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domingo, 31 de dezembro de 2023

PONTO DE VISTA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

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Abrindo o número de julho de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, encontramos interessante matéria intitulada PONTO DE VISTA. Allan Kardec, como sempre, surpreende pela coerência de sua análise. Merece uma reflexão sobreo tema. 

Diz o Codificador: 

“- Não há quem não tenha notado quanto as coisas mudam de aspecto, conforme o ponto de vista sob o qual são consideradas. Não só se modifica o aspecto , mas, também, a importância da coisa. Coloquemo-nos no centro de qualquer coisa, mesma pequena, e parecerá grande; se nos colocarmos fora, será outra coisa.. Quem vê uma coisa do alto de um monte a vê insignificante, mas de baixo ela parece grande. É um efeito de ótica, mas também se aplica às coisas morais. Um dia inteiro de sofrimento parecerá uma eternidade; à medida que o dia se afasta de nós admiramo-nos de haver desesperado por tão pouco. Os pesares da infância também tem uma importância relativa e, para a criança, são tão amargos quanto para a idade adulta. Por que, então, nos parecem tão fúteis? Porque não mais os sentimos, ao passo que a criança os sente completamente e não vê além de seu círculo de atividade; ela os vê do interior, nós, do exterior. Suponhamos um ser colocado, em relação a nós, na posição em que estamos em relação à criança; ele julgará as nossas preocupações do mesmo ponto de vista, e as achareis pueris(...). 

O Espiritismo nos mostra uma aplicação deste princípio, mas de outra importância nas suas consequências. Ele nos mostra a vida feita no que ela é, colocando-nos no ponto de vista futura; pelas provas materiais que nos oferece, pela intuição clara, precisa, lógica que nos dá, pelo exemplos postos aos nossos olhos, transporta-nos pelo pensamento: a gente a vê e a compreende; não essa noção vaga, incerta, problemática, que nos ensinavam do futuro, e que, involuntariamente, deixava dúvidas; para o espírita é uma certeza adquirida, uma realidade. Faz mais ainda: mostra-nos a vida da alma, o Ser essencial, porque é o Ser pensante, remontando no passado a uma época desconhecida, estendendo-se indefinidamente pelo futuro, de tal sorte que a vida terena, mesmo de um século, não passa de um ponto nesse longo percurso. Se vida terrena é pouca coisa comparada com a vida da alma, que serão os acidentes da vida? Entretanto o homem colocado no centro da vida, com esta se preocupa como se fosse durar para sempre. Para ele tudo assume proporções colossais: a menor pedra que o fere, afigura-se-lhe um rochedo; uma decepção o desespera; m revés o abate; uma palavra o enfurece.

 Com a visão limitada ao presente, àquilo que toca imediatamente, exagera a importância dos menores acidentes; um negócio de Estado; uma injustiça o põe fora de si. Triunfar é um de seus esforços, o objetivo de todas as suas combinações; mas, quanto à maioria delas, que é o triunfo? Será, se se não possuem os meios de vida, criar por meios honestos uma existência tranquila? Será a nobre emulação de adquirir talento e desenvolver a inteligência? Será o desejo de deixar, depois de si, um nome justamente honrado e realizar trabalhos úteis à Humanidade? Não. Triunfar é suplantar o vizinho, eclipsá-lo, afastá-lo, mesmo derrubá-lo, para lhe tomar o lugar. E para tão belo “triunfo”, que talvez a morte não deixe aproveitar vinte e quatro horas, quantas preocupações e tribulações!. 

Quanto talento por vezes despendido e que poderia ser melhor empregado! Depois, quanta raiva, quanta insônia se se não triunfar! Que febre de inveja causa o sucesso de um rival! Assim, culpam a má estrela, a sorte, a chance fatal, ao passo que a má estrela as mais das vezes é a inabilidade e a incapacidade. Na verdade dir-se-ia que o homem assume a tarefa de tornar os mais penosos possíveis os poucos instantes que deve passa na Terra e dos quais não é senhor, pois jamais tem certeza do dia seguinte. 

Como tudo isso muda de aspecto quando, pelo pensamento, sai o homem do vale estrito da vida terrena e se eleva na radiosa, esplendida e incomensurável vida além-túmulo?(...) Tal ponto de vista tem para o homem outra enorme consequência imediata: é a de lhe tornar mais suportáveis as tribulações da vida.



A gente sabe que existe muita gente envolvida nesses esquemas de corrupção no país. Sabemos também que a justiça humana é falha e que, por mais que faça, não vai descobrir tudo e nem condenar os verdadeiros culpados. Minha pergunta é a seguinte: como fica a situação desses indivíduos que prejudicam a nação? Será que, um dia, elas vão pagar o prejuízo de causaram para cada um dos brasileiros? (Anônima)

A corrupção, infelizmente, ainda faz parte da vida humana e, se prestarmos mais atenção, vamos verificar que ela não se restringe aos altos cargos das empresas ou apenas ao meio político, de que muito se fala. A corrupção também pode fazer parte dos pequenos atos que praticamos no dia a dia, sempre que queremos levar vantagem sobre os outros. Corromper, no sentido comum, é praticar atos ilícitos ou imorais que redundem em benefício próprio com o prejuízo alheio. É uma forma desonesta e maldosa de levar vantagem, sobretudo para enriquecer.

Nós, seres humanos, ainda somos muito egoístas e o fato de uma pessoa centralizar todo seu interesse em si mesma, buscando vantagens imediatas e sem considerar o verdadeiro significado da vida, pode levá-la aos mais deslavados atos de corrupção contra a sociedade. Quando Jesus alertou “vigiai e orai”, no fundo, ele se referia à necessidade de estarmos atentos ao que fazemos, não apenas preocupados com o mal que os outros possam fazer contra nós, mas mais preocupados com o mal que podemos fazer em prejuízo do próximo.

Na Lei de Deus, é melhor ser enganado que enganar, ser prejudicado do que prejudicar, é preferível ser vítima a ser algoz. Na Lei de Deus, todo ato mau traz consequências desagradáveis, cedo ou tarde, agora ou depois. E, em última instância, quem primeiramente vai nos julgar pelo erro cometido é o tribunal de nossa própria consciência. Toda vez que voluntariamente praticamos um ato, que redunde em prejuízo de alguém, independente da intervenção da justiça humana, passamos a ser réus de nós mesmos e desse que prejudicamos. Tornamo-nos deveres da lei da vida e da vítima que acabamos de fazer.

Esta é uma das causas porque vemos tanto sofrimento na Terra. Muitas vezes, por trás de uma vida de trabalho e honestidade, mas marcada por grandes sofrimentos, está a consequência de comprometimentos do passado, que não conseguimos divisar. O indivíduo que, em encarnações anteriores, cometeu erros clamorosos, pode voltar nesta encarnação completamente modificado, mas ainda sofrendo os efeitos dos erros que praticou. A lei divina nunca falha, seja quando o ato seja causa de dor no próximo, seja quando – sozinhos ou acompanhados – causamos um mal de consequência maior para a sociedade.

Quando agimos em prejuízo de um grupo de pessoas ou mesmo da sociedade, ou de toda uma nação - sozinhos ou fazendo parte de uma quadrilha - passamos a ser devedores desse grupo ou dessa sociedade. No livro OBRAS PÓSTUMAS, Allan Kardec trata desta questão e dá a esse fato o nome de “crime de lesa-sociedade”. Isso quer dizer que, lesando ou causando prejuízo à sociedade, é diante dessa sociedade que vamos responder. Na Lei de Deus ninguém fica impune. Na maioria das vezes, mesmo quando o réu é condenado e responde pela pena, ele não fica totalmente quites com a Lei de Deus.

A justiça humana não dispõe de instrumentos para conhecer o que vai em nossa intimidade e, por isso, por mais próximo se aproxime da verdade, ainda assim, ela não terá acesso a tudo que ocorre no mundo mental de cada um. Há muitas verdades - principalmente quando se refere a grandes esquemas de corrupção e desmandos - que nunca aparecem e nunca vão aparecer, além daqueles que aparecerão distorcidos. Mas, diante da Lei de Deus, outras verdades se revelam, pois as verdadeiras intensões estarão sempre vivas na consciência das pessoas.

Do ponto de vista da extensão do número de agentes, podemos dizer que há dois tipos de sofrimento: aquele que a pessoa experimenta sozinha e aquele que uma família, um grupo ou mesmo toda a sociedade sofrem ao mesmo tempo. Muitos males sociais que sofremos decorrem de faltas que juntos cometemos no passado; e, agora, passamos a ser vítimas até do mesmo mal que fizemos lá atrás. Como afirma Kardec: não há um só ato, por mais insignificante nos pareça que não produza consequências em nossa jornada espiritual. Se o ato for bom, as consequências serão boas; se for mau, as consequências serão sofridas.

sábado, 30 de dezembro de 2023

AS REVELAÇÔES DE HUMBERTO DE CAMPOS, O IRMÃO X ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

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Nas centenas de páginas psicografadas atraves do médium Chico Xavier – a maior parte enfeixadas em dezenas de livros -,, o escritor e jornalista Humberto de Campos, além de oferecer-nos ensinamentos de rara beleza literária/espiritual, repassou interessantes revelações evidenciando a realidade da reencarnação e sua interrelação com a Lei de Causa e Efeito. No livro CRÔNICAS DE ALÉM TUMULO (feb,1937), no texto em que relata visita a Jerusalém, dialogando com o próprio Espírito conhecido com Judas Iscariotes, por ocasião da Semana Santa de 1935, descobre ter ele resgatado suas dívidas em relação à prisão, julgamento, condenação e morte de Jesus, em “uma fogueira inquisitorial no século XV, onde, imitando o Mestre, foi traído, vendido e usurpado”, na personalidade de Joana D’Arc, a grande missionária que mudou a Historia da França, salvando-a das negociatas políticas que a transformariam em parte do território inglês, preservando as matrizes genéticas que permitiriam a reencarnação séculos depois de grandes pensadores que originaram o movimento conhecido hoje como Iluminismo. No BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb, 1938), revela, entre outras coisas, que José Bonifácio de Andrada e Silva retornaria, posteriormente, como Rui Barbosa e José de Anchieta como o português João Barbosa, notabilizado como Frei Fabiano de Cristo. No PONTOS E CONTOS (feb, 1950), apresenta o exemplo de “um renomado advogado apelidado nos círculos de convivência comum, de “grande cabeça”. Talento privilegiado, não vacilava na defesa do mal, diante do dinheiro, torturando decretos, ladeando artigos, forçando interpretações, acabando sempre em triunfo espetacular. Sentindo-se a suprema cabeça em seu círculo, com a última palavra nos assuntos legais, encontrou um dia a morte, despertando além dela, envolto em extensa rede de compromissos que lhe deformaram de tal forma a cabeça que não conseguia colocar-se na posição de equilíbrio normal, atormentado pelas vítimas ignorantes e sofredoras”. A forma encontrada para re-harmonizar seus órgãos da ideia atacados pela hipertrofia do amor próprio, foi interná-lo num corpo físico na Dimensão mais material, reencarnado nos tristes quadros da hidrocefalia. No CONTOS E APÓLOGOS (feb, 1957), mostra a origem de um fenômeno teratológico de um único corpo sustentando duas cabeças, ambas unidas por débitos nascidos em encarnação anterior em que uma impediu o renascimento da outra através da infeliz opção do aborto. Na mesma obra, a história “registrada na ante-véspera do Natal de 1956, em que apagada mulher, ao tentar salvar dois filhos de inesperada inundação que lhe submergia o barraco que habitava em Passa Quatro (MG), acaba sendo tragada pelas águas do alagamento que se formara. A pobre infeliz de hoje, era a rica fazendeira que na ante-véspera do Natal de 1856, obrigara escrava de sua propriedade, se lançar nas águas transbordantes do Rio Paraiba, ao ouvir-lhe a confissão de que suas duas “crias”, eram também do filho da Sinhá que retornara de repousante estadia na Corte”. No CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA ( feb, 1964), revela que “grande parte dos renascidos a partir de meados da década de 50, ostentando deformidades em braços, pernas, orelhas, mãos, lavraram tal sentença contra si mesmos, nas violentas ações usurpadoras nas áreas de confinamento reservadas para judeus, em países europeus, protegidos pela condição de soldados do exército nazista”. Por fim, no CARTAS E CRÔNICAS (feb, 1966), o esclarecimento sobre a origem da trágica morte coletiva de centenas de pessoas, crianças e adultos, na tarde de 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói (RJ), minutos antes do término do espetáculo de estreia do Grand Circo Americano: resultara das lamentáveis das ideias nascidas e implementadas por eles, no ano 177 DC na arena do circo, na cidade de Lião, antiga Gália – hoje, França -, no sentido de entreterem de forma original autoridade ligada ao Imperador Marco Aurélio, vendo queimar em desespero, cristãos, adultos e crianças, aprisionados na madrugada anterior.



Diante de toda essa balbúrdia, que vem acontecendo no Brasil, o que diz o Espiritismo: que devemos compreender os corruptos e ser tolerantes com esses homens ou devemos agir em defesa do país? (Adriana)

Com certeza, Valéria, todos temos direitos decorrentes das Leis Naturais – ou, se você quiser, da Lei de Deus. O Espiritismo trata especificamente dessas leis, na terceira parte de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, as Leis Morais, de onde veio O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Esses direitos não nos são dados de graça. A cada direito corresponde uma obrigação e é o equilíbrio entre um e outro que promove a justiça.

O primeiro direito fundamental do Espírito encarnado é o direito à vida. Todo atentado contra a vida ou toda ação que possa prejudicar a vida contraria a Lei Natural. Você, eu - cada um de nós - recebe esse direito e é responsável por ele, razão pela qual preservar a própria vida é nosso primeiro compromisso com a Lei de Deus. No entanto, em contrapartida, cada qual tem o dever de respeitar a vida dos outros e defendê-las se for o caso, tanto quanto a sua própria vida.

Além dos direitos, que nos foram outorgados pela Lei Natural, podemos exercer a nossa vontade. A vontade pode ser ajudar ou prejudicar o uso dos direitos, pois os direitos têm limites. O limite do direito de cada um é onde começa o direito dos outros. Contudo, nossa vontade – como dizíamos – pode querer atuar além do nosso direito. E isso acontece em duas situações: quando cedemos nossos direitos ou parte deles aos outros (ato de bondade), ou quando invadimos os direitos dos outros, roubando o que lhes pertence, ato de maldade.

No primeiro caso, por decisão consciente, podemos abrir mão de algum direito em favor de alguém: neste caso, nossa vontade age positivamente. Ou podemos desrespeitar os limites do nosso direito e invadir o direito do próximo, causando-lhe prejuízo e sofrimento. Podemos ceder ou podemos roubar, podemos dar de nós ou podemos nos apropriar daquilo que não é nosso. Na primeira situação – quando abrimos mão do que é nosso - agimos com altruísmo, com bondade; no segundo, com desrespeito e violência.

Os ensinamentos de Jesus é para que ajamos com respeito e bondade para com o próximo, da mesma maneira como queremos que o próximo aja com bondade e respeito para conosco. Mas isso também tem um limite, porque vivemos em sociedade. Existem direitos, que vão além dos direitos individuais: é aquela parte do direito que todos cederam à sociedade, porque os direitos sociais são de todos. Se ninguém tem o direito de prejudicar o próximo, muito menos tem o direito de prejudicar a sociedade, atingindo todos os cidadãos.

À invasão egoísta e deliberada dos direitos da coletividade Kardec chama de “crime de lesa-sociedade”, conforme podemos ler em “OBRAS PÓSTUMAS”, no capítulo “Questões e Problemas – Expiações Coletivas”. Por isso, Allan Kardec, num discurso que proferiu em Bordéus – discurso esse que encontramos na Obra “VIAGEM ESPÍRITA EM 1862”, afirmou que “O sentimento de coletividade é a maior expressão da caridade”. Então, perguntamos a nós mesmos: como vai nosso sentimento em relação à nossa comunidade e ao povo de nosso país?

Temos deveres para com a sociedade, Adriana, até porque a sociedade, onde vivemos, procura garantir nossos direitos. N’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, os orientadores espirituais afirmam que o interesse coletivo está acima dos interesses individuais, razão pela qual não podemos nos calar diante da corrupção, que está prejudicando a maioria. Dizem os Espíritos que é preferível que caia um indivíduo do que muitos venham. Eis porque, como afirma Kardec, dependendo da situação, denunciar passa a ser um dever.

Não devemos concordar com o erro. O exemplo maior foi o de Jesus. Veja que ele jamais reivindicou para si mesmo. Ele só não abriu mão de seu direito de falar, de proclamar a sua verdade, mesmo contrariando a verdade da maioria. Mas, de um modo geral, ele abriu mão dos próprios direitos para interceder em favor dos mais necessitados. Sua fala, sempre firme, porém ponderada, criticava os grupos que mais prejudicavam o povo, principalmente os fariseus e os escribas. Ele não se calou, não se omitiu, embora naquelas circunstâncias fosse um voto vencido, razão pela qual pediu às pessoas que confiassem em Deus, pois é nele que está a justiça perfeita.

Contudo, precisamos sempre estar vigilantes. É um contrassenso apontar erros que nós próprios praticamos e, às vezes, praticamos sem ter consciência disso. Além do mais, criticar por criticar, espalhar a má notícia, participar de comentários desairosos, fomentar a discórdia e o derrotismo, a insatisfação e a revolta, nada disso representa a atitude do verdadeiro cristão. Ele deve ser ponderado em sua fala e principalmente em suas atitudes e – bem mais que isso – procurar pautar por uma conduta reta que colabore com a elevação moral da sociedade.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

E O LIVRE ARBITRIO? EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Na elaboração d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, as entidades invisíveis consultadas sobre a influência dos Espíritos sobre nossos pensamentos e atos (questão 459), revelaram ser isso “muito maior que se crê, sendo, frequentemente, eles que nos dirigem”. Esclarecendo dúvidas na obra O QUE É O ESPIRITISMO, num dos diálogos ali reproduzidos, Allan Kardec explica que o meio de comunicação mais comum entre os habitantes do Mundo Espiritual e o nosso é a intuição, ou seja, as ideias e pensamentos que eles nos sugerem, por sinal, muito pouco considerado na generalidade dos casos, visto que se presta mais atenção n’outros mais materiais. Diante dessas informações, como se situa o livre-arbítrio nas decisões que eventualmente se adote? No número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz a mensagem de um Espírito de nome Louis Nivard psicografada na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 7 de julho daquele ano, tecendo explicações ao seu filho – por sinal o médium de que se serviu – a respeito dos limites da ação do Mundo Invisível sobre nossos pensamentos. Diz ele: -“Assisto a todas as tuas conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha presença, mas não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma chance de se apresentar, que faz nascer em ti os pensamentos adequados à resolução das dificuldades que poderiam te suscitar. Aí está o livre-arbítrio; é o exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que ergue em si mesmo. Com efeito, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores do que se fossem o inteiro resultado do livre arbítrio, isto é, de atos realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes os homens tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais fazê-lo em virtude do vosso próprio moimento: o vosso livre arbítrio fica intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito existem, mas, repito, não existem no mesmo grau. Creio que esse princípio, que anuncio, não necessita de demonstração. Para o provar, bastar-me-á fazer uma comparação no que existe entre vós. Se um homem cometeu um crime, e se o tiver cometido seduzido pelos conselhos perigosos de outro homem que sobre aquele exerce muita influência, a justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos conselhos perniciosos provocaram o crime, e sem haver contribuído de outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência sobre um Ser mais fraco, que o fez executar. Então, o que fazem os homens neste caso, diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame que o impeliu a cometer o crime, como quereis que Deus, que é a mesma justiça, não fizesse o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim? Para o que concerne o mérito das boas ações, que eu disse ser menor se o homem tiver sido solicitado a praticá-las, é a contrapartida do que acabo de dizer a respeito da responsabilidade, e pode demonstrar-se invertendo a proposição. Assim, pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro assunto; quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram; quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que sejam Espíritos que te ditam os pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse exercício intelectual, ao qual te entregas; seu prazer é duplo, quando veem que tuas conclusões são conforme a verdade. Por vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse exercício quer para o facilitar, quer para dar ao Espírito alguns elementos, ou lhe criar algumas dificuldades, a fim de tornar essa ginástica intelectual mais proveitosa a quem a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito protetor que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua intervenção”.


Vi na televisão o caso de uma criança que nasceu com múltiplas deficiências e, com o tratamento à base de exercícios físicos, ela está conseguindo muitos movimentos que uma criança, sem o tratamento, jamais conseguiria. Minha dúvida é a seguinte: se quem comanda o corpo é o Espírito e o Espírito reencarnou com essas deficiências, como que fazendo exercícios físicos, sem o comando do espírito, ela pode se recuperar? (D.A.M.)

As descobertas da ciência, cada vez mais, estão reforçando a tese espírita da reencarnação. E este é um caso em que podemos perceber a estreita relação entre o desenvolvimento do corpo e o espírito. O corpo não é apenas um instrumento passivo ou um veículo para conduzir o Espírito nesta vida. Ele é bem mais que isso. Na medida em que ele agasalha o espírito, ele também ajuda a ativá-lo, a recuperar perdas ou a desenvolver suas potencialidades.

Por exemplo, a inteligência. Em várias de suas obras, André Luiz, pelo médium Chico Xavier, mostra que são as necessidades do corpo que estimulam o Espírito ao seu desenvolvimento, a começar das necessidades básicas ligadas diretamente ao instinto: como a respiração, a fome, a sede, o sexo. Neste particular, no livro NO MUNDO MAIOR, o autor faz uma síntese da evolução do Espírito, desde seu estágio mais primitivo, quando diz o seguinte:

... “o princípio espiritual, desde o obscuro momento da criação, caminha sem parar para a frente. Afastou-se do leito oceânico, atingiu a superfície das águas protetoras, movendo-se em direção à lama das margens, debateu-se no charco, chegou à terra firme, experimentou na floresta copioso material de formas representativas, ergueu-se do solo, contemplou os céus e, depois de longos milênios, durante os quais aprendeu a procriar, alimentar-se, escolher, lembrar e sentir, conquistou a inteligência...”

E continua falando da jornada do Espírito na Terra: “ Viajou do simples impulso à irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão. Nessa penosa romagem, inúmeros milênios decorreram sobre nós. Estamos em todas as épocas, abandonando esferas inferiores, a fim de escalar as superiores. O cérebro é o órgão sagrado de manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana.”

Com isso, André Luiz deixa claro que todas as aquisições do ser humano, depois de milhões de anos de vida sobre a Terra, decorrem de suas experiências ante as agruras da natureza. Assim, todo esforço de adaptação às mais diferentes e difíceis situações – para obter abrigo, comida e satisfação - em que o corpo foi colocado à frente para suportar e se transformar, foi no sentido de aperfeiçoar cada vez mais o próprio Espírito na sua escalada de progresso.

Ora se isso aconteceu no passado por injunção da natureza, que veio exigindo transformações do corpo e do espírito, hoje isso acontece, inclusive, com a intervenção da ciência – seja através da medicina, da fisioterapia ou de qualquer outro campo de atendimento à saúde humana. Todo melhoramento que conseguirmos do corpo, no sentido de lhe dar melhores de condições de se adaptar à vida e desenvolver suas capacidades, refletirá diretamente no Espírito e o ajudará a percorrer mais depressa seu trajeto evolutivo.




quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

VAMPIRISMO. EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Você come exageradamente, tem um rápido cochilo despertando com a sensação de esgotamento e fome. Vai dormir ao final de um dia normal, atravessa uma noite aparentemente sem sonhos e, ao acordar, inicia o novo dia sentindo-se como se estivesse de ressaca. Adentra recintos repletos de pessoas e, afastando-se, sente-se exaurido, sem forças. O cinema partindo de literatura comercialmente consagrada, faturou muito nos últimos anos com uma fórmula bem sucedida: juventude, romance e vampirismo. O assunto acompanhando a evolução da invenção dos irmãos Lumière, transpôs em várias versões o celebre sucesso literário DRACULA, do autor irlandes Bram Stoker. O assunto, contudo, vem de muito mais longe, pois, o filosofo e teólogo católico Aurélius Agostinho, conhecido hoje como Santo Agostinho, já emitira seu parecer a respeito das entidades capazes de nos “sugar” energias através de entidades chamadas por ele Íncubus(masculinas) e Súcubus (femininas), associadas à sexualidade reprimida. Abrindo caminho para o conhecimento da realidade da continuidade da vida além da morte do corpo físico, o Espiritismo revela as interações entre os habitantes dos dois Mundos ou das duas Dimensões. Provando através de inúmeros depoimentos reproduzidos nos números da REVISTA ESPÍRITA durante o período em que a dirigiu, Allan Kardec ateve-se às influências mentais, individuais e coletivas, sustentadas por Espíritos desencarnados, através dos curiosos mecanismos da mediunidade, ignorada pela cultura prevalente do Plano em que vivemos esse curto período conhecido como existência física. O século 20, ampliou muito nosso raio de visão sobre a realidade em meio à qual nos movemos e existimos. Das fontes reconhecidamente confiáveis, o material produzido pelo médico desencarnado oculto no pseudônimo André Luiz, servindo-se do médium Chico Xavier, através do qual transmitiu a série de obras conhecida como NOSSO LAR (feb), perfazendo treze livros, nos quais descreve suas surpresas ante a realidade ignorada pela maioria das criaturas humanas. Reconhece em interessante diálogo com o Instrutor Alexandre em MISSIONÁRIOS DA LUZ(feb), que “a ideia de que muita gente na Terra vive à mercê de vampiros invisíveis é francamente desagradável e inquietante”, indagando sobre a proteção das Esferas mais altas e ouvindo que “por não podermos “atirar a primeira pedra” em relação aos que nos são inferiores e que competiria proteger, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?”. Aprende ainda que na dinâmica do processo de “roubo” de nossa energia vital, “bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância, ainda encarnados, qual erva daninha aos galhos das árvores, e sugar-lhes a substância vital”; que “vampiro - espiritual – é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens”. Em outro momento de sua narrativa, descobre que os que desencarnaram “em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, nele encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantem ligados à casa, às situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico”. Observa, espantado, “a satisfação das entidades congregadas ali, absorvendo gostosamente as emanações dos pratos fumegantes numa residência visitada à hora das refeições, colhendo a informação do Benfeitor que acompanhava que os que desencarnam viciados nas sensações fisiológicas, encontram nos elementos desintegrados – pelo cozimento -, o mesmo sabor que experimentavam quando em uso do envoltório carnal” (fenômenos típicos de vampirização já foram tratados na postagens DEPENDÊNCIAS QUIMICAS ALÉM DA VIDA (álcool,fumo e tóxicos), SEXO ALÉM DA VIDA e SONHOS:UMA VISÃO ORIGINAL). Numa operação socorrista em favor de um recém-desencarnado, acompanha uma equipe a um abatedouro bovino, percebendo um quadro estarrecedor: “grande número de desencarnados, atirando-se aos borbotões de sangue vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora (...), sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais”. Tentando entender o por que do Espírito buscado estar naquele ambiente, aprende que os infelizes que ali o retinham incluíam-se entre os que “abusam de recém-desencarnados sem qualquer defesa(...), nos primeiros dias que se sucedem à morte física, subtraindo-lhes as forças vitais, depois de lhes explorarem o corpo grosseiro”. N’ OBREIROS DA VIDA ETERNA (feb), André acompanha equipe que assiste o desencarne de doente terminal acomodado em ala hospitalar, impressionando-se com o que vê: “-A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis. Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os”. Consultando o líder do grupo de trabalho, ouve “ser inútil qualquer esforço extraordinário, pois os próprios enfermos, em face da ausência de educação mental, se incumbiriam de chamar novamente os verdugos, atraindo-os para as suas mazelas orgânicas, só competindo irradiar boa-vontade e praticar o Bem, tanto quanto possível, sem, contudo, violar as posições de cada um”. Inúmeras outras situações sobre o processo de dependência energética dos desencarnados em relação aos encarnados são alinhadas por André Luiz no conjunto de obras que materializou em nosso Plano. Numa delas, porém, analisa de forma minuciosa o problema do vampirismo espiritual. É no EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), onde fala sobre a ação deliberada dos que se separaram do corpo pelo fenômeno da morte, comparando-os no fenômeno aqui tratado, com os parasitas que agem sobre os hospedeiros(encarnados). Alguns, “à semelhança dos mosquitos e ácaros, absorvem as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam”. Outros, “vivem no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas”. Há como se pode ver, muito material para estudo. A terapêutica, avalia André, “não se resume à palavra que ajude e a oração que ilumina. O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na existência carnal, pode avaliar da qualidade e extensão das próprias dívidas, precisará do próprio exemplo, no serviço do amor puro aos semelhantes, com educação e sublimação de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente forte para renovar e ajustar”.



Vocês disseram no programa que muitas doenças que temos no corpo vêm da alma. Gostaria que falassem mais sobre isso.

Pelo fato de ser espírito e estar encarnado na Terra, cada um traz do passado uma série de disposições para contrair esta ou aquela enfermidade. Evidentemente, para que essas disposições se manifestem, o Espírito, no processo da encarnação, seleciona a carga genética adequada – ou seja, o DNA que mais coaduna com a condição moral do Espírito. No entanto, a nova vida trará novas experiências com a finalidade de educa-lo e de corrigir distorções que, até então, vinham comprometendo sua escalada evolutiva.

Isso quer dizer que, conforme nossa conduta e estilo de vida, cada um de nós pode alterar essas disposições, atenuar ou mesmo evitar uma doença que estaria programada para a presente encarnação. Todavia, o contrário também pode acontecer. A gente pode agravar uma disposição patológica ou, até mesmo, despertar uma outra patologia que estava adormecida. Isso depende de como se conduz na vida e, principalmente, de como cada um convive no seu meio.

A Organização Mundial de Saúde, órgão da ONU, considera doença não só o desconforto físico, mas também o emocional, o moral. Há pessoas, que sabem enfrentar adversidades com mais resignação e equilíbrio. São chamadas de resilientes. Por terem mais autoconfiança e fé em Deus, elas sabem ou então aprendem a lidar com essas situações e, por isso mesmo, sofrem menos impacto no organismo. Nisso, o sentimento religioso é muito importante.

Pesquisas sobre origem, desenvolvimento e evolução clínica das enfermidades físicas, emocionais e/ou psicossomáticas têm descrito tipos de personalidades que predispõem pessoas a contrair certas enfermidades como, por exemplo, certas cardiopatias e certos tipos de Câncer. Os Espíritos benfeitores, como Emmanuel e André Luiz, relacionam determinadas doenças com o padrão de pensamento do paciente e com o estilo de vida que ele leva.

De uma maneira geral, embora a doença seja um processo natural, que existe em todos os seres vivos ( quer humano, animal ou vegetal), no ser humano ela tem um papel especial e diretamente relacionado com o seu grau de evolução. Existe um provérbio latino que diz “mens sana in corpore sano” (ou seja, mente sadia em corpo sadio), evidenciando essa realidade, que é interligação entre o corpo e a alma. Até mesmo as doenças infecciosas ( transmitidas por vírus e bactérias) dependem de fatores espirituais, porquanto determinados sentimentos são capazes de fortalecer ou desarmar nosso sistema de defesa orgânico. 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

EFEITOS DO MATERIALISMO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Eficiente antídoto contra o materialismo, o Espiritismo não o é baseado na opinião de um líder ou indivíduo inflamado pela fé cega do seguidor de qualquer escola religiosa. Fundamenta-se nos depoimentos e revelações de Espíritos desencarnados convidados a se manifestar na SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, o laboratório onde, segundo Allan Kardec, através de diferentes médiuns, se investigava a vida após a morte e o Mundo Espiritual. Dois destes, estão reproduzidos na seção Palestras Familiares de Além-Túmulo, da REVISTA ESPÍRITA, edição de fevereiro de 1861. Motivou as manifestações o pedido dos familiares do sr J.B.D. Homem instruído, mas até o último ponto imbuído de ideias materialistas; não acreditava na alma nem em Deus. Afogara-se voluntariamente dois anos antes. Respondeu a 17 perguntas formuladas por Kardec, sendo sucedido no diálogo em mais 5 inquirições, por um irmão também desencarnado e partidário das mesmas opiniões defendidas por ele. Dizendo-se logo no início um sofredor, acrescenta estar sendo penoso aquele diálogo; confirmando a seguir ter procurado a morte voluntariamente. Confirmando isto, Kardec observa que o Espírito escreve com dificuldade, a letra é grande, irregular, convulsa e quase ilegível, de início denotando cólera que o leva a quebrar o lápis e rasgar o papel em que escrevia. Aconselhado a se acalmar, foi questionado a seguir sobre o motivo que o levou a buscar se auto-destruir, revelando que a razão foi o “tédio da vida sem esperança”. Comentando a justificativa, Kardec diz: -“Compreende-se o suicídio quando a vida é sem esperança: quer-se fugir à infelicidade a qualquer custo. Com o Espiritismo o futuro se desenrola e a esperança se legitima: o suicídio, pois, não tem objetivo; ainda mais, reconhece-se que, por tal meios, não se escapa a um mal senão para cair num outro cem vezes pior. Eis porque o Espiritismo já tem arrancado tantas vítimas à morte voluntária. Estarão errados? Serão sonhadores os que nele buscam, antes de mais nada, o fim moral e filosófico? Muito culpados são aqueles que, por sofismas científicos e no suposto nome da razão, se esforçam por prestigiar esta ideia desesperada, fonte de tantos males e crimes, de que tudo acaba com a vida. Serão responsáveis não só por seus próprios erros, mas por todos os males de que tiverem sido causadores”. Sobre se conseguira escapar às vicissitudes da vida e se era mais feliz agora, deu a entender que não, porque o nada não existe; que sofria por ser obrigado a crer em tudo aquilo que negava, sentindo-se como que num braseiro, horrivelmente atormentado; que por ter sido mau em outra vida, seu Espírito estava fadado a sofrer os tormentos da duvida durante a existência que interrompera; sobre o que pensava ou refletia no momento em que se afogou, disse que para ele era o nada, vendo depois que não tendo esgotado ainda sua pena, ainda iria sofrer muito; que sentia-se agora terrivelmente atormentado por estar bem convencido da existência de Deus, da alma e da vida futura; que não revira nem sua esposa nem seu irmão já desencarnados por preferir se exilar na desgraça, não vendo razão para se reunir nos tormentos, apenas na felicidade; que não se sentiria feliz em chamar seu irmão para seu lado, por se ver muito embaixo apesar de não o saber feliz também; pedindo que seus parentes orassem um pouco por ele, deixando como recado aos que partilhavam de suas opiniões: -“Possam eles acreditar numa outra vida!. É o que lhes posso desejar para maior felicidade. Se pudessem compreender sua triste posição iriam refletir bastante”. Das respostas oferecidas pelo irmão evocado na continuidade, chama a atenção o fato de que não via o irmão por que “ele foge de mim”; e solicitado a descrever mais exatamente seus sofrimentos já que aparentava estar mais calmo, explicou: -“Na Terra, não sofrem o vosso amor próprio, o vosso orgulho, quando sois obrigados a confessar o vosso erro? Vosso Espírito não se revolta ao pensamento de vos humilhardes ante aquele que vos demonstra que estais errados? Então!. Como pensais que sofra o Espírito que, em toda a sua existência, ficou persuadido de que nada existe além de si mesmo e que tem razão contra todos? Quando, de repente, ele se acha ante a deslumbrante verdade, sente-se aniquilado e humilhado. A isto vem juntar-se o remorso de, por tanto tempo, ter esquecido a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. Seu estado é insuportável; não encontra calma nem repouso; não achará um pouco de tranquilidade senão no momento em que a graça santa, isto é, o amor de Deus o tocar; porque de tal modo o orgulho se apodera do nosso pobre Espírito que o envolve inteiramente; e ainda lhe é necessário muito tempo para se desfazer dessa túnica fatal. Só a prece dos nossos irmãos nos ajuda a dela nos desembaraçarmos”.



Li na internet que o beatle, Paul McCartney, revelou a uma revista que, quando está compondo suas músicas, conversa com seu ex-parceiro, John Lennon. Ora, todo mundo sabe que John Lennon morreu há mais de 30 anos. Mas Paul diz que a conversa com ele fica mais interessante, quando precisa de uma opinião sobre a música que está compondo; então, ele pergunta ao John o que deveria fazer e o John responde. Será que McCartney conversa mesmo com o Espírito de John Lennon, ou tudo não passa de imaginação”? Esta pergunta foi passada pela Elma Suzete de Almeida.

Elma, n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS encontramos uma resposta muito interessante a Kardec, quando ele pergunta se os Espíritos desencarnados influem em nossa vida. A resposta é esta: “Muito mais do que podeis imaginar, pois, de ordinário, eles vos comandam”. Há pessoas, mesmo entre os espíritas, que acham exagerada essa afirmação; mas, na verdade, poucos realmente atinaram para o significado mais profundo dessa resposta.

A influência dos Espíritos em nossa vida é tão comum quanto natural, de modo que estamos habituados a ela e, por causa disso, dificilmente percebemos, a não ser quando temos uma sensibilidade mediúnica muito apurada, que são casos mais raros. Nós, os encarnados, não percebemos os Espíritos, que se acham numa dimensão espacial acima da nossa: podem ver-nos, mas nós não os vemos; podem ouvir-nos, mas nós não os ouvimos.

Contudo, Elma, todos somos médiuns, pois todos estamos sujeitos a influências sutis dos Espíritos. Às vezes, uma idéia que nos ocorre de relance, sem que tenhamos atinado para isso, pode vir de uma entidade Espiritual: é assim que nossos protetores entram em contato conosco e é assim, também, que os obsessores, por vezes, nos perturbam. Mas, devido à vida agitada de hoje, a mente humana está mutissimo envolvida com muitas preocupações ao mesmo tempo, o que lhe causa sérios transtornos emocionais e dificulta mais ainda qualquer percepção espiritual.

Isso porque, no torvelinho da vida moderna, cada vez mais solicitados a pensar em várias coisas simultaneamente, não achamos espaço para meditar, para nos entregar (ainda que por poucos minutos) a uma viagem interior, onde vamos nos encontrar e onde podemos encontrar também pensamentos que não nossos, idéias que não são nossas e até sentimentos que não nos pertencem.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

PRECE FUNCIONA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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-Fui induzida a contemplar o que podemos chamar de aura da Terra. Meu guia exclamou: - Busca ver como a Humanidade se une pelo pensamento aos Planos Invisíveis. O teu golpe de vista abrangeu a paisagem, procure agora os detalhes. Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem se confundirem. Não havia dois iguais e suas cores variavam do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas particularidades. ‘-Esses filamentosdisse com bondade -, são os pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas; são reflexos cheios de vida, através dos quais podemos avaliar os cérebros que os transmitem. Aos poucos conhecerás quais são os da concupiscência, da maldade, da pureza, do amor ao próximo. Esses raros que aí vês, e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os emitidos pela virtude e quando nos colocamos em imediata relação com uma dessas manifestações, que nos chegam dos Espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre nós e a individualidade que nos interessa’. Aguçada minha curiosidade, quis entrar em relação com um pensamento luminoso que me seduzia, abandonando todos os outros, que nos circundavam, para só fixar a atenção sobre ele. Afigurou-se-me que os demais desapareciam, enquanto me envolvia nas irradiações simpáticas daquele traço de luz clara e brilhante. Ouvi comovedora prece, vendo igualmente uma figura de mulher ajoelhada e banhada em pranto. Num átimo de tempo, por intermédio de extraordinária interfluência de pensamentos, pude saber qual a razão das suas lágrimas, das suas preocupações e como eram amargos seus sofrimentos. Sensibilizada, instintivamente enviei-lhe pensamentos consoladores, pronunciando palavras de fé e esperança. Como se houvera pressentido, via-a meditar por instante com o olhar cheio de estranho brilho, levantando-se reconfortada para enfrentar a luta, sentindo grande alívio”. O curioso depoimento pertence ao Espírito Maria João de Deus que possibilitou a reencarnação a Chico Xavier, na condição de mãe, e que, em 1935, atendendo-lhe pedido começou a escrever CARTAS DE UMA MORTA (lake), concluído no ano seguinte. Pesquisando a prece, Allan Kardec, entrevistando os Espíritos que o auxiliaram a viabilizar a obra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, obteve, entre outras, a informação na questão 662 que “pela prece aquele que ora, atrai os bons Espíritos que se associam ao Bem que deseja fazer”, comentando que “possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea”. Desenvolvendo, anos depois, mais amplos raciocínios sobre a ação da prece no capítulo vinte e sete d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec escreveu que “a prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o Ser a que nos dirigimos(...). As dirigidas a Deus são ouvidas pelo Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios(...). O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento (...). Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no Fluido Universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do Fluido Universal se ampliam ao Infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum Ser, na Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que “a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados”. Abordando o poder da prece diz que “está no pensamento, e não depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que é feita, podendo-se orar em qualquer lugar e a qualquer hora, a sós ou em conjunto”. Afirma que a “prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que a fazem se associam de coração num mesmo pensamento e tem a mesma finalidade, porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono”. Nas “reportagens” escritas através de Chico Xavier pelo Espírito conhecido como André Luiz, encontramos inúmeros ensinos a propósito da prece. Em NOSSO LAR (feb), por exemplo, quando ele vai conhecer na Colônia, a zona sob a supervisão do Ministério do Auxílio, toma conhecimento que ali, além de outras tarefas, “ouvem-se rogativas e selecionam-se preces”. Já no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), o Ministro Clarêncio afirma que a “prece, qualquer que ela seja, é ação provocando reação. Conforme sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo a finalidade a que se destina(...). Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de frequência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com nosso apelo, à maneira de estações receptoras”. André aprende existir a oração refratada, ou seja, aquela cujo impulso luminoso teve sua direção desviada, passando a outro objetivo”. Descobre existirem gráficos registrando tal emissão, captada no Templo do Socorro, existente na Colônia a nós apresentada por ele. Tal prece fora formulada por adolescente órfã, 15 anos, rogando auxílio à mãe desencarnada, supondo que ela se encontrasse junto a Deus, quando na verdade, inconformada e atormentada, ela se mantinha na invisibilidade do próprio lar que deixara compulsoriamente pelo fenômeno da morte física. Mais à frente, ouve que “a oração é o meio mais seguro para obter-se a influência espiritual que se faz através do pensamento, no canal da intuição”, sendo ainda “o remédio eficaz de nossas moléstias íntimas”, abrindo um caminho de reajuste para o que ora. A entidade cujo depoimento abriu esta postagem, no livro que escreveu, falando sobre suas atividades, revela trabalhar em distrito espiritual em que “sua especialidade é examinar as preces de encarnados, acudindo às casas de oração ou a qualquer lugar onde há um Espírito que pede e que sofre. As rogativas de cada um são anotadas e examinadas, procurando-se estabelecer a natureza da prece, seus méritos e deméritos, sua elevação ou inferioridade para poder-se determinar os socorros necessários. Até orações das crianças são tomadas em consideração: qualquer pedido, qualquer súplica, tem sua anotação particular”.



Tínhamos falado, em nossos estudos, sobre episódios deprimentes que o fanatismo religioso provocou através dos séculos, marcando a História da humanidade com sangue e opressão. Um dos participantes, logo após a reunião de estudo, veio com a seguinte questão: se, ao longo dos séculos, a intolerância religiosa deixou marcas profundas de sofrimento na humanidade, porque a religião existe até hoje?

Não podemos desconsiderar o importante papel que a religião veio desempenhando ao longo da História. Não estamos falando desta ou daquela religião específica, mas das religiões de um modo geral, desde a antiguidade. Basta dizer que a religião foi a primeiro campo do conhecimento humano, antes que surgissem a filosofia e a ciência. É claro que, como em todo setor da vida, também no meio religioso, sempre houve quem cultivasse o ódio e a intolerância, dependendo em que tipo de sentimento a pessoa apoiou sua fé.

A fé, como qualquer capacidade humana, é neutra em si mesma: podemos acreditar no bem ou no mal. A fé tanto pode ser usada para um bom propósito como para um objetivo egoísta, ela tanto pode estar apoiada na ignorância como no conhecimento; ou seja, a fé em si não diz nada, o importante é para quem ela está servindo, que objetivos procura atingir.

Já afirmava um grande filósofo pacifista do século passado, Sir Bertrand Russel que o deus de cada ser humano depende dos sentimentos que ele cultiva. Se ele for uma pessoa pacífica e tolerante, seu deus será tolerante e pacífico; mas se ele for uma pessoa preconceituosa e violenta, seu deus também será violento e preconceituoso. Isso explica, de certa forma, porque muitos perseguem e matam em nome da religião, enquanto outros – em nome de Deus – só praticam o bem ao próximo e à humanidade.

Desse modo, vamos encontrar no seio de uma religião, os mais diferentes tipos de pessoas. E a melhor religião para os violentos e preconceituosos será aquela que conseguir lapidar seus sentimentos, fazendo-os entender da necessidade de se reformular, para se tornarem pessoas de bem. Se uma religião está se esforçando, mas não consegue atingir essa meta para esses indivíduos, de duas uma: ou eles abandonam a religião, ou eles tentam modificar a religião com sua arrogância e impetuosidade.

Contudo, não devemos condenar a religião em si porque, se por um lado, houve quem praticasse o mal em nome de Deus (como hoje ainda acontecesse com os atos de terrorismo continuam fazendo vítimas), por outro, o impulso renovador da humanidade também dependeu de homens que souberam assentar sua fé sobre elevados valores espirituais. Aqui, deste lado do mundo, esses homens são aqueles que seguiram o caminho da compaixão e do amor ao próximo.


segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

TRÍADES- INTERESSANTE MÉTODO DE APRENDIZADO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Em artigo estabelecendo uma correlação entre o Druidismo e o Espiritismo, publicado no número de abril de 1858, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec argumenta que os Druidas tinham uma predileção particular pelo número três e o empregavam especialmente, como mostram a maioria dos monumentos gauleses, para a transmissão de suas lições que, mediante esse corte preciso, mais facilmente era gravada na memória”. Realmente é muito interessante a formulação de conceitos através das chamadas Tríades, como reproduzido na matéria em que Kardec emite a referida avaliação há pouco citada. Os exemplos selecionados por ele incluem algumas Tríades sobre DEUS E O UNIVERSO, OS TRÊS CÍRCULOS e O CIRCULO DE ABRED, embora a literatura dos bardos – pessoas encarregadas de transmitir conhecimentos de forma oral através de poemas cantados, o equivalente aos chamados trovadores da história - tenha propagado enorme quantidade de aforismos do mesmo gênero, relativos a todos os ramos do saber humano como Ciências, História, Moral, Direito, Poesia, entre outros. Vejamos alguns exemplos de como são facilmente assimiláveis conceitos através das chamadas Tríades: DEUS E O UNIVERSO1 - Há três unidades primitivas e de cada uma delas não podia existir mais que uma: um Deus, uma Verdade e um Ponto de Liberdade, isto é, o ponto onde se encontra o equilíbrio de todas posição. 2- Três coisas procedem das três unidades primitivas: toda vida, todo Bem e todo poder. 3- Deus é, necessariamente, três coisas: a maior parte da vida, a maior parte de ciência e a maior parte do poder; e de cada coisa não poderia haver parte maior. 4- Três coisas Deus não poderia deixar de ser: o que deve constituir o Bem perfeito, o que deve querer o Bem perfeito e o que deve realizar o Bem perfeito. 5- Três garantias do que Deus faz e fará: seu poder infinito, sua sabedoria infinita, seu amor infinito; pois não há nada que não possa ser efetuado, que não possa tornar-se verdadeiro e que não possa ser desejado por atributo.(...) OS TRÊS CÍRCULOS - 12- Há três círculos de existência: o círculo da região vazia (CEGANT) – exceto Deus – não há nada vivo nem morto e nenhum Ser que Deus não possa atravessar; o círculo da migração (ABRED) onde todo Ser animado procede da morte, que o homem atravessou; e o círculo da felicidade (GWINFYD), onde todo Ser animado procede da vida, que o homem atravessará no Céu. 13- Três estados sucessivos dos Seres animados: o estado de humilhação no abismo ANUNF, o estado de liberdade na Humanidade e o estado de felicidade no Céu. 14- Três fases necessárias de toda existência em relação à vida: o começo em ANNOUNF, a transmigração em ABRED e a plenitude em GWYNFID; e, sem estas três coisas, nada pode existir, exceto Deus.(...) O CÍRCULO ABRED – 15 - Três coisas necessárias no círculo de ABRED: o menor grau possível de toda vida e, daí, o seu começo; a matéria de todas as coisas e, daí, o crescimento progressivo, o qual não se realiza no estado de carência; e a formação de todas as coisas da morte e, daí, a debilidade das existências. 16 – Três coisas das quais todo Ser vivo participa necessariamente, pela justiça de Deus: o socorro de Deus em ABRED, porque sem isto ninguém poderia conhecer coisa alguma; o privilégio de participar do amor de Deus; e o acordo com Deus quanto à realização pelo poder de Deus, enquanto for justo e misericordioso. 17- Três causas da necessidade do círculo de ABRED: o desenvolvimento da substância material de todo Ser animado; o desenvolvimento de todas as coisas; e o desenvolvimento da força moral para superar todo contrário e a CYTHRÔL (o mau Espírito) e para libertar-se de DRUG (o mal). E sem esta transição de cada estado de vida, não poderia haver nele a realização de nenhum Ser. Em meio à suas análises comparativas, Alan Kardec comenta: -“Por meio de que conduta a alma realmente se eleva nesta vida e merece, após a morte, alcançar um modo superior de existência? A resposta dada a esta pergunta pelo Cristianismo é de todos conhecida: é com a condição de destruir em si o egoísmo e o orgulho, de desenvolver no íntimo de sua substância as forças da humildade e da caridade, únicas eficazes e meritórias aos olhos de Deus: Bem aventurados os mansos, diz o Evangelho; bem aventurados os humildes. A resposta do Druidismo é bem diversa e contrasta claramente com esta última. Conforme suas lições, a alma eleva-se na escala das existências, com a condição de, pelo trabalho sobre si mesma, fortificar a própria personalidade. E este resultado ela o obtém naturalmente, pelo desenvolvimento da força de caráter, aliada ao desenvolvimento do saber”.


Num artigo publicado no jornal AÇÃO ESPÍRITA, de Marília, Orson Peter Carrara escreveu sobre “Consciência Política”, afirmando que cada um de nós – cidadãos conscientes de seus deveres legais e morais para com a sociedade – deve estar atento na escolha daqueles que vão tomar decisões sobre o futuro da sociedade. A Maristela Balbino quer que falemos a respeito.

Na verdade, Maristela, podemos partir da leitura do capítulo “Lei de Sociedade”, que encontramos na terceira parte de O LIVRO DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec. O Espiritismo não é omisso em e nenhuma questão relativa à sociedade humana. No entanto, há pessoas que ainda não compreenderam que nenhum de nós pode viver distante da política. Não estamos falando da política partidária, mas estamos usando o termo “política” no sentido mais amplo da palavra.

Aliás, a palavra “política” quer dizer administração da cidade. No tempo em que essa palavra passou a ser usada, ela se referia às cidades-estados da Grécia Antiga, séculos antes de Cristo Ora, nós sabemos que ninguém vive só; todos os seres humanos vivemos em grupos ou comunidades, que chamamos de sociedade. Sociedade, porque somos todos sócios dessas comunidades e, portanto, todos temos interesse em que elas funcionem bem, atendendo às necessidades da população.

Ser político, portanto, não é apenas ocupar um cargo público ( como prefeito ou governador, deputado ou senador), mas é ser, acima de tudo, um bom cidadão, uma pessoa de bem, trabalhando não só em função de seus interesses particulares e de sua família, mas também em função dos interesses gerais da sociedade, que tem o dever de nos proteger . Por quê? Porque, se a sociedade somos todos nós. Se ela não estiver bem, seremos atingidos por seus problemas.

É por isso que vivemos em sociedade. Para aprendermos a ser solidários, já que não podemos ser solitários, viver isoladamente. Solidariedade quer dizer “estar ao lado dos outros”, trabalhar pelo interesse comum, pelo bem de todos, a fim de que todos os cidadãos – sejam eles quem forem – possam viver com respeito e dignidade. Nesse capítulo de O LIVROS DOS ESPÍRITOS, lemos exatamente isso.

Quando Jesus nos recomendou a prática do bem ao próximo, foi nesse sentido, pois o próximo são todos aqueles que convivem conosco, na mesma comunidade. Se alguns não conseguem ter uma vida digna, se passam necessidade ou não podem usufruir dos direitos que lhes pertencem – como moradia, educação, saúde, segurança, justiça, etc. – é porque a sociedade não alcançou seu objetivo. Os cidadãos conscientes, sabendo que todos somos iguais perante a Lei de Deus, não poderão se omitir diante dessa injustiça e, ao fazer alguma coisa para ajudar a solucionar o problema, estarão praticando um ato político.

Logo, consciência política é saber conviver dentro de uma sociedade, sabendo sustentar a sua vida e ajudar os que ainda não conseguiram chegar à sua mesma condição. O cidadão, portanto, poderá cumprir com sua obrigação legal e moral, pelo menos, de três maneiras. Primeira: cumprindo com a parte que lhe compete no dia-a-dia de sua vida, junto aos seus familiares. Segunda: fazendo algo pela sociedade em que vive, além de seu próprio dever. E terceira: elegendo seus representantes no governo, além de fiscalizando sua atuação.