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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

NÃO É O FIM; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 “Minha experiência me mostrou que a morte do corpo e do cérebro não é o fim da consciência, e que a existência humana continua no além-túmulo”, escreveu no Prólogo do seu livro UMA PROVA DO CÉU (2012; sextante), o Dr Eben Alexander III, acrescentando: -“O lugar onde estive era real. Tão real a ponto de fazer a vida no aqui e agora parecer uma ilusão”. Tudo se desdobrou em 2008, ao longo de sete angustiantes dias para seus familiares depois de o virem mergulhar num estado de coma numa madrugada de segunda-feira em que acordou, a princípio, com forte dor nas costas que acabou se pronunciando de forma mais aguda na cabeça, originada, saber-se-ia depois, pela infestação de uma variação bacteriana da meningite. Contrariando prognósticos normais que anteviam lesões graves no cérebro e mesmo a morte, o Dr. Eben, retornou à vida quando os colegas médicos comunicavam aos acompanhantes terem esgotado os recursos conhecidos, com uma única radical e definitiva mudança: a certeza de que a morte como é considerada pela dita ciência não existe. Conclusão baseada numa intensa vivência numa realidade nunca cogitada por ele anteriormente, cético que era. Profissional com 25 anos de experiência na área da neurocirurgia, concluiu que a lógica científica ainda não possui todas as respostas para os enigmas da vida. Explicações oferecidas, por sinal, pelo Espiritismo, como podemos perceber pela resposta em 1971, do Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier, em que se manifestando sobre o estado do paciente considerado em coma diz: -“Será de acordo com sua situação mental. Há casos em que o espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores Espirituais. São pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação. Em outros casos, os espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do períspirito, dispõem de uma relativa liberdade. Em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que já os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos”. Foi o caso do Dr. Eben. Enquanto em nossa Dimensão, amigos especialistas se desdobravam na tentativa de entender e tirá-lo da situação complicada em que se encontrava sua saúde, sentiu-se transitar por regiões antes inimaginadas. No primeiro momento, sem ter noção exata do momento em que começou, viu-se ou sentiu-se, em meio à mais absoluta escuridão, rodeado “de alguns objetos, semelhantes a pequenas raízes, ou a vasos sanguíneos, em um grande útero lamacento. Com uma coloração vermelha, escura e brilhante, eles desciam de algum lugar muito lá em cima em direção a outro lugar igualmente distante lá embaixo, o que o fez de chama-lo de Região do Ponto de Vista da Minhoca”. Um mundo subterrâneo em que “caras grotescas de animais borbulhavam na lama, grunhiam, guinchavam, e desapareciam. Escutava urros medonhos, ora dando lugar a cânticos rítmicos e obscuros, ao mesmo tempo assustadores e curiosamente conhecidos”. A certa altura, atraído por uma luz giratória, passou por uma abertura, penetrando num mundo inteiramente novo, para o qual adjetivos como brilhante, vibrante, arrebatador, maravilhoso, são pobres para descrever. Em meio ao deslumbramento, avista uma menina, bela, com maçãs do rosto salientes e olhos de um azul profundo, que, fitando-o de forma arrebatadora, sem sonorizar palavras, tocou seu interior dizendo: -“Você é amado e valorizado imensamente, para sempre. Não há nada a temer. Não há nada que você possa fazer de errado. Nós lhe mostraremos muitas coisas aqui. Mas, no fim, você irá voltar”. Num estágio seguinte, “num lugar cheio de nuvens, avistou num ponto imensuravelmente mais alto, num aglomerado de esferas transparentes, seres deslumbrantes se deslocando em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si. Seres, intuiu, mais evoluídos, Superiores”. Dúvidas fervilhavam em sua cabeça, contudo, “a cada questão que formulava, a resposta vinha instantaneamente em uma explosão de luz e beleza que o invadia por completo”. Noutro estágio, “viu-se entrando num imenso vazio, escuro, infinito em tamanho, mas também infinitamente prazeroso ao mesmo tempo, repleto de luz, em que se sentiu como que diante do Ser dos Seres”, que, entre outras coisas lhe diz, “não existir apenas um Universo, mas muitos – na verdade mais do que poderia conceber – e que o amor está no centro de todos eles”. A riquíssima narrativa do Dr. Eben, prossegue oferecendo instigantes elementos para nossas reflexões, inclusive sobre tais vivências serem absolutamente pessoais, como, a propósito revela a resposta dada pelo Espírito Emmanuel e transcrita neste texto.

Gostaria de saber se há alguma forma de a gente aprender a praticar a caridade ou se isso vem naturalmente, lendo livros espíritas e frequentando o centro. (Célia Fernanda)


Boa pergunta. Na vida, todos sabemos, só aprendemos de verdade as coisas que exercitamos, ou seja, as coisas que fazemos, que colocamos em prática. Os livros e as palestras são instrumentos de ensino, que nos ajudam a compreender a necessidade do bem, mas o verdadeiro aprendizado se verifica na prática, no dia-a-dia. Aliás, Aristóteles, quatro séculos antes de Cristo, já dizia isso. Teoricamente podemos saber muita coisa, mas, na prática, só sabemos de verdade aquilo que estamos acostumados a fazer. Disso resulta que para adquirirmos uma virtude precisamos exercitá-la.


Aristóteles afirmava que o desenvolvimento de um hábito bom ( ou seja, de uma virtude) depende do esforço com que praticar os atos, a fim de que eles se incorporem ao nosso comportamento. O mesmo pode-se dizer dos hábitos maus ( os defeitos). Quem toma banho diariamente não consegue ficar nenhum dia sem tomar banho; mas, para que isso acontecesse, precisou durante muito tempo se esforçar para tomar banho diário, até incorporar o hábito. Hábito requer repetição, insistência, força de vontade.


Trata-se, na verdade, de um mecanismo de aprendizagem, que começa na parte consciente da mente e acaba no inconsciente. Um hábito só está incorporado quando atingiu a zona do inconsciente, ou seja, quando flui naturalmente da pessoa, sem que ela precise fazer grande esforço. Essa lei vale tanto para os hábitos de higiene, para a aquisição de qualquer habilidade, e como para o nosso desempenho no campo moral. Logo, se você quer aprender caridade, precisa começá-la a praticá-la já.


Com certeza, todo início é difícil. Vamos encontrar muita resistência: em nós mesmos e nos outros. Mas que isso não nos impeça de avançar. Ninguém aprende uma virtude, se não se esforçar para, se não abrir mão do comodismo. Era o que Jesus fazia. Ele ia à frente dos discípulos, ensinando como atender às pessoas e, em seguida, pedia aos discípulos que fizessem o mesmo. Se Jesus só falasse, se só fizesse belos e emocionantes discursos, mas não mostrasse como se faz e tampouco estimulasse os discípulos a praticar o que ouviram, não conseguiria desenvolver neles a virtude de fazer o bem.


Entretanto, você precisa se lembrar que a caridade não é somente beneficência. A caridade é também compreensão para com os defeitos alheios e perdão das ofensas. Naturalmente, quem está querendo começar neste caminho, deve começar pela parte mais fácil, para poder se estimular com os primeiros resultados alcançados. Mas, lembre-se: o resultado da caridade não é apenas o benefício recebido pelo outro, mas, sobretudo, a satisfação intima que vamos adquirindo à medida que a praticamos. Contudo, a leitura de bons livros, a presença em palestras e reuniões que tratam desse tema são importantes para nos colocar no clima de amor e solidariedade em que pretendemos viver.


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