A lógica utilizada por Allan Kardec para a elaboração das obras básicas do Espiritismo ressalta de sua afirmação na matéria que abre o número de dezembro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA quando diz que “o pensamento é o atributo característico do Ser espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria; sem o pensamento o Espírito não seria Espírito”. Descartes, filósofo e matemático do século 17, estava certo em sua afirmação “penso, logo existo”. Na própria contribuição de Kardec, encontramos um conteúdo extraordinário a ser refletidos até por ser aplicável na conturbada realidade em que vivemos neste momento da História da Humanidade. Reunimos alguns, “garimpados” no substancial acervo representado pela publicação fundada e dirigida pelo grande pesquisador oculto no pseudônimo que lhe identifica esse manancial.1- Somos a individualização do Fluido Cósmico Universal (..). Cada um de nós tem, pois, fluido característico, que nos envolve e acompanha em todos os movimentos, sendo muito variável, a extensão de nossas atmosferas individuais. 2- As diferentes atmosferas individuais se entrecruzam e misturam sem jamais se confundirem, exatamente como as ondas sonoras que se conservam distintas apesar da imensidade de sons que simultaneamente abalam o ar. 3 - O períspirito é impregnado do pensamento do Espírito, irradiando tais qualidades em torno do corpo, formando uma espécie de vapor (aura) que dele se desprende. 4- Cada um de nós carrega consigo uma atmosfera fluídica, como o caracol a sua concha, fluido que deixa vestígios à sua passagem. 5- Os mais secretos “pensamentos/sentimentos” repercutem no envoltório fluídico. 6- Pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espiritual. Por consequência, fluidos materiais. Desse modo, o homem precisa retemperar-se com os eflúvios que recebe do exterior 7- O homem sente instintivamente tal perda. Procura reuniões homogeneizadas e simpáticas. Nelas recupera as perdas fluídicas que sofre constantemente pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos perdas do corpo material. 8- Sendo o períspirito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebeda de um líquido. 9 – O fluido vital se transmite de um indivíduo para outro.10- Os órgãos do corpo estão, por assim dizer, impregnados de fluido vital, o qual dá a todas as partes do organismo uma atividade que as une em certas lesões e restabelece as funções momentaneamente suspensas. 11- A vontade dilata esse fluido como o calor dilata os gases.12- A quantidade de fluido vital se esgota. 13- Os meios onde superabundam os maus Espíritos, são impregnados de maus fluidos que oe encarnado absorve pelos poros perispiriticos, como absorve pelos poros do corpo doenças contagiosas graves. 14- Pensamentos colhidos na fonte das más paixões,- ódios, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, animosidade, cupidez, falsidade, hipocrisia, malevolência, etc -, espalham em tono de si eflúvios fluídicos malsãos que reagem sobre os que o cercam. Pela amostra, vemos que não apenas Kardec cercou o tema fluidos/pensamento/ equilíbrio de uma série de observações capazes de nos levar a pensar de forma objetiva sobre a questão. Sobre a reposição dessa energia desperdiçada pela nossa falta de maiores informações, lembramos de apontamento de Aniceto a André Luiz na obra ENTRE A TERRA E O CÉU (FCX, feb), onde diz: -“O Oceano é miraculoso reservatório de forças (...). Qual acontece na montanha arborizada, a atmosfera marinha permanece impregnada por infinitos recursos de vitalidade. O oxigênio sem mácula, casado às emanações do planeta, converte-se em precioso alimento de nossa organização espiritual, principalmente quando ainda nos achamos direta ou indiretamente associados aos fluidos da matéria densa”. E o médium Chico Xavier, em comentário com amigos, revelou: -“A cada seis meses saio para descansar um pouco, cerca de um dia e meio ou dois. Eu consigo este descanso de uma forma muito interessante. É quando tenho a oportunidade de abraçar as árvores.(...). Elas me auxiliam bastante no refazimento das forças de que tanto preciso para o trabalho”.
A Professora Leninha nos trouxe uma série de interessantes perguntas, que vamos passar a responder a partir desta edição. A primeira pergunta é a seguinte: “O Toc – transtorno obsessivo-compulsivo tem algo a ver com problemas do espírito?”
A nomenclatura “Transtorno obsessivo-compulsivo – cuja sigla é Toc” é da Psiquiatria e foi adotado recentemente. Alguns ainda a chamam de neurose. Primeiro, vamos dizer de que se trata, para que possamos acompanhar a explicação. O próprio nome está dizendo: transtorno, desordem emocional ou estado de perturbação de que uma pessoa é acometida; obsessivo, porque é uma fixação – a pessoa não consegue se livrar dele; compulsivo, porque se sente compelida a fazer alguma coisa que, aos seus próprios olhos, pode parecer imprópria ou ridícula.
Vamos dar um exemplo de um Toc: pavor na contaminação de coisas sujas ou com micróbios. (Exemplo citado no livro “Transtornos Mentais, Uma Leitura Espírita” de Suely Caldas Shubert). Não se trata, aqui, de um cuidado comum, pois todos devemos ter bons hábitos de higiene e nos prevenirmos contra possíveis contaminações. Trata-se, sim, de um comportamento exagerado ao máximo, a ponto de a pessoa lavar as mãos ou o prato inúmeras vezes no dia. Ela não consegue resistir ao impulso de lavar as mãos, embora saiba que isso não é normal e, por isso, procura disfarçar ou esconder seu comportamento dos outros, para não parecer ridícula diante deles. Isso vai lhe causando mais angústia ainda.
O Toc manifesta-se de diferentes formas, conforme o caso, podendo desencadear vários tipos de rituais prolongados como conferir, medir, lavar, guardar, contar, evitar. Nos exames de eletroencefalograma demonstram anormalidades similares às da depressão emocional e até anormalidade no córtex-cerebral. Um dos autores espíritas que mais analisa esse problema é psiquiatra. Jorge Andréa, no livro “Visão Espírita das Distonias Mentais”.
Conforme a nossa ouvinte pergunta, o Toc tem realmente a ver com o espírito. Primeiramente com o próprio espírito do paciente que, por causas desta ou de encarnações anteriores, desenvolveu esse tipo de auto-obsessão. É bem possível que esteja ligado a situações que lhe causaram traumas emocionais ou até mesmo a conflitos íntimos ainda não resolvidos. Daí a necessidade do tratamento médico/psicológico, uma vez que, mesmo tendo origem no espírito, a doença pode provocar disfunções no sistema nervoso central, exigindo, conforme a fase em que se encontra, tratamento medicamentoso para conter a compulsão e ajudar o paciente a buscar o próprio equilíbrio.
Entretanto, o tratamento espiritual é necessário para ajudar no restabelecimento da condições intimas da alma. Às vezes, o toc, embora nasça da própria pessoa, pode ser uma brecha para uma ação obsessiva de adversários desencarnados. Espíritos oportunistas e mal intencionados que se imiscuem na sua vida, atuando com mais facilidade durante seu desequilíbrio emocional. Daí a necessidade da abordagem espiritual, no sentido de ajudá-la a reavivar sua fé, a confiar em Deus e em si mesma, para combater as cargas de ansiedade que geralmente a assaltam. Nesses casos, a terapia do passe é sempre recomendável ao paciente, bem como os trabalhos de desobsessão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário