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domingo, 22 de janeiro de 2023

A RESPOSTA AO PRINCIPE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Os regimes Monárquicos ainda prevaleciam, sobretudo na Europa, e, um ano após ter iniciado a publicação da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec abre o número de janeiro de 1859, reproduzindo a íntegra de uma carta dirigida a um Príncipe que lhe escrevera solicitando alguns esclarecimentos sobre informações veiculadas pelo Espiritismo apresentado ao publico meses antes, através d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Precedendo as respostas as 5 perguntas recebidas, Kardec alinha alguns pontos considerados por ele como fundamentais para esclarecer algumas outras dúvidas: 1- Fora do mundo corpóreo visível, existem seres invisíveis, que constituem o Mundo dos Espíritos. 2- Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas dos que viveram na Terra, ou em outras esferas, e que se despojaram de seus invólucros materiais. 3- Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Consequentemente, há-os bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos e mentirosos, velhacos e hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, assim como os há em tudo muito superiores, que não procuram senão fazer o Bem. Esta distinção é ponto capital. 4- Os Espíritos rodeiam-nos incessantemente. Malgrado nosso, dirigem os nossos pensamentos e as nossas ações, assim influindo sobre os acontecimentos e sobre os destinos da Humanidade. 5- Os Espíritos por vezes denotam sua presença por meio de efeitos materiais. Esses efeitos, nada tem de sobrenatural: só nos parecem tal porque repousam sobre bases fora das leis conhecidas da matéria. Uma vez conhecidas essas bases, os efeitos entram na categoria dos fenômenos naturais. É que Espíritos podem agir sobre os corpos inertes e movê-los sem o concurso dos nossos agentes externos. Negar a existência de agentes desconhecidos, pelo simples fato de que não os compreendemos, seria traçar limites ao poder de Deus e crer que a Natureza nos tenha dito sua ultima palavra. 6- Todo efeito tem uma causa; ninguém o contesta. É, pois, ilógico negar a causa pelo simples fato de que é desconhecida. 7- Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. Quando vemos as peças do aparelho telegráfico produzirem sinais que correspondem ao pensamento, não concluímos que elas sejam inteligentes, mas são movidas por uma inteligência. Dá-se o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência que os produz não for a nossa, evidentemente independe de nós. 8- Nos fenômenos das ciências naturais agimos sobre a matéria inerte e a manejamos à nossa vontade. Nos fenômenos espíritas agimos sobre inteligências que dispõem do livre arbítrio e não se submetem à nossa vontade. Há, pois, entre os fenômenos comuns e os fenômenos espirituais uma diferença radical quanto ao princípio. Eis porque a ciência vulgar é incompetente para os julgar. 9- O Espírito encarnado tem dois envoltórios: um material, que é o corpo, outro semi-material e indestrutível, que é o períspirito. Deixando o primeiro, conserva o segundo, que constitui uma espécie de segundo corpo, mas de propriedades essencialmente diferentes. Em estado normal é-nos invisível, mas pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível: tala causa do fenômeno das aparições. 10- Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, com existência própria, que pensam e agem em virtude de seu livre arbítrio. Estão por toda parte, em volta de nós. Povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento. 11- Os homens podem entrar em relação com os Espíritos e receber comunicações diretas pela escrita, pela palavra ou por outros meios. Estando ao nosso lado, ou podendo vir ao nosso apelo, é possível, por certos meios, estabelecer comunicações frequentes com os Espíritos, assim como um cego pode fazê-lo com as pessoas que ele não vê. 12- Certas pessoas são mais dotadas que outras de uma aptidão especial para transmitir comunicações dos Espíritos: são os médiuns. O papel do médium é o de um interprete; é um instrumento de que se serve o Espírito; esse instrumento pode ser mais ou menos perfeito, donde as comunicações mais ou menos fáceis. 13- As comunicações tanto podem provir de Espíritos inferiores quanto de superiores. 14- Todos nós temos um Espírito familiar, que se liga a nós desde o nascimento, que nos guia, aconselha e protege. 15- Além do Espírito familiar há outros que atraímos graças à sua simpatia por nossas qualidades e defeitos ou em virtude de antigas afeições terrenas.


O que Jesus queria dizer quando falava “veja quem tem olhos de ver e ouça que tem ouvidos de ouvir”? (MARISTELA)


Esta expressão de Jesus pode parecer absurda à primeira vista: é claro que os olhos só servem para ver e que os ouvidos só servem para ouvir. Por que, então, ele dizia “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. Na verdade, Jesus usava uma linguagem figurada, que serve para evidenciar ou reforçar uma idéia moral. Aqui ele está falando da compreensão que devemos ter sobre as coisas e as pessoas. Ver e ouvir significam mais do que usar apenas os sentidos da visão e da audição: significa estar atento, querer aprender e se esforçar para isso.


Quantas coisas passam pela nossa frente todos os dias? e quantas nós, de fato, percebemos? Quantas palavras ouvimos diariamente? e quantas, de verdade, entendemos? O povo de seu tempo estava acostumado, desde muitos séculos, a ouvir e obedecer, simplesmente acreditar na palavra da autoridade: mas não sabia usar o raciocínio para discernir, a razão para diferenciar o que realmente é válido e o que não é. Veja, por exemplo, o episódio da mulher, que ia ser apedrejada por adultério. Esse costume existia há séculos. Todo mundo achava normal um assassinato daquela natureza em plena praça pública. Ninguém contestava.


E o que era pior: ninguém tinha coragem de contestar. A lapidação da mulher era lei de Deus. Moisés a tinha sacramentado desde o Monte Sinai: na fé do povo, não existia outra verdade e nem poderia existir. A lei era severa e ai de quem se voltasse contra ela!... Jesus, no entanto, interveio naquele momento com a habilidade que lhe era peculiar. Não para dizer que a lei de Moisés estava errada e que, portando, dever-se-ia adotar outra lei; mas, sim, para fazer a multidão pensar sobre a gravidade do erro que ela vinha cometendo e que já era tempo de aperfeiçoar a lei.


Atire a primeira pedra quem estiver sem pecado”. Essa frase de Jesus, como nunca acontecera durante séculos, ecoou na alma daquelas pessoas. Com certeza, eram Espíritos que, ao longo dos séculos, de encarnação em encarnação, já traziam na alma um predisposição para resistir a atos de violência. Mas elas ainda precisavam de um novo estímulo para despertar a consciência para valores morais superiores.

Então, a palavra de Jesus, naquele momento, bastou para tocar o entendimento e o coração de muita gente: ”Atire a primeira pedra quem estiver sem pecado ou quem nunca pecou”. Por isso, num primeiro momento, a multidão – que, antes, estava inflamada – se calou. Houve um breve intervalo de silêncio. E, então, um a um dos julgadores (ou melhor, dos executores) foi saindo com a cabeça baixa ( envergonhados de si mesmos), sendo os mais velhos em primeiro lugar, pois certamente os mais velhos devem ter mais pecados.


Esse episódio exemplifica muito bem o que é ter “olhos de ver e ouvidos de ouvir”. Naquele momento – e, pelo menos, por alguns instantes, aquelas pessoas tiveram olhos de ver e ouvidos de ouvir. Elas compreenderam que atrás de cada ato que cometemos na vida há uma consciência que nos julga, há um sentido de responsabilidade e compromisso que cada um assume perante a vida para prestar suas próprias contas. Como dizem os Espíritos, “a lei de Deus está em nossa consciência”. Esse exemplo deveria servir para todos nós na hora de julgar ou de fazer comentário sobre a vida de alguém.


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