Considerado pela maioria das religiões como imperdoável e determinante da condenação eterna, o suicídio segundo o Espiritismo é visto como a fuga ou deserção de programas planificados antes mesmo da reencarnação viabilizar a existência do Ser na Dimensão em que nos encontramos. Não a partir de teorizações, mas, de milhares de depoimentos através de outro tanto número de médiuns. E, da forma objetiva como a Doutrina Espírita trata a sobrevivência após a morte, vinculando também à Lei de Causa e Efeito (ou do Carma), revela que as sequelas ou traumas produzidos pelos violentos traumas impostos ao corpo físico gravam-se na estrutura denominada corpo espiritual ou períspirito, reproduzindo-se, de um modo ou outro, na reencarnação imediatamente após a frustrada pela violência intencional. Tais marcas imporão limitações ou restrições na forma biológica resultante da gravidez durante o número de anos que faltavam ser concluídos na forma voluntariamente abandonada, tempo necessário para recuperar a harmonia da estrutura drasticamente avariada, a fim de retomar o curso da evolução inexorável, atrasada pelo gesto insensato. Análises apresentadas n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS (questões 943 a 957), oferecem vários elementos para reflexão e o estudo sobre a obsessão nos oferece outros importantes dados como os Espíritos Claudia Pinheiro Galasse, desencarnada aos 18 anos (“- Não sei até hoje que forças desumanas teriam posseado o meu Ser. Recordo-me que chegava a sentir mão pesada sobre a minha para que o gatilho não falhasse”) ou Wlademir Cesar Ranieri, desencarnado com 25 anos, em 1981 (-O que se verificou foi a hipnose por parte de criaturas desencarnadas que me seguiam e junto das quais não me furto às responsabilidades do meu gesto infeliz. A minha vontade era uma alavanca de Deus em minhas mãos. Poderia facilmente escutar os convites injustos e rechaça-los com o meu livre arbítrio, mas a minha fraqueza foi o que me perdeu”.), ambos com cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier e inseridas no livro AMOR E SAUDADE (ideal). Situações como essas são consideradas como com atenuantes. Não impedem, contudo, a necessidade de enfrentamento das consequências advindas do ato extremo. Em texto inserido no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (feb), prefaciado pelo Orientador Espiritual Emmanuel através de Chico Xavier, no início dos anos 60, ele explica que “após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições”. Esclarece que “segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma”. Exemplificando, diz que “os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endócrinas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carreiam consigo as neoplasias diversas e a paralisia infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa”. Anos depois indagado sobre o problema da esquizofrenia, Chico Xavier revelaria que os portadores deste transtorno psiquiátrico, “são os que suicidaram após terem cometido homicídios” e as vitimas de nanismo, os que se atiraram de grandes alturas, chocando-se com o solo em pé, impondo radical compressão às estruturas físico/perispirituais. Como o desconhecimento dessas informações certamente tem favorecido o número crescente de suicídios em todo Planeta na atualidade, necessário difundi-las para, pelo menos, as pessoas refletires sobre as possibilidades expostas e sobre a orientação oferecida por Emmanuel no final de seu comentário: -“ Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprendas a crescer para a luz e a viver para o amor, ante a glória de Deus”.
Não vejo como seja possível amar o inimigo, justamente aquele que me odeia e me quer ver infeliz. Já é difícil amar o amigo que, muitas vezes, nos trai e nos decepciona. Esse idealismo já foi cultivado por muita gente no mundo, mas todos aqueles que tentaram percorrer esse caminho se deram mal. Posso citar Sócrates, o próprio Jesus ou Gandhi.
Acreditamos que, mesmo do ponto de vista materialista – aquele que não concebe a alma imortal e muito menos Deus – já não se pode hoje contestar a necessidade e a importância do amor incondicional. Nisso, a humanidade, embora ainda muito carente de amor, já deu um passo significativo e o primeiro dele foi quando o homem percebeu que a vingança nunca foi solução para os conflitos humanos.
- Num passado distante, quando ainda não existia código civil ( que só surgiu em 1808), quando o poder se concentrava nas mãos dos mais fortes, que decidiam tudo para todos a seu bel prazer, as desavenças se perpetuavam por gerações em atos de violência uns contra os outros, e a justiça por vingança era apenas e tão somente a expressão do ódio e da violência que vinha confirmar mais ainda a injustiça.
Foi a evolução política e moral que tirou de cada cidadão o poder de fazer justiça com as próprias mãos para atender a uma finalidade maior, que é de preservar a paz e os direitos de todos. Nisso houve um notável progresso, principalmente a partir do século XVI, fazendo com que a sociedade entendesse que mais importante que as desavenças pessoais é o bem-estar da coletividade.
As lições de Jesus, por força do progresso moral e intelectual, foram aos poucos influenciando nas reformas da legislação humana, até alcançar a compreensão que, diante da sociedade, todos são iguais. Por isso, até hoje, quando ainda não somos capazes de resolver nossos conflitos pessoais, buscamos o auxílio do Estado: para evitar a perpetuação da vingança que gera mortes inconsequentes.
Não se justifica a violência, nem mesmo para combater a própria violência. Aliás, Gotama Buda, 5 séculos antes de Cristo, já afirmava que violência com violência gera mais violência e que só o amor pode combater a violência. Jesus de Nazaré, no auge de seus ensinamentos morais, proclamou o amor aos inimigos, que vinha contrariar a tradição de agressões e de vinganças que caracterizava a história de seu povo. Sobre esta questão, nunca encontramos uma abordagem tão feliz como a que Allan Kardec apresenta no capítulo XII de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO de 1864.
“Amar os inimigos não é ter para com eles uma afeição que não está na natureza, porque o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira bem diferente do de um amigo; é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; é perdoar-lhes sem segunda intenção e incondicionalmente o mal que nos fazem; é não opor nenhum obstáculo à conciliação; é desejar-lhes o bem em lugar de desejar-lhes o mal; é regozijar-se em lugar de se afligir pelo bem que alcançam; é estender-lhes a mão segura em caso de necessidade; é abster-se em palavras e ações de tudo que possa prejudicá-los; enfim, é lhes retribuir em tudo o mal com o bem, sem intenção de os humilhar. Quem quer que faça isso cumpre as condições do mandamento: amai os vossos inimigos”.
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