sempre precedem os projetos humanos, devem existir planos referentes a pesquisas nesse campo, onde podem ser utilizados embriões. Entretanto, isso é apenas uma hipótese. Baseado nisso é que alguns segmentos do movimento espírita, mais cuidadosos, manifestaram-se contra a lei, notadamente a Associação Médico-Espírita do Brasil. Ela defende a tese de que, para possíveis tratamentos de pacientes, é possível utilizar células-tronco de adultos, extraídas da medula e da pele, não havendo necessidade de se recorrer às embrionárias, que representa um obstáculo à reencarnação. Esta também é uma possibilidade, já que existem pesquisas nesse campo, que já deram sinal de sucesso no tratamento de alguns pacientes.



domingo, 25 de dezembro de 2022

COMENTÁRIOS NO PLANO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Já nos anos 80 do século XX, as estatísticas mostravam um crescimento vertiginoso de mortes de jovens de forma natural ou acidental, precipitando familiares, sobretudo mães e pais, no abismo da dor e sofrimento moral nunca imaginado na “zona de conforto” em que viviam. Uma avaliação da evolução desses índices de lá para cá, revelarão um aumento exponencial de tais casos. Claro que o exercício do livre arbítrio continua a produzir vítimas a todo instante neste Planeta, revelado pelo Espiritismo como situado na faixa das Expiações e Provas, impondo de forma inexorável – embora gradual – os efeitos daquilo que causamos com nossas ações, motivadas, invariavelmente, por anseios de projeção ou exploração no meio em que as criaturas se acham inseridas. Naturalmente associada à evolução das densidades demográficas observadas nos diferentes continentes, o fato é que o Espiritismo acrescenta dado sugestivo na análise desses acontecimentos. Uma mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier confirma isso. Na verdade era a segunda recebida de um jovem – Luiz Roberto Estuqui Jr -, desencarnado em 4 de janeiro de 1984, num acidente nas imediações de Araraquara (SP), a caminho de São José do Rio Preto (SP), localidade em que residia. A primeira carta, psicografada na reunião publica de 24 de fevereiro, apenas 50 dias após sua trágica morte, revela aspectos curiosos, embora óbvios: quem morre não aceita facilmente o abandono dos projetos perseguidos; o chamado corpo espiritual ou períspirito é submetido a tratamentos específicos; familiares desencarnados há mais tempo geralmente assistem o recém-chegado para numa faixa menor de tempo se readaptar à vida de que se afastou um dia para reencarnar. No caso de Luiz Roberto, um dos seus acompanhantes foi um tio – Fausto João Estuqui – vitima de fatal acidente de avião nas imediações de Votuporanga (SP), oito anos antes. Foi através dele que o jovem comunicante obteve a resposta procurada por muitos, notadamente os que são surpreendidos pelas perdas de entes queridos. E não só esclarece a dúvida acalentada por tantos, como oferece em seguida seu próprio exemplo para os que querem refletir. Relata Luiz Robert em sua carta de 15 de setembro de 1984: - “O tio Joaozinho, a quem levo as suas perquirições para estudo, e por entender melhor a vida, me respondeu que, por amigos daqui, veio a saber que milhões de pessoas estão passando pela desencarnação no tempo áureo da existência, porque nos achamos numa fase de muitas mudanças na Terra. E aqueles Espíritos retardatários em caminho, quando induzidos a considerar a extensão das próprias dívidas, aceitam a prova da desencarnação mais cedo do que o tempo razoável para a partida, e são atendidos com a separação de pais e afetos outros, no período em que mais desejariam continuar vivendo, em razão do tempo que perderam com frivolidades nas vidas que usufruíram. São muitos os companheiros que se retiram da Terra, compulsoriamente, das comodidades humanas em que repousavam, de modo a rematarem o resgate de certos débitos que os obrigavam a sofrer no âmago da própria consciência”. Atendo-se ao caso, do próprio informante, Luiz Roberto escreveu: -“Ele mesmo, o tio Joãozinho, me explicou que tendo pedido exames para saber o motivo pelo qual perdeu o corpo numa queda de avião, foi conduzido, por Menores competentes, junto dos quais pôde ver, num processo de regressão, as causas da desencarnação violenta pelo qual foi obrigado a alcançar. Disse-me que conseguiu observar cenas tristes de que fora protagonista, há mais de trezentos anos, nas quais se via na posição de algoz de vasta comunidade humana, atirando pessoas em poços de tamanho descomunal, por motivos sem maior importância. Assim, ele precipitou muita gente do alto de montes ásperos e empedrados, com o objetivo de conquistar destaque nas posições da finança e do poder. As faltas cometidas permaneceram impunes, por ausência de autoridades nas localidades de sua atuação, mas, perante a Justiça Divina, os disparates levados a efeito foram assinalados para resgate em tempo oportuno. Desse modo, o tio afirmou que tendo arrasado a vida de muita gente, do ápice de montanhas alcantiladas e espinhosas, conseguiu liberar-se com a angústia por ele sofrida na queda da máquina que o resguardava. Disse-me que a morte o liberava de pagamentos quase inexequíveis, já que devia unicamente o remate de débitos contraídos, considerava o acidente aéreo uma solução benigna para ele que se vê agora, sem a mácula de culpa alguma”. Evidencia-se desta forma as sutilezas da Lei de Causa e Efeito, administrando os processos evolutivos dos habitantes da Terra.




Quero saber se é possível uma comunicação espiritual com uma pessoa da família que faleceu recentemente. (Edine Maria da Silva)


Possível é, mas ninguém pode garantir isso. A mediunidade ainda é o problema mais sério dentro do Centro Espírita. Dizemos isso, porque a falta de conhecimento, de estudo mesmo do Espiritismo e da mediunidade, de preparação, de exercício consciente e, sobretudo, de espírito de dedicação ao próximo, são fatores de dificultam o intercâmbio sério e consciente com o plano espiritual. Assim, não basta uma instituição se denominar espírita – e muito menos uma pessoa se qualificar como médium – para que dela possa se obter a comunicação desejada.


Chico Xavier foi o médium que mais se prestou a esse tipo de serviço: obter comunicações de entes queridos, a pedido de seus parentes. Milhares de cartas vieram através dele. No entanto, esse número, por maior nos pareça, representa apenas e tão somente uma fração muitíssimo pequena do número de pessoas que o procuraram. O próprio Chico, mesmo tendo habilidade para esse tipo de trabalho, achava-o muito difícil e geralmente comentava “o telefone só toca de lá para cá e não daqui para lá”. Isso significa que quem estabelece as condições de comunicação é a Espiritualidade, e não nós, os encarnados. Desse modo, ninguém – nem mesmo o Chico Xavier – pode garantir que vai obter determinada comunicação.


Há pessoas que, na ânsia de obter uma comunicação, vai ao primeiro médium e até lhe paga para isso. Situações dessa natureza deturpam totalmente o sentido elevado da mediunidade, pois nenhum médium pode garantir determinada comunicação. E, se garantir, desconfie dele. Assim mesmo, toda vez que queremos forçar alguma situação, contribuímos para que ela aconteça, mas a comunicação, quase sempre, não é autêntica. O próprio médium ou qualquer Espírito pode simular uma mensagem que nada tem a ver com o familiar desencarnado. Portanto, é preciso cuidado.


Além disso, o campo da mediunidade série e compromissada com a é muito amplo. Os médiuns geralmente são especializados; quer dizer, eles se dedicam a um determinado tipo de mediunidade. E isso faz com que existam médiuns que se prestam a trazer comunicações de Espíritos familiares, assim como existem grupos mediúnicos que frequentemente recebem esse tipo de mensagem. Para isso, eles precisam especializar a mediunidade nesse campo, dedicarem-se a isso, razão pela qual nem todo médium é capaz de receber uma comunicação dessa natureza. A fim de tentar obter qualquer comunicação, você deveria procurar um grupo de pessoas idôneas, que se preste a esse tipo de comunicação.


sábado, 24 de dezembro de 2022

PRESSENTIMENTOS E PROGNÓSTICOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Apoiando-se em fatos que envolveram algumas personalidades importantes do passado da França, Allan Kardec escreve na edição de novembro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA um artigo em que procura explicar a diferença entre as duas situações propostas pelos termos pressentimentos e prognósticos. Cita o livro Memórias De Madame Chapman em que é relatado que na época em que tinha sido concebida a ideia de unir Maria Antonieta, a filha da Imperatriz Maria Tereza, ao filho de Luiz XV, esta buscou ouvir o Cura Gassner - reconhecido pelos seus à época chamados dons - a quem consultava muitas vezes, que ante a pergunta se sua “Antonieta seria feliz?”, após longa reflexão, empalideceu estranhamente e, apesar de manter enigmático silêncio, premido pela Imperatriz, disse: -“Senhora, há cruzes para todos os ombros”. A História registrou que desde o dia do casamento ocorrido em 16 de maio de 1770, uma sucessão de acontecimentos inclusive atmosféricos assinalaram essa pagina da vida de tanta gente famosa. O próprio Luiz XV, ouvira em 1757, de um astrólogo levado à sua presença pela Madame Pompadour, depois de ter feitos cálculos a partir da sua data de nascimento, disse-lhe:-“ Senhor, vosso reino é celebre por grandes acontecimentos; o que se seguirá sê-lo-á por grandes desastres”. Voltando à Maria Antonieta, após 8 anos de esterilidade, concebeu a uma menina e, três anos depois, ao que seria o herdeiro da Coroa, acontecimento comemorado em festa por toda Paris, em 21 de janeiro de 1782, onze anos antes da morte do Rei e do aprisionamento da Rainha para ser guilhotinada, em 1793, um ano após o marido, acusada de traição pelos que fizeram a Revolução Francesa. Analisando a questão Allan Kardec pondera: -“Nestes fatos, há que considerar duas coisas bem distintas: os pressentimentos e os fenômenos considerados como prognósticos de acontecimentos futuros. Não se poderiam negar os pressentimentos, dos quais há poucas pessoas que não tenham tido exemplos. É um desses fenômenos cuja explicação a matéria só é impotente para dar, porque se a matéria não pensa, também não pode pressentir. É assim que o materialismo a cada momento se choca contra as coisas vulgares que o vem desmentir. Para ser advertido de maneira oculta daquilo que se passa ao longe e de que não podemos ter conhecimento senão num futuro mais ou menos próximo pelos meios comuns é preciso que algo se desprenda de nós, veja e entenda o que não podemos perceber pelo olhos e pelos ouvidos, para referir a sua intuição ao nosso cérebro. Esse algo deve ser inteligente, desde que compreende e, muitas vezes, de um fato atual, prevê consequências futuras. É assim que por vezes temos o pressentimento do futuro. Esse algo não é outra coisa senão nós mesmos, nosso Ser espiritual, que não está confinado no corpo, como um pássaro numa gaiola, mas que, semelhante a um balão cativo, afasta-se momentaneamente da Terra, sem cessar de a ela estar ligado. É sobretudo nos momentos em que o corpo repousa, durante o sono, que o Espírito, aproveitando o descanso que lhe deixa o cuidado de seu invólucro, em parte recobra a liberdade e vai colher no espaço, entre outros Espíritos, encarnados como ele, ou desencarnados, e no que vê, ideias cuja intuição traz ao despertar. Essa emancipação da alma por vezes se dá no estado de vigília, nos momentos de absorção, de meditação e de devaneio, em que a alma parece não mais preocupada com a Terra. Ocorre, sobretudo de maneira mais efetiva e mais ostensiva nas pessoas dotadas do que se chama a dupla vista ou visão espiritual. Ao lado das intuições pessoais do Espírito, há que colocar as que lhe são sugeridas por outros Espíritos, quer em vigília, quer no sono, pela transmissão de pensamentos de alma a alma. ´É assim que muitas vezes se é advertido de um perigo, solicitado a tomar tal ou qual direção, sem que por isto o Espírito cesse de ter o seu livre arbítrio. São conselhos e não ordens, porque sempre fica livre de agir à sua vontade.