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terça-feira, 21 de março de 2023

KARDEC E AS REVELAÇOES ESPIRITUAIS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Conselhos estapafúrdios, revelações espantosas, opiniões intrigantes tornam-se comum em trabalhos práticos ou literários que circulam no meio espírita ou não atualmente. Abrindo o número de agosto de 1858 da REVISTA ESPIRITA, Allan Kardec reproduziu extenso artigo de sua autoria intitulado “Contradições na Linguagem dos Espíritos”, contendo ponderações do Codificador extremamente importantes em face da grande quantidade de “revelações” contidas em obras mediúnicas publicadas atualmente. Na avaliação exposta, pondera: -“As contradições encontradas tão frequentemente na linguagem dos Espíritos, mesmo sobre questões essenciais, para algumas pessoas foram até aqui uma causa de incerteza quanto ao valor real de suas comunicações, circunstância da qual não deixam os adversários de tirar partido. À primeira vista essas contradições parecem realmente uma das principais pedras de tropeço da Ciência Espírita. Vejamos se tem elas a importância que lhes emprestam. Perguntaremos, de início, qual a Ciência que não teve, em seus primórdios, semelhantes anomalias. Qual o sábio que, nas suas investigações, não foi algumas vezes confundido por fatos que aparentemente contradiziam as regras estabelecidas? Se a Botânica, a Zoologia, a Fisiologia, a Medicina, e a nossa própria língua não nos oferecem milhares de exemplos semelhantes e se suas bases desafiam qualquer contradição? É comparando os fatos, observando as analogias e as dessemelhanças que, pouco a pouco, se chegam a estabelecer as regras, as classificações, os princípios: numa palavra, a constituir a Ciência”. Mais à frente, acrescenta: -“A princípio, fez-se uma ideia absolutamente falsa da natureza dos Espíritos. Foram imaginados como seres à parte, de natureza excepcional, nada possuindo em comum com a matéria e devendo saber tudo. Eram, conforme opinião pessoas, seres benfeitores ou malfeitores, uns com todas as virtudes, outros com todos os vícios e todos, em geral com um saber infinito, superior ao da Humanidade (...). Quem poderia dizer o número dos que sonharam fortuna fácil pela revelação de tesouros ocultos, pelas descobertas industriais ou científicas que não custariam aos inventores mais que o trabalho de fazer uma descrição ditada pelos sábios do outro Mundo! Só Deus sabe quantos fracassos e desilusões. Quantas pretensas receitas, cada qual mais ridícula, não foram dadas pelos charlatões do Mundo Invisível!. Conhecemos alguém que pediu uma receita infalível para pintar os cabelos. Foi-lhe dada uma fórmula de composição cerosa, que reduziu a cabeleira a uma espécie de massa compacta, da qual o paciente teve um trabalho imenso para se livrar (...). A escala espírita, traçada pelos próprios Espíritos e conforme a observação dos fatos, dá-nos a chave de todas as anomalias aparentes da linguagem dos Espíritos. É preciso chegar, pela força do hábito, a conhecê-los, por assim dizer, à primeira vista e poder identificar-lhes a classe conforme a natureza de suas manifestações”. Esclarece que “os Espíritos sérios não se contradizem nunca: sua linguagem é a sempre a mesma com as mesmas pessoas (...). Finalizando o esclarecedor texto, Kardec escreveu: - “As causas das contradições na linguagem dos Espíritos podem, pois, ser assim resumidas: 1- O grau de ignorância ou de saber dos Espíritos aos quais nos dirigimos; 2- O embuste dos Espíritos inferiores que podem, por malícia, ignorância ou malevolência tomando um nome por empréstimo, dizer coisas contrárias às que alhures foram ditas pelo Espírito cujo nome usurparam; 3- As falhas pessoais do médium, que podem influir sobre as comunicações, alterar ou deformar o pensamento do Espírito; 4- A insistência por obter uma resposta que um Espírito recusa dar, e que é dada por um Espírito inferior; 5- A própria vontade do Espírito, que fala conforme o momento, o lugar e as pessoas e pode julgar conveniente nem tudo dizer a toda gente; 6- A insuficiência da linguagem humana para exprimir as coisas do mundo incorpóreo; 7- A interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação, de acordo com as suas ideias, os seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual encara o assunto. São outras tantas dificuldades, das quais não se triunfa a não ser por um estudo longo e assíduo. Também nunca dissemos que a Ciência espírita fosse fácil. O observador sério, que tudo aprofunda maduramente, com paciência e perseverança, aprende uma porção de nuanças delicadas, que escapam ao observador superficial. É por tais detalhes íntimos que ele se inicia nos segredos desta ciência. A experiência ensina a conhecer os Espíritos, como nos ensina a conhecer os homens”.

Vocês não acham que existem muitas religiões no mundo e cada vez aparecem mais? Isso não parece mais comércio, mais exploração do que religião, como vemos nesses escândalos que envolvem milhões de dólares? Será que as pessoas não foram alertadas para isso? (Anônimo)


Em qualquer setor da atividade humana, e não só na religião, sempre existem espertalhões, que se aproveitam da boa fé das pessoas, como existem pessoas sérias e dedicadas ao ideal que ensinam. E, sem dúvida, a religião é um campo muito propício ao charlatanismo, pois diz respeito ao sentimento das pessoas. A fé é o sentimento mais delicado, como a fé religiosa, pois sempre precisamos dela, principalmente nas horas difíceis. Todavia, qualquer um de nós se sente aliviado quando alguém nos passa uma certa segurança diante dos problemas que nos atormentam: daí ser o campo religioso o mais propicio para nos envolver emocional e espiritualmente..


Os maus intencionados, os charlatães, os estelionatários, só perderão sua capacidade de ação no campo religioso, quando a maioria da população desenvolver o senso crítico, souber utilizar o raciocínio ao lado da fé, sem deixar se iludir por qualquer promessa, principalmente se a promessa for coisa milagrosa ou impossível. Mas parece que ainda estamos distantes dessa condição, de modo que até os exploradores da boa fé acabam tendo um papel no acolhimento daqueles que precisam se agarrar a uma tábua de salvação. Além do mais, esses líderes manipulam muito a Bíblia, usando-a como autoridade infalível, mas nela apontando o que desejam para iludir seus seguidores.


Existe uma comédia americana, protagonizada que no Brasil recebeu o titulo de “ demais não cheira bem”, e que trata do caso de um falso religioso que levava sua tenda, de cidade em cidade, forjando milagres e arrecadando muito dinheiro. No filme, esse charlatão acaba se surpreendendo quando alguns milagres, que prometeu, começam realmente a acontecer – não por causa de seus méritos ( é claro!), mas por causa da fé das pessoas que acreditam em suas palavras. Desse modo, mesmo nesses casos, quando os fiéis estão possuídos de um elevado sentimento, é possível que eles alcancem bons resultados, apesar de seus líderes.


Além do mais, precisamos considerar que nunca, como hoje, o homem precisou tanto de proteção e essa proteção ele encontra, quase sempre, numa mensagem de espiritualidade, que toca o seu coração, ajudando a resolver seus conflitos. Por isso, as religiões, de uma maneira geral, têm um papel importante, não só para acolher os aflitos e desesperados, mas principalmente para servir de guia na forma como as pessoas devem pautar sua vida, principalmente as religiões que atingem as pessoas mais simples.


Possivelmente, se não tivéssemos, hoje, o apoio das várias religiões, teríamos muito mais pessoas se entregando à ociosidade, ao vício, à violência e ao crime. O principal papel da religião é o de conduzir seus fiéis no caminho do bem e, tanto quanto possível, tirá-los da indigência moral e trazê-los para uma vida digna e honesta. Nesse sentido, acreditamos que as diversas religiões – desde que ensinem o caminho do bem – têm um papel importante no mundo de hoje e, só por isso, precisam ser respeitadas.





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