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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

DOENÇAS E CURA SEGUNDO O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O Espiritismo seja através das chamadas obras básicas, seja através de manifestações posteriores reunidas em livros, oferece importantes elementos para reflexão sobre o tema doenças/cura. Compulsando, por exemplo, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, encontramos que “as doenças pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos condições malsãs, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade”. A respeito das “doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito e, desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente”.  Já através do médium Chico Xavier, o Benfeitor Espiritual Emmanuel no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS diz que “a criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações”. Mais tarde, em mensagem inserida no livro AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL, explica que “os estados mórbidos são reflexos ou resultantes de nossas vibrações mais íntimas (...). Essas DOENÇAS-AVISO se verificam por causas de ordem moral. Quando as advertências não prevalecem, surgem as úlceras, as nefrites, os reumatismos, as obstruções, as enxaquecas (...). As moléstias dificilmente curáveis, como a tuberculose, a lepra, a cegueira, a paralisia, a loucura, o câncer são escoadouros das imperfeições. A epidemia é uma provação coletiva (...)”. Já na obra PENSAMENTO E VIDA, comentando a relação mente/doença, diz que “toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a engrenagem da máquina sensível, e toda aflição amimalhada é como ferrugem destruidora, prejudicando lhe o funcionamento. Sabe hoje a Medicina que toda tensão mental acarreta distúrbios de importância no corpo físico. Estabelecido o conflito espiritual, quase sempre as glândulas salivares paralisam suas secreções, e o estomago, entrando em espasmo, nega-se à produção do ácido clorídrico, provocando perturbações digestivas a se expressarem na chamada colite mucosa. Atingido esse fenômeno primário que, muita vez, abre a porta a temíveis calamidades orgânicas, os desajustamentos gastrintestinais repetidos acabam arruinando os processos de nutrição que interessam o estímulo nervoso, determinando variados sintomas, desde a mais leve irritação da membrana gástrica até a loucura de abordagem complexa. O pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo”. Lá também poderá ser lido que “se não ultrapassássemos os limites do necessário, na satisfação das nossas exigências vitais, não sofreríamos as doenças que são provocadas pelos excessos, e as vicissitudes decorrentes dessas doenças”. Noutra oportunidade, escreveu que “se não é aconselhável envenenar o aparelho fisiológico pela ingestão de substâncias que o aprisionem ao vício, é imperioso evitar os desregramentos da alma que lhe impõem desequilíbrios aviltantes, quais sejam aqueles hauridos nas decepções e nos dissabores que adotamos por flagelo constante do campo íntimo. Cultivar melindres e desgostos, irritação e mágoa é o mesmo que semear espinheiros magnéticos e adubá-los no solo emotivo de nossa existência, é intoxicar, por conta própria, a tessitura da vestimenta corpórea, estragando os centros de nossa vida profunda e arrasando, consequentemente, sangue e nervos, glândulas e vísceras do corpo que a Providência Divina nos concede entre os homens, com vistas ao desenvolvimento de nossas faculdades para a Vida Eterna”. Por fim, o Espírito André Luiz, considera que “as depressões criadas em nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças, seja rendição ao desequilíbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam, nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão, determinados campos de ruptura na harmonia celular. Verificada a disfunção, toda a zona atingida pelo desajustamento se torna passível de invasão microbiana (...). Desarticulado, pois, o trabalho sinérgico das células nesse ou naquele tecido, aí se interpõem as unidades mórbidas, quais as do câncer, que, nesta doença, imprimem acelerado ritmo de crescimento a certos agrupamentos celulares, entre as células sãs do órgão em que se instalem, causando tumorações invasoras e metastásicas, compreendendo-se, porém, que a mutação, no início, obedeceu a determinada distonia, originária da mente, cujas vibrações sobre as células desorganizadas tiveram o efeito das projeções de raios X ou de irradiações ultravioleta, em aplicações impróprias”.


Se Jesus amava escribas e fariseus, como entender sua atitude em relação a eles, quando disse: “ Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que vos assemelhais a sepulcros caiados, que por fora parecem belos aos olhos dos homens, mas que por dentro estais cheios de ossadas de mortos e de toda espécie de podridão! Assim, por fora, pareceis justos, enquanto que por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade! Serpentes, raça de víboras, como podereis evitar a condenação do inferno?” A pergunta é do Cristiano, da cidade de Vera Cruz.

Muito oportuna sua pergunta, Cristiano. Precisamos considerar alguns pontos. Primeiro, Jesus desmascarava a hipocrisia, o fingimento, as falsas aparências, combatendo o desrespeito e a violência com que os pobres e sofredores eram tratados; segundo, Jesus não se dirigia a todos os escribas e a todos os fariseus indiscriminadamente, mas somente àqueles que exploravam o povo; terceiro, mesmo amando o que erram, Jesus não podia concordar com o erro que eles cometiam.

Em nenhum momento das narrativas evangélicas vamos encontrar Jesus advogando em causa própria – ou seja, não vemos Jesus defendendo-se a si mesmo. Ele se expunha para defender os pobres e sofredores, os fracos e abandonados, ele defendia o ser humano em geral, o que também deveria ser feito por todo homem de bem. E, ao mesmo tempo, ele ensinava o amor – o amor até mesmo aos inimigos – para mostrar que não eram propriamente pessoas que ele condenava ( porque todos são filhos de Deus e Deus não condena ninguém), mas os erros que essas pessoas cometiam ao agir com ignorância, impiedade e hipocrisia.

Existem muitas formas de demonstrarmos amor, Cristiano, mas uma delas sem dúvida, e talvez a mais difícil, é quando temos de agir com energia e firmeza com aqueles a quem amamos. Não porque queremos prejudicá-los ( é claro!) , mas porque desejamos ajudá-los. Este é o grande desafio dos pais em relação aos filhos, principalmente hoje. Muitas vezes, os filhos se revoltam contra seus pais, porque os acham duros e impiedosos, mas esses pais, que querem o seu bem, se veem obrigados a tomar atitudes desagradáveis para desviá-los do mau caminho.

Esta mesma condição, Cristiano, podemos atribuir a Jesus em muitos momentos, principalmente quando se dirigia aos fariseus – que se colocavam como seus principais opositores, querendo afastá-lo de sua missão. Essa oposição se dava pelo fato de Jesus combater a exploração do povo, procurando mantê-lo na ignorância e condicionando-o a submeter-se cegamente a práticas e usos que não mais condiziam a necessidades e aspirações da época. Muitos fariseus assim faziam, ensinando que a prática religiosa se resumia na observância dos rituais, do jejum e do pagamento do dízimo, com o que Jesus não concordava.

Para ele, mais do que as obrigações externas que a religião exigia há séculos, desde Moisés, e que eram extremamente pesadas para o povo, o que valia mesmo para Jesus era a prática do bem, a demonstração clara e viva do amor ao próximo, a vivência da compreensão, da tolerância e do perdão - ou seja, o esforço que cada um poderia fazer para se tornar uma pessoa melhor, mais justa, mais verdadeira e mais bondosa.

Ora, Jesus, que só praticava e ensinava o bem e a verdade, não poderia odiar os adversários, mesmo por aqueles que queriam destruí-lo, porque se assim fizesse poria por terra tudo o que ensinara, todo ideal que pretendia cultivar no coração daquele povo. Contudo, não poderia ser omisso e se calar diante do mal. Ele, que acreditava na transformação moral do ser humano, esperava que todos – inclusive os escribas e os fariseus – um dia refletisse melhor sobre seus ensinos, neles descobrindo o caminho da felicidade.




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