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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

PODE-SE ACREDITAR EM TUDO QUE DIZEM OS ESPÍRITOS?; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A conscientização da mediunidade como percepção natural e, portanto, comum a todas as criaturas humanas, somada às incertezas e inseguranças da vida atual, revela pessoas que se dizem influenciadas por Espíritos capazes de aconselhar, orientar ou mesmo prever acontecimentos futuros relacionados àqueles a quem se dirigem. Deve-se, contudo, crer nessas informações? Abrindo o numero de julho de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz discurso preparado para o encerramento do ano social da Sociedade Espírita de Paris, no período 1858/1859. Em certo trecho, oferece elementos para reflexões, aplicáveis inclusive a análise sobre a profusão de “revelações espirituais” veiculadas pela grande quantidade de obras publicadas na atualidade. Escreve ele: -“Assim como entre nós há pessoas ignorantes e de vistas curtas, que fazem uma ideia incompleta do nosso mundo material e do meio que lhes é próprio, também os Espíritos, cujo horizonte moral é limitado, não podem apreender o conjunto e ainda se acham sob o império dos preconceitos e dos sistemas. Não podem, portanto, instruir-nos sobre tudo quanto se relaciona com o mundo espirita, do mesmo modo que um camponês não o poderia fazer em relação à alta sociedade parisiense ou ao mundo da ciência. Seria, pois, fazer um triste juízo do nosso raciocínio pensar que ouvimos a todos os Espíritos como se fossem oráculos. Os Espíritos são o que são e nós não podemos alterar a ordem das coisas. Como nem todos são perfeitos, não aceitamos suas palavras sessão com reservas e jamais com a credulidade de crianças. Julgamos, comparamos, tiramos consequências de nossas observações e os seus mesmos erros constituem para nós ensinamentos, de vez que não renunciamos ao nosso discernimento. Estas observações aplicam-se igualmente a todas as teorias científicas que podem dar os Espíritos. Seria muito cômodo se bastasse interroga-los a fim de encontrar a ciência acabada e possuir todos os segredos da indústria. Não conquistamos a ciência senão a custo de trabalho e de pesquisas. A missão dos Espíritos não é livrar-nos dessa obrigação. Alias sabemos que não só eles não sabem tudo, como sabemos que há entre eles pseudo-sábios, assim como entre nós, os quais pensam saber aquilo que não sabem e falam daquilo que ignoram com o mais imperturbável aprumo. Um Espírito poderá, pois, dizer que é o Sol que gira em redor da Terra e não esta; sua teoria não seria mais exata pelo fato de provir de um Espírito. Saibam, pois, aqueles que nos atribuem uma credulidade tão pueril, que tomamos toda opinião emitida por um Espírito como uma opinião pessoal; que não a aceitemos senão depois de havê-la submetido ao controle da lógica e dos meios de investigação fornecidos pela própria ciência espírita. Mais adiante, acrescenta: -“O concurso dos Bons Espíritos – tal é, com efeito, a condição sem a qual não se pode esperar a Verdade. Ora, depende de nós obter esse concurso. A primeira condição para merecermos sua simpatia é o recolhimento e a pureza das intenções. Os Bons Espíritos vão aonde são chamados seriamente, com fé, fervor e confiança. Eles nem gostam de servir de experiência, nem dar espetáculo. Ao contrário, gostam de instruir àqueles que os interrogam sem ideias preconcebidas. Os Espíritos levianos, que se divertem de todos os modos, vão a toda parte e, de preferência, aos lugares onde encontram uma ocasião para mistificar. Os maus são atraídos pelos maus pensamentos e por maus pensamentos devemos compreender todos aqueles que se não conformam com os princípios da caridade evangélica. Assim, pois, quem quer que traga a uma reunião sentimentos contrários a esses princípios, traz consigo Espíritos desejosos de semear a perturbação, a discórdia e a desafeição. A comunhão de pensamentos e de sentimentos para o Bem [é, assim, uma coisa de primeira necessidade e não é possível encontra-la num meio heterogêneo, onde encontrassem acesso as paixões inferiores como o orgulho, a inveja e o ciúme, os quais sempre se revelam pela malevolência e pela acrimônea de linguagem, por mais espesso que seja o véu com que se procure cobri-los. Eis o abc da ciência espírita.



(Comentário de uma ouvinte... )De uns tempos para cá minha vida tem sido um tormento. Problemas e mais problemas, que não consigo resolver. Fui a um centro espírita e me disseram que eu preciso desenvolver a mediunidade, que preciso dar alguma coisa de mim e, porque não estou fazendo nada disso, é que sou vitima de Espíritos malignos.


Não somos partidários dessa idéia de que os problemas, que acontecem conosco, se devem à mediunidade. Não é, pelo menos, o que está escrito n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, de Allan Kardec. No fundo, todas as pessoas são médiuns e, por isso, todas estão sempre sujeitas a influências mentais ou espirituais, venham essas influência dos encarnados ou venham dos desencarnados. Vivemos mergulhados num mundo de energias e pensamentos e, portanto, estamos sujeitos a muitas influências.


Porém, o que nos coloca dentro das faixas do desequilíbrio não é propriamente a mediunidade ( que é uma faculdade comum a todos), mas, sim, o nosso estilo de vida, a maneira como estamos vivendo – os nossos atos e pensamentos. Quando não vivemos bem conosco mesmos, quando ferimos valores e princípios em que acreditamos, quando a todo momento esbarramos com conflitos íntimos que nos incomodam, nossas antenas mediúnicas captam sensações perturbadoras. Nesses momentos, somos facilmente influenciados pelo ambiente que nos cerca, aceitando sugestões perigosas tanto de encarnados como de desencarnados.


Não devemos atribuir todos os males que nos acontecem aos Espíritos. A maioria dos problemas decorre das dificuldades que nós próprios criamos em nosso caminho. Na verdade, mesmo quando somos vítimas de algum processo obsessivo, no mínimo temos culpa por isso. Nada acontece por acaso nas leis da natureza. Na verdade, a sugestão de você procurar o centro é interessante. Mas a primeira coisa, que você vai fazer no centro, não é participar diretamente de uma reunião mediúnica, mas começar a aprender Espiritismo, familiarizar-se com as pessoas e se integrar em suas atividades.


A obsessão é sempre uma questão de sintonia mental e obedece ao princípio da atração. Assim como as abelhas são atraídas pelo perfume das flores e os ratos pelo cheiro do lixo, os Espíritos são atraídos pelo padrão de pensamentos que emitimos no dia-a-dia. Desse modo, a melhor maneira de nos vermos livres de perturbações é promover uma faxina mental, mudar um pouco de ambiente, cultivar bons pensamentos e melhorar nossos sentimentos em relação às pessoas.


Logo, a maioria das perturbações de que somos acometidos provém de problemas que está ao nosso alcance resolver, e o ambiente do centro vai ajudá-la a atingir esse objetivo através de orientações adequadas que vão lhe, trazer conforto e segurança . O desenvolvimento e o exercício da mediunidade, no entanto, é apenas uma consequência de sua integração no ideal do Espiritismo e no ambiente do centro espírita, se realmente você for portadora de sensibilidade apropriada para as atividades mediúnicas.


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