Cinco anos foi o tempo necessário para que voltasse a reencarnar o jovem Ronaldo Gomes Barroso após ter interrompido a existência anterior através do suicídio aos 28 anos, ingerindo uma mistura de guaraná e formicida. Isso fica demonstrado em pesquisa conduzida pelo Engenheiro Hernani Guimarães Andrade na década de 70 do século XX e incluída na excelente obra REENCARNAÇÃO NO BRASIL (1988, clarim) em que reúne oito dos casos criteriosamente estudados por ele através do IBPP - Instituto Brasileiro de Pesquisas Biofísicas. O interesse do Dr Hernani – como era chamado – pelos temas paranormais começou quando tinha entre 16/17 anos, durante uma reunião entre amigos na casa de um espírita convicto chamado Francisco de Paula Domingues, por volta de 1930. Paralelamente às lutas necessárias à sua formação superior, o casamento e a manutenção da família, tornou-se um pesquisador do vasto assunto, publicando no final dos anos 50, a ousada TEORIA CORPUSCULAR DO ESPÍRITO e, ao longo dos anos que se seguiram, diversos livros documentando o resultado de suas investigações, observações e conclusões sobre o que ele chama de PSI-QUÂNTICO, A MATÉRIA PSI, POLTERGEIST, entre outras instigantes proposições. Sobre o caso referido no início, servindo-se de criteriosa metodologia, cercou os fatos apurados de garantias que restringem a possibilidade de dúvidas sobre sua autenticidade, aliás, como as demais do livro em que está narrado. Parte de uma família de nove irmãos, noivo, estimado pelos amigos a morte provocada de Ronaldo não se justificava, pois, não havia razões conhecidas para tal atitude. Anos depois, todavia, Martha, sua irmã mais velha, motivada por recorrente sonho em que “se via em uma carruagem que seguia rápida em meio a uma tempestade reconhecendo Ronaldo apavorado correndo no meio do temporal gritando enquanto caiam os raios” buscou auxílio em Centro Espírita, testemunhando manifestação mediúnica, em que Espírito do rapaz dirigindo-se a ela e ao cunhado - aos quais era muito ligado -, revelou ter sido induzido ao gesto radical por influência de um Espírito obsessor, dizendo também que queria voltar, razão pela qual pedia ajuda a ambos pelos laços afetivos que os unia. A coleta de dados mostrou uma série de fatores envolvendo o caso: 1- Após o quarto filho, o médico fez a chamada ligação de trompas – provavelmente não bem feita - para poupar Dona Martha de mais um parto difícil e arriscado. 2 - Ela contava 39 anos quando foi confirmada a gravidez cogitada em revelação espiritual no Centro Espírita frequentado. 3 – Na comunicação ocorrida antes de saber-se gravida, o casal ouviu que Ronaldo renasceria num corpo feminino e teria um corpo sadio, dissipando os temores de dos futuros pais que consideravam o fato do envenenamento na vida passada. 4 – A entidade responsável pela revelação disse também que quem sofreria as consequências seria a futura mãe que efetivamente durante a gestação ficava com a boca em carne viva pelas feridas que se formavam, sentindo-se como que roída por dentro, com tremores, como se estivesse morrendo, retornando à normalidade em meio a orações que eram feitas. 5- No oitavo mês de gestação, após uma queda resultante da perda dos sentidos, Dona Martha deixou de sentir o feto, recuperando seus sinais de vida após ingerir chá de uma erva de nome “funcho”, atendendo orientação espiritual. Quanto ao reencarnante, entre outros, apurou-se: 1- Chamada Jacira, nasceu mulher, pesando 5 quilos, sadia, sem defeito algum. 2- Revelou-se uma criança precoce, aprendendo andar aos nove meses, pronunciando algumas frases aos dez; aos onze fazendo algumas referências à encarnação anterior, inquirindo a mãe acerca da dualidade do seu relacionamento familiar, estranhando o parentesco com os tios, que foram irmãos de Ronaldo, com a própria avó que lhe fora mãe e com Dona Martha, irmã de outrora. 3- As referências a fatos da vida passada tornaram-se mais frequentes após os 18 meses, crescendo de intensidade até os quatro anos, mais ou menos, extinguindo-se na puberdade. 4- Desde pequena, manifestava aversão a liquidos de coloração vermelha, relacionando-os com veneno. 5 – Desde um ano, Jacira evitava a fotografia da personalidade anterior, mostrando desagrado ao ver o cartão de lembrança da missa de Sétimo Dia referente à morte de Ronaldo. 6- Quando tinha um ano e meio, lembrava-se de certa ocasião em que como Ronaldo, uma vaca chamada Morena investiu contra ele e os irmãos, obrigando um deles, o João, a acudi-los, atirando-os apressadamente para dentro de uma casa. 7- Quando tinha dois anos e meio recordava-se de quando seu Tio João – irmão mais velho de Ronaldo – caiu dentro de um açude. Muitas outras informações foram reunidas e cruzadas no sentido evidenciando a veracidade desse caso de reencarnação do Espírito identificado como Ronaldo/Jacira.
Nós, que já lemos vários obras de André Luiz e a vasta literatura recebida pelo médium Francisco Candido Xavier, sabemos que a passagem para o mundo espiritual pode dar-se de várias maneiras, dependendo das condições de cada espírito. Há Espíritos que passam consciente para o lado de lá; outros, completamente inconscientes. Entres estes, o que acordam em pouco tempo e os que permanecem até anos desacordados. Logo que desencarnam, principalmente, alguns permanecem no seio da família, que vão ao local de trabalho, porque sentem-se tão vivos, como sempre foram, que não se dão conta de sua passagem; isto até que sejam despertados. Cada um tem sua história. Outros são atendidos e levados para outras paragens da Espiritualidade.
Numa das obras de Irmão X, pela mediunidade de Chico Xavier, o autor espiritual, que foi um cronista, conta um episódio vivido por um Espírito amigo, que desencarnou consciente justamente nas vésperas de finados. Ele conta o drama pelo qual passou, pois estava consciente de sua desencarnação, participou do velório e acompanhou o féretro. Embora a natural curiosidade que teve em relação ao processo desencarnatório, o que ele mais sofreu foi o impacto do pensamento das pessoas presentes. Primeiro dos familiares, que não aceitavam sua partida. Depois, dos curiosos, que queriam saber os detalhes. Isso sem falar em pessoas que se antipatizavam com ele, inclusive, pessoas para quem ele devia algum dinheiro. Mas o impacto maior ocorreu quando o féretro adentrou o cemitério, pois, como era Dia de Finados, uma grande multidão se fazia presente. A maioria das pessoas, que visitavam o cemitério, também não estava ali por respeito ou compromisso com os mortos, mas apenas para espairecer, passear, rir, contar piadas, falar de política, futebol., novelas, etc. Um séqüito enorme de Espíritos as acompanhavam e muitos deles iam ali para fazer arruaça, também pouco ou nada interessados no espírito de homenagem aos que partiram deste mundo. Como ele acompanhava o próprio enterro, quando chegou, logo foi abordado por Espíritos gozadores, que lhe dirigiam piadas ou faziam até ameaças e que foram ali levados pelos curiosos e descompromissados. Havia, é claro, Espíritos sérios, agradecidos aos seus familiares, ligados a eles por laços de afetividade e carinho, mas a grande maioria não tinha nada a ver com a comemoração de Finados. No final do relato, ele conclui que, na verdade, o melhor dia para desencarnar e ser sepultado é um dia de chuva, onde vai pouca gente ao cemitério e, com certeza, aquelas pessoas que mais o estimam.
Kardec perguntou aos Espíritos sobre as circunstâncias que rodeiam a morte, como é que eles analisam isso. Disseram que, realmente, o que vale para quem parte é o sentimento dos que ficam. As reações de tristeza e pesar são naturais, pois ninguém quer perder a companhia de um ente querido. O que pode dificultar a desencarnação é o apego demasiado, o desespero dos familiares, que acabam gerando um transtorno mental no ambiente e fazendo o Espírito sofrer, principalmente se ele estiver consciente do que está acontecendo.
As homenagens, que se possa prestar aos desencarnados, quando partem de corações sinceros, são sempre bem recebidas por eles. Aliás, tudo que pode ajudá-los nesse trespasse é o sentimento dos entes queridos, pois para o Espírito as coisas materiais não têm muito valor.
Há Espíritos, ainda muito apegados à matéria, e que até fazem questão de que seu velório e sepultamento sejam coroados por luxo e pompa, que se sentem vaidosos quando isso acontece. No entanto, essas glórias são passageiras, como aqui na Terra, as vantagens imediatas do mundo. Assim, um sentimento de amor verdadeiro, de saudade sincera, é mais valioso do que toda riqueza com que se possa revestir um túmulo.
“Não me procures, mãe, sob o jazigo
Que recobres de jóias e açucenas!...
Fita o campo das lágrimas terrenas,
Levanta-te da lousa e vem comigo.
Aqui, chora a viuvez amargas penas,
Ali, geme a orfandade ao desabrigo,
Ergamos para a dor um pouso amigo
E a nossas dores ficarão pequenas!...
Transformemos o luxo, mãe querida,
Em consolo, agasalho, pão e vida,
Na inspiração do bem que nos governa!...
E seguiremos juntos, dia-a-dia,
Convertendo a saudade escura e fria
Em bendito calor de luz eterna”.
(Luis Roberto)
Não resta dúvida de que os Espíritos sofrem influência dos encarnados, assim como os encarnados sofrem influência deles. Mas a melhor influência será a do pensamento sincero. Aqui, nós podemos mascarar nossos sentimentos, podemos dar um presente a uma pessoa como símbolo de amizade e ela acreditar em nós. Mas isso não acontece em relação aos desencarnado. De nada adianta ir ao cemitério homenagear um parente por simples obrigação, sendo que, no fundo, não gostamos dele. Nossas vibrações mentais nos denunciarão e a nossa presença causar-lhe-á uma desagradável sensação.
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