Durante a reunião formatada para esclarecer dúvidas com base nas informações disponibilizadas pelo Espiritismo, a senhora identificada como Psiquiatra, solicita comentário em torno do crescente número de pacientes infanto-juvenis por ela atendidos com tendências suicidas, geralmente ignoradas pelos próprios pais. Ante a exposição do fato, irrompe na memória, prognóstico feito pela Espiritualidade a Allan Kardec em manifestação de abril de 1866 e incluída na REVISTA ESPÍRITA, edição de outubro daquele ano, dizendo, entre outras coisas: -“E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se numa proporção incrível, até entre crianças”. No comentário tratando das mudanças coletivas previstas para o planeta Terra, traçam um perfil dos Espíritos atrasados: “negadores da Providência Divina e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternais do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material ”. Preveem que “persistirão em sua cegueira e sua resistência marcará o fim de seu reino por lutas terríveis. Em seu desvario, eles próprios correrão para a sua perda: impelirão à destruição, que gerará uma multidão de flagelos e calamidades, de sorte que, sem o querer, apressarão a chegada da era da renovação”. Questionando a Espiritualidade sobre aspectos da educação, Kardec foi lembrado que a predominância dos que reencarnam, são desconhecidos em sua procedência, missão e destinação, com históricos de grandes comprometimentos perante a Lei do Progresso; que cerca-los de cuidados e facilidades não basta, sendo necessário observar-lhes as tendências, procurando corrigi-las, direcionando-as para um aspecto mais construtivista. Observaram que a fase mais propícia é a infância, pois ao atingir a adolescência, características do passado se misturam aos registros do presente, tornando o jovem refratário a qualquer orientação. O que se vê na atualidade, contudo, é o contrário. Reforçam-se as tendências negativas, permite-se a vivência da indisciplina, mantem-se o Ser à margem dos assuntos da espiritualidade, esperando-se na mocidade um comportamento improvável com as condições oferecidas ao tutelado, considerando que o papel de pais e filhos é meramente circunstancial. Não se avalia também o impacto negativo da exposição excessiva às imagens de violência veiculadas pela televisão, a disponibilização de conteúdos nocivos na rede mundial conhecida como Internet, ou, simplesmente, a testemunhada no próprio lar. E nesse ambiente, o fator mais marcante: a ausência do amor. Cremos que os Espíritos reencarnados nas últimas décadas refletem considerável desenvolvimento intelectual. Esse aspecto, desenvolvem e demonstram com facilidade. O que os traz de volta, então? Justamente a necessidade de crescimento no campo do amor. Como devolvemos à vida o que recebemos e aprendemos, consistindo o aprendizado existencial, na observação e vivência, pode-se perguntar: qual o tipo de registros predominantemente acumulados pela criança de nossos dias? Diz um axioma popular que “ninguém dá o que não tem”. Ideais suicidas em crianças e adolescentes resultam da dificuldade de compreensão e aceitação da dura realidade em meio à qual vivem. A tarefa da paternidade parece desfocada na percepção dos que a assumem. Há milhares de “órfãos de pais vivos” vivendo sob o mesmo teto. Crianças rejeitadas, abandonadas, agredidas, violentadas, exploradas sexualmente, comercializadas em vários países, expõem uma dura realidade: a Humanidade precipita-se num vazio cujos limites imprevisíveis, comprometem o seu próprio futuro. Afinal, a ignorância a respeito da significação daquilo que o Espiritismo define como educação moral (nada a ver com religião), recrudesce o egoísmo e o orgulho individual, projetando-se sobre o coletivo de forma avassaladora. E mais uma vez, ecoa a pergunta de Allan Kardec em comentário n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS: “- Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?
“Minha dúvida é a seguinte: nós podemos fazer qualquer pergunta aos Espíritos, que eles respondem?” ( S.A.M.)
Vamos refletir um pouco sobre isso: será que, se fizer qualquer pergunta sobre qualquer assunto a qualquer pessoa, você sempre vai obter uma resposta correta? Certamente que não. Pois, o mesmo acontece com os Espíritos. Os Espíritos não são seres perfeitos e, portanto, não sabem tudo. Cada um sabe aquilo que vivenciou, aquilo que aprendeu. Os Espíritos não são seres sobrenaturais, nem detentores exclusivos da verdade. Eles são apenas aquelas pessoas, que viviam conosco enquanto encarnadas e se foram antes de nós. O fato de estarem desencarnados não lhes confere “status” de sabedoria plena.
Desse modo, assim como não vamos obter respostas corretas de qualquer pessoa a sobre qualquer assunto, também não vamos obter a verdade pura e completa de qualquer Espírito. Quando queremos obter uma resposta segura, devemos, em primeiro lugar, saber a quem devemos perguntar, pois só devemos confiar naqueles que estão credenciados a responder. Se, por exemplo, a pergunta for sobre filosofia, devemos nos dirigir a um filósofo; se for de Matemática, a um matemático; se for de medicina, a um médico; e assim por diante. O campo do conhecimento é tão vasto que ninguém pode conhecer tudo; muita vezes, a pessoa desconhece até o que é de sua especialidade.
Portanto, como Kardec deixa bem claro em O LIVRO DOS MÉDIUNS, qualquer Espírito, que se propõe a responder tudo sobre qualquer assunto, é um impostor, um mentiroso. Os Espíritos sérios e honestos só respondem aquilo que sabem ou que pesquisam; eles dizem quando não sabem dar a resposta. Nesse caso, o máximo, que podem fazer, é pesquisar ou buscar a resposta correta naqueles que sabem. Por outro lado, os Espíritos desonestos, mentirosos, jamais revelam sua ignorância e, portanto, respondem a qualquer pergunta, passando-se por sábios. Infelizmente, há muita gente que se deixa levar por falsas informações.