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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.


Pode um médium dar uma comunicação dele mesmo numa sessão espírita, sem saber e nem se lembrar de nada do que está dizendo? (Ivanilde Cataldi)


Pode. Isso é perfeitamente viável., Ivanilde. Esse tipo de comunicação existe mais do que podemos imaginar. Trata-se do que chamamos em Espiritismo de “comunicação anímica”. Neste caso, não está havendo mediunidade, ou seja, a pessoa não está servindo de intermediário para um Espírito desencarnado; ela está comunicando seus próprios conteúdos inconscientes, ou seja, é ela própria que está dando comunicação. Assim, numa sessão mediúnica pode haver dois tipos de comunicação: a comunicação mediúnica ( do Espírito) e a comunicação anímica (a que vem do próprio médium).


Para você entender melhor, vamos lhe explicar o seguinte: a mente humana ( hoje, isso está mais do que provado) tem uma parte consciente e uma inconsciente. Consciente é o que estamos lembrando agora e o fato de saber onde estamos e o que estamos fazendo. Inconsciente é a ação automática da mente, aquela que podemos fazer sem saber o que estamos fazendo ou sem precisar prestar a mínima atenção no que estamos fazendo. Os estudos, hoje, comprovam que a parte consciente é a menor, mas a parte inconsciente é aquela que possui toda a nossa história, todo o nosso passado, desta e de outras encarnações; portanto, é significativamente maior.


O inconsciente pode se manifestar e, geralmente, se manifesta em nossa vida, sem que o percebamos. Os sonhos, por exemplo, acontecem em nível inconsciente. Eles mostram conteúdos mentais de que não nos lembrávamos mais: assim, para você sonhar com uma pessoa que há muito não via, não precisa necessariamente estar lembrando dela. Portanto, esses conteúdos inconscientes geralmente se apresentam em estado de sono natural ou provocado, como na hipnose. E eles podem se apresentar também durante o estado de transe, que a pessoa vivencia na sessão mediúnica.


As comunicações anímicas a que você se refere, ao contrário do que se pode pensar, têm seu valor. Muitas vezes, expressando problemas e dificuldades inconscientes do próprio médium, ela pode ser trabalhada na sessão pelo doutrinador, trazendo alívio ou até mesmo resolvendo um conflito íntimo que a pessoa do médium, sem saber, estava vivendo. De outras vezes, a comunicação anímica pode trazer informações a respeito do passado do médium, quando ele está revelando facetas de sua personalidade em outra encarnação, situações não resolvidas que afloram na sua mente para serem devidamente tratadas.


Nem sempre é possível verificar, apenas por uma única comunicação, se ela é anímica ou mediúnica. Isso depende de seu conteúdo e da perspicácia do dirigente da sessão. Mas nem sempre isto é importante, pois, seja o Espírito, seja para o próprio médium que está dando a comunicação, as orientações serão sempre moralmente elevadas e os ajudarão na solução ou no encaminhamento da solução de seu problema. Entretanto, queremos fazer uma observação final, Ivanilde: nas comunicações anímicas o médium está inconsciente ou semi-consciente; na verdade, ele não sabe o que está acontecendo Mas, se houver uma comunicação em que o médium está sabendo o que faz, então já não é mais animismo: trata-se de uma falsa comunicação, de uma mistificação, de um embuste ou fraude.


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