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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

NECESSÁRIO QUE VENHA O ESCANDALO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A intervalos cada vez menores de tempo, acontecimentos impactam a opinião publica, provocando polêmicas e discussões que, no mínimo geram produtivas reflexões. Um deles, recentemente, expos o problema da utilização de animais em pesquisas científicas. O fato levou a outra questão: as dietas humanas incluindo alimentação de carne animal. Na REVISTA ESPÍRITA, de abril de 1865, Allan Kardec desdobrou alguns raciocínios interessantes, que, parcialmente apresentamos na sequência: “- A destruição recíproca dos seres vivos é uma lei da natureza que, à primeira vista, parece conciliar-se menos com a bondade de Deus. Pergunta-se porque lhes teria feito uma necessidade se auto-destruirem para se alimentarem uns à custa dos outros. Para aquele que apenas vê a matéria, que limita sua visão à vida presente, isto parece com efeito, uma imperfeição na Obra Divina.; daí a conclusão que tiram os incrédulos que, não sendo Deus perfeito, não há Deus. É que julgam a perfeição de Deus de seu ponto de vista; seu julgamento é a medida de sua sabedoria; e pensam que Deus não poderia fazer melhor o que eles próprios fariam. Não lhes permitindo sua curta visão julgar o conjunto, não compreendem que um bem real possa derivar de um mal aparente. Só o conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência, essa grande Lei de Unidade, que constitui a harmonia precisamente onde ele não via senão uma anomalia e uma contradição. Dá-se com esta verdade o mesmo que com uma porção de outras; o homem não é apto para sondar certas profundezas senão quando seu Espírito chega a um suficiente grau de maturidade. A verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está mais no envoltório corporal do que numa vestimenta; está no principio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo. Este princípio necessita do corpo para se desenvolver pelo trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta; o corpo se gasta nesse trabalho, mas o Espírito, não. Ao contrário, dele sai cada vez mais forte, mais lúcido e mais capaz. Que importa que o Espírito mude mais ou menos vezes de envoltório; nem por isso é menos Espírito; é absolutamente como se o homem renovasse cem vezes a sua roupa em um ano; nem por isso deixaria de ser o mesmo homem. Pelo espetáculo incessante da destruição, Deus ensina aos homens o pouco caso que devem fazer do envoltório material e neles suscita a ideia da Vida Espiritual, fazendo-os deseja-la como uma compensação. Perguntarão se Deus não podia chegar ao mesmo resultado por outros meios, e sem submeter os seres vivos a se entredestruirem? Bem esperto aquele que pretendesse penetrar os desígnios de Deus! Se tudo é sabedoria em sua obra, devemos supor que essa sabedoria também não esteja ausente de outras; se não o compreendemos, devemos culpar o nosso pouco adiantamento. Contudo, podemos tentar encontrar a razão disto, tomando por bússula este princípio: Deus deve ser infinitamente justo e sábio. Busquemos, pois, em tudo, sua justiça e sua sabedoria (...). A luta é necessária ao desenvolvimento do Espírito; é na luta que exercita suas faculdades. Aquele que ataca para ter o seu alimento e o que se defende para conservar a vida fazem assaltos de astúcia e de inteligência e, por isso mesmo, aumentam suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe. Mas o que foi que, na realidade, o mais forte ou mais apto tirou do mais fraco? Sua vestimenta de carne e nada mais; o Espírito, que não morreu, mais tarde retoma outro. Nos seres inferiores da Criação, naqueles em que o senso moral não existe, nos quais a inteligência ainda está no estado de instinto, a luta não poderia ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas necessidades materiais é a da alimentação. Assim, lutam unicamente para viver, isto é, para apanhar ou defender uma presa, desde que não poderiam ser estimulados por um motivo mais elevado. É neste primeiro período que a alma se elabora e se ensaia para a vida. Quando atingiu o grau de maturidade necessário à sua transformação, recebe de Deus novas faculdades: o livre arbítrio e o senso moral, numa palavra a centelha Divina, que dão um novo curso às suas ideias, a dotam de novas percepções. Mas as novas faculdades morais de que é dotada só se desenvolvem gradativamente, pois nada é brusco na natureza; há um período de transição, no qual o homem apenas se distingue do bruto; nas primeiras idades domina o instinto animal e a luta ainda tem por móvel a satisfação das necessidades materiais; mais tarde, o instinto animal e o sentimento moral se contrabalançam; então o homem luta, não mais para se alimentar, mas para satisfazer sua ambição, seu orgulho, a necessidade de dominar. Para isto ainda lhe é necessário destruir. Mas, à medida que o sendo moral ganha desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruição, acabando mesmo por se tornar odiosa e apagar-se: o homem cria horror ao sangue. Contudo, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito porque, mesmo chegado a este ponto, que nos aprece culminante, está longe de ser perfeito; só ao preço de sua atividade é que adquire conhecimentos, experiência, e se despoja dos últimos vestígios da animalidade. Mas então a luta, de sangrenta e brutal, que era, torna-se puramente intelectual: o homem luta contra as dificuldades e não mais contra seus semelhantes”.


Como vocês podem explicar este estranho caso? Um amigo me contou que, numa viagem à Itália, visitou uma cidadezinha, onde ele nunca esteve antes. Mas quando chegou lá, ele sentiu que tudo era familiar, como já conhecesse aquele lugar. Tudo, ou quase tudo, que o guia falava, ele já sabia. Ele passou uma tarde na cidade, mas durante todo o tempo, embora em companhia de várias pessoas da excursão, ele sentia como se estivesse sozinho num sonho, como se as pessoas da excursão e a cidade, que visitava, não fossem reais. Ficou com muito medo e não falar nada a ninguém, mas também nem aproveitou o passeio. Só veio a melhorar depois que deixou a cidade.


Esse caso tem características de um fenômeno de “déjà vu”. A expressão “déjà vu” vem do francês e significa “o que já foi visto”. Pelo menos, é a sensação de quem passa por essa estranha e curiosa situação: a pessoa tem a impressão de que já conhece o lugar ou os indivíduos que, na verdade, está vendo pela primeira vez. Não é um fenômeno muito raro, como possa parecer. Algum estudioso já disse que o “déjà vu” ocorre em cerca de 30% da população, pelo menos, uma vez na vida.


No nosso modo de ver, é o impacto dessa estranha surpresa que provoca um certo torpor na pessoa, dando a impressão que ela está sonhando ou um pouco desligada. Talvez um estado de consciência alterada, tirando-a um pouco da realidade, para viver as impressões transmitidas pelo seu inconsciente. Um ouvinte, certa ocasião, nos relatou um caso semelhante, que aconteceu com ele, quando visitava uma fazenda da região. As coisas lhe pareceram tão familiares na fazenda, que ele se surpreendeu. Foi, então, que nos contou o episódio, perguntando se não se tratava de reencarnação - ou seja, numa existência anterior, ele teria vivido ou conhecido essa fazenda, já que, na vida atual, ele nunca estivera lá.


Há várias explicações para esse fenômeno: desde as explicações materialistas reducionistas até a explicação espírita. Freud dizia que se trata de lembranças de desejos inconscientes ou fantasias do passado que eram ativadas no momento presente. Outros expoentes da escola materialista afirmam tratar-se de lembranças de situações bem parecidas, vividas antes pelo indivíduo, e que dão a impressão de que a nova situação é familiar. Os neurocientistas já localizaram, no cérebro, os lobos temporais responsáveis pela ocorrência do fenômeno.


Entretanto, há explicações espiritualistas. A primeira é a precognição ou premonição. Pode haver uma correlação entre um sonho premonitório e o “déjà vu”: a pessoa pode ter tido acesso ao lugar através do sonho de tal forma que, ao visitar pessoalmente o lugar, ela tem a impressão de que já esteve lá. Neste caso, ela previra o futuro. Uma segunda explicação é o comumente se chama “fenômeno de desprendimento espiritual”: neste caso, a pessoa realmente esteve no lugar, mas em espírito. E, por último, a reencarnação: ela pode não conhecer o lugar nesta existência, mas já esteve lá em existência anterior.


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