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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

RELATIVIDADE DA IDEIA DE DEUS ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

- “O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade”, escreveu Allan Kardec em uma de suas ponderadas análises contidas na edição de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Noutra oportunidade, comentou que “a vida humana é uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina”. Nesse contexto, vão surgindo as religiões, organizações humanas que, apesar de resultarem quase sempre de revelações espirituais, institucionalizam tais pensamentos que geralmente se desvirtuam e desfiguram pela ambição dos receptores e administradores da nossa Dimensão. Num planeta como a Terra, classificado como de Expiação e Provas em mensagem mediúnica assinada pelo Espírito que nas convenções da escola religiosa que serviu é identificado como Santo Agostinho, considerando a condição evolutiva predominante, a reencarnação determina sempre, procriação e alimentação, isto é, necessidades da matéria a satisfazer e, assim, entraves para o Espírito”, submetendo as individualidades a provas comoo poder e a riqueza, como a pobreza e a humildade”, que durante várias vidas sucessivas resultam em expiações conhecidas como dores, idiotismo, demência, etc, pelo mal cometido em vida anterior”. O sentimento e pensamento religioso, vai, portanto, refletindo sempre nossa condição evolutiva. Daí a sua persistência após a chegada ao Mundo Espiritual após a morte. No interessante trabalho intitulado CARTAS DE UMA MORTA (lake,1935),segundo livro com produções psicográficas de Chico Xavier, a entidade Maria João de Deus que, entre outras atividades desenvolvidas em nosso Plano foi mãe do médium em meio aos nove filhos a que deu a luz, revela que “são inúmeras as congregações de Espíritos mais apegados às ilusões da Terra que através de muitas organizações se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos na primeira esfera existente no orbe terráqueo. A Igreja romana, por exemplo, tem aí conventos, irmandades, que defendem seus pontos de vista, e, assim de facção em facção, pode-se compreender a imensidade da luta dos trabalhadores da Verdade. Nas colônias de antigos remanescentes da África,” - conta ela – “vim conhecer costumes esquisitos, como bailados estranhos, ao som de músicas bizarras que me deram a impressão de fandangos, tão da preferência dos escravos no Brasil”. Décadas depois, em meio ao acervo constituído das milhares de cartas/mensagens psicografadas publicamente em reuniões na cidade de Uberaba (MG), perante público procedente de várias partes do País, ostentando diferentes níveis intelectuais, evidencia-se isso. Na assinada pelo jovem Roberto Muskat, filho de família ligada às tradições do Judaísmo, desencarnado aos 19 anos, pouco tempo após seu retorno ao Plano Espiritual, recordando suas primeiras impressões, relata ter participado no educandário-hospital em que convalescia de cerimonias cultivadas pelos seguidores de sua religião. Outro detalhe importante é que o abrigo se encontra em “Erets Israel, ou Terra do Renascimento, cuja beleza é indescritível”. Já Helio Ossamu Daikura, carinhosamente apelidado Tiaminho, integrante de família de Budistas, desencarnado em acidente de transito aos 5 anos, segundo o Espírito Bezerra de Menezes em bilhete psicografado aos pais, esteve “abrigado em Templo dirigido pelo Reverendo Sinnet, grande missionário do Bem, na revelação Budista”. Já a artista Clara Nunes, desencarnada trinta dias após se submeter a cirurgia considerada simples que lhe impôs o coma e a desencarnação por reação alérgica a anestésico a ela ministrado, relatou em carta psicografada à irmã ter acordado “num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações, nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei da euforia ao pranto da saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda(...). Os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim, com paternal bondade, e me convidou a pisar na terra firme”. Como se vê, a natureza realmente não dá saltos. Diante disso, consegue-se entender a ponderação de Allan Kardec segundo a qual, “a facilidade com que certas pessoas aceitam as ideias espíritas; das quais, parece, tem intuição, indica que pertencem ao segundo período”, ou seja, aquele em que o Ser começa a se desprender das preocupações eminentemente sensórias e perseguir as conquistas intelectuais.

É compreensível o mandamento de Jesus que diz que não devemos julgar o próximo. Mas parece que essa regra não funciona nos dias de hoje. Vemos homens corruptos e violentos, principalmente na política, e não sabemos mais em quem podemos confiar. Aqueles, que hoje acusam, amanhã acabam sendo acusados dos mesmos atos que condenaram. Por isso que digo que é compreensível o que Jesus ensinou, mas se não houver uma ação enérgica contra os maus, logo todo mundo vai ser vítima deles. (Anônimo)


Quando Jesus diz para “não julgar”, ele está se referindo ao julgamento moral, certamente; àquela fraqueza que temos em fazer mau juízo dos outros e sair espalhando por aí seus defeitos, como se nós mesmos não tivéssemos defeito algum. Não é isso que nos acontece sempre? Somos rápidos em julgar os outros, mas talvez muito mais rápidos em nos defender quando alguém nos aponta um erro, não é mesmo? A colocação de Jesus foi muito clara: “Como é que vês o cisco, que está no olho de teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave de teu olho para depois tirares o cisco que está no olho de teu irmão”.


Em nossa vida pessoal deveríamos adotar esse princípio, que é fundamental para que possamos conviver bem com o semelhante e – mais do que isso – para que possamos estar bem conosco mesmos. Entretanto, essa colocação de Jesus, de forma nenhuma invalida a crítica. Aliás, existem dois tipos de crítica: a crítica ferina, mordaz, mau intencionada, que só serve para rebaixar, humilhar ou tornar uma pessoa desacreditada, e a crítica construtiva, elevada, que tem por objetivo esclarecer, ajudar e até proteger.


Jesus, embora sempre se mostrasse indulgente para com as fraquezas dos outros, chegando a perdoar os próprios agressores antes de morrer na cruz, não usou de meias palavras para criticar os fariseus. Ele condenou suas atitudes em relação ao povo, a quem enganava e explorava em nome de Deus. Neste sentido, Jesus também alertava o povo em relação aos perigos que corria, e chegou a dizer ensinar os discípulos a terem muito cuidado com aqueles que exploram a fé das pessoas mais simples para tirarem vantagem.


A Doutrina Espírita procura seguir os ensinamentos de Jesus em relação à utilização da crítica. Existem, de fato, a crítica construtiva e a crítica destrutiva. No capítulo10 de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, itens 19 a 21, Kardec formula algumas perguntas para esclarecer esse ponto. Ele pergunta se nunca não devemos repreender o próximo, e São Luiz responde que tudo depende da intenção ou do sentimento de quem faz a crítica: se for para o bem, a crítica é válida. Diz mais, que a censura só deve existir quando ela traz prejuízo aos outros. Neste caso, ela não é só um direito, mas um dever.


Entretanto, mais do que criticar, todos precisamos ser criticados, quando estamos errados ou quando estamos agindo com segundas intenções. A crítica, neste caso, funciona como um instrumento de controle social e também para nos ajudar a descobrir nossos próprios defeitos. Com certeza, se nós recebêssemos elogios e se nossos erros jamais fossem apontados, não teríamos como progredir moralmente. Assim, devemos ser indulgentes na crítica que fazemos - agir com equilíbrios e bons propósitos; e devemos ser tolerantes na crítica que recebemos, aprendendo a nos corrigir para melhorar.


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